
Um Monumento de Louvor no Vale do Desespero
Um Monumento de Louvor
no Vale do Desespero
Quando a Tempestade Chega—Parte 5
Jó 2.1–10
Introdução
Os cidadãos e fazendeiros de uma pequena cidade chamada Enterprise, no estado do Alabama, estavam com um problema sério. A economia inteira da cidade, bem como os fazendeiros de toda a região, dependia do sucesso da plantação de algodão.
Isso foi antes de um besouro conseguir viajar do México para o Alabama em 1915. Poucos anos depois, todos os campos de algodão haviam sido comidos por esse pequeno besouro chamado Anthonomus grandis—conhecido como “bicudo-do-algodoeiro.” Os fazendeiros encaravam a possibilidade de falência e o resto da cidade estava sob a mesma ameaça.
Um fazendeiro viu isso como uma oportunidade. Ao invés de fazer as malas e se render à peste que tinha chegado em multidão e amava comer algodão, ele decidiu plantar outra coisa. Ele tinha ouvido sobre um outro homem natural do mesmo estado que tinha convencido muitas pessoas de que amendoim poderia gerar muito lucro.
Muitos não acreditaram nesse indivíduo. Afinal, o que um ex-escravo, trabalhando em uma escola para filhos de ex-escravos, saberia de amendoins? Mas o fazendeiro na pequena cidade de Enterprise não tinha nada a perder e tudo a ganhar; então, plantou amendoim. Ele foi o único fazendeiro a fazer isso.
Podemos imaginar os olhares e comentários que teve que suportar. No final do ano, sua colheita havia sido tão próspera que ele conseguiu pagar todas as suas dívidas e ainda ficou com dinheiro no bolso. No ano seguinte, todos os demais fazendeiros seguiram seu exemplo. Nunca olharam para trás.
Hoje, a indústria de amendoim nos Estados Unidos gera um lucro de quase quatro bilhões de dólares. Os americanos consumem mais de trezentas mil toneladas de amendoim todo ano.
Um homem chamado Flemming, negociante na cidade de Enterprise, saiu com a ideia de construir um monumento dedicado a agradecer o besouro que os fez prosperar. Agora, por quase trezentos anos, existe um monumento na cidade.
Esse monumento tem cerca de dez metros de altura. No topo, existe uma estátua de uma mulher esculpida na Itália e enviada para os Estados Unidos. Com os braços estendidos, ela segura em suas mãos uma bandeja, sobre a qual existe uma imitação do besouro mais famoso do mundo. Dedicado ao besouro bicudo-do-algodoeiro, o monumento foi erigido no dia 11 de dezembro de 1919. A placa de bronze no monumento diz: “Em profundo apreço pelo Bicudo-do-algodoeiro e pelo que ele fez como Mensageiro da Prosperidade, este monumento é erigido pelos Cidadãos de Enterprise, na Região do Café, Alabama.”
Imagine pessoas erigindo um monumento por causa de uma praga agrícola; um monumento erguido aos céus como um ato de gratidão por uma crise, um desafio, uma nova perspectiva, uma nova oportunidade que veio montada sobre sofrimento e perda inesperados.
Recentemente, fomos apresentados a um dos homens mais bem-sucedidos da antiguidade. E não foi nos Estados Unidos, mas na terra de Uz que esse empresário, pastor, fazendeiro e investidor registrava continuamente um sucesso após outro.
Quando os moradores se reuniam nas praças da cidade, eles conversavam sobre mais uma colheita de Jó e de sua família. Ele nunca registrou uma perda sequer; ele era rico, respeitado, amado e satisfeito.
Contudo, sem ele saber, uma peste estava voando para o seu território. E não foi uma praga de besouro, mas Beelzebu—o Senhor das Moscas. E ele trouxe consigo pestilência que homem algum jamais tinha visto ou experimentado.
Em questão de trinta e nove segundos, Jó recebeu a notícia de que ele tinha falido. E ele também tinha perdido seus dez filhos.
Jó não sabia que Deus havia permitido que o diabo tomasse tudo o que ele tinha a fim de revelar sua glória e soberania da forma mais misteriosa possível. Satanás tinha predito que Jó amaldiçoaria Deus se perdesse suas riquezas e filhos. Ele estava errado.
Em Jó 1, lemos maravilhados o que Jó diz no verso 21 e o comentário no verso 22:
Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR! Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.
Sinceramente, a reação de Jó é inacreditável. Na verdade, se não tivesse sido registrada na Bíblia, eu não acreditaria. Como uma pessoa passa por crises de sofrimento e ainda permanece em submissão à mão de Deus?
Um autor escreveu:
Já era final de tarde quando o motor do barco começou a falhar, parou e não ligou mais. Litros e mais litros de água invadiam o barco que lutava contra ondas de dois metros de altura. Os cinco homens tinham feito tudo o que sabiam, mas não foi suficiente. Um passeio legal em família para pescar estava, agora, se transformando em um terror. Eles estavam afundando. George—o pai—, seus três filhos e o avô apertaram seus coletes salva-vidas, amarraram-se uns aos outros com uma corda e desceram pelo Atlântico.
George olhou seu relógio quando o barco finalmente afundou—era 6 da noite. Logo escureceu. Um de seus filhos engoliu muita água salgada, engasgou-se e morreu sufocado. O pai impotente ouviu cada um de seus filhos, um após outro, e finalmente seu próprio pai, engolindo água, sucumbindo às ondas e morrendo afogado.
George nunca parou de nadar. Na verdade, ele nadou por oito horas até que finalmente chegou à praia, ainda puxando a corda que o amarrava aos corpos de seus filhos e de seu pai.
Você consegue imaginar essa cena?
Mais tarde, George disse aos repórteres: “Meu filho mais novo foi o primeiro a morrer. Eu sempre ensinei meus filhos que morte significa que você estará com Jesus Cristo. Antes de o mais novo morrer, eu o ouvi dizer: ‘Não consigo continuar lutando... quero estar com Jesus.’”
Mesmo em meio a essa cena turbulenta, a crise se transformou em um monumento de fé erguido ao seu Deus fiel: bendito seja o nome do Senhor.
Outro dia, almocei com um pastor amigo meu juntamente com seu filho. Ele me contou os detalhes da morte de sua esposa que aconteceu algumas semanas atrás. A morte foi inesperada e repentina. Esse querido irmão passou um tempo fora do púlpito e visitou nossa igreja no dia em que começamos a estudar o livro de Jó. Fiquei honrado quando ele me contou sua história. Posso dizer que, com lágrimas em seus olhos, e nos olhos de seu filho, eles falaram da fidelidade de Deus.
Esses homens se juntaram à tribo de Jó—eles tomaram a crise, transformaram-na em um monumento de louvor e o erigiram ao seu Deus, a quem seguem fielmente. Esses são aqueles que edificam monumentos de louvor no vale do desespero.
Agora, se nos distanciarmos um pouco do sofrimento, concordaremos que a dor é um professor até bom. Aprendemos muitas lições com circunstâncias dolorosas. Um autor listou as lições que aprendemos:
- humildade;
- esperança eterna;
- o que realmente amamos;
- as verdadeiras bênçãos de Deus;
- simpatia com os outros;
- força para perseverar.
Não há dúvida alguma de que Deus usa o sofrimento para nos corrigir.
Davi escreveu no Salmo 119:
- v. 67—Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra.
- v. 71—Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.
- v. 75—Bem sei, ó SENHOR, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste.
Deus usa o sofrimento para nos corrigir, mas também para nos conformar à imagem de seu caráter. Conforme Paulo escreveu em Romanos 5.3–4:
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
O Cristianismo nos deu paz com Deus; ele não nos dá paciência com Deus, nem com a vida em geral. Paulo diz que isso é produzido nas dificuldades da vida; ele surge quando a tempestade chega.
Se o livro de Jó terminasse no capítulo 1, ficaríamos maravilhados com a pureza e perseverança de Jó. Seria maravilhoso e aprenderíamos muito se fechássemos o livro neste ponto com o louvor de Jó declarando bênção. Ele edificou um monumento impressionante de louvor no vale do desespero.
O problema é que o Senhor das Moscas tem mais devastação em mente, e o Senhor do Universo permitirá isso.
Segunda Cena
Diante do Trono de Deus
Destaque um verso que ficamos chocados ao vê-lo, e até talvez meio incomodados; um verso que é, na verdade, basicamente uma repetição de Jó 1.6—o verso 1 de Jó 2:
Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles apresentar-se perante o SENHOR.
De novo?! Essa é a segunda cena diante do trono de Deus.
Veja os versos 2 e 3a:
Então, o SENHOR disse a Satanás: Donde vens? Respondeu Satanás ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela. Perguntou o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó?...
Lembre-se do capítulo 1; essa é uma pergunta retórica porque Deus sabe muito bem que Satanás tem observado a vida de Jó mais do que qualquer outra pessoa na terra.
Deus continua dizendo no verso 3:
…Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Ele conserva a sua integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa.
No texto hebraico, a construção gramatical sugere que a tradução não deveria ser embora me incitasses contra ele, mas “e contudo me incitas contra ele para o consumir sem causa.”
Em outras palavras, o Senhor anuncia que não importa o que ele permite que Satanás faça contra Jó, ele ainda permanece em controle e o caráter de Jó ainda permanecerá intacto.
Satanás retruca em Jó 2.4: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida.
A expressão pele por pele não passa de uma crítica perversa e infundada contra Jó. Satanás sugere que Jó está mais do que disposto a sacrificar a pele de seus filhos, animais e empregados, desde que a sua própria pele seja conservada. Satanás diz: “Todo homem tem um preço... só ainda não encontrei o dele... mas acho que sei o que é!”
Satanás faz uma oferta em Jó 2.5:
Estende, porém, a mão, toca-lhe nos ossos e na carne e verás se não blasfema contra ti na tua face.
Toca-lhe nos ossos e na carne. Já que os ossos eram considerados o local de doenças na antiguidade, Satanás tem em mente uma doença que ameaçará a vida de Jó, além de várias outras que afetarão o corpo de Jó. Satanás pensava que Jó faria de tudo para manter sua saúde.
A maioria das pessoas faz de tudo por isso. Ameace tirar a vida de uma pessoa e ela provavelmente fará qualquer coisa para viver mais um dia. É como a rainha Elizabeth I, a qual disse em seu leito de morte em 1603 que trocaria “Todas as minhas posses por mais tempo.”
Satanás disse: “Coloque Jó a ponto de morte e ele trocará sua fé por vida.”
Mais uma vez, Deus delega autoridade e liberdade de ação a Satanás, enquanto ao mesmo tempo determina os limites de suas atividades. Veja Jó 2.6:
Disse o SENHOR a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida.
O Terror da Segunda Cena na Terra
Agora, o terror da segunda cena se desenrola na terra. Veja Jó 2.7:
Então, saiu Satanás da presença do SENHOR e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.
Não fazemos ideia de quanto tempo passou entre os funerais de seus dez filhos e o aparecimento de úlceras vermelhas em suas costas, mas temos motivo para crer que Satanás não queria que muito tempo se passasse. Ele gosta de atacar quando a pessoa já está devastada; ele não tem compaixão ou misericórdia; ele não sabe o que é piedade e serenidade. Ele é o anjo condenado derrotado e seu maior desejo é impedir a adoração de seu conquistador.
Úlceras começaram a estourar em todo o corpo de Jó. Nem mesmo um centímetro de seu corpo foi poupado—desde o alto da cabeça até a planta do pé. Isso significa que Jó não podia ficar de pé sem sentir dor, não podia se sentar sem sentir dor e nem podia se deitar sem agravar os tumores que cobriam seu corpo.
A palavra hebraica para tumores malignos é a mesma usada em referência a uma das dez pragas no Egito.
Contudo, isso foi apenas o começo. Permita-me relatar, a partir de vários versos no livro, os sofrimentos físicos de Jó. Eles incluíram:
- tumores malignos (2.7);
- coceira constante (2.8);
- incapacidade de comer (3.24);
- às vezes, um sentimento terrível de medo e pavor (3.25);
- insônia (7.4—Jó disse: Ao deitar-me, digo: quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama, até à alva.);
- vermes (7.5—sem dúvidas em suas úlceras);
- pele endurecida que rachava e expelia pus (7.5);
- dificuldade para respirar (9.18);
- círculos escuros ao redor dos olhos (16.16);
- perda de peso (19.20; 33.21);
- dor constante (30.17—Jó disse em 30.16–17: Agora, dentro de mim se me derrama a alma; os dias da aflição se apoderaram de mim. A noite me verruma os ossos e os desloca, e não descansa o mal que me rói.
Não é surpresa alguma que, quando os amigos de Jó o visitam, eles não o reconhecem.
A dor de Jó era pessoal—terrível e contínua.
Ele diz em Jó 30.28: Ando de luto, sem a luz do sol; levanto-me na congregação e clamo por socorro. E ele adiciona no verso 30: meus ossos queimam em febre.
Satanás apertou o parafuso do sofrimento na esperança de que uma palavra de blasfêmia sairia da boca de Jó.
O sofrimento de Jó foi algo pessoal, mas também foi algo público. Mais adiante na Lei de Moisés, lemos o alerta de Deus a israelitas desobedientes em Deuteronômio 28.27:
O SENHOR te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, com sarna e com prurido de que não possas curar-te.
Mesmo antes da promulgação da Lei, essas coisas já eram vistas como sinais do julgamento e desprazer de Deus.
Também temos motivo para acreditar que as pessoas vivendo nos dias de Jó eram instruídas a retirar do meio do povo os que eram acometidos com esse julgamento.
Na época dos Patriarcas, doenças geralmente eram sinônimo de pecado. Isso é diferente de nossa dispensação, na qual a doença pode vir por motivos que já comentamos—para correção, mas também para edificação, para desenvolver fé e perseverança. Contudo, nos dias dos Patriarcas, as pessoas infectadas com doenças inexplicáveis, especialmente com aquelas que afetavam a pele, deveriam ser separadas do acampamento ou da cidade (Levítico 13).
Como sabemos que Jó foi visto como um pecador sendo julgado por Deus? Obviamente, seus conselheiros deixarão isso bastante claro. Mas antes mesmo de eles falarem, veja onde Jó se encontra em Jó 2.8: Jó, sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se.
Jó não está em casa em sua cama confortável enrolado em lençóis limpos e sob os cuidados de uma equipe médica particular. Não, ele está onde todos os demais leprosos seriam encontrados: em quarentena no lixão da cidade.
As cidades no Oriente Médio tinham um aterro sanitário—um lixão do lado de fora dos portões onde lixo e esgoto eram depositados. Periodicamente, o lixo podre era queimado por questões sanitárias.
Estar sentado entre as cinzas significa estar sentado sobre lixo e sobre um monte de excremento. Esse era o local onde mendigos caçavam alimento, onde cães brigavam entre si por comida e onde a cidade depositava seu esgoto. E ali se encontra Jó sentado em cinzas de uma queimada recente.
O rosto, as mãos, os pés e todas as partes do corpo de Jó que podiam ser vistas por meio dos buracos em sua roupa escorriam pus de feridas abertas. Seus olhos estavam inchados de chorar e os círculos escuros ao redor dos olhos lhe davam uma aparência de demente. Suas roupas estavam sujas com camadas já secas de lama e sangue; os ossos pontudos de seus ombros eram vistos debaixo do seu manto. Seu fôlego era curto e pesado; seu rosto já estava esquelético por falta de comida. Ali senta-se Jó, o qual antes fora a nós apresentado como “o maior de todos os do Oriente” (Jó 1.3). Ali está o grande homem, debruçado e balançando de um lado a outro em desespero e lamento; às vezes, até alheio aos mendigos, leprosos e cães ao seu redor. Ele apenas agrava sua miséria ao se coçar com pedaços afiados de cerâmica, tentando aliviar um pouco sua agonia.
A mente de Jó ainda estava lamentando dez túmulos recém-cavados e a perda de tudo o que possuía. Seus filhos vêm à mente e ele tem muitas memórias deles; ele se lembra da bênção de Deus.
“A bênção de Deus?! É isso! Isso tudo é culpa dele!” Com certeza, dessa vez Jó dirá: “Deus, você não é mais o meu Deus.”
Daí, Jó recebe uma visita. Alguém conversa com ele em Jó 2.9–10 enquanto ele coça intensamente suas feridas abertas:
Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre. Mas ele lhe respondeu: Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.
Não acredito que Jó disse isso. Deixe-me ler novamente: temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?
Ali naquele montão de cinzas, Jó ergue um monumento de louvor no vale do desespero.
O povo de Deus são soldados em um campo de batalha; mas existem momentos em que eles são o campo de batalha.
Você pode dizer: “Espere aí! Então quer dizer que Jó estava certo ao crer que a adversidade tinha vindo de Deus?”
Você também leu o texto.
Ao argumentar com Deus quanto ao chamado para sua vida, Moisés disse algo interessante. Ele disse: “Senhor, não sou qualificado para servi-lo diante de Faraó—você pegou o homem errado.” Daí, o Senhor responde em Êxodo 4.11:
Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o SENHOR?
A causa imediata do sofrimento pode ser uma doença, uma deficiência ou deformidade; pode ser as células de câncer, a cegueira ou inúmeras outras coisas. Entretanto, por trás de céu limpo e das nuvens pretas está o soberano propósito de Deus.
Os discípulos aprenderam essa lição um dia quando passaram ao lado de um cego e perguntaram a Jesus: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
Alguém pecou, não é verdade?
Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.
Em outras palavras, esse homem nasceu cego para que Deus seja glorificado na restauração de sua vista.
Então quer dizer que Deus fez com que essa criança nascesse cega? Sim. Deus a entreteceu no ventre, assim como ele fez comigo e com você; mas, no caso desse menino, ele escolheu deixa-lo sem vista. Isso significa que Deus ordenou a tristeza que os pais sentiram.
Então quer dizer que o sofrimento da criança estava nas mãos de Deus?
Toda a Jerusalém sabia que esse homem tinha nascido cego. Os líderes religiosos sabiam disso e talvez outros milhares que andavam pelo templo conheciam esse mendigo. Mês após mês, ano após ano, ele mendigava para sobreviver à mercê das pessoas que pressupunham que ele tinha feito algo de errado.
Jesus disse, com efeito, que essa doença havia sido preordenada para glorificar a Deus—quanto mais pessoas o conhecessem, maior seria o número de testemunhas do poder de Deus; quanto maior seu sofrimento, maior sua alegria e testemunho a favor de Deus.
Jesus curou o homem e lhe restaurou a vista.
O cego pode ser um retrato do crente sofredor—ele se torna um testemunho de algo que um dia ainda acontecerá a todos os que creem, pois, no dia de nossa glorificação, todas as doenças, todo sofrimento e toda aflição serão colocados de lado eternamente e testificaremos da grandeza de Deus em nossos corpos glorificados.
O apóstolo Pedro adicionou um encorajamento ao escrever em 1 Pedro 4.13:
pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.
Conclusão
Deixe-me fazer duas perguntas.
- Primeiro: você está disposto a esperar?
Você está disposto a esperar—e não somente esperar, mas se preparar para novos desafios à sua fé? Você está disposto a se preparar para aqueles momentos quando as coisas de novo acontecerem em sua vida quando você já está caído e ainda é atingido? Está disposto a esperar pela direção, solução e remédio de Deus?
Contudo, não espere somente, pois é possível ficar amargurado, ingrato e calado enquanto espera.
- Segundo: você está disposto a adorar?
Você está disposto a arregaçar as mangas de sua fé e louvar a Deus? Confiando que:
- em doenças prolongadas, Deus está no controle;
- ao lado dos túmulos de seus queridos, Deus está no controle;
- quando o raio-x volta e não poderia ser pior, Deus está no comando;
- quando o emprego é perdido e o dinheiro vai acabando, Deus está no controle;
- quando o relacionamento termina e você fez tudo para impedir, Deus permanece no controle;
- quando o teste de gravidez é negativo, Deus está no comando;
- quando você não é promovido, Deus está no controle;
- quando você luta com dor e não há solução, Deus está no controle.
Você não entende, não consegue explicar, não merece e não esperava, mas não conseguiu escapar. Então, ergue sua voz e louva a Deus.
Meu amigo, isso é louvor no nível mais puro e sublime.
Um autor disse que isso é quando você ora: “É, Deus... confio em ti. Não sei por que estou passando por isso. Se existe algo que eu possa aprender, muito bem. Se existe algo que outra pessoa possa aprender, ótimo. Apenas ajude-me a perseverar; encoraja-me; aprofunde meu relacionamento contigo; transforma-me.”
É isso o que significa transformar sua crise em um testemunho de louvor, erigir um monumento de louvor no vale do desespero.
O convertido judeu chamado Lehman Strauss foi um erudito e professor de estudos bíblicos grandemente útil à igreja. Ele escreveu:
Deus faz o quem bem desejar,
Quando bem quiser;
Para o propósito que determinou,
Ele envolve quem Ele quiser,
E tudo quanto faz está certo!
Pedro escreveu séculos atrás em 1 Pedro 5.10–11:
Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém!
Essa é outra forma de dizer: “Por causa do nosso Senhor soberano e da futura revelação de sua glória e de nossa glorificação, aqui e agora, erigimos um monumento de louvor no vale do desespero.”
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 04/02/2007
© Copyright 2007 Stephen Davey
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