
Rebeldes, Covardes e Um Bezerro de Ouro
Rebeldes, Covardes e Um Bezerro de Ouro
Êxodo 21–32
Introdução
O texto que estudaremos hoje pode parecer ter pouco proveito para nós. Já estudamos os Dez Mandamentos e começamos, agora, o que muitos chamam de “O Livro da Aliança.” A segunda parte de Êxodo, do capítulo 21 em diante, é difícil de entender, pois muito de seu conteúdo trata de regulamentos que Deus dá ao povo de Israel e que não se aplicam ao crente do Novo Testamento. Deus lida com a igreja de forma diferente como lidou com Israel no passado. Contudo, existem princípios eternos e imutáveis nesses capítulos que devem reger nossas vidas. É por esse motivo que Paulo escreveu em 2 Timóteo 3 que Toda Escritura é inspirada por Deus e útil. Muitos são os princípios imutáveis que devemos aplicar em nossas vidas hoje.
A Lei É Entregue
Antes de começar, gostaria de mencionar que, antes de 1902, os críticos afirmavam que Êxodo 20–23 fora escrito num período posterior à primeira parte do livro. Eles diziam que o homem primitivo, que ainda estava evoluindo, não tinha capacidade para formalizar um sistema complexo de leis. Mas em 1902, descobriu-se o que hoje é conhecido como Código de Hamurabi, um monumento de mais de 2 metros de altura com mais de 300 parágrafos de leis civis, sociais e morais. Esse código precedeu Moisés por 300 anos. Um tempo depois, arqueólogos descobriram outro sistema de leis escrito pelos assírios em tabletes de argila, datando de mais de 1000 anos antes de Moisés. Assim, a ideia de que os antigos eram incapazes de formular um sistema legal foi abandonada completamente.
Agora, com ou sem evidência arqueológica, essa Escritura foi dada por Deus. Trata-se de um sistema legal perfeito dado pelo Criador a Israel. Com esse sistema, Yahweh diz a Israel: “É assim que vocês devem viver.”
Gostaria de destacar três princípios eternos que emergem de Êxodo 20–23.
- Primeiro: Deus está determinado a executar justiça.
Encontramos um exemplo disso em Êxodo 22.5–6:
Se alguém fizer pastar o seu animal num campo ou numa vinha e o largar para comer em campo de outrem, pagará com o melhor do seu próprio campo e o melhor da sua própria vinha. Se irromper fogo, e pegar nos espinheiros, e destruir as medas de cereais, ou a messe, ou o campo, aquele que acendeu o fogo pagará totalmente o queimado.
Essa lei faz sentido; é simplesmente bom senso, um sistema legal justo.
Já que o povo não fechava o pasto com cercas, os animais pastavam onde quisessem. O dono, porém, deveria cuidar de seus animais para que não comessem os grãos e plantações do vizinho. Se alguém tocasse fogo na plantação do próximo, deveria lhe restituir a perda. Se tivesse sido mais cauteloso, não teria causado esse prejuízo. É algo óbvio e simples.
- O segundo princípio é: Deus deseja desenvolver fé.
Vemos isso em Êxodo 23.10–11:
Seis anos semearás a tua terra e recolherás os seus frutos; porém, no sétimo ano, a deixarás descansar...
Com essa ordem, Deus manda o povo fazer uma pausa e deixar a terra descansar no ano sétimo. Mais adiante, Deus dirá que ele fará o grão crescer no ano de descanso; a única coisa que o povo deveria fazer era confiar na sua provisão.
Isso seria algo muito difícil para um fazendeiro; ele teria que parar de cultivar e plantar no ano sétimo; teria que confiar em Deus. O que o Senhor faz com isso? Ele busca desenvolver fé no povo. E um resultado indireto dessa fé seria a compaixão. Veja a segunda parte do verso 11:
...para que os pobres do teu povo achem o que comer, e do sobejo comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival.
Então, um resultado indireto disso era que o pobre poderia comer livremente.
- O terceiro princípio é: Deus leva com seriedade a questão da comunhão entre os israelitas.
Veja Êxodo 23.4:
Se encontrares desgarrado o boi do teu inimigo ou o seu jumento, lho reconduzirás.
Nessa época, o boi ou jumento era importante como meio de locomoção; o povo dependia desses animais. Se você encontrasse um animal perdido, deveria devolvê-lo, até mesmo se pertencesse ao seu inimigo. Continue no verso 5:
Se vires prostrado debaixo da sua carga o jumento daquele que te aborrece, não o abandonarás, mas ajudá-lo-ás a erguê-lo.
Gosto disso porque Deus institui leis que nutrirão comunhão entre o povo. Deus não está preocupado se você irá ou não devolver o animal de seu amigo; a questão é diferente quando ele pertence ao seu inimigo. O que aconteceria? Imagine que você vai à casa de seu inimigo com um jumento perdido e diz: “Ei, achei esse jumento vagueando por ali e vim devolvê-lo.” Quantos inimigos você teria se agisse dessa maneira? Deus estava colocando em efeito leis de reconciliação. Ao servir seu inimigo, você não teria mais um inimigo, mas o transformaria em amigo. Esse, meu amigo, é um princípio eterno que aplicamos hoje também.
A Lei É Aceita
Agora, em Êxodo 24.3, Moisés desce do Sinai, lê a Lei para o povo—que inclui os Dez Mandamentos—e o povo reage da seguinte forma no verso 3:
Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos; então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que falou o SENHOR faremos.
Observe bem que todo o povo falou que faria tudo quanto o Senhor disse; isso será importante depois. Eles ouvem a Lei e ordenanças e, em uníssono, todos eles, uma nação inteira de milhões de pessoas, responde: “Guardaremos toda essa lei.”
Dessa maneira, a aliança é ratificada, ali mesmo próximo do Sinai, sobre o qual a nuvem de Deus paira.
Antes de prosseguirmos adiante, permita-me destacar dois pontos a respeito do “Livro da Aliança.”
- Primeiro: a importância geral nisso é que a santidade de Deus é revelada.
Quando tiver tempo, leia todos esses capítulos de Êxodo. Você verá que Deus exige do povo algo que é um atributo seu: pureza, santidade. Creio que um dos motivos principais para Deus dar essas leis e ordenanças foi para estabelecer e revelar sua santidade.
- Segundo: o “Livro da Aliança” revela a incapacidade do pecador de guardar a aliança.
É essa Lei que condena. Quando lemos essas leis, percebemos que não conseguimos guarda-las. Então, primeiro Deus revela sua santidade e, segundo, revela nossa incapacidade de guardar a Lei e a necessidade que temos de que outra pessoa inocente pague pela nossa violação dessa Lei.
Esse é um pano de fundo tremendo para o restante do livro, já que Deus dará a Moisés em seguida as instruções para construir o tabernáculo. E o que é o tabernáculo? É o sistema por meio do qual os pecados seriam cobertos, ele é o sistema sacrificial.
Assim, a aliança é ratificada ao pé do Sinai.
A Lei É Violada
Agora, vamos observar o que acontece no final da jornada de Moisés ao monte em Êxodo 32. A Lei de Deus é entregue, aceita e, em seguida, violada. Moisés já passou 40 dias no Monte Sinai. Enquanto ele se prepara para descer, veja o que acontece ao pé do monte em Êxodo 32.1:
Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido.
O povo está prestes a quebrar a lei que acabou de jurar com os lábios que cumpriria. O primeiro mandamento foi: Não terás outros deuses diante de mim; e o segundo: Não farás para ti imagem de escultura. Em Êxodo 24.3, todos respondem diante dessas leis em plena unanimidade: Tudo o que o SENHOR falou faremos. Mas agora, depois que Moisés volta ao cume do monte e passa 40 dias lá em cima, o povo diz: “Ei, vamos fazer um ídolo!”
Mas note não somente a incredulidade dos israelitas, mas também a covardia de Arão, irmão de Moisés. Veja Êxodo 32.2:
Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas.
É interessante que a palavra argolas pode ser entendida como “amuletos,” o que sugere que o povo já tinha se desviado. Um amuleto era um objeto supersticioso que provavelmente tinham trazido do Egito. O povo acreditava que, ao usá-los, espantaria perigos.
Muitos comentaristas acreditam—e eu concordo com eles—que Arão tenta, na verdade, protelar, pensando: “Bom, se eu pedir que me entreguem seus amuletos, eles dirão: ‘Não, isso já é demais.’ Assim, conseguirei evitar que caiam na idolatria.”
Entretanto, veja no verso 3 que, sem hesitar, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. Como resultado, lemos no verso 4 que Arão:
...recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido...
Arão fabrica um bezerro de ouro, uma imagem que remonta a um período anterior ao Egito. O povo de Israel tinha visto os deuses egípcios derrotados pelas pragas de Yahweh; então, isso volta a um tempo anterior, envolvendo uma prática cananeia. Os cananeus criam que o touro representava a maior força e poder do universo. O povo, é claro, não se contentaria com outra coisa, mas somente com o maior poder do universo. Por isso, Arão fabrica um filhote de touro. E o povo diz no final do verso 4, sugerindo que o touro representa Yahweh: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. Continue no verso 5:
Arão, vendo isso, edificou um altar diante dele e, apregoando, disse: Amanhã, será festa ao SENHOR [Yahweh].
Isso é interessante. Não creio que Arão esteja caindo em idolatria aqui. O que ele faz é pegar algo perverso e revesti-lo com algo bom, a fim de proteger sua vida. Ele pensa: “Faremos um touro que representa o poder divino e amanhã realizaremos uma festa a Yahweh. Ainda reconhecemos Yahweh, mas o reconheceremos por meio deste bezerro.”
Arão é um covarde. Ele deveria ter dito: “Vocês lembram que prometemos guardar a Lei do Senhor? Ainda lembram que juramos não fazer imagem alguma que representa Yahweh?” Por causa da covardia de Arão, o povo, agora, se vê num problema seríssimo. Até mesmo Arão não consegue mais impedi-los de cometer o pecado da idolatria.
Em Êxodo 32.6, vemos que o povo mal consegue esperar pela celebração:
No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
O verbo hebraico traduzido como divertir-se significa “acariciar-se,” referindo-se a intimidade física.
Por mais terrível que pareça, esse povo, que 40 dias antes afirmou veementemente: “Guardaremos todas as leis e ordenanças do Senhor,” agora, se entrega a orgia ao pé do Monte Sinai, de onde ainda conseguem ver a nuvem de Deus. O povo se alegra e prostitui diante do bezerro de ouro.
Pule para os versos 9–10 e observe a última frase:
Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto este povo, e eis que é povo de dura cerviz. Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação.
Imagine que você seja Moisés. Você é menosprezado e caluniado pelo povo; ninguém se submete à sua liderança; você já está “por aqui” com todos. Agora, Deus diz: “Moisés, o que você acha de eu derramar minha ira contra essas pessoas e fazer de você uma grande nação, começar tudo de novo?” Eu diria: “Negócio fechado, Senhor!”
Contudo, descobrimos que Moisés é um homem de uma paciência e compaixão incríveis. Veja como ele intercede pelo povo no verso 11:
Porém Moisés suplicou ao SENHOR, seu Deus, e disse: Por que se acende, SENHOR, a tua ira contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande fortaleza e poderosa mão?
E no verso 13:
Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendência...
Essa é a Aliança Abraâmica. Depois da intercessão de Moisés, lemos no verso 14:
Então, se arrependeu o SENHOR do mal que dissera havia de fazer ao povo.
Moisés clama ao Senhor em tremenda compaixão: “Não, Senhor, quero liderar este povo. Não desisto deles. Sou seu líder. Então, irei lidera-los e orar por eles.” De fato, Moisés dirá mais adiante: “Se for o caso, me mate, mas deixe-os viver.” Quanta compaixão!
O verso 14 apresenta um problema para muitos, pois diz que Deus se arrependeu do mal. Isso aqui é um antropomorfismo, ou seja, uma descrição do ato de Deus em linguagem humana. Em outras palavras, pensamos em Deus e escrevemos sobre Deus como se ele fosse um de nós. Sabemos, porém, que Deus não é humano; ele é o soberano que conhece todas as coisas. Parece que Deus muda de ideia, mas não é esse o caso. Essa é a nossa perspectiva.
A Lei É Cumprida
Agora, testemunharemos Moisés descer e cumprir a Lei. Veja Êxodo 32.19:
Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e as danças; então, acendendo-se-lhe a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte;
Alguns pensam que essa é uma manifestação de ira por parte de Moisés. Mas tem mais coisa envolvida nesse ato. Ele demonstra ira, mas também ilustra quebra de comunhão, violação da aliança. O “Livro da Aliança” que declara o que o povo deve fazer para seguir o Senhor foi, agora, despedaçado. Continue no verso 20:
e, pegando no bezerro que tinham feito, queimou-o, e o reduziu a pó, que espalhou sobre a água, e deu de beber aos filhos de Israel.
O que Moisés faz aqui é melhor entendido à luz de uma passagem em Números 5 que revela o teste do adultério. Se um homem suspeitasse que sua esposa tinha cometido adultério, ele deveria leva-la ao sacerdote. O sacerdote, por sua vez, pegava cinzas do altar do piso do tabernáculo, espalhava a cinza sobre um copo com água e a mulher a bebia. Se ela inchasse e morresse, isso seria prova de que havia adulterado; se nada acontecesse, isso provaria que era inocente. Esse era o “teste do adultério.”
É exatamente isso o que Moisés faz aqui. A nação de Israel acabou de cometer adultério ao seguir outro deus. Então, Moisés realiza o teste do adultério e faz o povo beber as cinzas do bezerro. Cerca de 3 mil ou mais morrerão por causa disso. Com esse ato, Moisés revela quem cometeu adultério espiritual contra Deus, isto é, quem caiu em idolatria.
As coisas esquentam ainda mais no verso 21. Lembre-se que Moisés e Arão são irmãos:
Depois, perguntou Moisés a Arão: Que te fez este povo, que trouxeste sobre ele tamanho pecado?
Arão responde no verso 22 como qualquer irmão responderia: “Por que você está bravo assim comigo?”
Respondeu-lhe Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que o povo é propenso para o mal.
A explicação completa de Arão aparece nos versos 23–24:
...o povo é propenso para o mal. Pois me disseram: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe terá acontecido. Então, eu lhes disse: quem tem ouro, tire-o. Deram-mo; e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro.
Podemos até ouvir Arão dizendo: “Espere aí, Moisés, não vai me dedurar para Deus. Eu sou inocente!” A explicação de Arão não funciona. O texto nos informa que Moisés o ignora completamente.
Neste ponto, Moisés começa a executar os idólatras. Ele diz em Êxodo 32.26 uma frase bastante conhecida: Quem é do SENHOR venha até mim. Nesse momento, apenas uma tribo foi até Moisés: os levitas, que são os que receberiam o sacerdócio. É aqui onde tudo isso começa. E Moisés cumpre a Lei conforme a aliança, executando todos os que tinham se entregado à idolatria.
Aplicação: Três Testes para Os Israelitas e para Nós
Vamos aplicar esse texto às nossas vidas. Os israelitas enfrentaram três testes, os quais nós também enfrentamos hoje.
- Primeiro: o teste da paciência.
Em 1 Coríntios 10.6–12, Paulo escreve sobre o povo de Israel do Antigo Testamento e faz aplicações à igreja do Novo Testamento. Ele diz, basicamente: “Se vocês acham que não podem ser culpados de idolatria; se pensam que não podem ser culpados de imoralidade; se imaginam estar isentos do pecado da murmuração, digo apenas uma coisa: tomem muito cuidado para não cair!” É nesse contexto de advertência à igreja à luz dos pecados dos israelitas que Paulo escreve dois versos bastante conhecidos. Veja 1 Coríntios 10.13–14:
Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar. Portanto, meus amados, fugi da idolatria.
Este é o primeiro teste: o da paciência. Creio que esse é o teste de se viver sem bênçãos. A igreja de nossa geração tem muita dificuldade com isso. Esse teste significa ser paciente com Deus, mesmo quando ele parece estar distante de nós; é viver biblicamente sem bênçãos.
Os israelitas encararam esse teste—por 40 dias. Agora, vamos ser honestos: se fôssemos um deles, também teríamos nos perguntado: “Será que Moisés realmente voltará? Já faz 40 dias!” Você já esperou pela resposta de Deus por 40 dias? É muito tempo. Finalmente, o povo chegou ao ponto em que pensou que até Deus os tinha abandonado e eles não passaram no teste.
Também é importante lembrar que os israelitas caminhavam em direção à Terra Prometida, uma terra que manava leite e mel e na qual se tornariam uma grande nação. Tudo isso foi prometido, mas agora: “O que fazemos aqui no meio desse deserto rochoso? E já faz 40 dias que não ouvimos nada. Deus, muito obrigado, mas quero minha vida de volta e irei conduzi-la de agora em diante.”
Essa é a mesma tentação que bate à porta de um solteiro que aguarda pacientemente um cônjuge, crendo que Deus tem algo para ele. Entretanto, por causa da longa espera, os padrões começam a baixar.
Foi nesse teste da paciência que os israelitas foram reprovados. Esse teste significa viver para Deus, mesmo quando Deus parece estar ausente.
Meu querido, anote a seguinte pergunta que você deve considerar: “Será que consigo viver para Deus sem as bênçãos de Deus?”
- O segundo teste é o da pureza.
Obviamente, os israelitas também foram reprovados nesse teste. E a propósito, a reprovação nesse teste geralmente segue a reprovação no teste da paciência. Ou seja, se chego ao ponto em minha vida em que penso que Deus está ausente, que ele não cumpre o que promete, então, tomo as rédeas da situação, assumo o controle da minha vida. E onde você acha que isso irá parar? Na pureza? Não. Isso o levará à impureza.
Penso em José, um homem que enfrentou duramente o teste da paciência. Ele foi abandonado e, sozinho, subia na vida por causa de sua personalidade e integridade. Seu ponto máximo é na casa de Potifar, onde administra toda a propriedade de seu patrão. Entretanto, ele ainda não ouve palavra alguma de Deus ou de seu povo. Daí, a esposa de Potifar bate à sua porta e diz: “Ei, por que não? Será que vale a pena, realmente, viver para o seu Deus?” Como sabemos, José passa no teste da pureza, um teste no qual os israelitas fracassaram.
- O terceiro teste é o da fé.
Esse foi o que mais me cativou enquanto estudava essa passagem. Entenda bem que toda evidência de Deus se foi. Quais evidências os israelitas tinham? Eles tinham duas: Moisés, que era a voz de Deus, e a nuvem, que era sua bússola, direcionando-os na fuga do Egito.
Mas, agora, onde está a nuvem? Pairando sobre o monte. E Moisés? “Não sabemos. Deve estar lá em cima também.” A questão é: será que servirei a Deus sem nenhuma evidência de Deus?
Esse teste anda junto com o teste da paciência. Então, será que seguirei o Senhor, mesmo que ele não me forneça evidência tangível de que o estou seguindo de fato e de que ele realmente está comigo? Será que consigo confiar em Deus quando não o vejo?
As palavras de Moisés não foram suficientes; ele deu ao povo o “Livro da Aliança.” Essas palavras não são suficientes hoje. Nós temos as Escrituras por completo, que são a expressão de Deus.
Penso nas palavras de Cristo a Tomé, o qual disse, conforme João 20.25:
...Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.
No verso 27, da próxima vez quando Jesus Cristo aparece aos discípulos, ele diz a Tomé: “Pronto, veja.” E adiciona em seguida no verso 29: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. O teste da fé é, conforme Hebreus 11.1, que a fé é a convicção de fatos que se não vêem.
Existe o teste da paciência, o teste da pureza e o teste da fé. Se fracassarmos nesses testes e abandonarmos Deus porque não o vemos, não confiamos ou cremos nele, não temos evidência dele ou porque não recebemos suas bênçãos, cairemos nas mesmas coisas que os israelitas caíram: seremos impacientes, críticos e viveremos como se Deus não existisse.
Numa época em que existem muitos ídolos, muitas buscas que desviam nossa atenção do Deus vivo, confio, pela graça de Deus, que conseguiremos viver sem fabricar bezerros de ouro.
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