
Reavivando Os Santos
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Série Satisfeitos! – Parte 3
Tiago 4.7–10
Introdução
Um tempo atrás, li a história de um piloto de avião que se encontrava numa situação desesperadora. Ele pilotava seu pequeno monomotor em direção ao aeroporto de um país pequeno. Estava atrasado, pois saíra de sua origem mais tarde do que desejado.
Quando finalmente chegou e sobrevoou a pista onde planejava pousar, percebeu que o sol já estava se pondo, escondendo-se atrás das montanhas. Tudo estava escuro lá embaixo, como se alguém tivesse apagado todas as luzes.
Depois de ter feito a manobra e se posicionado para aterrissar o avião, ele não conseguiu identificar a pista. Não havia luz indicadora de nenhum gênero e ninguém estava trabalhando na pista naquela hora. Ele sobrevoou a pista mais uma vez numa outra tentativa de pouso, mas a escuridão havia se tornado ainda mais impenetrável. Por duas horas, ele sobrevoou a pista em círculos, enquanto a escuridão se tornava mais densa e sua situação se tornava mais e mais desesperadora. Ele sabia que encararia a morte certa quando o combustível terminasse.
Assim que começou a ser tomado de pânico, algo maravilhoso ocorreu. Um homem que morava próximo à pista ouviu o barulho contínuo do avião sobre a pista e percebeu o apuro no qual o piloto se encontrava. Esse homem gracioso correu até seu carro, foi à pista e dirigiu várias vezes ao longo dela, sinalizando com seu farol alto para que o piloto conseguisse identificar a pista e pousar. Finalmente, o piloto conseguiu aterrissar o avião e sua vida foi salva.
O apóstolo Tiago tem feito o papel desse homem gracioso para nós. Ele, com suas luzes e farol alto, tem mostrado a nós com bastante fervor o caminho que não conduz à destruição, mas à satisfação e vida plena. Ele tem nos mostrado não somente onde pousar, mas como viver.
Para o leitor em geral que trata a Bíblia como uma revista qualquer de um consultório médico, passando suas páginas, lendo títulos, dando uma olhada nas fotos e a colocando de lado logo em seguida, para esse tipo de leitor o conselho de Tiago é muito ofensivo e agressivo. Tiago tem falado com dureza e seriedade sobre o assunto, pois ele sabe que o problema em pauta é seríssimo.
Tiago busca não somente evitar que seu combustível acabe e você morra num desastre, ele também não quer que você pouse seu avião na pista errada. Então, ele tem apontado o caminho com uma iluminação inspirada por Deus e administrada pelo Espírito Santo, o qual nunca abandona seu posto na torre de controle.
O que Tiago fará agora é apresentar nada mais do que dez imperativos, dez verbos que terminam com um ponto de exclamação. Sugiro que você considere esses verbos como dez luzes brilhantes que iluminam sua caminhada com Cristo. Eles aparecem numa sequência rápida no capítulo 4 de Tiago, começando no verso 7 e terminando no verso 10:
Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
Alguém pode dizer: “É óbvio que Tiago não escreve para crentes, mas para descrentes. Ele está mostrando o caminho da salvação.”
Eles defendem que um crente não pode ser viciado em prazeres (v.1), nem um assassino (v.2) ou adúltero espiritual hostil à vontade de Deus (v.4). Jamais um crente será condenado com esses termos! Então, essas pessoas argumentam que Tiago está escrevendo para descrentes.
Nada poderia estar mais distante da verdade. A linguagem desse capítulo não é de redenção; esse não é um convite à salvação na cruz; essa não é uma descrição da obra expiatória de Cristo para salvação. Tiago não fala com descrentes que precisam ser redimidos; ele fala com crentes que precisam agir e viver como redimidos.
Ao interpretar as Escrituras, uma das perguntas mais importantes a se fazer é para quem o autor escreve. Isso pode determinar muitas coisas. Em geral, os leitores leem a Bíblia e perguntam: “O que isso significa para mim?” O problema é que você não pode descobrir o que o texto significa para você antes de descobrir o que significou para os leitores originais!
Tiago escreve para judeus crentes que entendiam bem as referências a cerimônias de purificação. Tiago não está falando para descrentes se submeterem a Deus. Para começar, o descrente não tem nenhum relacionamento com Deus; não se manda um descrente se achegar a Deus. O descrente corre de Deus. Como ele poderá se achegar a Deus sem ter primeiro crido no Evangelho de seu Filho Jesus Cristo? Milhões de pessoas hoje buscam, independente dos méritos conseguidos por Cristo na cruz, merecer sua justificação. Um descrente não pode purificar suas mãos e seu coração porque ele ainda não foi mergulhado nas correntes do sangue redentor de Cristo. Tiago 4 não é uma linguagem de justificação; é uma linguagem de reforma.
Um autor disse corretamente ao afirmar que esse parágrafo pode ser definido como um parágrafo de reavivamento. E lembre-se de que reavivamento não é para descrentes, mas para crentes. Um descrente está espiritualmente morto, conforme Efésios 2 nos mostra claramente. Não podemos reavivar um cadáver; para esse, apenas uma ressurreição resolve. Podemos reavivar uma pessoa inconsciente que ainda vive. Portanto, reavivamento não é para pessoas espiritualmente mortas; reavivamento é para pessoas que são espiritualmente delinquentes.
Tiago coloca o sal da verdade debaixo de nossas narinas. Ele diz ao apático, ao indisciplinado e aos transviados: “Acordem!”
A construção original deixa isso bastante evidente. São dez imperativos, dez coisas que devemos fazer. E tudo o que devemos fazer como crentes flui daquilo que temos nos tornado—crentes.
A última coisa que você quer fazer é dizer a alguém: “Ei, se você deseja se tornar um crente e ser salvo, tem que fazer o que Tiago manda nos versos 7 a 10.” Essa pessoa irá simplesmente fazer o que muitas fazem hoje: buscar outra coisa, deixando de possuir a vida pela fé em Cristo somente.
Veja bem, não anote esses dez mandamentos de Tiago e diga: “Vou cumprir todos os dez; daí, talvez Deus me aceite. Vou fazer o meu melhor; talvez chegarei ao céu.” Não! Esses imperativos são para os que já são redimidos e que precisam reavivar sua fé. Tiago escreve para crentes que precisam ser reformados e reavivados; e isso inclui 100% de nós os que conhecemos a Cristo. Precisamos receber o que Tiago está prestes a nos declarar.
- O primeiro imperativo dado por Tiago é: Submeta-se!
Ele escreve no verso 7: Sujeitai-vos, portanto, a Deus. A palavra sujeitai-vos usada por Tiago é uma combinação de dois termos gregos: a palavra “sob” e o verbo “colocar-se.” Esse era um termo militar que significava “ter uma patente debaixo de.” Assim, a pessoa que se sujeitava era aquela que tinha uma patente inferior e ficava debaixo de autoridades superiores a ela. Nós diariamente precisamos redescobrir nossa patente em relação a Deus. Por esse motivo, temos que ser transformados pela renovação de nossa mente, o que leva a vida inteira ou até mais (Romanos 12.1–2).
A propósito, Tiago apresenta a ideia de uma subordinação voluntária a Deus e sua vontade. O crente em reavivamento não é coagido, mas colabora. Não é como você quando brincava com seus colegas, agarrando um ao outro, torcendo o braço e mandando que ele se rendesse. Não é esse o tipo de submissão que Tiago descreve aqui. A ordem é para que eu e você nos disponhamos a nos submeter voluntariamente a Deus. Esse tipo de submissão é a alegria de um crente reavivado e é seu grande prazer.
Esse tipo de submissão é muito diferente do funcionário que diz: “Não vou fazer isso porque não faz parte das minhas obrigações. Não fui contratado para isso!” Não, esse empregado conhece bem os alvos e aspirações da empresa e toma iniciativas para vê-los sendo alcançados. Esse é o atleta que treina mesmo fora de temporada sem o técnico ao seu lado. Ele sabe que aquilo agradará seu chefe ou treinador e esse é o seu grande objetivo.
Essa atitude transcende sua autoridade imediata e sobe até a autoridade celestial. Como o apóstolo Paulo que disse:
É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis (2 Coríntios 5.9).
Howard Hendricks, um dos meus professores favoritos, uma vez embarcou num avião que estava atrasado para decolagem. Após uma longa espera, os passageiros começaram a ficar cada vez mais irritados e expressar seu descontentamento. Hendricks notou que uma aeromoça em particular permaneceu graciosa, mesmo ao falar com passageiros irritados. Depois que o avião finalmente decolou, ele disse a ela como havia ficado admirado com seu espírito gracioso; e disse que gostaria de escrever uma carta de recomendação para a empresa, aprovando o seu comportamento. A aeromoça disse: “Obrigado,” mas adicionou dizendo que ela não trabalhava para a companhia aérea, mas para Jesus Cristo. Ela disse: “De fato, eu e meu marido oramos hoje cedo, pedindo a Deus que ele me desse a oportunidade de representar bem o Senhor.” Como podemos ver, não nos submetemos simplesmente a alguém que podemos ver; nós nos submetemos a Jesus Cristo, a quem um dia veremos.
Então, Tiago não se refere ao crente que diz: “Certo, Senhor, eu me rendo, já que tu estás torcendo meu braço e me forçando a isso”, mas ao crente que diz: “Senhor, eu me submeto a ti porque eu quero. É muito gratificante poder saber que tu és a autoridade sobre minha vida e eu me sujeito alegremente a ti.”
- O segundo imperativo é: Fique firme!
Note o verso 7: mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. O verbo resisti é mais um termo militar que significa simplesmente “tomar posição.”
O uso que Tiago faz de um artigo definido em ao diabo deixa claro que Tiago não caiu na superstição de sua época e de nossa época que afirma que o diabo é uma força mística ou poder maligno. Tiago pensa no diabo como uma personalidade, um ser, uma pessoa e um anjo caído que desejava ser maior do que o Criador (Isaías 14).
O nome diabo (e ele possui muitos nomes) literalmente significa “acusador,” que se refere a uma das funções principais de Satanás até aos dias de hoje: ele acusa o crente diante de Deus e Deus diante do crente. Jó serve de um exemplo clássico a esse respeito.
Além disso, aprendemos a partir das Escrituras que Satanás trabalha por meio do engano e ilusionismo. Ele constantemente busca subverter a lealdade do povo de Deus ao conduzi-lo a viver vidas autocentradas e mundanas. Dessa maneira, ele cala a adoração genuína devida a Deus. O que Satanás mais inveja de Deus é a adoração. Esse é o seu grande desejo em seu orgulho e isso se tornou a causa de sua queda.
E, a propósito, ele já leu o final do livro; ele sabe o fim. Ele odeia Cristo e sua igreja e, até ao seu confinamento final no Lago de Fogo, Satanás fará tudo o que puder para diminuir a adoração a Cristo e ferir seu nome e reputação, bem como os seguidores de Jesus Cristo. Resista a ele, o que, a propósito, não significa dar nomes aos demônios e fazer encantos ou orações especiais conhecidas somente por crentes que foram para palestras ou leram tal livro. A melhor forma de se resistir ao diabo é seguindo o próximo imperativo de se achegar a Deus. Falaremos dele em alguns minutos.
O pastor Puritano Thomas Manton nos lembra: “O diabo não pode obriga-lo a fazer algo, ele pode apenas persuadir você.”
Ele é como um cachorro que fica observando, balançando seu rabo pronto para receber alguma coisa dos que se sentam à mesa. Mas, se nada lhe é lançado—uma palavra para enxotá-lo, um olhar perverso, gestos de ira ou descontentamento—se ninguém à mesa lhe lançar nada desse tipo, ele vai embora.
Veja bem: Satanás não pode nos levar a pecar sem o consentimento da nossa própria vontade. Ele é um adversário derrotado que agora não possui nenhum poder sobre o crente, exceto o poder da sedução. E ele [com seus demônios] não descansa; sempre volta, vez após vez. Ele é o nosso acusador, mas Cristo é o nosso advogado. Agora, somos ordenados a permanecer firmes contra seus esquemas e métodos, conforme vemos em Efésios 6. Fique alerta aos seus métodos, esquemas e estratégias.
Gosto da forma como um autor fala sobre o assunto e até já mencionei antes. Satanás estuda as nossas vidas. Ele filma as nossas vidas e nos estuda, assim como um técnico e seus jogadores estudam seus adversários. Eles sabem contra quem irão jogar; Satanás conhece seus pontos fortes e fracos, e ele possui várias táticas para tirar vantagem de nós. Ele sabe o que você gosta de fazer, como reage a determinadas situações, sobre o que gosta de conversar, o lugar que você gosta de frequentar, e as pessoas com quem gosta de sair. Então, o que você faz é se aproximar da área onde fica seu técnico à beirada do campo, e o seu técnico anuncia uma nova jogada. Isso atrapalha os planos do inimigo e estraga o que ele tinha programado contra você. Você dribla e faz uma jogada que o inimigo não estava esperando.
- Então, submeta-se e fique firme. Terceiro: Aproxime-se!
Tiago escreve no verso 8: Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros.
Esse é o lado positivo da resistência. Você resiste ao diabo e se deleita em seu relacionamento com Deus. Essa foi a oração de Davi, o salmista, ao escrever:
Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua presença (Salmo 27.8).
E:
Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo (Salmo 27.4).
Essa é uma ação deliberada do crente em adorar a Deus. Esse era o verbo utilizado a respeito dos sacerdotes que se achegavam a Deus com seus sacrifícios no sistema de Tabernáculo do Antigo Testamento.
Esse verso coloca a iniciativa sobre os ombros do crente; você percebeu isso? Alguém pode dizer: “Bom, se Deus realmente me deseja perto dele, então por que ele não se aproxima de mim para que eu me aproxime dele?” Tiago enfatiza a atitude do crente que deseja viver uma vida plena e satisfeita.
- Deus não vai arrancar você de sua cama e colocá-lo na Palavra;
- Deus não impedirá seu computador de ligar até que você tenha orado;
- Deus não o forçará a ouvir músicas e hinos edificantes no decorrer do dia.
Essas decisões simples do dia-a-dia são nossas decisões. Você realmente deseja se aproximar de Deus?
Enquanto servia como missionário no Paraguai, Stuart Sacks escreveu sobre um índio chamado Rafael que um dia veio e sentou-se na varanda de sua casa. Stuart escreveu:
Eu estava comendo na hora que ele chegou e saí para ver o que ele queria. Ele respondeu: “Ham heneck met.” De novo, eu perguntei o que poderia fazer por ele, mas a resposta foi a mesma. Eu sabia o que as palavras significavam, mas não as entendi, até que compartilhei o incidente com outro missionário local. Esse missionário disse que aquela era a forma como Rafael estava me honrando. As palavras que ele disse, “Ham heneck met” significavam: “Eu não quero nada de você—eu apenas me aproximei... não quero nada de você—eu apenas me cheguei perto de você.” O missionário veterano continuou me dizendo que o índio Rafael estava demonstrando que havia encontrado satisfação apenas em estar perto de mim.
Como isso revela minha culpa! Quantas vezes não vou a Deus somente porque quero ou preciso de alguma coisa? Quero que ele conserte alguma situação ou faça algo, e todos os demais entram na fila para conseguir seu milagre. Mas onde está a fila para as pessoas que desejam simplesmente se aproximar de Deus? Vemos filas quilométricas dos que querem seu milagre, suas respostas e seus presentes. Onde está a fila para alguém que deseja somente se achegar a Deus?! Você entraria nessa fila? Será que podemos dizer: “Encontrei satisfação em ti, oh Deus, e eu quero simplesmente me achegar a ti”?
E você notou a promessa maravilhosa que Tiago nos deu? Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Em outras palavras, quando você desejar se aproximar de Deus, ele estará disponível. Nós, por outro lado, não somos assim. Alguém deseja se achegar a nós e podemos simplesmente não ter um desejo recíproco; talvez desejemos ficar sozinhos e não querer companhia no momento.
Por exemplo, quantos rapazes não se chegam a moças que não querem sua companhia? Quantas dessas moças cederam ao pedido? E quantas cederam ao pedido a ponto de finalmente se casarem com o rapaz?
A boa notícia é a seguinte: você deseja se aproximar de Deus? Ele está interessado também. Você deseja adorar a Deus? Ele está sempre pronto a retribuir sua adoração com comunhão!
- Você não precisa se levantar de manhã se perguntando se é muito cedo para conversar com Deus;
- Você não precisa se perguntar se, quando ora, Deus ouve suas orações;
- Você não toma a decisão de honrá-lo sem que ele saiba cada detalhe;
- Você nunca enfrenta um desafio na dúvida se pode ou não lançar aquela ansiedade nas mãos de Deus.
Você se aproxima de Deus e ele sempre retribui. Esse é o ensino de Tiago.
- Submeta-se, fique firme e aproxime-se! Quarto: Purifique-se!
Note o meio do verso 8 e o verso 9:
...Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza.
Você provavelmente está pensando: “Que tipo de Cristianismo é esse?” A plateia de judeus—os leitores originais de Tiago—entendeu sem qualquer hesitação a linguagem de purificação religiosa.
A purificação das mãos era a lavagem com água por meio da qual um homem seria considerado cerimonialmente puro para adorar e servir a Deus (Êxodo 30 e Levítico 16). Eles lavavam suas mãos antes de comer (Marcos 7). Mas Tiago não está falando sobre ritual; ele está falando sobre moral.
Purificar as mãos é uma referência a um comportamento externo; purificar o coração é uma referência a atitudes internas. Em outras palavras, se você realmente deseja se aproximar de Deus, então precisa lidar com o seu pecado. Essa é a purificação diária por meio da confissão. Conforme o reformador Martinho Lutero disse, vivemos vidas de “contínua confissão.”
Não podemos nos aproximar de Deus segurando em nossas mãos coisas que não deveríamos. Tiago diz: “Veja só, Deus sabe muito bem o que está em suas mãos; ele sabe muito bem o que está no seu coração; ele sabe quem você é. Você pode ser uma de sua ovelhas, mas não pode cobrir sua cabeça com a lã.” Purifique-se!
Recentemente, li uma história engraçada sobre uma senhora durona que foi levada ao tribunal por ter violado a lei. O juiz pediu que seu advogado a colocasse no assento dos réus. O advogado perguntou à mulher: “Você sabe quem sou eu?” Ela respondeu: “É claro que eu sei quem você é. Você é o João da Cunha e eu sei que não é um bom advogado coisa nenhuma... sonega seus impostos, trapaceia seus clientes e já traiu sua esposa pelo menos duas vezes. Eu jamais confiaria em você, nem que fosse a última pessoa viva na terra.” O advogado ficou chocado e, apontando para o promotor, perguntou a ela: “E ele, você sabe quem ele é?” Ela respondeu: “Claro que sim! Ele é José Barbosa e não presta para nada; ele não cuida de sua vida, sua esposa e seus filhos. Na verdade, ele está tendo um caso neste momento com sua esposa.” Ambos os advogados estavam lado a lado quando o juiz os convocou para junto de si. Quando se aproximaram, o juiz disse em voz baixa: “Se um de vocês perguntar se ela sabem que eu sou, mando os dois para a cadeira elétrica!”
Imagine estar diante da presença de Deus. Você deseja conhecê-lo? Ele já o conhece muito bem—tudo sobre você. Por esse motivo, Tiago diz que, se você deseja levar seu relacionamento com Deus a sério, então precisa levar todos os demais relacionamentos, atividades e desejos a sério também.
Tiago escreve no verso 9: Afligi-vos, lamentai e chorai. Três imperativos, um após o outro, que revelam arrependimento e confissão genuínos. Essas não são lágrimas de um criminoso pego em flagrante; essas não são lágrimas de um político ou pregador filmados em momento de vergonha pública; não são lágrimas de investidores depois de terem sido acusados de mutreta financeira. Essas não são lágrimas de pessoas que encontram desculpas para o seu pecado nas suas fraquezas, problemas, erros, más escolhas e dificuldades. Essas não são lágrimas de crocodilo. Essas lágrimas são verdadeiras, reais.
Você quer viajar na estrada rumo à satisfação e ao reavivamento? Deus diz através de Tiago: “Não lide com o pecado como se ele não fosse sério; não dê apenas uma pincelada como se ele não fosse grande coisa.” Tiago escreve Afligi-vos. O verbo remete à ideia de tristeza; ele significa “torne-se miserável.” Esse é o mesmo termo usado para falar de nossa miséria como pecadores. Paulo confessou:
Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? (Romanos 7.24).
Esse foi o princípio do crescimento genuíno do apóstolo Pedro; do lado de fora do jardim do Getsêmani após ter negado o Senhor ele chorou amargamente (Lucas 22.62).
Assim como George McDonald, o pastor escocês que escreveu nos anos de 1800: “Senhor, no furacão do teu Espírito eu oro, arranca a roupa da minha alma e a vista conforme te aprouver.”
As palavras usadas por Tiago para lamentai e chorai se referem à tristeza de um funeral que resulta no derramar de lágrimas. Você diz: “Com certeza, isso não é para crentes; nós devemos nos levantar de manhã e declarar nossa vitória, ter pensamentos felizes e conseguir nosso milagre.”
Não. Leve Deus a sério e se purifique. Tiago nos desafia a fazer como o salmista fez no Salmo 139, versos 23 e 24:
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.
Essa é a transparência de um coração, mente e alma que dizem: “Senhor, tu sabes tudo a meu respeito e isso significa que eu preciso de uma purificação total, a fim de resistir o maligno, me aproximar de ti, ter mãos limpas e um coração puro.”
Estas são ordens para os que desejam encontrar satisfação genuína e duradoura e não a superficial que o mundo oferece: Submeta-se! Fique firme! Aproxime-se! Purifique-se!
- Em quinto lugar: Humilhe-se!
Tiago escreve no verso 10: Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
Daí, sorrimos e dizemos: “Tiago, depois de tudo o que você já nos ensinou, será que poderíamos fazer outra coisa a não ser nos humilhar na presença do Senhor?”
O verbo Humilhai-vos é o termo grego tapeinōthēte, que significa “fazer baixo, ou fazer-se baixo.” A expressão ele vos exaltará literalmente significa “ele vos levantará.” A imagem é a de alguém se prostrando diante de um monarca oriental. O monarca desce do trono e levanta o rosto do vassalo do pó da terra.
Stewart Briscoe escreveu sobre algumas viagens que fez vários anos atrás à Polônia para pregar. Ele conta:
Num dia de inverno, meu anfitrião me levou de carro no auge da noite para o meio do nada. Entrei num prédio deteriorado cheio de jovens dentro. Com o uso de um intérprete, preguei em João 15 sobre nossa caminhada com Cristo. 10 minutos depois que comecei minha mensagem, as luzes se apagaram completamente e tudo ficou preto. Meu intérprete me encorajou a continuar pregando. Mesmo sem conseguir enxergar minhas anotações nem ler minha Bíblia, continuei. Depois de ter pregado pelo menos 20 minutos no escuro, de repente as luzes se acenderam e fiquei maravilhado com o que eu vi: todos no auditório estavam ajoelhados e permaneceram daquele jeito enquanto eu terminava meu sermão. No dia seguinte, comentei com alguém sobre isso e ele disse: “Depois que você saiu, nós ficamos ajoelhados durante a maioria da noite em oração. Sua mensagem nos desafiou e queríamos ter certeza de que estávamos andando próximos de Cristo.”
Que fervor, que compromisso, que crescimento! Que maneira maravilhosa de caminhar em direção à satisfação plena, genuína e profunda em Jesus Cristo. Esse é o caminho para o reavivamento!
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 06/03/2011
© Copyright 2011 Stephen Davey
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