
Queria Ter Mais Fé!
Queria Ter Mais Fé!
Gênesis 15–18
Introdução
Com bastante frequência, ouço alguém dizendo: “Queria ter mais fé!” Por exemplo, uma mulher ora pela salvação de seu marido, que é ateu. Contudo, ao invés de se converter, ele endurece ainda mais o seu coração em incredulidade. A esposa se pergunta se o problema está em sua fé: “Talvez não creio o suficiente que Deus é capaz de salvá-lo. Queria ter mais fé; daí, ele seria salvo.” Essa mentalidade é bastante comum, quer envolva a salvação de um ente querido, cura de alguma doença, recuperação dos negócios, etc.
Como resultado, a igreja fica cheia de crentes confusos e desanimados, pensando que Deus, de alguma maneira, ficaria comovido com uma quantidade maior de fé. Por causa dessa teologia errada, esses crentes ficam suscetíveis aos ataques do Acusador.
Hoje, voltamos a estudar a vida de Abrão no livro de Gênesis; estamos no capítulo 15. Veremos a progressão da fé de Abrão, bem como seu fracasso. No processo, descobriremos alguns princípios que nos ajudarão a entender a fé apropriadamente e a como andar pela fé.
Entre a última parte do capítulo 14 e o início do 15, podemos escrever a palavra “pânico.” Eu escolhi escrever “medo,” pois algo acontecerá a Abrão nesse intervalo que ele ficará cheio de medo ou pânico.
Tentei entrar nesse cenário para entender por que Abrão ficaria tão temeroso desse jeito e cheguei a três razões. Apesar de elas não estarem nas Escrituras, creio que podemos conjecturar a esse respeito.
- A primeira razão por que Abrão ficou temeroso foi talvez a possibilidade da retaliação.
Se você se lembra, ele resgatou seu sobrinho Ló e o rei de Sodoma das mãos dos reis pagãos. Isso aconteceu antes de Deus destruir Sodoma. Agora, Abrão está numa terra estranha e fez alguns inimigos. Ele não possui armas de guerra e, após derrotar os reis numa batalha, teme retaliação.
- A segunda razão por que Abrão temeu foi talvez a possibilidade de pobreza.
Lembre-se que uma fome afligiu a região onde Abrão morava, e ele rejeitou o presente do rei de Sodoma. Depois que Abrão salvou sua vida, o rei disse: “Muito obrigado por ter me resgatado. Aqui estão alguns presentes que o ajudarão a passar por esse período de fome.” Mas Abrão recusou o presente. É possível que agora esteja na dúvida se não deveria ter aceitado a generosidade do rei.
- A terceira razão por que Abrão temeu foi talvez o caráter imprevisível das promessas de Deus.
Provavelmente, essa é a mais forte de todas as razões. Deus prometeu: “Abrão, esta terra será sua; você terá muitos descendentes; você receberá bênçãos.” Entretanto, nada disso aconteceu ainda. Abrão tem esperado, esperado e esperado.
Um equívoco que precisamos corrigir em nossa concepção errada da teologia da fé é que fé não exige paciência. Pensamos que, se tivermos fé suficiente, Deus fará a obra imediatamente. Mas isso não é verdade. No caso de Abrão, a espera será de 25 anos até que Deus começa a cumprir suas promessas.
Duas Verdades sobre A Fé
Veja Gênesis 15.1: Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa visão, e disse. Esse verso nos apresenta a duas verdades sobre a fé.
- Primeiro: a fé é iniciada por Deus. Deus vai a Abrão. Abrão está com medo e em pânico, e Deus toma a iniciativa.
- Segundo: a fé é estabelecida sobre o alicerce do relacionamento.
Deus diz no final do verso 1: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande. Em outras palavras, a única maneira de Abrão vencer o medo do futuro, o medo da retaliação e o medo da possível fome e de não poder sustentar sua família é desenvolver um relacionamento com seu Senhor. Semelhantemente, a única maneira de eu e você conquistarmos o medo é desenvolvendo um relacionamento com o nosso Senhor.
Você notou qual é a solução? Deus diz: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo. Agora, já se passaram 10 anos e ainda não há filho algum. Fico imaginando a vergonha que isso era para Abrão. Seu nome significava “pai de muitos.” O nome do indivíduo naquela cultura indicava as posses do indivíduo. Fico apenas imaginando alguém visitando Abrão e se apresentando. “Olá, como é o seu nome?” “Abrão.” “Uau, você deve ter muito orgulho pelo fato de ter muitos filhos.” Abrão abaixava a cabeça e dizia: “É... na verdade, eu não tenho nenhum filho.” Um pouco mais adiante, Deus muda o nome de Abrão para “Abraão,” que significa “pai de multidões.”
Substitutos para A Fé
Abrão passou 25 anos esperando nessa situação. Gostaria de mencionar algumas coisas que ele fez de errado enquanto esperava. Fico feliz que Deus incluiu os erros de Abrão nas Escrituras; ele fracassou na fé; ele deixou de confiar e acabou cometendo alguns erros. Vá para Gênesis 16.
- O primeiro erro de Abrão foi aceitar conselho inadequado.
Veja Gênesis 16.1:
Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar, disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai.
Lembre-se que Sarai muito provavelmente adquiriu a serva Agar enquanto o casal estava no Egito, fora da vontade de Deus. Sarai se vê aqui envolvida no que podemos chamar de um raciocínio religioso: obviamente, ela coloca toda a culpa no Senhor. Para ela, sua sugestão faz sentido espiritualmente. Então, ela e Abrão saem com um plano B. Deus ainda não cumpriu o que prometeu e, a essa altura, creio eu, passaram-se cerca de 13 anos. Então, Sarai diz: “Bom, vamos ajudar o Senhor. Ele prometeu algo, mas não deu instruções específicas. Vamos resolver isso do nosso jeito.” Então, ela dá um conselho errado.
- Isso nos conduz ao segundo erro de Abrão: ele ignorou os princípios do casamento.
Veja Gênesis 16.3:
Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter ele habitado por dez anos na terra de Canaã.
Isso claramente viola Gênesis 2.24, o qual ensina que o matrimônio é entre um homem e uma mulher. Deus nunca aprovou a poligamia. Quando os homens daquela época tomavam várias esposas para si, eles fugiam do ideal de Deus, e esse era um costume dos homens do tempo de Abrão.
Então, Sarai disse: “Olha, não posso ter filhos. A culpa é minha. Então, toma minha serva egípcia e tenha um filho com ela.” Nesse momento de sua vida, Abrão é um líder tão fraco que não somente aceita conselho perverso, mas ignora a revelação de Deus.
- O terceiro erro de Abrão foi que ele recusou esperar em Deus.
Isso fica óbvio. Veja o verso 4:
Ele a possuiu, e ela concebeu. Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada.
Em resumo, Abrão simplesmente não esperou. Mas antes de pegarmos pesado com ele, lembre-se que a espera foi de 25 anos; eu tenho dificuldades em esperar 25 minutos. Ele estava esperando pela bênção, pela semente, há 25 anos. Finalmente, ele diz: “Sarai, não há indicação nenhuma de que receberemos a promessa de Deus em breve. Não vejo nada e já tenho 85 anos. Deus nos prometeu muitas coisas, mas não vejo essas promessas se concretizando. Vamos criar um plano B.” E o plano B estava completamente fora da vontade de Deus.
Então, Abrão tem um filho com Agar, ao qual chama Ismael. Esse garoto se tornará o pai das nações árabes, que são um constante espinho na carne de Israel.
Deixe-me mencionar algumas consequências que resultaram do pecado de Abrão.
- Primeiro: houve rivalidade invejosa.
Veja o verso 4 novamente:
Ele a possuiu, e ela concebeu. Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada.
Isso é comum e deveria ter sido esperado. Sarai não pode ter filhos, mas sua garota escrava pode. Agora, existe inveja e rivalidade.
- A segunda consequência foi atrito no casamento.
Olha o que Sarai diz a Abrão no verso 5: Disse Sarai a Abrão: Seja sobre ti a afronta que se me faz a mim. Em outras palavras, “Abrão, tudo isso é culpa sua!” Abrão deve estar encostado na parede dizendo: “Como assim?! Isso foi ideia sua!” E Sarai continua dizendo no verso 5: Julgue o SENHOR entre mim e ti. Agora temos problemas sérios nesse lar.
- A terceira consequência, que talvez foi a pior de todas, é que a autoridade de Abrão enfraquece ainda mais.
Veja o verso 6: Respondeu Abrão a Sarai: A tua serva está nas tuas mãos, procede segundo melhor te parecer. Ou seja, Abrão “tira o corpo fora;” ele diz: “Fico fora disso; se resolvam aí vocês duas. Sarai, faça com Agar o que você quiser.”
Abrão deveria ter corrigido o problema. Como se omitiu, Sarai age traiçoeiramente para com Agar e a expulsa da tenda.
A Ausência de Fé
Bom, agora temos um problema seríssimo nas mãos, e ele se deve basicamente à falta de fé de Abrão. Avance para Gênesis 17.
Está evidente que a fé está ausente de todo esse cenário. Contudo, a ausência de fé fica ainda mais clara no capítulo 17 quando Abrão diz abertamente que não consegue mais crer em Deus. Veja Gênesis 17.1:
Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito.
Essa é a primeira vez que o nome El-Shaddai aparece no texto hebraico, e ele significa “Deus Todo-Poderoso, o Deus que provê,” algo diretamente relacionado à aliança. E Deus diz nos versos 2–4:
Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente. Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus lhe falou: Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações.
Lembre-se: foram 25 anos de espera a essa altura. Essa é a terceira vez que Deus vai a Abrão e diz: “Abrão, você será pai de muitos descendentes.” Após esperar todo esse tempo, Abrão deve estar pensando: “Certo, Senhor.”
Creio que podemos resumir a reação de Abrão e a resposta de Sarai com duas frases. Essas reações são, a propósito, bastante comuns na igreja hoje.
- A primeira frase é: “Deus, nada aconteceu ainda.”
Veja Gênesis 17.15–16:
Disse também Deus a Abraão: A Sarai, tua mulher, já não lhe chamarás Sarai, porém Sara. Abençoá-la-ei e dela te darei um filho; sim, eu a abençoarei, e ela se tornará nações; reis de povos procederão dela.
Sarai já tem 99 anos de idade. No verso 17, vemos a falta de fé de Abrão. Ele fez exatamente o que nós teríamos feito:
Então, se prostrou Abraão, rosto em terra, e se riu, e disse consigo: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à luz Sara com seus noventa anos?
Ou seja: “Senhor, nada aconteceu ainda. Se algo fosse para acontecer em relação às promessas, já deveria ter acontecido.”
A verdade é que é fácil ter esse tipo de atitude. Podemos pensar: “Ah, se Deus fosse fazer algo por essa família, já teria feito. Se ele fosse abençoar esta igreja, já teria abençoado.”
Geralmente, demonstramos esse tipo de atitude e dizemos: “Se Deus fosse realmente usar minha vida, já me teria usado a essa altura.” Então, Abraão pensou: “Senhor, onde estás? Tu vieste a mim com promessas; agora, já tenho 100 anos. Serei, realmente, pai de uma multidão?”
Eu também riria disso!
- Note, agora, a reação de Sara no capítulo 18. Deus rirá por último, a propósito. Podemos resumir a reação de Sara com a frase: “É impossível acontecer agora, Senhor!”
Abraão disse: “Ainda não aconteceu, Senhor;” Sara diz: “Agora já é impossível acontecer, Senhor.” Veja Gênesis 18.9–14:
Então, lhe perguntaram: Sara, tua mulher, onde está? Ele respondeu: Está aí na tenda. Disse um deles: Certamente voltarei a ti, daqui a um ano; e Sara, tua mulher, dará à luz um filho. Sara o estava escutando, à porta da tenda, atrás dele. Abraão e Sara eram já velhos, avançados em idade; e a Sara já lhe havia cessado o costume das mulheres. Riu-se, pois, Sara no seu íntimo, dizendo consigo mesma: Depois de velha, e velho também o meu senhor, terei ainda prazer? Disse o SENHOR a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Será verdade que darei ainda à luz, sendo velha? Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil?...
A chave para vencermos a impaciência enquanto aguardamos em Deus é essa última frase.
Deus esperou que Abraão e Sara passassem da idade de terem filhos para que não tomassem para si o crédito por haverem formado a nação de Israel. É como se Deus quisesse deixar bem claro que, independente do que acontecesse, tudo seria pela sua mão e pelo seu poder, não pelas mãos de Abraão e Sara. Deus queria que eles reconhecessem que não havia nada impossível para Deus.
Essa é uma aplicação tremenda para a nossa vida espiritual. Quem sabe você tem estado estéril espiritualmente, nunca produziu fruto algum, nunca teve a oportunidade de compartilhar de Cristo e de ver alguém sendo salvo. Talvez você sente que Deus não está trabalhando em sua vida ou através de sua vida. Jesus Cristo disse em João 15.5:
Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
Meu amigo, a solução para a esterilidade espiritual não é Cristo e eu, mas Cristo em mim e através de mim, usando-me para a sua glória.
Aplicação: Concepções Erradas sobre A Fé
Bom, se existe algo que podemos aprender com Abraão e Sara é que Deus pode usar qualquer um de nós, mesmo que estejamos com a fé fraca ou mesmo sem fé. Sara, aos 99 anos, pensava que a promessa de Deus não poderia ser cumprida; Abraão, aos 100 anos, pensava no fato de nada ainda ter acontecido. Todavia, Gênesis 15.6 diz:
Ele [Abraão] creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça.
Isso nos conduz a algumas concepções erradas que pessoas têm hoje sobre a fé. Deus usa Abraão, usa Sara; daí, os colocamos num pedestal e pensamos: “Deus jamais poderia me usar.” O maior problema são as concepções erradas sobre a fé. Permita-me mencionar três.
- A primeira concepção errada é que a fé é evidenciada por alguma quantidade.
Pensamos: “Se eu tiver mais fé, esse carro vai funcionar;” ou, “Se eu tiver mais fé, meu amigo sobreviverá a essa doença.” Essa é uma interpretação errada das palavras de Jesus em Mateus 17.20, quando diz:
...se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.
As pessoas interpretam essa passagem como que se Jesus estivesse dizendo que devemos reunir fé suficiente em nós, mesmo que seja pouca; então, conseguiremos mover até montanhas. Mas não é isso o que Jesus diz. O Senhor ensina aqui o seguinte: “Se tiverem fé em mim, precisarão de fé do tamanho de um grão de mostarda para realizar minha obra.”
Portanto, a questão não é a quantidade de fé, mas o objeto de nossa fé. Mesmo se nossa fé por pouca, se o objeto for Cristo, ele trabalhará em nós e através de nós.
- A segunda concepção errada é que a fé é determinada pela emoção.
Esse é um problema sério hoje. As pessoas pensam que fé é sentimento, um sentimento incrível; porque temos esse sentimento, Deus realizará coisas grandiosas.
Você já se sentiu dessa maneira, mas nada aconteceu? Pelo fato de pensarmos que fé é emoção, quando algo não acontece, nossa esperança se frustra. Pegamos um verso bíblico fora de seu contexto e reivindicamos algo; mas, quando aquilo não acontece, ficamos confusos.
Penso em John Huss, um mártir que estava em sua cela de prisão esperando ser executado numa fogueira no dia seguinte. Ele estava lá dentro, ciente de que seria queimado à morte no outro dia, olhando para a pequena chama que queimava sua vela. Registros contam que ele estendeu sua mão e a colocou sobre a vela; depois, a retirou rapidamente em dor. Ele escreveu: “Se não suporto a dor de uma pequena vela, como suportarei a dor de uma fogueira?” John Huss não tinha sentimento algum de que Deus o livraria daquele martírio. Mesmo assim, ele creu em Deus e não negou sua fé.
Você acusaria Paulo de não ter fé porque orou três vezes pela mesma coisa?
- A terceira concepção errada é que fé é exercida por meio da confiança em si mesmo.
Em outras palavras, você precisa crer que Deus fará ou não fará algo; você precisa realmente ter certeza de que Deus agirá; se não, ele não agirá.
Dessa maneira, a fé se transforma em confiança no eu e tentamos angariá-la. Pensamos: “Huh, aqui está um pensamento de dúvida. Preciso me livrar dele. Não posso duvidar. Deus, sei que farás isso.” Juntamos toda nossa fé; daí, o que pedimos pode não acontecer, ou pior ainda: acontece e pensamos que foi por causa da confiança que tivemos em nossas forças.
Meu querido, sua confiança de que Deus está envolvido em sua vida ou responde suas orações não está ligada a como você se sente ou à sua confiança em si mesmo; sua confiança está ligada a quem Deus é. Ele é eterno, imutável e poderoso. E ele está envolvido em sua vida.
Lemos em Hebreus 6.12:
para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas.
Percebeu a combinação aqui? Somos exortados a imitar aqueles que pela fé e longanimidade herdam as promessas. E veja o verso 15:
E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa.
Apesar de haver fracassado, Abraão esperou pacientemente e obteve a promessa.
Deixe-me ler algo com que me deparei recentemente. Um homem chamado Marcos lembra de algo que aconteceu quando criança. Ele escreve palavras fortes:
Quando eu era criança, me deitava no banco de trás do nosso carro enquanto viajávamos à noite; me sentia bastante seguro com o meu pai ao volante. Mas, às vezes, minha avó viajava conosco. Ela se sentava à beirada do banco do carona, inclinada para frente, e ficava o tempo inteiro dando instruções para o meu pai quando outros carros vinham em nossa direção: “Cuidado com a beira da estrada aqui... olha aquele carro vindo muito perto. Diminui a velocidade.”
Acho que ela nunca desfrutou das viagens. Por que? Simplesmente porque não confiava no meu pai; ela não conseguia descansar em seu cuidado. Minha avó e eu chegávamos ao mesmo destino, mas um de nós estava com os nervos à flor da pele, enquanto o outro estava feliz e descansado. Eu estava aprendendo a descansar no cuidado do meu pai.
Meu amigo, fé não é sentimento; fé não é quantidade; fé não é confiança em si mesmo. Fé é convicção na pessoa que Deus realmente é. Apesar de nossa oração aparentemente não ser respondida, Deus é soberano; podemos confiar nele; ele é digno de nosso compromisso.
Em Gênesis 21, finalmente ouvimos o grito estridente do bebê de Abraão e Sara. Veja os versos 1–7:
Visitou o SENHOR a Sara, como lhe dissera, e o SENHOR cumpriu o que lhe havia prometido. Sara concebeu e deu à luz um filho a Abraão na sua velhice, no tempo determinado, de que Deus lhe falara. Ao filho que lhe nasceu, que Sara lhe dera à luz, pôs Abraão o nome de Isaque [que significa, “riso”]. Abraão circuncidou a seu filho Isaque, quando este era de oito dias, segundo Deus lhe havia ordenado. Tinha Abraão cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho. E disse Sara: Deus me deu motivo de riso; e todo aquele que ouvir isso vai rir-se juntamente comigo. E acrescentou: Quem teria dito a Abraão que Sara amamentaria um filho? Pois na sua velhice lhe dei um filho.
A maioria de nós fica surpresa quando chega ao capítulo 21 e descobre que Deus foi perfeito em seu tempo. 25 anos antes, quando fez a promessa, Deus já sabia em sua mente onisciente o dia do nascimento de Isaque; ele já havia planejado tudo. Abraão e Sara tinham somente que aprender a descansar em Deus.
Sabe o que Abraão e Sara aprenderam sobre fé? Eles aprenderam a mesma coisa que nós precisamos aprender hoje: fé é como deitar no banco de trás do carro e deixar Deus o Pai dirigir. A estrada pela qual ele nos levar pode até ser esburacada e dolorosa, mas a viagem será produtiva; ela sempre será perfeita.
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