
Politicamente Incorreto Parte 1
Politicamente Incorreto
Tito 1.5
Introdução
Vivemos num mundo estranho e confuso, no qual as crenças religiosas estão cada vez mais bizarras e inacreditáveis. O mundo precisa urgentemente do evangelho para uma redenção da cultura de uma decadência final. A hora é agora! Na verdade, sempre foi “a hora” de se compartilhar o evangelho.
Volte dois mil anos na história grega e viaje de volta no tempo à civilização que florescia na ilha de Creta, onde a adoração a Dionísio era proeminente. Ruínas de um templo a esse deus grego ainda são visíveis até hoje.
Seu pai era Zeus, o deus-chefe dos gregos. O nascimento de Dionísio foi tudo, menos normal. Enquanto sua mãe ainda o carregada no ventre, Zeus decidiu matá-la; mas, antes de matá-la, ele roubou de seu ventre o corpo de Dionísio ainda não nascido e, antes de incinerá-la com sua glória flamejante, Zeus semeou o bebê em sua própria perna até a época do nascimento. O deus bebê na perna de Zeus se tornaria o governante do mundo. Mas, se isso já não fosse estranho o suficiente, logo após o nascimento o bebê é sequestrado pelos filhos da terra conhecido como Titãs. Esses filhos da terra não queriam ser governados por esse deus; então, cozinharam o pequeno Dionísio e se alimentaram dele. Contudo, seu coração foi resgatado ainda a tempo por Zeus, que o engoliu e reconstruiu o corpo de Dionísio. Então, Zeus arremeteu um raio nos Titãs e, a partir de suas cinzas, a humanidade evoluiu. Essa foi, por vários séculos, a teoria das origens adotada pelos gregos.
Dionísio cresce e cria uma religião de êxtase e emocionalismo, saturada com bebedice e imoralidade sexual. Na verdade, o vinho era uma parte tão importante nessa religião que Dionísio ficou conhecido como o deus do vinho.
Os romanos adotaram essa religião e deram ao seu deus o nome Bacchus—o deus romano do vinho. Os membros dessa religião se envolviam com orgias em êxtase com possessões demoníacas num estado de embriaguez. Eles criam que a religião era uma experiência transcendental e a embriaguez permitia que o participante alcançasse comunhão com as divindades ao perder todas as suas inibições.
Assim como o testemunho pessoal de Steve Jobs. Sua versão de Budismo e suposta elevação de consciência espiritual envolvia ácidos e outras drogas que faziam com que sua mente entrasse num estado no qual ele cria que poderia se relacionar com o mundo espiritual.
Essa não é uma prática nova. Para os seguidores de Bacchus, a droga era o álcool e a perda de todas as suas formas de inibição na sua suposta adoração.
Num templo escavado por arqueólogos, podemos ver na seção principal os restos de um poço cavado na parte central da sala. Aquele poço, adornada com cerâmicas coloridas e decorado com vinhas e pessoas nuas, ficava ali localizado porque os adoradores se envolviam nas suas orgias sexuais embriagados, até que vomitassem sua comida e bebida, nos quais se fartavam, e, novamente, voltassem e fizessem tudo outra vez. O vômito dos adoradores era visto, na verdade, como uma oferta ao seu deus.
Por volta de trinta anos antes que a mensagem do evangelho entrasse na ilha de Creta, vários judeus tinham viajado a Jerusalém para celebrar a festa do Pentecostes. E, naquele dia, eles ouviram a mensagem da boca de um pescador convertido chamado Pedro. Eles nasceram de novo pela fé em Jesus Cristo, seu Messias. Esses judeus retornaram à sua ilha e continuaram espalhando a verdade do evangelho libertador de Cristo. Trinta anos depois, o apóstolo Paulo visitou a ilha juntamente com um jovem chamado Tito.
Muito provavelmente, Paulo visitou Creta após ter sido libertado de seu primeiro aprisionamento, quando teve a oportunidade de viajar e pregar por dois ou três anos. Paulo seria preso novamente após essa soltura e, futuramente, executado em Roma sob a ordem de Nero.
Não nos é dito quanto tempo Paulo passou na ilha de Creta, mas podemos imaginar somente como era aquele campo missionário. A indústria de vinho de Creta era famosa; embriaguez era uma epidemia. Engano acabou se tornando a reputação dos cretenses em todo o mundo civilizado; a religião sexual certamente atrairia o interesse de uma pessoa muito mais que um evangelho que demandava arrependimento, autocontrole e vida santa.
Mas o evangelho se enraizou ali! O Espírito de Deus havia transformado vidas de pessoas que já tinham visto o suficiente de Dionísio para saberem que paz e satisfação não eram encontradas numa garrafa de vinho; os sacrifícios a ele eram apenas autodestrutivos; as frequentes orgias tinham deixado aquelas pessoas mais vazias do que nunca.
Igrejas começaram a ser fundadas; assembleias dedicadas a esse novo ensinamento dos apóstolos e mensageiros não treinados estavam florescendo. Mas elas estavam sob uma ameaça séria; a saúde espiritual do povo estava por um fio. Falsos mestres tinham começado o trabalho de engano; congregações sem liderança eram presas abertas de mitos e de especulações.
O que a igreja de Creta precisava era de uma liderança espiritual. Paulo, então, diz a Tito no capítulo 1, verso 5:
Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi:
Veja bem, a igreja de Creta precisava da mesma coisa que a igreja de hoje precisa: homens guiados pelo Espírito de Deus, comprometidos com as Escrituras, mas sem comprometer o evangelho; homens corajosos na doutrina, irrepreensíveis em seu padrão de vida e puros em seus relacionamentos pessoais. O que a igreja precisava naquela época e o que precisa hoje é a mesma coisa: pastores, homens que vestirão o manto da liderança, entendendo a gravidade do assunto e aceitando as responsabilidades do ministério; homens que alimentarão as ovelhas e pastores que protegerão e nutrirão o rebanho de Deus.
Paulo está prestes a mandar que Tito identifique homens que são eficientes, dispostos e qualificados a tomar sobre si a responsabilidade de se portarem como homens na assembleia sobre a qual Deus lhes deu autoridade e liderança e cuidado.
Já no início dessa carta, fique preparado para o politicamente incorreto.
Na verdade, quando falamos hoje sobre autoridade e liderança masculina, quer seja no lar ou na igreja, nos tornamos cada vez mais politicamente incorretos tanto dentro quanto fora da igreja. Mas, se Paulo pôde mandar Tito criar esse tipo de cultura dentro da igreja dos redimidos localizada na ilha de Creta, cercada por confusão sexual e perversão religiosa, com certeza, ele espera que façamos o mesmo hoje também pelo poder redentor e transformador do Espírito Santo.
Então, prepare-se para mensagens politicamente incorretas.
Agora, você pode notar que nem tudo está bem na ilha de Creta entre os crentes. Note, novamente, no verso 5, que Paulo deixa Tito em Creta para que ele pusesse em ordem as coisas restantes.
A frase “pusesses em ordem” vem do verbo grego “orthoo,” que dá origem ao nosso termo “orto” que utilizamos em “ortopedia.” Essa palavra era usada pelos gregos para se referir ao ato de reparar um osso fraturado ou reposicionar um osso em seu lugar devido. O verbo “ortho” ainda é usado hoje pelos ortodontistas.
Minha esposa e eu investimos muito em ortodontistas em nossa casa. Sempre digo às minhas filhas que elas têm sorrisos milionários. Então, é para sorrir à vontade!
Eu também, quando era adolescente, usei aparelhos. Tive que usar; tinha dentes de coelho. E, naquela época, você não podia escolher a cor das borrachinhas; era só uma cor—metal. Quando me tornei jovem, meus irmãos mais novos adoravam pegar minhas fotos de quando eu era dentuço e rir da minha cara com os colegas deles. Lá estava eu, orelhas grandes que tinham crescido mais rápido que o resto do corpo, ruivo, cheio de sardas e tão dentuço que quase não conseguia fechar a boca.
Agora, já estou melhor. Precisei de dez anos de aconselhamento e terapia... mas já estou melhor. Fiquei muito feliz com os aparelhos e meus pais realmente se sacrificaram para me providenciar aquele serviço dentário.
Mas, se você também usou aparelho na minha época, sabe como era de metal sólido e doía muito. No início, doía várias semanas. E era necessário esforço e tempo para poder limpá-los. Mas valeu a pena.
E essa é a palavra que Paulo usa aqui. E ela é encontrada somente aqui em toda a literatura do Novo Testamento.
“Tito, quero que você endireite as cosias que estão tortas e fora de lugar nas igrejas da ilha de Creta. Existem coisas que precisam ser colocadas em ordem.”
Na verdade, você notará que Paulo escreve “coisas restantes.” Ou seja, Paulo não pôde terminar o trabalho de organizaar a igreja, estabelecer a liderança adequada e ensinar os relacionamentos entre os ofícios da igreja e a congregação. Havia coisas quebradas a consertar e tortas a serem colocadas em ordem.
E, a propósito, seria um processo doloroso; exigiria atenção; seria custoso emocionalmente; e os problemas não serão consertados da noite para o dia. Mas valeria a pena.
Tito chegará para uma igreja já estabelecida e dirão a ele: “O que você pretende fazer?”
“Tenho pretensões de endireitar as coisas; e vai doer.”
“E como você acha que irá conseguir fazer isso?”
“Bom, primeiro e mais importante, escolherei homens que servirão como presbíteros em cada igreja na ilha.”
“Mas quem disse que você tem o direito de fazer isso?”
“Bom, aqui está uma carta para mim e para vocês através de mim; foi o próprio apóstolo Paulo que mandou. Veja aqui o verso 5:
Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi:
Aqui está. Tito recebeu a instrução para encontrar, selecionar, treinar e separar homens para servir.
E a palavra que Paulo utiliza ao se referir a esses homens que servirão a igreja é “presbíteros.” Esse termo foi adaptado da sinagoga. Um presbítero ou ancião era um título comum para liderança e, já que a igreja era primariamente judaica, o termo se encaixou perfeitamente ali. No livro de Atos, capítulo 14, Lucas diz que, em cada igreja, eles estabeleceram anciãos. Esses homens:
- determinariam as regras da igreja (Atos 15);
- cuidariam dos negócios da igreja (Atos 20);
- governariam, ensinariam e pregariam (1 Timóteo 5);
- exortariam e refutariam os falsos ensinos (Tito 1.9);
- agiriam como pastores, tornando-se exemplos para o rebanho (1 Pedro 5).
Agora, três termos aparecem no Novo Testamento em referência a esse ofício. O termo “presbyteros” é um deles, traduzido como “presbítero.” Desde o começo da igreja, estava bem claro que um grupo de anciãos espirituais era identificado com a responsabilidade de desenvolvimento e direção da igreja. As passagens que utilizam o termo “presbyteros” parecem enfatizar mais o caráter do homem que o seu ofício propriamente dito.
Outra palavra do Novo Testamento é “episkopos,” que geralmente é traduzida como “bispo.” “Episkopos” era para o grego o que o “presbyteros” era para o hebraico.
O termo “bispo” seria entendido imediatamente pelos convertidos gentios como se referindo a pessoas com a responsabilidade dada pelo imperador romano de liderar cidades recém-capturadas e anexadas ao Império. O bispo era responsável não diante povo, mas diante do imperador que lhe havia concedido o direito de liderar.
Em 1 Pedro 2.25, Jesus Cristo é chamado de “Bispo da nossa alma.” Ele é o que possui direito de governar sobre nossas vidas recém-conquistadas; ele é o guardião de nossas almas.
Portanto, “presbyteros” e “episkopos” foram dois termos que emergiram no início da vida da igreja neotestamentária designados a homens que deveriam guardar e guiar a igreja debaixo da autoridade a eles delegada; e eles deveriam prestar contas ao Supremo Pastor, Jesus Cristo.
A propósito, podemos facilmente notar como as denominações Presbiteriana e Episcopal herdaram seus nomes de uma transliteração desses dois termos gregos:
- Episkopos = Episcopal
- Presbyteros = Presbiteriano
O que provavelmente explica o motivo por que os batistas são tão relutantes em utilizar esses títulos que são, na verdade, perfeitamente, bíblicos.
Sinceramente, é muito mais importante ser bíblico do que presbiteriano, episcopal ou batista. Acima de tudo, precisamos nos comprometer com as palavras das Escrituras ao invés de com outra coisa qualquer.
Os que lideram igrejas hoje, um dia prestarão contas a Deus das almas a eles confiadas. Cristo não lhes perguntará: “Você foi um bom presbiteriano? Um bom episcopal? Um bom batista? Você cumpriu exatamente o que as suas tradições demandavam?”
Não. Cristo perguntará: “Você foi fiel ao seu papel como revelado nas Escrituras? Você fez, no século 21, o que eu, o Espírito de Deus, mandei que os pastores fizessem no século primeiro? A cultura mudou, mas o ofício não. Os objetivos jamais mudaram. Você usa o manto de pastor adequadamente?”
Existe, ainda, um outro termo que claramente define o papel de presbítero/bispo. Aparece com menor frequência e é traduzido como “pastor.” É o termo grego “poimen.”
Pedro também se refere a Cristo com esse termo, chamando-o de “Pastor de nossas almas” (1 Pedro 2.25). E o apóstolo Pedro usa novamente esse termo ao se referir a Jesus Cristo como o “Supremo Pastor” (1 Pedro 5.4).
Todos os demais pastores estão debaixo do Supremo Pastor. Prestamos contas, não ao rebanho, mas a Cristo. Não falamos pelo rebanho, mas por Cristo para o rebanho.
Não é de surpreender que tal cuidado tenha sido dado a um grupo seleto de homens com o peso e a bênção de uma tarefa como essa.
O termo “poimen” se refere ao ato de alimentar o rebanho mais do que outra coisa qualquer. Na verdade, quando Paulo escreveu aos efésios sobre os homens capacitados da igreja, ao mencionar o líder da igreja, dos três termos que poderia ter usado, ele escolheu categoricamente se referir ao ofício com o título de “pastor;” ou seja, “alimentador” (Efésios 4.11).
1 Pedro 5, verso 2, diz:
pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós...
João 21, verso 16:
Simão, filho de João, tu me amas?... Pastoreia as minhas ovelhas.
Guie o rebanho a pastos verdes para poder alimentá-lo bem e ser bem cuidado.
Por isso a alimentação do rebanho na Palavra não é uma opção aos anciãos; expor as Escrituras, ensiná-la, aplicá-la e exortar à obediência; qualquer coisa além disso é terra árida. As Escrituras são os campos férteis de pastos verdes para as almas do rebanho.
Lembro-me de uma mulher que estava se encontrando com um pastor na cidade. Ela tinha acabado de se mudar para a nossa cidade e estava preocupada com qual igreja deveria frequentar. Ela tinha uma lista de perguntas a fazer ao pastor. As perguntas incluíam: “Você obedece à Bíblia? Você ensina a Bíblia verso por verso?” Após alguns minutos ele a interrompeu e disse: “Eu sei qual igreja você procura. E deixe-me dizer logo que não gostamos muito disso não. Mas recomendo a igreja Colonial. Ouvi dizer que o pastor de lá faz isso.”
Para mim, isso é um elogio, uma aprovação do nosso corpo de anciãos cujo fervor é pregar a Palavra de Deus em nossa cultura e nesta geração.
Posso apenas começar a contar como tenho sido abençoado nos últimos 25 anos em poder servir com homens que, pela bondade de Deus, têm permanecido compromissados com um viver santo, uma doutrina santa e uma filosofia bíblica de ministério. Eles com humildade e graça têm servido ao rebanho. Temos sido abençoados por Deus.
E Deus também abençoa qualquer igreja que possui homens que aderem fielmente ao caráter, autoridade e fervor da liderança bíblica. Homens que nadam contra a corrente da cultura contemporânea.
E, sinceramente, a influência do púlpito de nossa igreja é um grande testemunho. Por 25 anos, jamais tive um diácono ou presbítero que tenha me dito: “Gostaríamos muito que você fizesse outra coisa além de pregar as passagens das Escrituras; queríamos que você não levasse a Bíblia tão sério; por que passa tanto tempo ensinando cada livro da Bíblia?”
Semana passada, compartilhei com os convidados de nosso banquete anual do ministério Sabedoria para o Coração como Deus tem começado a usar esse ministério da Palavra partindo deste púlpito e alcançando vários países. Agora, em cinco línguas e, ao final do ano, se Deus permitir, sete línguas.
É como se o Senhor estivesse esperando para ver se a igreja e sua liderança comprometerão ou negociarão a verdade em algum ponto, se irão manipulá-la de alguma forma. É como se Cristo dissesse: “Certo... agora vamos deixar a Palavra emanar para este lugar e a partir deste lugar para outros lugares.”
Compartilhei com eles notícias bastante animadoras. Nos últimos quatro meses a quantidade de sermões baixados da internet chegou a um grande número. As pregações são de graça para qualquer pessoa que puder baixar para imprimir ou ouvir. Nos últimos quatro meses, duzentos e sessenta e quatro mil sermões foram baixados. Não sabemos quem são essas pessoas, mas sabemos em que países elas estão:
- Estados Unidos
- Canadá
- Índia
- Romênia
- Inglaterra
- País de Gales
- Escócia
- Porto Rico
- Nigéria
- Bélgica
- Bolívia
- Jamaica
- Nova Zelândia
- Noruega
- Honduras
- Japão
- México
- Paraguai
- Brasil
- Colômbia
- Indonésia
- Costa Rica
- Malásia
- Filipinas
- Alemanha
- Guiana
- Espanha
- França
- Sri Lanka
- África do Sul
- Zâmbia
- Austrália
- Irlanda
- Barbados
- Gana
- Quênia
- Coréia do Sul
- Sudão
- Ucrânia
- Uganda
- Egito
- Guatemala
- Croácia
- Holanda
- Panamá
- Peru
- Portugal
- Catar
- Eslováquia
- Venezuela
- Argentina
- Aruba
- Bulgária
- Suíça
- Chile
- Dinamarca
- Equador
- Itália
- Kuait
- Látvia
- Tanzânia
- Uruguai
- Rússia
- Cingapura
- Taiwan
Amém! Sabe o que isso significa? As pessoas estão com fome! Estou muito surpreso porque a única coisa que estamos fazendo é o que todos deveriam estar fazendo. Então, o fato de o ministério estar alcançado essa velocidade é para vergonha nossa: pastores não estão expondo a Palavra como deveriam.
Nosso país especialmente pode muito bem ser merecedor da condenação de Deus aos pastores de Israel quando ele disse que estavam se alimentando a si mesmos e não alimentando o rebanho.
Este é o nosso chamado como presbíteros: pregar e ensinar a Palavra, e liderar o rebanho para os pastos verdes da Palavra de Deus.
Portanto, para resumir esses três termos:
- O termo “presbítero” se refere ao caráter do ofício;
- O termo “bispo” se refere à autoridade do ofício;
- O termo “pastor” se refere ao fervor do ofício.
E a partir desses três termos, juntamente com o contexto no qual aparecem, o que emerge é o papel de líder.
Só para um rápido panorama, deixe-me fornecer quatro características deste ofício.
- Primeiro, a liderança dos presbíteros é plural.
Existe muita discussão sadia em torno desse assunto que não irei tratar agora. Mas digo que num esforço de seguirmos o Novo Testamento é interessante que não exista nenhuma referência explícita a apenas um pastor ou a uma igreja com apenas um presbítero. Na verdade, toda vez que o termo “presbítero” é utilizado, ele está no plural, exceto quando João e Pedro usaram para se referir a si mesmos.
Agora, isso não significa que não havia congregações governadas por apenas um pastor ou presbítero, mas nenhuma desse tipo é mencionada.
Proponentes do governo singular dizem que havia presbíteros em cidades onde a igreja era composta por várias igrejas nos lares; nestas pequenas igrejas nos lares um presbítero supervisionava. Mas todas as igrejas dos lares na cidade se reuniam periodicamente e, daí, se obtinha a pluralidade de presbíteros ou anciãos. Mas o fato permanece: a igreja era vista como apenas uma igreja na cidade e as decisões eram tomadas por um grupo de anciãos representando toda a igreja, não igrejas individuais nos lares. Daí, temos a pluralidade de líderes nas tomadas de decisões.
Ainda outros se referem às cartas enviadas por Cristo às igrejas de Apocalipse 2 e 3. Eles dizem que, já que as cartas foram entregues a um anjo em particular da igreja, esse anjo (mensageiro) é uma referência a um pastor singular da igreja.
O problema com essa visão é que estamos apenas adivinhando. De fato, o anjo era um pastor em Apocalipse 2 e 3 e isso reforça o conceito de um líder entre vários líderes; um principal dentre outros iguais a ele. Então, possivelmente, esse presbítero representava um grupo de presbíteros.
Na verdade, sabemos que uma das igrejas que recebeu a carta tinha, de fato, mais de um presbítero: a igreja de Éfeso.
O princípio de um líder entre vários líderes é ilustrado na igreja de Jerusalém com a proeminência de Tiago, o pastor/mestre que era um líder entre outros líderes, conduzindo a igreja para uma decisão final acerca dos crentes gentios.
Também nos é dito, mais especificamente, que alguns presbíteros são merecedores de maior honra que outros. Paulo escreveu em 1 Timóteo 5, versos 17 e 18, que os anciãos que se esforçavam na pregação e no ensino eram dignos do dobro de honra, uma alusão à remuneração.
Isso, a propósito, nos informa que nem todos os pastores da igreja necessariamente pregavam ou ensinavam, e isso implica que a autoridade do governo era dada a alguns presbíteros que tinham maior autoridade que outros.
É importante entendermos que não existe nenhuma passagem explicitamente afirmando que um pastor possui toda a autoridade na igreja; essa seria, na verdade, a característica de uma seita, não de uma igreja. Quando encarada seriamente, a Bíblia indica que pastores (plural) foram instituídos em cada igreja (singular) e a distribuição de responsabilidades e autoridade era sinal de uma igreja saudável e vibrante.
Uma senhora andou visitando nossa igreja por várias semanas, até que decidiu sair. Ela me escreveu um e-mail dizendo que tinha nos visitado e por que decidiu sair. Ela escreveu inúmeras coisas que nem vou repetir, mas uma das coisas foi: “O problema que tenho com sua igreja é que existem muitos homens na liderança.”
Eu queria agradecer a ela por aquilo, mas sabia que não entenderia.
- Segundo, os presbíteros são provedores em sua supervisão.
Eu já toquei no assunto do ensino e alimentação, mas quero enfatizá-lo aqui novamente.
Existem presbíteros em muitas igrejas que adoram a ideia de liderar, governar e estar em posição de autoridade, poder e proeminência. Mas pastoreio e alimentação ficam na parte de baixo da lista.
Gosto da história de um pastor novo que não estava fazendo um bom trabalho no púlpito. Ele se confundia, se enrolava com suas palavras e pensamentos; estava óbvio ao rebanho que não estava estudando. Então, os outros pastores lhe perguntaram em uma reunião: “Quando exatamente você se prepara para suas mensagens?” Ele respondeu: “Como vocês sabem, eu moro a um quarteirão da igreja... e preparo minhas mensagens no caminho para a igreja no domingo à noite.” Então, os outros pastores fizeram com que ele se mudasse para uma casa a dois quilômetros da igreja.
Walter Kaiser destacou o estado anêmico da igreja dos Estados Unidos e colocou toda a responsabilidade nos ombros dos pastores que fazem de tudo, menos pregar a palavra de Deus. Ele escreve:
Não é segredo nenhum que a igreja de Cristo não está numa boa saúde. Ela tem definhado porque não tem sido alimentada; só tem comido porcaria; todo tipo de conservantes artificiais e todo tipo de substitutos artificiais que pastores têm servido à igreja. Como resultado, má nutrição bíblica e teológica tem afligido a mesma geração que tem dado passos gigantes para assegurar que sua saúde física nunca seja prejudicada ao comer alimentos danosos aos seus corpos. Ao mesmo tempo, uma fome espiritual resulta da falta de [pregação] genuína da Palavra de Deus.”
Ainda adiciono minha própria observação que líderes da igreja se tornaram especialistas em dissecar a vida e a experiência humana, mas não a Palavra da Vida. Em nossa geração, líderes de igrejas hoje podem citar filósofos e pensadores, mas não o apóstolo Paulo ou João. Minha preocupação aqui é que o pastor/mestre só pode dar à congregação aquilo que ele mesmo aprendeu. E a Bíblia infelizmente ocupa um lugar bem baixo em sua lista.
Meu pai e eu estávamos conversando uma vez sobre como os pastores são influenciados pelo material que leem durante a semana, coisas com as quais alimentam suas mentes, autores que gostam, e como isso pode afetar sua pregação, filosofia de ministério e até seu estilo de liderança. Meu pai me disse algo de que nunca mais me esquecerei simplesmente porque era tão simples, mas muito profundo. Ele disse: “Sabe, quando eu estava crescendo na fazenda, sempre sabíamos quando a nossa vaca tinha comido as cebolas... sentíamos gosto de cebola no leite.”
Nós damos a outros aquilo que nós temos comido.
Vamos voltar às Escrituras sem diluí-las, sem misturá-las, uma verdade que não tenha sido estragada. Este é o papel do pastor: alimentar o rebanho com o leite e a carne da Palavra, bem como cuidar dele e guiá-lo biblicamente.
E a maior alegria de um presbítero é, como João o apóstolo disse, saber que seus filhinhos estavam andando na verdade (3 João 4). É isso, essa é a nossa maior alegria.
A liderança dos presbíteros é plural; eles são provedores em sua supervisão.
- Os presbíteros são protetores ao guardarem o rebanho.
Iremos falar sobre esse assunto depois no capítulo 1, quando Tito informa os presbíteros de que o papel deles é de refutar os que contradizem a verdade das Escrituras. Nosso trabalho é alertar e proteger o rebanho.
Assim como pais em seus lares particulares alertam seus filhos sobre muitas coisas, não é verdade? Assim como os pais alertam suas filhas sobre os rapazes, não é?
Nunca me esqueço da resposta que um jogador de basquete famoso deu a um repórter que lhe perguntou como ele lidaria com os futuros namorados sua filha. Ele disse: “Ah, penso em matar o primeiro; daí, a notícia se espalha.”
Paulo diz em Atos 20 aos presbíteros de Éfeso que nunca deixou de alertá-los. Ele diz:
Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. 29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.
Os lobos estão vindo.
Philip Keller, em seu livro maravilhoso escrito baseado em sua experiência como pastor de ovelhas, escreveu:
Esse [alerta] me lembra do comportamento de um rebanho de ovelhas sendo atacadas por um cachorro, onça, urso e lobos. Geralmente, num pavor cego, elas permanecem paradas no seu lugar, assistindo enquanto suas companheiras são dilaceradas. O predador ataca uma após outra, estraçalhando cada uma com seus dentes e patas. Enquanto isso, a outra ovelha pode até agir como se não ouvisse nada ou reconhecesse a carnificina acontecendo ao seu redor. É como se elas ficassem completamente alheias ao perigo de sua própria posição.
Um pastor de ovelhas do século 19 escreveu:
A jornada do berço ao túmulo é perigosa. Se cada homem é cercado por perigos; se o universo está vivo com forças hostis à alma; então, alerta se torna uma das responsabilidades mais críticas do pastor.
Talvez seja por isso um líder cristão nacional tenha respondido ao repórter desta forma quando lhe perguntou: “Qual é a qualidade mais importante que um líder deve possuir?” Ele respondeu com apenas uma palavra: “Coragem.”
Talvez isso seja verdade, especialmente nos dias de hoje, para:
- disciplinar a igreja;
- confrontar lutas internas e divisão na igreja;
- dar nomes aos pecados em face à aprovação da cultura;
- se opor a erros doutrinários;
- refutar falsos ensinos e falsos líderes;
- sacrificar sua vida pelo rebanho. Isso requer, dentre outras qualidades, coragem.
A liderança dos presbíteros é plural; eles são provedores em sua supervisão; eles são protetores ao guardarem o rebanho; e mais uma:
- Quarto, os presbíteros possuem prioridade em sua liderança.
Em outras palavras, eles governam o rebanho e precisam ser obedecidos.
Meu amigo, a igreja, por mais contrário à cultura que isso pareça, não é uma democracia. Não é nem mesmo uma república. Pastores não são oficiais eleitos para representarem as várias constituições da igreja. Os pastores não são representantes do povo numa sala de audiência. Na verdade, eles não prestam contas ao povo; eles prestam contas a Deus ao liderarem o povo.
O apóstolo Pedro encarregou os presbíteros com as seguintes palavras em 1 Pedro 5, verso 2:
pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;
Os presbíteros não falam pelo povo; eles falam ao povo representando Cristo, o Supremo Pastor.
Pedro continua e adverte cada pastor e, ao mesmo tempo, encoraja todos eles ao dizer em 1 Pedro 5, verso 4:
Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.
Em outras palavras, os presbíteros irão, um dia, prestar contas a Cristo e ele os recompensará de forma devida.
O autor de Hebreus pesa o assunto e escreve ao rebanho acerca da mesma questão com palavras politicamente incorretas no capítulo 13, verso 17:
Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.
Amado, deixe-me lhe dizer uma coisa: após 25 anos de ministério, o rebanho que Cristo me confiou tem me trazido grande alegria! Grande alegria! E falo pelos homens que servem juntamente comigo, tanto diáconos como os demais pastores; homens cheios de sabedoria e do Espírito, que amam a igreja, oram por ela e que sacrificam suas vidas pelo benefício, crescimento e proteção do rebanho. Todos têm desfrutado grande alegria, grande alegria!
Que vivamos sempre nesse curso, cada um de nós em sua igreja, trazendo grande alegria ao nosso Supremo Pastor, Jesus Cristo; não sendo causa de tristeza, nem de dor, mas de grande alegria ao Bispo de nossas almas!
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 12/02/2012
© Copyright 2012 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
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