Emboscados pela Bondade    

Emboscados pela Bondade    

Series: Tito (Titus)
Ref: Titus 1–3

Emboscados pela Bondade    

Série Cristianismo Extraordinário – Parte 3

Tito 3.4–7

Introdução

Um evento inesquecível ocorreu na vida de três formandos da Universidade Azuza Pacific, uma instituição evangélica no estado da Califórnia, Estados Unidos. Um pastor e sua esposa haviam sido convidados a participar de uma reunião especial composta por ex-alunos, novos professores, membros da equipe e pelo presidente da universidade. Posteriormente, o presidente escreveu sobre o acontecido nessa reunião.

John Wallace, o presidente da universidade, também havia convidado três alunos formandos a participar da reunião. Esses alunos em particular tinham decidido investir seus dois anos seguintes servindo como missionários na Índia entre grupos ainda não-alcançados. Então, eles pensaram que o motivo por que haviam sido chamados para essa reunião era o seu comissionamento e encorajamento. E eles seriam, de fato, comissionados e encorajados.

Mas algo que eles não estavam esperando aconteceu. O presidente John Wallace se virou para esses alunos e disse: “Tenho novidades para vocês. Uma pessoa que vocês não conhecem, mas que tem apreciado muito o que decidiram fazer nos próximos dois anos, deu uma oferta para a universidade no nome de vocês e para vocês.” Daí, ele se virou para o primeiro aluno e disse: “Por causa desse doador anônimo, seu débito de 105 mil dólares foi perdoado.” E o estudante começou a chorar. John Wallace se dirigiu ao segundo aluno e disse: “Seu débito de 70 mil dólares foi perdoado;” e ao terceiro aluno: “O seu débito de 130 mil dólares.”

A essa altura, todos na sala estavam chorando, especialmente esses três alunos que não faziam a mínima ideia do que estava para acontecer. O autor escreve: “Eles foram emboscados pela graça, maravilhados porque uma pessoa que nem os conhecia pagaria seus débitos.”

De várias formas, isso é o que significa ser emboscado pela graça, amor e bondade de Deus. Nós fomos emboscados pela bondade de Deus. A única diferença é que não nos inscrevemos para uma viagem à Índia para nos beneficiar da bondade de Deus. Na verdade, não merecemos nada.

Mas a verdade permanece: quanto mais aprendemos sobre nossa redenção em Cristo, mais ficamos maravilhados com a sua graça, mais estatelados ficamos com a grandeza da bondade de Deus.

Em nosso estudo anterior, expusemos um pouco da vida dos crentes notáveis na ilha de Creta, os descendentes de piratas do primeiro século. Também exploramos o significado de ser um crente extraordinário no século 21. Deixe-me convidá-lo novamente a Tito 3, onde Paulo revela que nós, piratas rebeldes por natureza, somos nada mais que recipientes de uma salvação extraordinária, fomos emboscados por um Salvador extraordinário.

Acompanhe comigo Tito 3.4–7:

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.

Isso tudo é apenas uma sentença muito longa, sem pausa. Meu desejo, hoje, é estudá-la por completo.

Deixe-me, primeiro, lembrá-lo de que essa sentença enorme começa com uma conjunção adversativa que mencionei em nosso último estudo como sendo minha palavra favorita da Bíblia: “Porém,” ou “Mas.” Essa conjunção adversativa muda tudo! Volte comigo até o verso 3:

Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Quando, porém...

Em outras palavras, a despeito daquilo que éramos, algo está para acontecer, e a pequena conjunção “porém” revela uma mudança radical.

De fato, todos nós ficamos bem atentos ao que segue a conjunção “mas” ou “porém.” Por exemplo:

  • Quantos candidatos não ouviram de uma empresa: “Gostamos muito do seu currículo e experiência passada, mas...”;
  • O comprador concordou que seu carro vale aquilo tudo e quer comprá-lo, mas...;
  • Muitos rapazes ouvem de moças: “Eu realmente gosto muito de você e acho que você é um cara muito legal, mas...”.

Em ocasiões como essas nos esquecemos do que veio antes da conjunção e prestamos bastante atenção ao que vem depois, não é?

Li sobre um Secretário de Estado americano que estava numa conferência Panamericana em 1921. Nessa conferência composta por vários representantes de países que falavam espanhol e o representante do Brasil que falava português, o Secretário de Estado americano disse ao seu intérprete: “Veja bem, a tradução ao todo é bem importante para mim, mas estou mais especificamente interessado nas palavras que vêm após ‘mas,’ pois elas podem mudar tudo.”

Paulo está dizendo: “Vejam bem, nós não temos nada a oferecer a Deus a não ser nossas vidas pecaminosas, mas existe algo que muda toda a situação.”

  • Temos um Redentor Extraordinário.

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos,

Paulo faz menção especial à bondade e ao amor de Deus. A palavra “benignidade” é uma palavra usada somente por Paulo no Novo Testamento. Ela se refere à bondade de Deus e inclui a ideia de generosidade.

E não é nenhuma surpresa que o próximo substantivo a aparecer no texto é o amor. Não somente a bondade de Deus é extraordinária, mas seu amor também. Paulo escreve: se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor.

Paulo usa uma palavra composta para “amor,” combinando “philia,” que significa “amor,” e “anthropos,” que significa “homem.” Portanto, é um amor para com a humanidade. A construção é “philanthropia,” da qual derivamos nossa palavra “filantropia.”

A humanidade sempre se impressiona com filantropia, atos de bondade para com o ser humano. Na realidade, dar a alguém algo que você poderia guardar para si era uma atitude valorizada pelos gregos antigos, considerada como um dos maiores atos de virtudes que se podia realizar para outras pessoas.

Lembro-me de noticiários que mostravam o acordo feito entre bilionários para doar metade de suas fortunas para causas diversas. Segundo o jornal, Bill Gates se comprometeu a dar metade de sua fortuna pessoal. Isso significa que ele doará 30 bilhões de dólares e tentará viver o resto de sua vida com os outros 30 bilhões. Fico pensando como isso não será difícil!

Mas, de fato, acho interessante que, saiba disso ou não, Bill Gates está revelando a lei de Deus gravada em seu coração, porque Deus é o Filantropo mais sublime e superior. Na verdade, Deus não somente dá parte de suas riquezas; dinheiro não é nada para ele. Na realidade, o maior tipo de filantropia é quando alguém entrega sua própria vida. Uma coisa é dar um objeto ou pertence a outra pessoa; é outra coisa completamente diferente entregar sua vida como sacrifício a favor de outra pessoa—se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor.

Em seu comentário em Efésios, John Philips conta sobre uma visita que fez a um amigo, cuja filha era alcoólatra. John escreve:

Eu estava, um dia, em sua casa visitando-o quando ela foi deixada à porta. Ela tinha bebido quase uma garrafa inteira de whisky. Seu temperamento estava explosivo e abusivo. Seu rosto estava vermelho; estava com uma atitude hostil e violenta. Olhei a foto da garotinha pendurada na parede da casa desse homem. De todo o meu coração, senti compaixão profunda daquela garotinha pela maneira horrível como havia estragado sua vida e pela sua escravidão a esse tirano cruel e impiedoso. Contudo, permaneci observando enquanto seu pai a tomava gentilmente pelo braço, ignorando seu [linguajar] insultante. Ele guiou os passos cambaleantes delas para dentro do carro. Cuidadosamente, ele a acomodou no assento, com um semblante abalado e triste. Pacientemente, ele colocou em torno dela o cinto de segurança, dirigiu até a casa dela e a colocou em sua cama. Eu senti compaixão dela, mas seu pai a amou.

Multiplique a escravidão, a desgraça e os insultos daquela jovem moça por dez mil e o amor daquele pai por infinito e você terá o amor do nosso Redentor que não somente teve compaixão de nós mesmo estando a galáxias de distância, mas também nos amou. E seu amor, conforme Paulo escreve, se manifestou. Essa é uma referência à encarnação de Cristo por meio da qual ele veio morrer e resolver para sempre a questão da expiação de nossos pecados passados, presentes e futuros.

Cristo desceu ao nosso esgoto; ele se mudou para a nossa senzala. Nós não estávamos à procura dele; foi ele quem veio à nossa procura e nos resgatou. Ele armou para nós uma emboscada com sua graça e bondade. Temos um Redentor Extraordinário!

  • Segundo, temos uma redenção extraordinária.

Como conseguiremos pagar nosso resgate do esgoto? Como conseguiremos comprar nossa liberdade para sairmos do mercado de escravos do pecado e do domínio das trevas? Paulo nos fornece a resposta de forma bastante clara no verso 5:

não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,

No Novo Testamento grego, as palavras não por obras de justiça aparecem também no início da sentença, como no português, mostrando que essa é a ênfase desejada por Paulo. O apóstolo destaca: “Não por nossas próprias obras, ele nos salvou.”

Isso significa que a salvação bíblica e verdadeira não somente é dada livremente, mas também possui um componente interno de humilhação. Por exemplo, Efésios 2.8–9 diz:

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.

“Para que ninguém se glorie.” A verdade é que, se pudéssemos dar apenas um ponto de justiça na costura de nosso manto esplendoroso que um dia vestiremos, passaríamos toda a eternidade admirando aquele ponto que demos. “Nossa, que manto bonito! Você viu aqui? Eu que dei esse ponto na barra da manga!”

Pense no que você faz com seus filhos pequenos. O dia vai chegando ao final e você lhes diz: “Certo, crianças, é hora de arrumar essa bagunça. Coloquem os brinquedos nas caixas, peguem os biscoitos do chão, as peças de Lego que estão perto da porta... vamos lá!” Você sabe que eles não conseguirão fazer tudo perfeitamente, mas quer que se esforcem, não é? Daí, depois que os coloca na cama para dormir, você vai andando pela casa guardando tudo o que eles não pegaram.

Determinadas pessoas pensam que é assim que Deus nos salva: “Ei, faça tudo o que puder. Deus irá gostar muito da sua ajuda e, quando tiver terminado, Deus cuidará do resto que você não conseguiu fazer.”

Mas Paulo escreve: não por obras de justiça praticadas por nós... ele nos salvou. Ninguém sairá correndo pelo céu, dizendo: “Eu cumpri com a minha parte do acordo e Deus cuidou do resto.” O Cristianismo Extraordinário, que é o item genuíno, proclama a verdade de uma redenção extraordinária, com o preço pago completamente pelo próprio Cristo sem nenhum ajuda nossa. A salvação é um presente que, como pecadores não-merecedores, apenas podemos receber.

Paulo ainda adiciona: segundo sua misericórdia: Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou.

Paulo escreve aos efésios seguindo essa mesma progressão. Note Efésios 2.3–5:

entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, -- pela graça sois salvos,

Foi assim que ele nos salvou! Não tem como ficar mais claro do que isso!

E que alegria não foi para mim poder esclarecer essa verdade a um casal que estava participando de nossas reuniões! Já fazia alguns meses que estavam frequentando conosco; era um casal de quase 70 anos de idade. Eles vieram ao meu escritório e ele me disse: “Sabe, eu não fui criado numa igreja que falava sobre a necessidade de ser salvo, mas ouço muito sobre isso aqui. Na verdade, comecei a ler minha Bíblia e vejo essa palavra em todos os lugares!”

Então, eu expliquei para ele qual é o significado de ser salvo por Cristo somente e por que somente Cristo pode nos redimir independente das boas obras ou religião. Daí, ele baixou sua cabeça e orou com suas próprias palavras: “Senhor Jesus, peço a ti que tu me salves agora.”

Meu querido, o Cristianismo não dá espaço para nos exaltar, mas nos concede a eternidade inteira para expressar nossa gratidão. Fomos emboscados pela graça e pela bondade. Que Redentor extraordinário! E que redenção extraordinária temos recebido nele!

  • Terceiro, estamos sob uma reforma extraordinária.

Note o final do verso 5:

...ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,

Precisamos destrinchar esse verso por alguns instantes.

Mediante o lavar regenerador. Certas pessoas dizem que essa é uma referência ao batismo nas águas—a ordenança do batismo. Daí, inventam muitas histórias dizendo que você não pode se tornar um cristão ou crente sem que seja batizado.

Bom, quanto a isso, a única coisa que precisamos fazer é ler a frase e notar quem é o agente que realiza a ação do batismo. Note comigo: ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador... do pastor da igreja? Negativo!

O agente que realiza a ação é o Espírito Santo. Essa é uma lavagem interna e espiritual do coração. Essa purificação interna é expressa externamente e de forma visível pelo batismo nas águas.

Vou considerar rapidamente o argumento daqueles que afirmam a regeneração batismal. É importante entendermos que o apóstolo Paulo e a igreja primitiva não concebiam a ideia de um crente ainda não batizado nas águas; um seguia o outro. Um crente ainda não batizado era uma noção completamente estranha. Por que alguém seguiria a Jesus Cristo sem querer se identificar com ele por meio da ordenança que ele instituiu? É por meio dessa ordenança que o discípulo publicamente se identifica coma a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.

Alguns dizem: “Mas eu fico nervoso quando vou à frente de muitas pessoas; não gosto de falar em público; na verdade, não quero que as outras pessoas me vejam com o cabelo molhado todo bagunçado no meu rosto.”

Ouça bem: a demonstração física da purificação que ilustra a ação purificadora interna espiritual é um ato maravilhoso, mas não podemos usá-la como definição de regeneração. Se assim fizermos, estaremos afirmando que precisamos realizar uma obra para que Deus nos salve; mas, de acordo com a Bíblia, a salvação é algo que Cristo realizou para nós.

Se você precisa ser batizado para ser salvo, então terá que depender de outra pessoa para batizá-lo. E se essa pessoa não conseguir chegar à igreja?

A palavra que Paulo usa aqui para “lavar” não é “baptizo, que é o termo grego para batismo, mas “loutron.” Esse termo se refere a um banho, aquele banho que você toma antes de ir à igreja no domingo à tarde. É um banho completo.

E isso revela quão podres nós somos; não precisamos somente de um lavar rápido, mas de um banho por completo.

Ainda me lembro de quando nossos filhos gêmeos tinham 4 anos de idade. Na época, morávamos numa casa que tinha uma lareira. Na parte dos fundos da casa, havia um compartimento pequeno de ferro com uma porta que abríamos para retirar todas as cinzas da lareira e limpá-la facilmente. O inverno já tinha terminado e eu estava limpando a lareira.

Bom, nossos dois filhos acharam aquela entrada. E o que você acha que fizeram? Você acha que eles a deixariam fechada? Nada! Eles consideraram aquela uma porta aberta por Deus. Jogaram as cinzas para cima e um no outro; que diversão boa!

Daí, minha esposa me pediu para buscar as crianças para jantar. Saí no quintal e vi dois alienígenas de outra galáxia com olhos grandes debaixo daquela capa de cinzas me encarando. Eles estavam cobertos dos pés à cabeça. Eu fui para dentro de casa e chamei minha esposa. Queria que ela visse os meninos fazendo alguma coisa que não os havia mandado que fizessem.

Ela saiu, viu e disse: “E agora?” Pensei em dar para adoção. Ela disse: “Eles não podem entrar em casa desse jeito!” Eu disse: “Vou resolver isso.” Peguei a mangueira de água e dei um banho neles ali mesmo no quintal; mandei que tirassem as roupas e ficaram só com a cueca do super-homem; lavei cada um dos pés à cabeça—e eles adoraram aquilo! Quanta diversão num dia só! Eles estavam limpos para entrar em casa.

A única outra ocorrência desse “lavar” no Novo Testamento é quando Paulo se refere à lavagem de água pela palavra (Efésios 5.26).

Essa é a verdade espiritual de uma purificação profunda, e o Espírito Santo usa a verdade da Palavra de Deus para nos encharcar e lavar completamente.

Agora, nessa passagem existem três doutrinas fundamentais que desejo que você sublinhe em sua Bíblia. São as doutrinas expressadas pelas palavras “regenerador,” “renovador” e “justificados.”

  • Primeiro, regeneração.

Regeneração significa outro nascimento. Baseados nisso, podemos compreender as palavras que Jesus Cristo disse a Nicodemos em João 3: “é necessário nascer de novo.

A palavra é composta por dois termos: “palin,” que significa “de novo,” e “genesis,” que significa “começo.” O livro de Gênesis, por exemplo, é o “Livro dos Começos.”

Paulo se refere aqui a um começo totalmente novo, um novo nascimento. Como é de seu conhecimento, você já passou por um nascimento, que é o físico. Mas, agora, Paulo diz que, por intermédio do Espírito Santo, você experimenta um segundo nascimento, que é o espiritual. A salvação, portanto, é o momento do seu novo nascimento. Assim, para entrar no céu, você precisa nascer duas vezes.

Já era de se esperar, então, que Satanás fosse falsificar esse conceito nos tempos do Antigo Testamento. Ele imitou os conceitos de sacrifício de animal, expiação, boas obras, morte e ressurreição espirituais muito tempo antes de Paulo pregar o evangelho genuíno do novo nascimento. O coração do homem, sendo energizado pelo enganador da humanidade, Satanás, já criou várias analogias do evangelho.

Por exemplo, uma religião de mistério exigia que seus seguidores passassem por uma cerimônia na qual eles cavavam um poço, que era um túmulo simbólico, entrassem nele e cobrissem esse poço com uma tampa de treliça. Daí, um touro era trazido para a tampa do poço, onde era imolado; seu sangue escorria pela tampa de treliça, cobrindo a pessoa toda de sangue. A partir daí, ela era considerada cerimonialmente morta. O sangue do touro concedia ao indivíduo um novo nascimento; a pessoa saía do poço (ou túmulo) e recebia um copo de leite para beber como se fosse um recém-nascido.

Os estoicos usaram a palavra “regeneração” para se referir ao planeta, pois pensavam que ele era queimado e destruído por Deus a cada 3 mil anos, experimentando, assim, um novo nascimento.

Além disso, os maias não foram os únicos a predizer o fim do mundo como conhecemos. Todas essas religiões de mistério e seitas ilustram o comentário de Paulo em 2 Timóteo 3.7: que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade.

Deus somente criou os céus e a terra, e Deus somente pode criar ou gerar vida espiritual. Como vemos em Colossenses 1.16:

pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.

Também 2 Coríntios 5.17: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura.

Ouça bem: regeneração não é simplesmente uma nova página da vida; regeneração é o nascimento de uma nova vida por meio do Espírito Santo para todos os que vão a Cristo pela fé.

  • Segundo, renovação.

Paulo se refere a outra doutrina fundamental. Nós somos não somente regenerados, nascidos de novo pelo Espírito Santo, mas somos também renovados pelo Espírito Santo. Paulo escreve no verso 5: ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,

Existe não somente a regeneração, mas também a renovação. E há diferenças:

  • Regeneração ou renascimento é um momento específico de nossas vidas;
  • Renovação ocorre durante a vida inteira;
  • Regeneração é como um banho único para a vida toda;
  • Renovação é como um banho diário.

Paulo escreve em 2 Coríntios 4.16: o nosso homem interior se renova de dia em dia.

Paulo ainda usa a mesma palavra em Romanos 12.2, onde escreve: E não vos conformeis com este século (ou seja, não entre nos moldes deste mundo), mas transformai-vos pela (e aqui está a palavra) renovação da vossa mente.

Essa é a atitude constante de submissão ao Espírito Santo que diariamente usa a Palavra de Deus para limpar nossa mente e coração.

  • Terceiro, justificação.

Agora, Paulo usa outra palavra para se referir a doutrina fundamental. Acompanhe os versos 5 a 7:

...ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça...

Nós somos regenerados, renovados e justificados.

A propósito, nessa sentença do apóstolo Paulo vemos a ação da Triunidade. Se alguém pedir a você um texto bíblico que ensine a Triunidade, este é um. No verso 4, lemos: Deus, nosso Salvador; no verso 5, Espírito Santo; no verso 6, Jesus Cristo.

Nesse texto, também encontramos um verso que ensina a igualdade de Jesus Cristo ao Pai. Paulo se refere a Deus como nosso Salvador, uma referência a Deus Pai (verso 4); em seguida, ele se refere a Jesus Cristo como nosso Salvador (verso 6). Qual dos dois é o Salvador—Deus o Pai ou Deus o Filho? E já que estamos nesse assunto, lemos que o agente envolvido na ação de regeneração é o Espírito Santo. Então, ele deve ser um Salvador também. A resposta é: todos os três são o nosso Salvador. A salvação é uma obra elaborada e executada em perfeita harmonia entre Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo.

Vamos voltar para justificação agora.

Justificação é a parte da transação de nosso novo nascimento em que Deus, o justo Juiz, nos declara justos. Isso ocorre por causa da justiça de Cristo que é imputada em nossa conta porque a expiação de Cristo é completamente suficiente para apagar o registro de pecados que temos cometido contra Deus. É como se Deus, o Pai, sentado no trono com toda a evidência diante de si, não encontrasse mais registro algum de pecado em nossa conta. Ele, então, bate o martelo e diz: “Você está justificado.” É muito mais do que somente ser libertado, mas significa que sua penalidade foi removida dos seus registros biográficos. Em Cristo, seu registro é perfeito.

Foi assim que Paulo definiu justificação em Colossenses 2.13–14. Veja comigo:

E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;

Em outras palavras, Deus trocou os nomes na folha de condenação. O nome de Cristo foi escrito na parte de cima sobre todos os nossos pecados. Jesus Cristo se tornou o criminoso condenado e nós nos tornamos perfeitos cidadãos obedientes à lei com o registro perfeito de Cristo atribuído ao nosso nome.

Isto que é justificação:

  • Jesus tomou sobre si nossa depravação e nos deu sua virtude;
  • Ele tomou sobre si a nossa perversidade e nos deu a sua pureza;
  • Ele tomou sobre si o registro de nosso pecado e nos deu o seu registro de justo.

Fomos emboscados pela graça de Deus! E isso não é tudo. Paulo ainda tem algo mais a dizer nessa lona sentença. Nós não somente temos um Redentor extraordinário, uma redenção extraordinária e estamos sob uma reforma extraordinária, como também...

  • Temos a promessa de uma recompensa extraordinária.

Paulo escreve no verso 7:

a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.

Seremos herdeiros da realeza de Deus. O tempo aoristo indica que a herança já é nossa; ela nos foi concedida no momento da regeneração e será completa e experimentada por nós no futuro.

Ouça bem: nós somos não somente cidadãos do reino de Deus vindouro, mas somos também coerdeiros. Quer mais graça que isso? Meu irmão, nós fomos emboscados pela bondade e pela graça de Deus!

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 30/09/2012

© Copyright 2012 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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