
Lembre-se!
Lembre-se!
Série Cristianismo Extraordinário – Parte 2
Tito 3.3–4
Introdução
Cerca de 75 anos após Paulo ter escrito a carta inspirada para Tito, um líder na igreja e mestre morando em Atenas escreveu uma carta a um amigo na qual descreveu as diferenças entre os cristãos e os descrentes. Ele escreveu:
A diferença entre os cristãos e o resto da humanidade não é uma questão de nacionalidade, idioma ou costumes. Os crentes não vivem em suas próprias cidades separados das demais pessoas; eles não falam um dialeto especial ou praticam algum estilo de vida excêntrico. Eles se conformam com os usos locais na vestimenta, dieta e outros hábitos. Entretanto, eles, de fato, exibem algumas características notáveis e até surpreendentes. Por exemplo, apesar de obedecerem às leis prescritas, eles também transcendem essas leis em suas vidas privadas. Eles agem em amor para com todos os homens—e todos os homens os perseguem. Eles são mal entendidos e condenados; retribuem maldições com bênçãos e os insultos com cortesia.
Soa familiar, não é?
O autor escreve: “Eles obedecem às leis prescritas.” Paulo escreve em Tito 3.1: “...que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes...”.
Esse escritor e líder do segundo século escreve: “Os cristãos são mal entendidos... retribuem maldições com bênçãos.” Tito 3.2: “não difamem a ninguém...”.
Ainda: “Eles retribuem... os insultos com cortesia.” Tito 3.2: “Não sejam briguentos, mas gentis.”
Esse autor ainda afirma: “Eles agem em amor para com todos os homens.” Tito 3.2: “...dando provas de toda cortesia, para com todos os homens.”
Aparentemente, esse lembrete inspirado escrito para as igrejas na ilha de Creta chegou até Atenas! Fico me perguntando se ele também conseguirá chegar a Porto Alegre, Boa Vista e Natal. Essa carta de Paulo tem o endereço de cada um de nós como destinatário.
Talvez você não tenha notado, mas, bem no meio da carta desse homem, ele basicamente escreveu: “Eles comem como nós, se parecem conosco, vivem em nosso meio, mas exibem”—note isso—“algumas características notáveis.” Os cristãos se destacam; ninguém faz esse tipo de coisa. Você não fica calado depois de ter sido insultado por alguém; se levanta e revida. Você não ama todos os tipos de pessoa; ama o seu tipo favorito de pessoa. Você não admite ser mal entendido; você se defende!
Não é de se surpreender, então, que essa frase descritiva fez parte de uma carta sobre os crentes que viveram há dois mil anos. A única coisa que esse escritor conseguiu falar foi: “Eles são diferentes!”
Em nosso estudo anterior, ao introduzirmos o assunto do Cristianismo Extraordinário, vimos a lista de virtudes em Tito capítulo 3.1–2 e como essas virtudes realmente descrevem pessoas notáveis. Crentes que:
- obedecem às leis;
- vão uma milha a mais;
- policiam seu linguajar;
- não revidam;
- ficam firmes em seu curso devido; e
- não agem em favoritismo.
Agora, o que Paulo faz em seguida é interessante. Ele não somente os relembra do que deveriam já estar fazendo, mas relembra os crentes do que eles costumavam fazer. Note o verso 3:
Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.
O verso começa com a conjunção “pois”—“pois nós também...”. Isso subentende que o crente deve estar se perguntando por que motivo deveria tratar as demais pessoas com bondade, amor, cortesia, humildade e consideração. Paulo prevê esse pensamento por parte da igreja e reage dizendo, com efeito: “Você deve agir assim para com os estranhos por causa do tipo de pessoa que costumava ser (verso 3) quando Deus, em sua bondade e amor, interveio em sua vida por meio da salvação (verso 4).”
Em outras palavras, lembre-se do poço no qual estava antes de Deus resgatá-lo; lembre-se do lodo no qual costumava nadar; lembre-se de como sua natureza caída o arrastava na lama e você amava cada segundo.
Lembre-os—é assim que o capítulo começa. Lembre-os!
E aqui está a verdade surpreendente: lembre esses crentes daquilo que os torna tão distintos e lembre-os das coisas que os tonavam tão desprezíveis.
Agora, não existem muitos conselheiros ou terapeutas motivacionais que conseguiriam manter seu negócio fluindo bem se lembrasse as pessoas daquilo que elas costumavam fazer como uma maneira de motivá-las a se tornarem aquilo que devem e desejam ser. Você consegue imaginar isso? Tipo, vou lembrar os crentes de como eles serviam ao diabo. Essa será a estratégia para incentivá-los a servir a Cristo. Que tipo de abordagem é essa?
Mas é justamente isso o que Paulo faz aqui. O motivo por que ele faz isso se torna claro somente depois que ele nos faz enxergar o poço de lama esvaziado aos pés da cruz. Note o verso 3 novamente com bastante atenção: Pois nós também.
A propósito, a essa altura, não é algo encorajador que Paulo deixa de falar sobre “eles” e passa a falar sobre “nós”? Ele para de falar “vocês, crentes”, e passa a dizer “todos nós, crentes.”
Pois nós também. Ouça bem: nem mesmo Paulo havia se esquecido de seu passado terrível. As pessoas que nunca se esquecem do seu passado jamais menosprezam a sua conversão.
Pois nós também—e agora Paulo passa a descrever como todos nós vivíamos: éramos néscios.
- Preconceituosos.
Para os fins de nosso estudo, irei me referir a “néscios” como “preconceituosos,” pois essa é a ideia aqui. Todos nós também, outrora, éramos preconceituosos.
A palavra que Paulo utiliza aqui traduzida como “néscios” não se refere a tolice ou irracionalidade. Ele não está se referindo a alguém sem inteligência. A palavra está relacionada a alguém que possui preconceitos intelectuais contra qualquer conversa sobre Deus, o que inclui a ideia de prestar contas diante de Deus.
Paulo também se refere a esse tipo de pessoa em Efésios 4.18:
obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,
Esse tipo de pessoa zomba da sabedoria de Deus, conforme Salomão escreveu em Provérbios 28.26. O tolo está num estado de tolice deliberada, um estado intencional por escolha própria a confiar em si mesmo. Ele é, com efeito, o oposto de Provérbios 3.5–6. O rebelde preconceituoso está determinado a confiar em si mesmo, a se apoiar em seu próprio entendimento e a reconhecer a sua própria vontade em todos os seus caminhos. Paulo está dizendo: “Ouçam, precisamos nos lembrar de que éramos esse tipo de pessoa.”
Na realidade, agora que somos crentes, precisamos de um lembrete diário para confiarmos em Cristo e não nos apoiar em nosso próprio entendimento, a reconhecer Cristo em todos os nossos caminhos e colocá-lo em primeiro lugar. Um descrente não quer colocar Deus em primeiro lugar porque ele mesmo se coloca como a prioridade!
- Desobedientes.
Então, automaticamente, segue-se na lista de Tito 3.2 que éramos também desobedientes.
O sistema é o seguinte: se eu não creio que Deus possui o direito sobre minha vida, por que lhe obedeceria? Esse indivíduo não é somente preconceituoso, mas também desobediente.
Paulo usa essa palavra para descrever uma pessoa que intencionalmente escolhe se rebelar não somente contra a noção de Deus, mas contra a ideia de um padrão moral criado por Deus. Essa atitude é rebelião contra Deus e a sua autoridade. Eles vivem vidas desobedientes.
Um autor escreveu que pessoas assim se irritam com qualquer tipo de autoridade.
Se existe um tipo de descrição de nossa cultura de hoje, essa é a descrição. O grande problema é que desenvolvemos um preconceito cultural e pessoal contra Deus e, em breve, desenvolveremos uma rebelião pessoal e cultural contra os limites estipulados por Deus.
E isso conduz ao que Paulo chama aqui de um espírito desobediente—uma irritação contra a autoridade de Deus ou qualquer tipo de autoridade ética e moral. E isso vai ficar cada vez mais óbvio.
Recentemente, li um relatório sobre um incidente envolvendo 125 alunos da Universidade de Harvard que foram pegos colaborando em grupos. Por meio de e-mails, eles distribuíam respostas de provas, “Violando a política interna impressa na prova contra cola.” Mas, veja só, muitos desses alunos ficaram admirados com a acusação de terem colado, dizendo que nem sabiam que aquilo era cola, apesar de a prática e sua prevenção terem sido descritas no exame. Outros alunos ameaçaram processar a universidade. Um repórter reagiu a isso escrevendo: “Isso significa que devemos acreditar que alunos inteligentes o suficiente para entrar em Harvard não sabem o que é colar numa prova? Será que a universidade [precisará] oferecer um curso que explique por que derramar gasolina no fogão é uma má ideia?”
Essa notícia é evidência do simples fato de que, à parte de Deus, que colocou a lei moral no coração do homem, não temos diretrizes morais.
No Brasil, por exemplo, houve um grande problema quando a juíza de um cartório aprovou a primeira união de três pessoas: um homem e duas mulheres. A juíza disse que não infringiu nenhuma lei. Ela destacou que, na verdade, o Brasil aprovou a união gay no ano anterior. Essa juíza disse que não existem leis nos livros contra a poligamia, e a definição de casamento é obviamente flexível. Então, por que não?
De fato, por que não? Você ignora Deus e qualquer coisa se torna permitida, não é?
- Nosso mundo está cheio de preconceitos em sua tolice, é hostil em sua desobediência e agora, em terceiro, está cego.
Paulo descreve nossa vida anterior e a condição atual do nosso mundo como tolice, desobediência e engano. Podemos chamar isso de cegueira espiritual.
Descarte Deus, siga seu próprio caminho e a Bíblia garante que você irá tropeçar, indo de mal a pior. Por quê? Porque Deus não é a única voz espiritual que existe. Existe outra. Enquanto Deus fala a única verdade, existe um anjo caído que é o pai das mentiras (João 8.44). Ele é chamado de anjo de luz (2 Coríntios 11.14) que engana o mundo inteiro (Apocalipse 12.9); ele é o grande enganador.
A palavra que Paulo usa aqui descreve a nossa condição caída e pode ser traduzida como “enganado, tapeado.” O mundo pensa que encontrou a resposta, mas ele foi, na verdade, ludibriado. Paulo alertou Timóteo de que:
Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.
Eles parecem ser bons; falam como religiosos; usam até colarinho e ficam atrás do púlpito. Paulo escreveu antes a Tito, alertando-o sobre aqueles que haviam se desviado da verdade e estavam agora enganando as pessoas (Tito 1.10–11).
Eles ensinam coisas que exaltam o espírito, talvez encorajam o coração e certamente agradam os ouvidos. Jesus os caracterizou como cegos, guias de cegos que irão cair juntos no barranco (Mateus 15.14). O mundo rejeita o Deus criador e está enganado, tapeado, cego, seguindo falsos guias espirituais.
Aqui está a descrição, goste você ou não: preconceituoso, desobediente e cego.
- Escravos.
Paulo escreve no meio do verso 3: escravos de toda sorte de paixões e prazeres.
Escravos!
A palavra “paixões” é “epithumia”, que significa “desejo forte.”
Lembre-se de que isso existe somente na mente e no coração. Chamamos essas coisas de fantasias proibidas. De acordo com essa carta de Paulo aqui, quer pratique ou não, você pode ser escravizado por essas fantasias.
Como vemos, Paulo tem algo a dizer contra o argumento de que jogos violentos e pornografia não são tão maus assim porque você não está fisicamente envolvido com aquelas práticas. É só um jogo, é só na mente.
Paulo diria: “Não! Tudo vai no mesmo saco. Na verdade, isso é uma escravidão, quer fique na sua mente ou seja transmitido para suas mãos.” E ele escreve isso para todos nós. Entenda bem que isso representa sua velha vida, não a sua nova vida. Essas coisas pertencem ao poço de lama, mas elas querem carregá-lo de volta para lá. Construa algum tipo de tampa para aquele poço a fim de que essas coisas fiquem lá.
Aqui está o alerta: já que em um dado momento agiremos conforme nossas fantasias, a próxima palavra que Paulo usa é “prazeres”. E isso significa agir conforme os desejos pecaminosos. A palavra usada por Paulo aqui para “prazeres” é, na verdade, a palavra “hedone”, da qual derivamos nossa palavra “hedonismo.”
Hedonismo é simplesmente a busca da satisfação pessoal, qualquer que seja ela. Essa é a religião número 1 de nosso planeta. Na verdade, note que Paulo usa a expressão “toda sorte de paixões e prazeres”. A expressão “toda sorte de” significa multiforme, várias cores diversificadas.
E quantas cores existem no mundo? Espere só até a sua esposa querer pintar a sala de sua casa e você vai descobrir. Você vai até uma loja de tintas, aproxima-se do balcão e diz: “Minha esposa pediu para eu comprar uma tinta azul.” O balconista vai se rachar de rir. Está doido ou o que? Vejamos:
- Azul royal
- Azul cerceta
- Azul metálico
- Azul marinho
- Azul bebê
- Azul mediterrâneo
- Azul cobalto
- Azul piscina
- Azul céu
Você não fazia ideia de quantas tonalidades de azul existiam! E garanto a você que ainda existe mais.
A mesma ideia ocorre aqui no texto, multicolorido. Você não tem ideia de quantas maneiras existem para se pecar; existem tantos tipos de pecados.
E note isto: a palavra para “prazeres” nesse texto não se refere somente à pecado sexual ou imoralidade. Paulo a utiliza na carta a Timóteo para se referir à cobiça. Materialismo! Adicione mais essa cor à sua paleta com várias nuances de possibilidades.
Paulo escreve, com efeito: “O mundo está escravizado para querer mais. O mundo pensa nisso, sonha com isso, cobiça isso e vive para isso—‘Ah, eu quero aquilo ali, aquela outra coisa ali também e esta daqui; quero aquela cor; não, quero aquela outra; ou melhor, eu quero todas’.”
O mundo pensa que é tão livre quanto um pássaro, que pode pensar qualquer coisa, fazer qualquer coisa, desejar qualquer coisa, buscar qualquer coisa; somos livres!
Paulo diz: “Não, na verdade, você está escravizado àquilo que tem, escravizado por aquilo que não pode ter, escravizado por aquilo que não deveria ter, e escravizado até por aquilo que não tem.”
Mas essa espiral só desce! Por quê? Porque nunca teremos tudo o que queremos.
- Amargurados.
Então, Paulo começa a descrever o próximo passo com uma frase bem carregada. Note o verso 3:
...vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.
Vivendo significa “passando o tempo, passando a vida em malícia ou inveja.” E isso faz sentido. Se sua vida inteira gira em torno de agradar seu coração e conquistar aquilo que deseja, a força propulsora será a inveja.
“Olhe o que eles têm, onde eles moram... olhe as roupas que vestem, o emprego que eles têm, olhe os brinquedinhos que eles têm. Cara, aquela, sim, é a vida!”
Mas a inveja é mais do que isso. Ela adiciona o sentimento de descontentamento quando alguém possui algo, é honrado ou promovido. Você não suporta o sucesso dos outros!
A isso, Paulo adiciona: malícia. Malícia é uma palavra que dá arrepios. Ela significa que você fará alguém sofrer caso o atrapalhe de conseguir o que deseja.
Um pai ficou tão bravo que sua filha foi suspensa do time de beisebol que ele pegou um taco e mandou o técnico para o hospital.
Meu amigo, como você age no trânsito? De onde vem aquilo tudo? Inveja e malícia.
Meu filho me contou outro dia que ele estava atrás de um carro bem lento. Quando lhe foi permitido, ele ultrapassou o carro. Daí, o cara desse carro veio a maior velocidade e ultrapassou meu filho e, assim que o ultrapassou, afundou o pé no freio. Felizmente, não havia nenhum outro carro vindo, e meu filho conseguiu desviar para outra faixa; ele nem teve tempo de frear. O homem novamente aumentou a velocidade e passou meu filho. Daí, meu filho simplesmente baixou a velocidade e se distanciou o máximo possível daquele carro.
Furioso por ter sido ultrapassado na estrada, um homem arrisca causar um acidente e derramar sangue.
Será que a inveja atinge nossas vidas de forma tão profunda? Será que uma pessoa pode se tornar dominada pela malícia?
Foi a inveja que fez o Sinédrio entregar Jesus a Pilatos (Mateus 27.18). Inveja e malícia os conduziram até o pé do calvário para zombar de Jesus e cuspir nele. Ele tomou o nosso lugar, entrou no nosso caminho. É de se surpreender que Paulo termina essa lista com uma progressão natural? Note como ele escreve:
...néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.
- Temperamento descontrolado.
As pessoas estão, simplesmente, agarrando o pescoço das outras.
Pense por um momento na superficialidade dos relacionamentos humanos no seu ambiente de trabalho ou de estudo. Pense na maneira como os comentários maliciosos se desenrolam rapidamente quando uma pessoa não está por perto.
Podemos esboçar essa progressão decadente em três passos:
- Primeiro, Paulo descreve nossa atitude para com Deus—néscios, desobedientes, preconceituosos e hostis;
- Segundo, Paulo descreve nossa atitude para conosco mesmos—pensamos que somos espertos e livres, mas, na verdade, estamos enganados e escravizados; ou seja, estamos cegos, presos;
- Terceiro, ele descreve nossa atitude para com as outras pessoas—estamos cheios de toda malícia, inveja e ódio; estamos cheios de amargura e temperamento descontrolado.
Eu e você poderíamos fechar nossas Bíblias e admitir que Paulo, de forma completa e realista, descreveu o estado terrível de nosso pecado e a profundeza de nossa depravação; e ele tinha todo direito de incluir todos nós nessa lista. Estamos completamente sem esperança e merecemos nada mais do que a ira de Deus.
Então, temos uma das minhas palavras prediletas na Bíblia. Ela aparece justamente quando já nos cansamos da podridão de nosso mundo e da tolice arraigada em nosso coração. Note o verso 4: “Quando, porém.” Gosto muito da conjunção adversativa “porém!”
Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos... ele nos salvou...
Não porque não estamos naquela lista terrível, mas note: segundo a sua misericórdia.
Ele nos salvou. Com certeza não poderíamos salvar a nós mesmos. Paulo escreve: se manifestou a benignidade de Deus... e o seu amor para com todos. Deus veio nos buscar.
Preconceituosos, desobedientes, cegos, escravizados, com temperamento descontrolado—Deus em sua benignidade e amor nos salvou.
Apesar de estarmos nessa lista de vícios, Cristo nos salvou. E isso nos constrangerá a amar Cristo como retribuição, e a viver para ele, servi-lo e segui-lo como nosso Mestre e Senhor para fazer de nossas vidas um ponto de exclamação gigante em gratidão a Deus!
Li um tempo atrás sobre um homem a quem todo mundo chamava de “Velho Ed.” Basicamente toda sexta-feira ao final da tarde, o Velho Ed caminhava pela praia e ia para o seu píer favorito. Ele sempre levava consigo um pequeno balde cheio de camarão. Mas o camarão não era para si mesmo, nem para seus amigos; era para as gaivotas. Ele andava até o final do píer e logo o céu ficava repleto de pássaros cantando que mergulhavam no ar para aparar o camarão que o Velho Ed lançava para cima. As pessoas falavam sobre como o Velho Ed ficava lá em pé jogando o camarão, conversando com o pessoal que ao seu redor. E lá ficava ele. Dentro de poucos minutos, o balde se esvaziava e o Velho Ed ficava lá, de pé, com o pensamento distante, observando enquanto os pássaros voavam embora no horizonte.
O Velho Ed foi um capitão durante a Segunda Guerra Mundial e pilotou um B-17 com uma tripulação de 7 homens. Numa determinada missão no céu sobre o Pacífico, eles perderam a direção e acabou faltando gasolina no avião. Eles desceram e deram com toda a força contra o mar. Milagrosamente, todos conseguiram sair do avião e entraram no bote salva-vidas. Eles sobreviveram vários dias naquele bote, lutando contra o sol escaldante, os tubarões e, acima de tudo, a fome. A comida finalmente acabou e a situação se tornou desesperadora.
Ed ainda se lembra e conta em sua biografia posteriormente que estava semiconsciente, seu boné cobrindo seus olhos, quando sentiu algo pousando em sua cabeça. Era uma gaivota. Aquela gaivota significava comida—se ele conseguisse pegá-la. Vagarosamente, ele levantou seus braços e agarrou o pássaro. Os homens, ali mesmo no bote, fizeram uma refeição com a gaivota e usaram sobras como iscas. Isso lhes permitiu pegar peixes e repetir o ciclo, o que lhes ajudou a sobreviver por vários dias até o resgate.
O Velho Ed nunca se esqueceu. Quase toda sexta-feira ao entardecer, por vários anos até morrer, Ed ia até o píer com um balde cheio de camarão. Ele alimentava as gaivotas e sussurrava para elas, vez após vez: “Muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado.”
“O que aqueles crentes estão fazendo cochichando daquele jeito?” “Ah, estão falando com Deus, eu acho.”
Se o mundo conseguisse chegar bem perto de nós, será que ouviria nossa gratidão a Deus que nos salvou de nossos pecados, de nós mesmos, de um terrível futuro e de uma vida sem sentido? Paulo diria: “Que grande incentivo para vivermos em busca de uma nova vida!”
Essa é a chave. Vá lá fora, no mundo, e diga com Paulo e com esses crentes extraordinários da ilha de Creta: “Senhor, lembramos, muito obrigado! Lembramos de como costumávamos viver; lembramos de para onde estávamos indo; lembramos por que precisávamos de um Salvador e por que precisamos dele ainda agora. Lembramos! Muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado!”
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado em 09/2012
© Copyright 2012 Stephen Davey
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