Fervor

Fervor

Series: Tito (Titus)
Ref: Titus 1–3

Fervor

Tito 1.1b

Introdução

Em 1798, um jogo de tabuleiro fez sua fama nos Estados Unidos; era chamado O Novo Jogo da Vida Humana. O jogo era feito de movimentos baseados em virtudes e vícios. As virtudes aceleravam o pião no jogo, enquanto os vícios atrapalhavam seu progresso. Os pais eram encorajados a brincar desse jogo com seus filhos. E os criadores do jogo declararam o propósito primário do jogo, dizendo: “A vida é uma longa jornada que começa com o nascimento e termina com a morte. Deus está na direção... e sua recompensa se encontra além do túmulo.”

Um homem chamado Milton Bradley pegou o legado desse jogo e, em 1860, criou o jogo chamado “O Quadriculado Jogo da Vida.” O bom caminho incluía honestidade e bravura. O caminho lento incluía idolatria e desgraça. A Indústria e a Perseverança permitiam que os jogadores ganhassem riquezas e sucesso. Bradley descreveu o jogo, afirmando: “Um jogo de moral elevada que encoraja crianças a viver vidas exemplares e entretém tanto adultos como jovens com um espírito de competição amistosa.”

Com certeza, ele não jogou em minha casa com meus filhos!

100 anos depois, em 1960, a Empresa Milton Bradley lançou uma edição especial do jogo, chamada simplesmente de “O Jogo da Vida.” As vendas chegaram a 35 milhões de cópias. O jogo foi revisado e os jogadores ganham dinheiro para comprar imóveis e aumentar a família. Vícios e virtudes não existem mais. O vencedor do jogo é o que, no “Dia do Julgamento,” tiver mais dinheiro.

E isso não é tudo.

O jogo passou por outra revisão em 1990 quando os desenvolvedores de jogo da Empresa Milton Bradley tentaram reduzir a ênfase no dinheiro da última edição. Dessa vez, até mesmo a família foi deixada de lado para que os jogadores resgatem espécies ameaçadas de extinção ou resolvam problemas de poluição. O vencedor é o que recebe mais prêmios por ter realizado mais desses resgates e diminuído a poluição ambiental.

E, ainda, em 2011, o jogo foi novamente revisado. Dessa vez, os jogadores podem fazer o que quiserem e serem recompensados por isso. Eles podem ir à escola, viajar, começar uma família ou outra coisa qualquer. Os valores são relativos. Quer você doe um rim a alguém em necessidade ou decida fazer um mergulho no mar, os pontos são os mesmos. Não existe fim nesse jogo; ele nunca acaba; você para quando quiser; porque – e algo bastante sutil aqui – não iremos mencionar o final da vida. Na verdade, a descrição do jogo diz: “Faça o que puder para se aposentar com estilo... ao final do jogo.”

Que mudança de perspectiva refletida até mesmo no jogo que jogamos!

As revisões desse jogo descrevem muito bem a digressão na cultura nos últimos 200 anos.

No jogo original, o vencedor bem-sucedido era a pessoa que conseguia o maior número de virtudes e evitava os vícios e quem, a propósito, determinava as virtudes e os vícios? Deus—e Ele estava na direção da jornada pelo jogo da vida.

Mas, daí, Deus foi despedido. Virtudes e vícios se tornaram expressões morais de coragem e a indústria substituiu a idolatria e a desgraça. O vencedor é aquele que termina o jogo com a maior quantidade de dinheiro. Daí, o dia do julgamento não é mais um problema; basta você ter bastante dinheiro.

Finalmente, somos encorajados a escolher o que bem quisermos—seremos até igualmente recompensados por fazer um sacrifício por alguém ou por decidirmos fazer um mergulho.

E faça o que você quiser, lembre-se de que está vivendo para a sua aposentadoria... isso é tudo e esse é o final de tudo. Todos os seus planos e decisões e investimentos têm como objetivo a sua aposentadoria. Apenas se certifique de chegar nesse estágio com o maior número possível de coisas.

Que grande diferença entre esse jogo e o jogo original, que dizia que sua recompensa seria dada depois do túmulo, na vida além. Então, viva com a eternidade e Deus em vista, diante de quem haverá um dia de reconhecimento. Dinheiro—ouro—naquele dia será nada mais que pavimento.

A perda dos valores morais e a coragem de destacar os vícios morais realmente impactou nossa sociedade, não é verdade?

Numa onda recente de motins em Londres, na Inglaterra, um líder religioso na Grã-Bretanha teve a coragem de dizer que essas revoltas eram sintoma da desintegração moral no mundo ocidental.

Um jornal famoso nos Estados Unidos continuou a reportagem, dizendo: “Tem havido um tsunami de desejos ao redor do Ocidente—desejo de se ter relação sexual sem a responsabilidade do casamento; crianças sem a responsabilidade de criá-las; ordem social sem a responsabilidade da cidadania; liberdade sem a responsabilidade da moral e autoestima sem a responsabilidade do trabalho.”

O artigo ainda adicionou: “Em muitos lugares, religião é coisa do passado e não existe nenhuma voz condenando a cultura do compre, vista, exiba-se porque você vale a pena. A mensagem é que moralidade é do passado, consciência é para os fracos e a única ordem na vida a se obedecer é: Não sejas descoberto.”

O artigo citou um historiador de Harvard que escreveu um livro fascinante chamado “Civilização.” Em um capítulo, ele pergunta se o Ocidente conseguirá manter sua primazia no mundo ou se é uma civilização em decadência.

Nesse capítulo de seu livro, o autor cita um membro da Academia Chinesa de Ciências Sociais que tinha a responsabilidade de estudar o domínio do Ocidente. Esse membro chinês disse: “A princípio, pensávamos que havia sido as armas ocidentais; depois, foi sugerida a democracia; daí, o capitalismo. Mas, no decorrer das últimas décadas, chegamos à conclusão do motivo para o domínio ocidental—sua religião.”

Suas observações são profundas, mas sua resposta é superficial.

A solução não é religião. Na verdade, eu arrisco dizer que o mundo está cada vez mais religioso. Religião é um grande negócio.

Quando Paulo chegou em Atenas, ele comentou como aquele povo era religioso—havia estátuas de deuses e deusas em todo lugar. Na verdade, eles estavam tão temerosos de terem porventura esquecido algum deus, que até construíram um altar ao deus que eles nem conheciam.

E Paulo lhes apresentou o Deus de todas as eras—o Deus Criador cujo Filho veio a terra redimir a humanidade, não somente dos motins e guerras, mas da religião vazia.

Quando um dos jovens discípulos de Paulo começou seu ministério na ilha de Creta, ele estava cercado de religião e mitologia; ele estava submerso numa cultura relativista onde mentira e engano eram parte do jogo.

Não havia virtudes a serem acumuladas ou vícios que atrapalhassem; era cada um por si. E, com certeza, a resposta não era simplesmente outra religião. A resposta era uma reforma espiritual dependente do evangelho de Jesus Cristo.

Por isso Paulo, ao se apresentar às igrejas de Creta por meio dessa carta a Tito, informa tanto Tito como as igrejas de que ele é um homem muito fervoroso.

Na verdade, ele irá se descrever com o tipo de fervor que mudará a vida da pessoa, e seus relacionamentos, e sua ética no trabalho, e sua perspectiva e sua vida em geral.

Se o crente espera algum dia impactar esse mundo, esse fervor deve se tornar o nosso fervor.

  • Primeiro, fervor pelos eleitos de Deus.

Se você nos acompanhou em nosso estudo anterior, então talvez você se recorde que Paulo se apresenta nesta carta como escravo de Deus.

A palavra doulos aparece nesse título auto-revelador traduzida como “servo.”

Espero que você não tenha esquecido que vimos em nosso último estudo que os tradutores procuraram amenizar esse termo, traduzindo como “servo” ao invés de “escravo.”

Mas, o fato permanece. Existem vários termos gregos para “servo,” mas doulos não é um deles.

Doulos significa escravo.

E a grande diferença entre servo e escravo é que servo é contratado; escravo é comprado.

O escravo não tinha direitos e vontades—sua vontade deveria ser de cumprir a vontade de seu mestre. Estude a vida de Paulo; daí você verá que ele realmente estava sério quando disse: “Sou um escravo de Deus.”

Mas isso não é somente para Paulo, o apóstolo. Deus não nos contratou também. Não temos o direito de reclamar por causa de hora-extra, ou negociar melhores salários ou condições de vida, ou melhores relatórios médicos ou um melhor tratamento das pessoas ao nosso redor.

Não fomos contratados; fomos comprados. Paulo escreveu 1 Coríntios 6.20, que não pertencemos a nós mesmos, mas: “Porque fostes comprados por preço.”

Depois, Paulo se descreveu como um apóstolo—um mensageiro de Jesus Cristo. E ele tinha bastante fervor com sua mensagem e seu chamado de mensageiro. Sinceramente, ele vivia numa correria.

O apóstolo Paulo não somente pertencia a Deus, mas seu chamado de Deus lhe pertencia.

E nós somos tudo isso. Por quê? Por causa do que o verso 1 diz: para promover a fé que é dos eleitos de Deus.

A construção dessa frase grega (kata, traduzido como parapara... a fé—com o acusativo aponta para a finalidade que Paulo tem em mente).

Em outras palavras, Paulo está dizendo: “Eu sou um escravo de Deus e um apóstolo de Cristo com este objetivo, este é o meu fervor: a fé dos que têm sido escolhidos por Deus.”

Ele repete esse tema no verso 13, onde ele manda que Tito corrija aqueles na igreja que estão seguindo fábulas, a fim de que sejam “sadios na fé.”

No capítulo 2, verso 2, ele exorta que os idosos sejam também “sadios na fé.” Ou seja, estar ancorado na fé genuína. Qual é o nível de nosso fervor em repassar à próxima geração a nossa fé sadia?

Lembro-me da história de D. L. Moody, grande pregador fundador de igrejas e até editoras. Moody, quando ainda jovem, estava desejoso de se tornar membro de uma igreja. Naquela época, no século 19, os diáconos faziam entrevistas para discernir o entendimento que os candidatos tinham do evangelho. Após sua entrevista com os diáconos, Moody foi reprovado para membresia porque não tinha conhecimento suficiente do evangelho.

Mas eles não o abandonaram. Colocaram-no em um curso de um ano para aprender a Palavra e depois o entrevistaram novamente. Ao final da entrevista, ele foi aceito como membro, porém, conforme apontam os registros, “com ressalvas.”

Quantas igrejas de hoje iriam se importar com o que as pessoas realmente creem e quanto entendem? As igrejas, em geral, dizem: “Somente creia... junte-se a nós... prometa dar o dízimo... e ser uma boa pessoa.”

Imagine a igreja, hoje, exigindo um conhecimento mínimo das doutrinas da fé antes de aceitar novos membros!

Alguém mencionou para mim um livro outro dia. Comprei e dei uma olhada rápida antes de jogar fora.

Seu conteúdo fez justiça a seu título. Foi escrito por um pastor liberal de uma igreja de uma das maiores denominações no país. Seu título era: “Qual a quantidade mínima de coisas eu posso crer e ainda assim ser considerado crente?”

Qual a quantidade mínima de coisas eu posso crer e ainda assim ser considerado crente?! Não é surpresa que o autor tenha dito que inerrância bíblica é danosa à fé autêntica.

Ele continuou e ainda apoiou o homossexualismo; argumentou a favor da evolução; negou a existência do estado eterno no inferno; sugeriu que existe a possibilidade de o descrente entrar no céu e outras coisas mais.

Acho irônico o fato de o livro ter sido publicado pela editora John Knox—John Knox, o grande reformador escocês deve estar se revirando no túmulo agora.

A questão não é: “Qual a quantidade mínima de coisas eu posso crer e ainda ser crente?”

É como se um noivo no altar perguntasse à noiva: “Qual a quantidade mínima de votos posso fazer e ainda assim ser seu marido?”

“Qual a quantidade mínima de coisas posso fazer e ainda ser seu pai?”

“Qual a quantidade mínima de trabalho posso fazer e ainda assim manter meu emprego?”

“Qual a quantidade mínima de coisas posso crer e ainda ser crente?”

O apóstolo Paulo tinha um fervor para firmar a sã doutrina nos que eram verdadeiramente salvos.

A verdadeira pergunta é: “Qual o máximo de coisas que devo crer pelo fato de ser crente?”

Paulo nos diz logo no início dessa carta que está fervorosamente desejando desenvolver e fortalecer o conteúdo e substância da fé dos eleitos de Deus.

Ele vivia pela causa do evangelho. Seu fervor era pelo corpo de Cristo. Ele passou por naufrágios, quase morreu apedrejado, foi espancado, preso e, no final, executado como um mártir por causa de seu fervor para avançar o evangelho de Cristo e edificar a fé dos que pertenciam a Cristo.

Paulo tem fervor pela fé sadia que é dos eleitos de Deus.

Agora, essa frase tem causado muita azia no decorrer dos séculos, não é verdade? Os escolhidos de Deus.

Talvez irá nos ajudar se entendermos os dois lados da moeda da salvação.

Um lado exprime a perspectiva de Deus (e isso sempre permanecerá um mistério!). O outro lado apresenta a perspectiva humana—e esse lado nós conhecemos bem.

Uma vez que a salvação é descrita como um casamento entre Cristo e Sua noiva, pense na salvação da seguinte forma: primeiro, existe o propósito soberano de Deus; segundo, existe a aceitação por parte do pecador.

Deixe-me perguntar: quantos de nós pediram a esposa em casamento? Quantos rapazes disseram às suas namoradas palavras mais ou menos assim: “Você quer casar comigo? Você deseja ser minha esposa, apesar de eu nunca ser digno de você?”

E as mulheres dizem: “Amém, aí está certo!”

Geralmente, a coisa funciona assim. Nem sempre, mas na maioria das vezes.

Chega um momento em que o rapaz percebe que deseja passar o resto da vida com essa moça—essa criatura de prazer arrebatador e complexidade que o deixa furioso. Ele diz a si mesmo: “Ela não é simplesmente alguém com quem desejo viver; ela é alguém sem a qual não consigo viver!”

E todos os homens dizem: “Amém!”

Você não se apaixonou por ela necessariamente. Está, na verdade, escolhendo amá-la e já se decidiu que é ela!

Daí, você faz o pedido de casamento.

E ela chegou à mesma conclusão: você também foi a escolha dela.

Mas ouça: suas escolhas não fizeram o casamento. Alguém tem que pedir e você finalmente pediu. E ela aceitou seu pedido.

Agora, se no dia do casamento eu perguntasse à noiva: “Você o escolheu?” Ela poderia dizer: “É claro que sim!” E se eu perguntasse ao noivo: “Você a escolheu?” Ele diria: “Claro que sim!” Mas, na ordem dos eventos, ele pediu a moça em casamento e ela aceitou seu pedido. E isso conduziu ao casamento.

Eleição é Deus fazendo um pedido de casamento à noiva que Ele escolheu para o Seu Filho. É, na verdade, um casamento arrumado.

Contudo, nenhum membro da festa da noiva irá para o céu que não tenha dito “sim” ao pedido divino. Você aceitou o Seu pedido, disse “sim” a Jesus! “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Romanos 10.13).

Agora, você pode passar a noite inteira acordado tentando entender o mistério do pedido de casamento que Deus fez. Eu prefiro me juntar a Paulo, o grande teólogo e, a propósito, o grande evangelista de todo o planeta, e entregar os termos do contrato de casamento.

Paulo até mesmo disse em Romanos que o descrente não pode crer em alguém sobre o qual nunca ouviu falar; ele precisa de um mensageiro. A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Cristo (Romanos 10.17).

Descrentes não podem aceitar o pedido de casamento sem antes ouvir as boas-novas do Noivo—Jesus Cristo.

A deixe-me adicionar ainda: como você sabe que é um eleito? É bem simples. Já aceitou o pedido de Cristo? Você já disse “sim” a Jesus? Já recebeu o pedido de casamento anunciado no evangelho de Jesus Cristo? Se sim, então a doutrina da eleição se refere a você.

A doutrina da eleição é uma doutrina positiva criada para fascinar a noiva—Ele me escolheu.

Nenhuma mulher chega ao altar de casamento e começa a dizer para o seu futuro marido: “Eu não consigo tirar da minha mente as outras moças que você não escolheu. Estou perturbada; por que você não escolheu a elas?” Não; o objetivo dessa doutrina é maravilhar a noiva—Ele me escolheu.

Eu realmente não entendo, mas é maravilhoso, não é?

Veja, eu também não entendo como Jesus Cristo, que viveu dois mil anos atrás, pode pagar pelos pecados que cometerei amanhã. Não entendo, mas é maravilhoso, não é?

Não entendo como Ele pegará o pó do meu corpo no túmulo e reconstruí-lo e glorificá-lo e imortalizá-lo e, num instante, reuni-lo com meu espírito que tem estado com Ele desde o momento de minha morte. Não entendo, mas é maravilhoso, não é?

Paulo diz: “Sou fervoroso em entregar a verdade do evangelho aos que creem.”

Sinceramente, não exista nada mais feliz do que ver alguém ouvindo o evangelho e crendo, ver os olhos de alguém abrindo em entendimento pela iniciação da obra da graça de Deus.

Qual é o nível de nosso fervor em entregar essa mensagem do evangelho de Cristo ao mundo?

Howard Hendricks, antigo professor do Seminário Teológico de Dallas, Estados Unidos, escreveu em seu livro “Ensinando para Transformar Vidas”:

Tenho certeza de que eu teria morrido e ido para o inferno e ninguém teria se importado comigo. Nasci num lar desestruturado; meus pais já haviam se separado antes mesmo de eu nascer. A única vez em que os vi juntos foi dezoito anos depois, quando fui intimado a depor no tribunal no processo do divórcio.

Quando garoto, vivi num bairro no norte de Filadélfia onde diziam que uma igreja evangélica jamais poderia ser plantada. Mas Deus tem um senso de humor fantástico quando pessoas decidem o que não pode ser feito. O Senhor conduziu um pequeno grupo de crentes a se juntarem, comprar uma casa pequena e começar uma igreja. Um homem daquela igreja era chamado Walt. Seu nível educacional era de sexta série. Um dia, Walt disse ao superintendente da Escola Dominical que ele queria começar uma sala de meninos. “Muito bom, Walt, mas não temos ninguém com quem começar.” Contudo, Walt insistiu e o superintendente disse: “Muito bem. Vá lá fora e organize uma turma. Qualquer menino que você encontrar, será seu para poder ensiná-lo." E Walt veio ao meu bairro. Na primeira vez que nos encontramos, eu estava na calçada brincando de bolinha de gude. “Filho,” disse ele, “você gostaria de participar de uma aula de Escola Dominical?” Eu não estava interessado. Qualquer coisa que tivesse a palavra “escola” era má notícia. Então, ele disse: “Bom, que tal um jogo de bolinha de gude?” Aí foi diferente. Então, brincamos de bolinha de gude e tivemos um tempo ótimo, apesar de ele ter me dado uma surra em cada jogo. Depois disso, comecei a segui-lo para qualquer lugar que ele fosse. Walt findou juntando 13 garotos no bairro para sua sala de Escola Dominical—todos, exceto quatro, tinham lares desestruturados. Hoje, onze dos treze servem a Cristo em ministério integral.

Hendricks finaliza:

Então, como você vê, meu interesse em ensinar é muito mais que profissional; ele é intensamente pessoal, uma paixão; porque o único motivo por que tenho hoje um ministério é que Deus trouxe ao meu caminho um professor [fervoroso] e compromissado.

Paulo era esse tipo de professor compromissado—fervoroso em estabelecer e desenvolver a fé dos que viriam a crer em Cristo.

  • Fervoroso pela Verdade de Deus

Paulo também é fervoroso pela verdade de Deus. Ele continua no verso 1 e adiciona a frase: a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade.

Essa é uma das palavras menos apreciadas no vocabulário de nossa geração—verdade.

Essa palavra transmite a ideia de impor virtudes em alguém ou talvez desestimular o pensamento de alguém, sugerindo que determinada coisa é um vício.

“Verdade” soa com o potencial de haver certo e errado. E sugere dogma, não é?

Não é de se espantar que o mundo não deseja trafegar pela verdade. O mundo prefere tomar a verdade de alguém e transformá-la em opinião. O que é verdade para você pode não ser verdade para mim; então, fique com sua opinião para lá, certo?

Paulo, o que você quer dizer ao escrever: o pleno conhecimento da verdade?

A palavra conhecimento, que Paulo utiliza aqui, é uma palavra grega composta favorita sua – refere-se a conhecimento completo e preciso. Paulo geralmente liga a palavra conhecimento com verdade. O que indica que a verdade pode ser conhecida—podemos ter certeza.

Dependemos da existência da verdade todos os dias, quer afirmemos ou neguemos a existência de absolutos. Não é uma questão de opinião que uma colher cheia de arsênico irá matar você; é simplesmente uma verdade.

A verdade tem um conteúdo definitivo e distinto daquilo que não é verdade.

A Bíblia é a verdade. Ela autentica a si mesma. Israel existe; a igreja existe. Profecias têm se cumprido. Jesus Cristo veio, foi crucificado e ressuscitou dos mortos—o próprio curso da história foi modificado pela Sua vinda. Paulo e outros escritores foram, na verdade, precisos em seus registros históricos.

A verdade não deixará de ser a verdade, quer você acredite nela ou não. Ela não se tornará falsa se você a ignorar. Deus existe, goste você disso ou não.

Imagine que você esteja viajando, descendo numa estrada de uma montanha e vê uma placa alertando sobre uma cura acentuada à frente e determina seu limite de velocidade a 60 Km/h. Você irá diminuir sua velocidade. Na verdade, fazer três coisas com a verdade daquela placa:

  • Você pode lhe obedecer e diminuir a velocidade;
  • Você pode ignorá-la e continuar na mesma velocidade;
  • E você pode desafiá-la e aumentar sua velocidade.

Não importa qual seja sua decisão em relação ao alerta daquela placa, ela permanece verdadeira—e você irá ou sofrer ou ficar seguro, dependendo de sua resposta.

A verdade importa.

Paulo diz: “Quero que a igreja se agarre a essas verdades para crescer num entendimento preciso dessas questões.”

Sabe, um dos problemas em mantermos crianças seguras é que elas não entendem muitas verdades. Elas não entendem a lei da gravidade e entram em vários tipos de problema por causa disso. A lei da gravidade é precisa e não perdoa.

Lembro-me de uma vez ter ficado em casa cuidando de nossa filha mais nova que ainda estava em fraldas. Eu estava sentado na sala lendo um livro – o que ela pode fazer... ela ainda não sabe como acender fósforo... ela está bem. E, antes que eu visse, ela já tinha engatinhado metade das escadas. Eu me levantei, me desesperei e fiz a coisa errada. Exclamei: “Filha!” Ela olhou para trás e, é claro, perdeu seu equilíbrio e eu corri para ela, tentando segurá-la enquanto ela caía pelas escadas. Consegui agarrá-la depois da terceira queda.

Tito, você terá que ensinar essas igrejas e suas comunidades a precisão a respeito da verdade—verdade sobre a vida eterna; a verdade sobre pecado; a verdade sobre relacionamentos; a verdade sobre virtudes e vícios... a verdade de que a vida não é simplesmente conseguir o maior número de coisas antes de você se aposentar.

Não. Volte à antiga versão do jogo da vida e ensine-os que “A vida, como a conhecemos, é uma longa jornada que começa com o nascimento e termina com a morte. Deus está na direção e sua recompensa se encontra além do túmulo.”

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 15/01/2012

© Copyright 2012 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

Add a Comment


Our financial partners make it possible for us to produce these lessons. Your support makes a difference.
CLICK HERE to give today.

Never miss a lesson. You can receive this broadcast in your email inbox each weekday.
SIGN UP and select your options.