
Voltando às Origens
Voltando às Origens
Tito 2.5
Introdução
Estou prestes a pregar em uma das passagens mais politicamente incorretas na Bíblia. É um texto que, na maioria das vezes, os pastores e líderes de nossa geração evitam. Na verdade, várias frases neste estudo estão carregadas de emoção. Elas criarão uma reação imediata interna criada por preconceitos e opiniões comuns.
A maioria dos cristãos de nosso mundo escolheu ignorar as implicações bíblicas, se livrar delas ou até mesmo simplesmente reportá-las para tempos antigos, antes mesmo que a sociedade passasse a existir. Essas frases às quais me refiro se encontram em Tito 2, onde paramos em nosso último estudo. E as frases que Paulo declara a Tito dizem que as jovens mulheres casadas devem ser trabalhadoras e boas donas de casa, submissas aos seus maridos.
Essa passagem franze a testa de muitos não só fora da igreja, mas também dentro dela. As ideias apresentadas por Paulo acerca de submissão e serviços domésticos são vistas pela nossa sociedade como relíquias de um passado jurássico quando homens arrastavam suas esposas na rua pelos cabelos, matando elefantes com lanças e comendo peixe cru e carne crua. “Ah, com certeza, Paulo não quer dizer isso. Bom, pelo menos não para os nossos dias.”
A verdade é que a mentalidade feminista fora e também dentro da igreja entende perfeitamente o que Paulo quer dizer aqui; e essa é uma das razões por que a Bíblia é tão perturbadora. Daí, as pessoas saem com todo o tipo de ginástica em sua interpretação para fazerem Paulo dizer outra coisa, menos o que ele claramente disse.
Várias organizações feministas buscam, desde 1996, acabar com o casamento e a tarefa de mãe que conhecemos. A cada dia, elas demandam que corporações e o governo tomem suas responsabilidades maternas. Para elas, o casamento é uma instituição que deve ser erradicada. Uma feminista afirmou: “Devemos lutar contra a institucionalização da opressão à mulher, especialmente na instituição do casamento.”
E, em grande medida, o motivo é que igualam submissão à escravidão. Um membro de uma organização feminista declarou: “A liberdade para as mulheres não pode ser conquistada sem que haja a abolição do casamento.”
E, de fato, pela atitude de muitos homens podemos compreender o porquê dessas reivindicações das mulheres. Em nosso estudo de hoje, veremos onde tudo começou.
Décadas atrás, nos Estados Unidos, havia uma filosofia que se expressava na frase: “Maternidade—diga Não!” E um dos maiores sucessos do movimento feminista pode ser visto no direito dado às mulheres de terminar a vida de bebês ainda não nascidos, apesar de a ciência evidenciar que a vida do bebê começa até mesmo muito antes de seu nascimento.
Os homens têm demonstrado disposição em se ajustar a uma nova cultura feminista de autonomia e liberdade sexual. Por que casar e ter filhos quando posso ter os prazeres físicos do casamento sem uma aliança de fidelidade, quando posso ter mais uma fonte de renda com dois “ganha-pão” dentro de casa, e continuar meu estilo de vida com festas? Por que me casar e constituir uma família? Além disso, caso um bebê apareça ao longo do caminho, podemos abortá-lo ou deixá-lo viver e entregar para outra pessoa criá-lo; assim, nosso estilo de vida não é alterado, nem sofre impacto mínimo. Uma atriz disse um tempo atrás: “Sabe, nunca quis o empecilho e o fardo de um filho em minha vida.”
Então, nossa cultura assim vai crendo que encontrou o que realmente buscava: liberdade, individualismo, sofisticação e progresso.
Lembro-me da história de Cristian Anderson, na qual dois tecelões disseram ao rei que poderiam lhe fazer uma roupa maravilhosa, tão magnificente e bela que somente os verdadeiramente puros e sofisticados de coração poderiam ver a roupa e realmente apreciá-la. Então, o rei concordou e lhes mandou pagar o devido. Os tecelões nada fizeram além de tecer e costurar tecidos imaginários. Líderes após líderes vinham até a tecelagem e se admiravam com novo manto que estava sendo preparado para o rei. Em seguida, voltavam para confirmar ao rei que, de fato, ele ficaria magnificente em sua nova roupa.
Então, chegou o grande dia quando o rei desfilou com sua nova roupa; e todos que estavam presentes lhe disseram quão sofisticado ele estava. Até que ele passou por uma criança que disse o que todos já sabiam, mas tinham medo de ir contra a multidão e os poderosos. O garotinho viu o rei nu andando perto dele e disse: “O rei está sem roupas!” Com isso, a festa acabou.
Quem terá a coragem de falar a verdade sobre o aborto, arriscando ser rejeitado pelo mundo político e pela sofisticação moral, dizendo: “Eles estão tirando a vida de bebês, seres humanos vivos”? Quem dirá: “Acabar com a maternidade significa abandonar os fundamentos da família e acabar com o grande papel e potencial de influência mais conhecido no planeta terra”? Quem irá dizer: “A mulher que joga fora os limites da aliança do casamento não será valorizada por outros homens, mas explorada por eles”?
Coabitação, aborto, liberdade dos rigores da maternidade e dos limites da pureza—olhe nossas novas roupas!
Nossa sociedade vem comprando essas roupas já por várias décadas. E todos dizem: “Ah, mas nos sentimos tão leves com essas roupas; nos sentimos desimpedidos... é como uma brisa suave.” Existe um motivo para isso: nossa cultura está vestida com nada mais além que sua imaginação.
A verdade é que todas as opiniões, mensagens e propagandas deste mundo politicamente correto não estão tornando as pessoas mais contentes, saudáveis ou satisfeitas. Na melhor das hipóteses, a roupa de nosso mundo é trapos. Se os olhos da humanidade fossem abertos, como os de Adão e Eva foram, ela descobriria que está nua.
A despeito de suas propagandas, apoios e aplausos, nosso mundo fora do plano de Deus está nu, mas tenta cobrir suas vergonhas com folhas de figueira.
Então, onde começamos para anunciar a verdade ao mundo? Começa conosco. Paulo mandou Tito ir e organizar as igrejas na ilha de Creta. Ele sabia que uma igreja organizada, ativa e comprometida com o evangelho de Jesus Cristo infiltraria a cultura daquela ilha como o sal; e os crentes sairiam e impactariam aquela cultura à medida que fossem acendendo a luz na ilha em trevas.
E Paulo mandará Tito acender as luzes relacionadas ao casamento e maternidade. Nesse ponto, o mundo será rápido para dizer que essas eram apenas ideias e expressões culturais daquele século.
Então, antes de prosseguirmos a esse ponto confuso, volte comigo para o verso 1 de Tito 2. Note o que Paulo escreve: Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.
Note que Paulo não disse: “Tito, vai e ensine as coisas que se encaixam bem naquela cultura da ilha de Creta. Tito, vai e ensina coisas adequadas ao primeiro século.” Não. Ensine essas cosias porque acontece que elas fazem parte da sã doutrina. Essas são verdades eternas e nós não improvisamos doutrinas; essas verdades são tanto para o primeiro século como para o século 21.
Agora, à medida que Paulo continua com o currículo para as jovens casadas e mães, como já estudamos no verso 4, ele irá, com efeito, apresentar, por meio de Tito, mais três características distintivas para elas desenvolverem em suas vidas. E é justamente aqui que o assunto fica interessante. Vamos voltar ao verso 3 e mergulhar de cabeça na discussão ferrenha. Paulo escreve no final do verso 3:
Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam... sejam mestras do bem...
Note que elas devem ensinar o que é bom!
...a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.
Portanto, a partir do meio do verso 5, Paulo revela a prioridade, mentalidade e humildade das jovens casadas.
- Sua prioridade.
Notemos, primeiramente, sua prioridade. Paulo escreve: a fim de instruírem as jovens recém-casadas... a serem... boas donas de casa.
“Donas de casa” é uma palavra composta de dois termos: “oikos,” casa, e “ergon,” trabalho ou tarefa. Ou seja, “trabalhadora de casa.”
Portanto, a esposa e mãe deve gastar suas energias em casa. Um autor escreveu: “Manter um ninho e abrigo tanto para seus filhos como para seu marido.” Obviamente, nesse contexto ela é mãe de filhos pequenos.
Alguns dizem que, se ela deve ser a guardiã do lar, então isso significa que ela deve ser mantida em casa. Daí, produzimos em nossa mente a imagem de uma mãe com avental à beira da pia da cozinha com seis crianças chorando aos seus pés. Paulo não disse que o único lugar onde uma esposa e mãe poderia trabalhar era no lar, dentro daquelas quatro paredes e debaixo daquele teto único. Na verdade, naquela cultura, a esposa trabalhava na horta, no celeiro e no campo de plantações com outras mulheres às vezes. Ela ainda trabalhava com outras mulheres para suprir necessidades da comunidade e da igreja.
Estude Provérbios 31 e você verá uma esposa/mãe contratando seus próprios empregados, saindo para ajudar os pobres, fazendo negócios no mercado com comerciantes, negociando propriedades com investidores e expandido seu sistema de plantações. Sua família não é seu único foco, mas é o seu foco primário.
Como vemos, Paulo não está definindo o único lugar onde a esposa e mãe deve trabalhar. O que ele define é que o lar é o primeiro lugar, é a prioridade número um de sua energia e trabalho.
Na realidade, Paulo está aprovando os papéis desempenhados por esposas, mães e donas de casa, o que era o contrário do que a cultura cretense enfatizava e valorizava. Paulo foi tão politicamente incorreto naquela época como é hoje também. Ser esposa e mãe dona de casa é algo bom! Não importa o que o imperador diga, não importa o que os seus vassalos e seus sofisticados e eruditos digam, essa é uma coisa boa!
O lar é o local onde a mãe praticamente impacta cada membro da sociedade, ensinando-o a respeitar autoridades, desenvolver virtudes e habilidades para relacionamentos, compaixão, honestidade e, acima de tudo, aplicação da verdade bíblica para a vida.
Não é nenhuma surpresa que existe tamanha pressão sobre as esposas e mães para que adotem os preceitos radicais feministas que ditam que as espoas e mães em casa representam uma segunda classe e são desprezadas e antiquadas.
Além disso, adicione-se, talvez, a pressão de seus próprios maridos que querem outra fonte de renda, não importa o quê. Adicione, ainda, sua própria natureza caída e seus desejos sempre crescentes. A pressão é grande para deixar o lar e ir em busca de uma carreira profissional independente de filhos e lar.
Li um artigo na semana passada intitulado “Os Novos Ganha-Pão.” O artigo revelou a surpreendente estatística do número crescente de mães de filhos pequenos que trabalham expediente completo. Em 1967, a porcentagem de mães que trabalhavam fora de casa era de 10%. A explosão de creches é uma evidência óbvia da alteração do lar como o conhecíamos. Eu li que, hoje, existem 12 milhões de bebês e crianças sob os cuidados de creches.
Agora, obviamente, vivemos em um mundo imperfeito. Existem razões plausíveis por que mães precisam trabalhar fora do lar, ou por um período apenas ou pelo resto da vida. Mães solteiras, mulheres divorciadas, viúvas, esposas cujos maridos se tornaram deficientes e incapazes de trabalhar e esposas de presidiários ou homens que simplesmente abandonaram suas famílias—essas mulheres precisam manter suas famílias. No caso de esposas sem filhos ou cujos filhos já são adultos, obviamente, elas têm menos obrigações na manutenção do lar e mais tempo disponível. Ela e seu marido podem concordar que ela assuma algum emprego ou escolha trabalhar na igreja ou organização cristã, hospital, escolas e outros.
Mas não fechemos nossos olhos e aceitemos tudo o que nossa sociedade empurra goela abaixo, ditando que casais devem criar seus filhos em detrimento das responsabilidades que Deus lhes estabeleceu. Responsabilidades que, a propósito, não duram muito tempo, especialmente se você está criando filhos ainda pequenos. Às vezes, o sentimento é que leva uma eternidade, não é? Mas, em poucos anos, já está terminado.
Outro dia, minha esposa limpava a casa e encontrou uma guitarra de brinquedo com a qual meus filhos brincavam quando eram pequenos—uma guitarra pequena amarela e vermelha. Eu reconheci imediatamente, só não lembrava a qual deles pertencera; é claro, cada um tinha a sua vez. Eles brincavam com ela, dedilhavam, batiam na cabeça do outro com ela. Minha esposa disse e eu concordei que devemos guardá-la para recordação. Em um simples estalar de dedos, tudo acabou.
Achei interessante o que uma organização especializada em desenvolvimento e saúde infantis descobriu. Essa organização conduziu uma investigação com alto investimento financeiro para analisar o comportamento das crianças desde seu nascimento até os anos de pré-escola. A conclusão foi que todos os problemas comportamentais dessas crianças surgiram em seu período de creche, onde passaram cerca de 30-40 horas por semana. E eles disseram: “Descobrimos que o número total de horas que as crianças passam sem seus pais, primariamente sem a mãe, realmente é importante.”
É muitíssimo importante! E essa organização gastou milhões para descobrir isso. Eu teria dito isso a eles só por 1 milhão. Milhões foram gastos simplesmente para concluir que a mãe é importante para a criança e que, quanto mais tempo ela passa com suas crianças, melhor.
Não é de se surpreender que Paulo ensina que a maior prioridade da mãe e esposa é o lar.
Os números são surpreendentes e continuam aumentando. Hoje, 72 milhões de mulheres, sendo a maioria delas casada com filhos, estão na frente de trabalho; apenas 5 milhões são donas de casa. Ainda outro estudo que achei tratava de mulheres na faixa etária universitária. Foi um artigo publicado pela sociedade de psicologia.
Esse artigo chamou minha atenção porque falava sobre a pressão que jovens moças enfrentam em relação à sua imagem. O artigo dizia:
Desprovidas de um compasso interno, essas moças estão competindo com tudo, transformando a universidade em incubadora para distúrbio alimentar e inúmeras expectativas não realistas.
Veja só: “As que não são aconselhadas pelos pais não são vacinadas contra as pressões de seu mundo e acabam se entregando aos conselhos de seus colegas e da mídia.” O artigo, então, cita outro estudo da Universidade de Harvard que “coloca a culpa da obsessão da imagem feminina na cultura da negligência; as crianças estão, de fato, criando umas as [outras].
Parece que as pessoas de nossa cultura estão começando a dizer: “O rei está sem roupa!”
Enquanto a cultura continua a depreciar mais e mais a tarefa de mãe e dona de casa, Paulo diz a esses crentes do primeiro século e do século 21 o oposto. Ele diz que o que realmente precisamos fazer é, com efeito, acender o holofote da verdade nos assuntos do casamento e maternidade. O que precisamos fazer é voltar às origens!
Paulo continua e se refere não somente à prioridade dessas jovens casadas e mães, mas também à mentalidade.
- Sua mentalidade.
Paulo adiciona uma mentalidade a ser procurada no meio do verso 5. É a palavra “bondosa.” Ela possui a ideia de “um coração que busca aquilo que é bom.” Isso significa que o seu desejo é realizar qualquer coisa boa que puder para o bem do seu marido e dos seus filhos. Sua mentalidade é condicionada a se perguntar: “Será que isso será bom para o meu marido? Será que isso será bom para os meus filhos? É uma coisa boa para eles, uma boa atividade para mim, um bom hábito para mim e para eles? O que seria bom para dizer, fazer ou prover nessa situação?”
Sua mentalidade é guiada em direção à bondade.
Paulo ainda continua a se referir não somente à sua prioridade e mentalidade, mas também à sua humildade.
- Sua humildade.
Ele escreve no verso 5: sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.
O que é interessante é que Paulo usa a voz média para esse verbo “sujeitas.” Isso significa que Paulo não ordena que os maridos exijam submissão das esposas; esse assunto da submissão não diz respeito aos maridos. Paulo, na verdade, está dizendo que as mulheres devem voluntariamente se submeter à liderança de seus maridos. E ele ordena que elas façam isso.
Poderíamos traduzir essa frase da seguinte forma: “Continuamente coloquem-se debaixo da autoridade de seus próprios maridos.”
Paulo explica melhor essa ideia em Efésios 5 ao dizer que a esposa deve se submeter ao seu marido assim como a igreja se submete a Cristo. No mesmo capítulo, ele manda os maridos amarem suas esposas como Cristo ama a igreja.
Veja só: eu sei, baseado na minha experiência pessoal, que minha esposa teria muito mais facilidade em se submeter a mim se eu agisse mais como Cristo. Mesmo assim, a ideia de submissão em nossa cultura é como tomar água morna.
Mas pense por um momento antes de você vomitar a água morna. A verdade é que todos numa sociedade organizada se submetem a alguém. Na realidade, em Efésios 5, vemos a ordem de nos submeter uns aos outros no temor de Cristo; filhos devem se submeter aos seus pais; alunos aos seus professores; jogadores aos seus técnicos; cidadãos aos seus governos e autoridades.
E, a propósito, autoridade não é um privilégio a ser usado para se extorquir outras pessoas; ela é uma responsabilidade a ser executada para o benefício daqueles debaixo de seus cuidados. E autoridade é parte da organização de Deus para toda a vida.
De acordo com o projeto de Deus, a esposa está debaixo da autoridade de seu marido; o marido está debaixo da autoridade dos presbíteros da igreja, assim como os solteiros, viúvos, jovens e todo mundo; os presbíteros estão debaixo da autoridade de Jesus Cristo; e até Jesus Cristo voluntariamente se submete à autoridade do Pai.
Paulo escreveu aos coríntios em 1 Coríntios 11.3:
Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo.
Parte do problema é que o conceito de liderança e submissão vai contra tudo aquilo que a cultura ensinou que as mulheres devem acreditar. Esse é o motivo por que Tito precisava de senhoras idosas para praticamente ensinar as mulheres novas convertidas em Cristo como isso funcionava.
Outro problema em nossa sociedade hoje é que “igualdade” e “direitos iguais” se tornaram o jargão de nossa geração. E o problema com a palavra “igualdade” é que ela pode ser enganosa, dependendo de quem a usa.
Erwin Lutzer destaca em um de seus livros como o feminismo tem ampliado a definição de igualdade além de tratamento igual, valor igual, papeis iguais entre homens e mulheres: “Os papeis da mulher e do homem passam a ser intercambiáveis. O que o homem faz, a mulher deve se sentir livre para fazer, e todas as responsabilidades baseadas em gênero precisam ser abolidas.”
Até mesmo a igreja está ficando cada vez mais dividida sobre se a mulher pode pregar ou ser pastora. “Claro, elas têm direitos iguais para ocupar as posições de autoridade na igreja. Não somos todos iguais?” Sim, somos todos iguais em essência, pois ambos macho e fêmea foram feitos à imagem de Deus. Somos iguais em nossa salvação e nosso sacerdócio individual diante de Deus; isto é, ambos temos acesso direto ao Pai pela oração e adoração. E todos igualmente prestaremos conta diante de Deus um dia. Adão não estará lá dizendo: “Foi a mulher.” E a mulher não estará lá dizendo: “Foi a serpente.” Prestaremos conta individualmente a Deus.
Mas igualdade em essência não significa igualdade em autoridade ou função. E a filosofia feminista que temos acumulado nos últimos 40 anos no mundo e na última década dentro da igreja não somente causa uma perda na estrutura do lar, da família e da igreja como ordenada por Deus, mas é também um fracasso trágico em honrar as distinções entre homem e mulher e encontrar satisfação e contentamento no que Deus criou e ordenou. As linhas divisórias estão confusas e tudo virou de cabeça para baixo.
Mas precisamos entender que o problema não começou 40 anos atrás. Na verdade, começou no jardim do Éden. E esse problema se manifesta de diferentes formas no decorrer dos séculos. Adão e Eva foram ambos criados à imagem de Deus; a liderança de Adão no casamento foi estabelecida por Deus antes da queda no pecado. Na realidade, foi somente depois que Adão comeu do fruto que seus olhos foram abertos para a sua vergonha. As distinções nos papeis masculino e feminino foram ordenadas por Deus como parte da ordem da criação; isso significa que elas ecoam em cada coração humano. Mas o pecado, após a queda, introduziu distorções no casamento e todos os demais relacionamentos. Parte da maldição que Deus pronunciou sobre Adão e Eva envolvia o relacionamento conjugal deles. Antes de eles serem expulsos do Jardim, Deus disse a Eva que parte de sua natureza caída envolveria o “teu desejo será para o teu marido” (Gênesis 3.16). Essa frase é repetida no capítulo seguinte que esclarece melhor o texto de Gênesis 3.16. Em Gênesis 4.7, Deus adverte Caim “Eis que o pecado jaz à porta; o teu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” Em outras palavras, o pecado quer controlar sua vida; ele quer dominar e manipular o seu coração, mas você precisa dominá-lo.
Então, Deus diz a Eva e às filhas de Eva após ela que a mulher irá batalhar contra sua natureza caída, uma vez que o seu desejo não será mais o de voluntariamente se submeter à liderança do homem, especialmente a de seu marido; seu desejo será o de manipular o seu mundo e especialmente seu marido.
Então, Deus diz a Adão no mesmo texto: “Adão, você irá governar Eva.” Em outras palavras, o desejo automático de Adão não será mais o de prover uma liderança amorosa, mas de governá-la com poder exacerbado e egoísta para seu próprio engrandecimento e satisfação.
Deus criou Eva para ficar ao lado de Adão, mas Adão terá agora o desejo da natureza caída de colocá-la debaixo de seu pé. E a mulher fará de tudo para não voltar ao lado de Adão, mas tentará ficar acima de sua cabeça.
Agora temos um novo corpo de crentes, uma nova dispensação da graça; como fica o casamento agora? E os homens e as mulheres? Gênesis foi o Antigo Testamento, mas e agora?
Paulo diz: “Tito, ensine as senhoras idosas a instruir as jovens casadas que o que o evangelho faz é colocá-las de volta no tipo de relacionamento que Deus intencionou antes da queda do homem no pecado.”
O homem pega a mulher do pó dos seus pés e a coloca de novo ao seu lado, liderando-a com amor, cuidando dela e provendo para ela; ela o serve amorosamente, respeita e segue.
Essa é a restauração de relacionamentos; essa é a restauração da igreja e do lar, onde os papeis distintos e estabelecidos por Deus não são diminuídos, distorcidos ou negados, mas honrados, exaltados e aperfeiçoados. Isso é voltar às origens que Deus estabeleceu, na qual:
- homens são homens e mulheres são mulheres;
- homens são superiores às mulheres por serem homens;
- mulheres são superiores aos homens por serem mulheres.
E as diferenças, nuanças e distinções são enaltecidas, desfrutadas e celebradas em honra ao Criador.
Nossa filha de 24 anos está servindo como missionária em Santiago, no Chile, ensinando crianças de 5 anos numa escola evangélica.
Ela nos escreveu falando sobre as diferenças que observou entre meninos e meninas. Em geral, minha filha catalogou as seguintes diferenças:
- Meninos querem apenas colorir desenhos de super-heróis; se não for um super-herói, é um cachorro ou um animal grande e assustador;
- Meninas querem apenas colorir imagens de castelos, princesas, arco-íris;
- Meninos evitam meus abraços, mas trazem um monte de flores para mim;
- Meninas pegam flores e ficam para si mesmas, mas me abraçam o dia inteiro;
- Meninos encaram suas tarefas da escola como uma competição séria;
- Meninas querem ajudar quem precisa;
- Meninos ficam olhando seus músculos no espelho do banheiro e tentam pular o mais longe possível do banco;
- Meninas ficam dando risadinhas em frente ao espelho e usam o banco para rodopiar como uma princesa;
- Meninos querem jogar bola com os meninos mais velhos e acham que podem encará-los;
- Meninas brincam no balanço e não ligam para o jogo de futebol que acontece ao lado delas;
- Meninos sempre querem ser os primeiros e mais rápidos;
- Meninas seguram as mãos umas das outras e andam juntas;
- Meninos brincam na areia e esperam até receber ordens para se lavar;
- As meninas brincam na areia e espontaneamente se lavam;
- Quando brincam na sala de aula, os meninos escolhem os carros e caminhões grandes e fazem barulhos de trem com tudo;
- As meninas encontram a princesa e o príncipe e, enquanto os meninos fazem barulho de trem e guerreiam entre si, as meninas arrumam as casas das bonecas.
- Os meninos brincam com a mesma coisa só por uns 10 minutos e já ficam entediados buscando conquistar outras coisas;
- As meninas poderiam fazer a mesma atividade a tarde inteira, aperfeiçoando e mudando o que já fizeram antes;
- Meninos me dizem que eu sou bonita;
- As meninas perguntam por que não sou casada.
No geral, por que eles são assim? Por causa daquele que os criou. No geral, são diferenças óbvias.
E eu estou falando em termos gerais. Sei que existem homens que sabem fazer arranjos de flores e mulheres que dão uma surra em marmanjos no esporte. A cultura e a humanidade caída irão distorcer os limites e refazer a ordem que Deus estabeleceu para o nosso benefício e bem-estar.
E quando nós, a igreja, seguimos o padrão de Deus, Paulo diz a Tito no final do verso 5 que a Palavra não será desonrada. Isso inclui o nome de Deus, seu plano, sua redenção, sua glória e seus propósitos para a humanidade.
O filósofo alemão Heinrich Heine desafiou a igreja ao dizer no século 19: “Mostre-me sua vida redimida e poderei me inclinar a crer no seu Redentor.”
O mundo está observando, essa é a ideia que Paulo tem em mente. Se não lutarmos para viver assim, o mundo irá desonrar a Palavra de Deus. Se nós, os crentes, não ligamos para a Palavra de Deus—se não seguimos a sua Palavra, se negamos, desobedecemos e reorganizamos a ordem de sua criação—, então por que esperar que o mundo faça isso?
Mas nós, os crentes, amamos a assembleia por causa da união do nosso espírito, da alegria da adoração e da maneira como somos recordados acerca da prioridade, mentalidade e humildade redimidas, pois homens e mulheres são iguais.
Portanto, todos nós, amados, somos novamente encorajados a nos submeter ao Espírito de Deus que nos empurra, estimula e nos leva de volta ao projeto da criação de Deus. Pelo seu poder, nós voltamos às origens.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 27/05/2012
© Copyright 2012 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
Add a Comment