Soberania… Na Sala de Parto

Soberania… Na Sala de Parto

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Soberania… Na Sala de Parto

Escolhidos antes da Fundação dos Tempos—Parte 3

Romanos 9.6–13

Introdução

Fico preocupado ao ver que pessoas desenvolvem suas convicções e crenças a partir de fontes diversas. Milhares de pessoas acreditam que Jesus casou-se com Maria Madalena e criou uma família em algum lugar na  França com base no livro O Código da Vinci. As pessoas se esquecem que o livro é apenas uma ficção, apesar de o autor dizer no início do livro que descobriu uma conspiração no meio dos líderes da igreja mundial.

Segundo uma revista, uma de cada cinco pessoas de trinta e cinco anos para baixo leva a sério o conteúdo desse livro. Uma pesquisa foi realizada para determinar as maneiras como os indivíduos definem suas perspectivas e informam-se a respeito de política. Programas de humor na televisão são fontes para centenas de milhares de jovens que encaram comédia com seriedade.

Um resultado ainda mais chocante do que esse foi produzido por uma equipe de pesquisas. Um levantamento apontou um número crescente de líderes e pastores de denominações evangélicas que não apoiam mais declarações básicas do tipo:

  • existe uma verdade moral absoluta (ou seja, algumas coisas são moralmente erradas, não importa quem você seja e onde esteja);
  • a Bíblia é a Palavra perfeita de Deus.

Acredite ou não, a maior denominação evangélica conservadora nos Estados Unidos, a Convenção Batista do Sul, revelou que apenas 71% de seus pastores e líderes concordam com essas duas afirmações, enquanto 27% dos metodistas—o menor número dentro os entrevistados—concordariam com essas afirmações.

Isso é surpreendente—não que apenas um entre quatro pastores liberais crê que a Bíblia diz a verdade, mas que um entre quatro pastores batistas conservadores não crê nisso. Isso significa que milhões de crentes buscam informações e desenvolvem suas concepções sobre Deus e o mundo a partir de líderes que creem que a Bíblia é parte verdade e parte ficção. Isso é muito mais preocupante do que jovens desenvolvendo opiniões políticas baseados em programas de humor de televisão. Apesar de isso também ser assustador!

Então, não fiquei surpreso ao ler, como esse artigo concluiu, que apenas um de dez protestantes entrevistados concorda que existe uma verdade moral absoluta e que a Bíblia é a Palavra de Deus.

Meu amigo, se a Bíblia não é a Palavra de Deus, então não sabemos quem Deus é. E se as pessoas adquirem sua percepção de Deus independente das Escrituras, é de se esperar que haveria diversas noções estranhas sobre Deus, até mesmo entre aqueles que se autodenominam crentes.

Por esse motivo, as verdades básicas sobre Deus, seu mundo, seu caráter, seus mandamentos e seus padrões morais têm sofrido alterações. Deus tem se tornado totalmente diferente do revelado nas Escrituras.

Se você perguntar a alguém na rua quem Deus é, ouvirá definições distorcidas e diluídas de um deus completamente distinto daquele da Bíblia. E essas mesmas pessoas dizem que são cristãs!  Alguém escreveu: “Deus criou o homem em sua imagem, e o homem moderno retornou o favor.”

A. W. Tozer escreveu:

Se conseguirmos extrair de um homem uma resposta completa à pergunta, “O que vem à sua mente quando você pensa em Deus?”, poderemos predizer com certidão o futuro espiritual desse homem.

Quem é Deus? Sua resposta determinará mais sobre você do que sobre Deus. Alguém pode dizer: “Por que se preocupar com isso?” J. I. Packer alertou sua geração:

Ignore o estudo de Deus e você se sentencia a tropeçar e cambalear pela vida de olhos vendados, sem nenhum senso de direção.

Tozer ainda adiciona o seguinte:

Se desejamos trazer de volta às nossas vidas poder espiritual, precisamos começar a pensar em Deus de forma mais parecida com aquilo que ele de fato é.

Meu amigo, a única forma de pensar em Deus de forma mais parecida com o que ele de fato é é estudando o que sua Palavra diz a respeito dele. Além disso, é impossível crer em Deus à parte de sua Palavra, uma vez que a Palavra de Deus nos explica o Evangelho de Deus. Por isso, Paulo escreveu em Romanos 10.17: a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Alguns versos antes, nos versos 13 e 14, Paulo escreve:

Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?

Em outras palavras, fé salvífica exige a explicação de verdades bíblicas.

Portanto, se as pessoas pensam que a Bíblia é ficção e não verdade, o diabo venceu uma grande batalha. Se a Bíblia é ficção, o plano de salvação não passa de conjectura; céu e inferno se tornam questionáveis; e, acima de tudo, até a identidade de Deus estará sujeita à imaginação.

Nossa geração acabou cumprindo o alerta de Tozer, o qual disse que, se ignorarmos o estudo de Deus nas Escrituras, estaremos nos sentenciando a tropeçar e a cambalear pela vida de olhos vendados, sem nenhum senso de direção.

Falo tudo isso porque começaremos a estudar a descrição de Deus que vai contra o coração, a lógica e a razão humanos. Estamos prestes a estudar quem Deus é de uma forma que pode nos incomodar, ao menos que creiamos assim. Daí, nossos corações se deleitarão em verdades inacreditáveis.

Pode-se dizer com segurança que o tema de Romanos 9 é soberania. Apesar de o assunto girar em torno da nação de Israel, nas entrelinhas—e às vezes de forma bem ousada e clara—o tópico central é a soberania de Deus. A maioria de nós diria que crê na soberania de Deus. Então, deixe-me ser um pouco mais específico e dizer que o tema de Romanos 9 é a soberania de Deus na eleição. Tenho certeza que tenho sua atenção agora!

No próximo parágrafo em nosso estudo em Romanos 9, Paulo descreverá quem Deus é com declarações que, por um lado, parecem ser chocantes, mas, por outro lado, são confortantes. Nesse parágrafo, Paulo descreve a soberania de Deus com duas ilustrações retiradas do passado de Israel. Elas incluem:

  • a concepção sobrenatural de Isaque;
  • e a eleição soberana de Jacó.

Veja Romanos 9.6–13:

E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa. Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.

Paulo começa dizendo que a rejeição do Messias pela nação de Israel não significa que a Palavra de Deus fracassou. Daí, ele os relembra de que os verdadeiros israelitas não são nascidos apenas, mas nascidos de novo. Paulo reitera essa verdade em sua carta aos Gálatas. Ele escreveu em Gálatas 3.29:

E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa.

A promessa!

Agora, nem todo o Israel creu, não é verdade? A nação, em geral, rejeitou Cristo; apenas alguns creram. Então, isso significa que a promessa de Deus de chamar seu povo falhou? Será que a Palavra de Deus não se cumpriu?

Bom, nesse parágrafo, Paulo provará a partir da própria história de Israel que, apesar de a nação não haver crido, Deus tem trabalhado na nação todo esse tempo para chamar os eleitos—aqueles que se tornarão o verdadeiro Israel.

A Concepção Sobrenatural de Isaque

Paulo volta ao princípio da nação de Israel para mostrar que Deus é soberano em sua escolha e que seus propósitos não fracassaram.

Abraão

  • Paulo começa mencionando Abraão no verso 7.

Os judeus conheciam sua história. Abraão não buscou a Deus; ele era membro de uma família idólatra e pagã. Mas apesar de Abraão não buscar a Deus, Deus o buscou. Desde o chamado de Abraão registrado em Gênesis 12, todo judeu lendo a carta aos Romanos teria que confessar que a história judaica começou com Deus escolhendo Abraão. A nação de Israel começou com a eleição de Abraão—um homem que Deus chamou.

Isaque

  • Daí, Paulo avança para Isaque, o filho de Abraão.

Se Isaque não é prova do poder soberano de Deus, nada é. Veja Romanos 9.9:

Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho.

A nação judaica não poderia ignorar o fato de que a própria concepção de Isaque no ventre de sua mãe ocorreu a despeito de várias coisas. Deixe-me mencionar algumas delas.

  • A concepção de Isaque ocorreu a despeito de impossibilidades físicas.

Gênesis registra que Sara era estéril (Gênesis 11.30) e havia passado da idade de gerar filhos (Gênesis 18.11)—tinha noventa anos de idade (Gênesis 17.17). Ela concebe e dá à luz um filho. Por quê? Porque Deus havia feito uma promessa e era soberanamente capaz de manter sua promessa, apesar das impossibilidades físicas.

    • A concepção de Isaque ocorreu a despeito de impossibilidades físicas e, mais importante, a despeito de falta de fé.

Vamos voltar a essa história e observar a soberania de Deus trabalhando apesar de falta de fé. Abra sua Bíblia em Gênesis 16 e deixe-me apresentar o contexto. Passaram-se pelo menos dez anos desde que Deus fez a promessa a Abrão de que sua descendência seria mais numerosa do que as estrelas. Você pode apenas imaginar a expectativa de Abrão.

O nome de Abrão, antes de ser mudado por Deus, significava “pai ilustre.” Imagine as pessoas visitando Abrão e se apresentando a ele. Os nomes hebraicos indicavam o que as pessoas tinham ou o que faziam. Então, eles perguntavam: “Qual é o seu nome?” Abrão dizia: “Meu nome é ‘Pai Ilustre’.” Os visitantes reagiam: “Ah, você deve ser orgulhoso de ser pai!” Daí, Abrão provavelmente baixava a cabeça, chutava a areia e dizia: “Bom, não exatamente. Não tenho filhos.” Por vários anos, ele provavelmente deve ter adicionado a palavra “ainda”—“Não tenho filhos... ainda… mas Deus prometeu.”

Bom, por volta da época de Gênesis 16, Abrão já parou de dizer “ainda.” Tanto ele como Sara haviam cedido à tentação de resolver tudo com suas próprias mãos. Quando você duvida da soberania de Deus, instiga a sua própria soberania.

O que acontece quando duvidamos da soberania de Deus e instiga a “nossa soberania”

Ao procedermos com essa história de maneira resumida, desejo retirar várias lições práticas que ocorrem quando nós tentamos resolver as coisas com as nossas próprias mãos.

  • A primeira coisa que acontece é que racionalizamos nosso ressentimento. Isso, na melhor das hipóteses, prepara o terreno para o comprometimento, ou, na pior das hipóteses, para a rebelião.

Veja Gênesis 16.1–3:

Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar, disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão

(reagiu como líder piedoso do lar, dizendo: “Não, Sarai, precisamos esperar pela promessa de Deus.” Não, o texto diz, “E Abrão…)

anuiu ao conselho de Sarai. Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter ele habitado por dez anos na terra de Canaã.

A nação de Israel não tinha nem sequer passado da primeira geração e o inimigo já teve sucesso em corromper a promessa.

Você percebeu a maneira como Sarai fala no verso 2? Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos. Teologicamente, ela está meio-correta. A concepção é segundo a obra e o propósito de Deus; ela é a criação de uma alma imortal. Da perspectiva humana, pode ser um acidente, uma dificuldade ou uma tragédia, mas não pode acontecer sem o propósito soberano de Deus em trazer à vida uma alma eterna. Para que a concepção ocorra, é necessário que haja o propósito de Deus; para que ela não ocorra, também é necessário o propósito de Deus. Condições médicas e físicas podem parecer ser a causa primária da fertilidade ou esterilidade, mas por trás dessas condições está o Soberano que cumpre seus propósitos.

Ao invés de confiar nos propósitos de um Deus soberano, Sarai se torna amargurada e ressentida com Deus. Ela diz, na verdade: “Deus atrapalhou minha vida. Deus está me impedindo de conquistar o que desejo.” Além disso, ela age com suas próprias mãos e decide que uma esposa que pode gerar filhos é melhor do que uma que não pode. O inimigo esfrega suas mãos em alegria; ele está prestes a corromper uma futura nação, anulando a promessa de Deus.

A propósito, você sabe que está agindo com suas próprias mãos quando começa a desobedecer às proibições de Deus e aguardar os propósitos de Deus. Sarai disse: “Deus não cumpriu sua palavra. Já se passaram treze anos e Deus precisa de uma ajuda. Chegou a hora de usar o plano B.” Isso pode até soar bem, mas não passa de uma racionalização religiosa de nossa rebelião.

Talvez, agora, você está racionalizando a sua rebelião:

  • em seus negócios, pensando: “Deus não se importará.”
  • em sua vida pessoal, pensando: “É claro, Deus deseja suprir as minhas necessidades. Nunca fui tão feliz como agora! E Deus deseja que eu seja feliz.”
  • no mundo secreto de sua imaginação, pensando: “Pelo menos não estou concretizando isso; não estou machucando ninguém. É claro que Deus está feliz com meu autocontrole.”

Sarai utiliza palavras espirituais, mas está apenas externando sua rebelião contra Deus. Ela dá um conselho perverso ao seu marido, o qual, em sua própria rebelião contra a promessa de Deus, o acata.

  • Segundo, quando agimos com nossas próprias mãos, não somente racionalizamos nosso ressentimento, mas também estragamos relacionamentos pessoais.

Veja Gênesis 16.4:

Ele a possuiu, e ela concebeu. Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada.

Pelo menos três relacionamentos seriam afetados por essa rebelião. O relacionamento entre:

  • Sarai e Agar—rivalidade;
  • Sarai e os filhos de Agar—Isaque, o pai da nação judaica, e Ismael, o pai das nações árabes (e os descendentes desses dois, a propósito, ainda lutam por causa de um pedaço de terra que chamamos de “Terra Santa.” Ambos os lados reivindicam ser filhos de Abraão e ter o direito de possuir a terra);
  • Sarai e Abrão—sofreram. Veja o verso 5: Disse Sarai a Abrão: Seja sobre ti a afronta que se me faz a mim. Eu te dei a minha serva para a possuíres; ela, porém, vendo que concebeu, desprezou-me. Julgue o SENHOR entre mim e ti.

Em outras palavras, “Abrão, tudo isso é culpa sua.”

Em certo sentido, aquilo foi culpa de Abrão! Ele sabia que aquilo estava errado; Sarai sabia que aquilo era errado; Agar sabia que ambos estavam errados. Temos todo o motivo para crer que essa nação de Israel não irá para frente; ela jamais sobreviverá! E ela não teria sobrevivido, se não fosse pela soberania de Deus.

  • Existe mais uma coisa que acontece quando agimos com nossas próprias mãos. Não somente racionalizamos nossa rebelião com palavras piedosas, não somente arruinamos relacionamentos, mas também recusamos crer nas confirmações de Deus.

Veja Gênesis 17.5. Deus fala com Abrão novamente:

Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de numerosas nações te constituí.

Imagine isso! Você tem agora noventa e cinco anos de idade e Deus muda seu nome de “Pai Ilustre” para “Pai de Multidões”! Veja o verso 15:

Disse também Deus a Abraão: A Sarai, tua mulher, já não lhe chamarás Sarai, porém Sara.

Sara significa “Princesa.” Ela recebeu esse nome porque, conforme o verso 16 nos diz:

Abençoá-la-ei e dela te darei um filho; sim, eu a abençoarei, e ela se tornará nações; reis de povos procederão dela.

Continue no verso 17:

Então, se prostrou Abraão, rosto em terra…

(…e disse, “Louvado seja Deus… e levantou-se cantando, ‘Tu é fiel, Senhor, meu Pai celeste!’”—não! O texto diz:)

Então, se prostrou Abraão, rosto em terra e se riu, e disse consigo: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à luz Sara com seus noventa anos?

Quando você age com suas próprias mãos, esse livro de confirmações e conforto—a Bíblia—será tolice. Quando Sara ouviu a notícia, ela riu também. Veja Gênesis 18.13–14a:

Disse o SENHOR a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Será verdade que darei ainda à luz, sendo velha? Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil?

Em outras palavras, “Seu problema, Abraão, é que você não compreende a soberania.”

Deus esperou que Abraão e Sara passassem da idade de gerar filhos para que não levassem crédito por haverem dado início à nação de Israel. Assim, ficaria claro que foi o poder, o propósito e a soberania de Deus sobre os negócios da humanidade.

A soberania de Deus se manifesta até mesmo na sala de parto! Ele determina a concepção, a vida que nascerá, que tipo de pessoa será, a constituição física da pessoa sendo tecida no ventre, a hora do nascimento, a geração, a família e o país no qual essa criança nascerá. Ele escolheu que você nasceria, onde moraria, quando viveria, de quem nasceria—sim, Deus escolheu quem seria sua mãe! Mãe, Deus escolheu e determinou tudo sobre seu filho, incluindo a hora de seu nascimento.

Veja Gênesis 18.14b: Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho.

Isso significa que Abraão e Sara não precisariam coabitar? Será que não haveria necessidade de espermatozoide e óvulo? Haveria tudo isso, mas essas são causas apenas secundárias subservientes à causa primária da soberania de Deus. Paulo diz em Romanos 9 que o próprio fato de que a nação existe foi resultado dessa concepção inconcebível (que ironia!—de uma mãe e um pai que precisaram usar suas bengalas para ir até à sala de parto!). Ah, a escolha soberana de Deus, deitada ali naquele berço.

A Eleição Soberana de Jacó

Agora, de volta a Romanos 9, Paulo prevê que os leitores judeus dirão: “Sim, mas escolher Isaque ao invés de Ismael não foi uma escolha difícil para Deus. Apesar de Ismael ter sido o primogênito de Abraão, Isaque foi o único filho de Abraão e Sara.” Então, Paulo fornece mais uma ilustração da soberania de Deus. Sua soberania é vista não somente na concepção sobrenatural de Isaque, mas na escolha soberana de Jacó.

Veja Romanos 9.10–11:

E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição…

(o termo é eklektos, do qual derivamos nossa palavra “eleito”)

…prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama),

Uma coisa é Deus escolher Isaque ao invés de Ismael—Isaque era o único filho de Abraão e Sara. Contudo, agora o assunto é entre gêmeos. Eles possuem os mesmos pais hebreus e são hebreus de sangue puro. Deus faz uma escolha e sua escolha é significante por várias razões:

  • Primeiro, Deus escolhe o segundo a nascer.

Ou seja, ele vai contra o padrão normal de bênção que pertencia ao primogênito.

  • Segundo, a escolha é feita antes de os gêmeos nascerem.

Paulo afirma especificamente que isso foi feito para que o propósito de Deus quanto à eleição fosse claramente ensinado.

  • Terceiro, a escolha é feita independente de mérito.

O texto diz: nem tinham praticado o bem ou o mal. Pule para o verso 13: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú. Em outras palavras, “Jacó foi o que eu escolhi e Esaú o que eu rejeitei.” A eleição de Jacó aconteceu antes de seu nascimento e despeito de seu comportamento (estude sua vida e descubra por si mesmo!).

Uma mulher aproximou-se de Charles Spurgeon, o grande pregador inglês do século dezenove, e disse: “Não entendo como Deus poderia dizer que odiou Esaú.” Spurgeon respondeu: “Madame, acho mais difícil entender como pôde amar Jacó.” “Escolhi Jacó, porém rejeitei Esaú.”

Será que isso levanta centenas de perguntas? Sim! Todavia, prefiro o Deus descrito nas Escrituras que levanta muitos questionamentos ao invés do Deus imaginário de nossa geração que não levanta nenhum bocejo.

Quando lemos esse verso, imediatamente queremos dizer, “Isso não é justo!” E Paulo sabia exatamente que diríamos isso. Então, ele continua e diz no verso 14:

Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus?…

(ou seja, “Você não está pensando que ele é injusto, está?”)

…De modo nenhum!

O que Paulo quis dizer com isso? Falaremos sobre isso em nosso próximo estudo.

Conclusão

Permita-me compartilhar com você dois pensamentos finais.

  • Primeiro, conversas sobre eleição geralmente concentram no negativo, mas ela foi projetada por Deus para ser confortadora.

Paulo busca confortar e reanimar a nação a respeito da providência e do poder de Deus, e a doutrina da eleição serviu como prova para ambos.

  • Segundo, as perguntas negativas sobre eleição geralmente encobrem as implicações maravilhosas e positivas dessa doutrina.

Por exemplo:

  • Você está aqui neste planeta porque Deus determinou.
  • Você nasceu em sua família e nessa geração segundo o tempo de Deus.
  • Você foi criado com forças e fraquezas para glorificar a graça e a suficiência de Deus.
  • Você está, neste momento, debaixo do plano determinado por Deus, sendo treinado, podado e conformado à imagem de Cristo.
  • Você passa por eventos e circunstâncias segundo seu tempo perfeito e propósitos sábios.

Essas declarações são verdadeiras, não importa o que você esteja enfrentando, onde esteja ou quem seja. Esse é o tipo de Deus descrito na Bíblia, a qual não é ficção—é a verdade. Não tome atitudes com suas próprias mãos, mas renda-se à mão soberana de Deus.

Raymond Edman escreveu:

Deus trouxe você até aqui. É pela sua vontade que você se encontra neste lugar—nesse fato, descanse. Ele o manterá aqui em seu amor, e dará a você a graça para se portar como seu filho. Ele trará lições de provações que projetou ensiná-lo, e efetuará em você a graça que deseja derramar sobre sua vida; e no seu tempo perfeito, ele o tirará daqui—da maneira e no tempo que ele somente conhece.

Essa é outra maneira de dizer: “Deus é soberano.”

Existe uma viúva em nossa igreja—uma mulher grandemente usada por Deus. Ela é inteligente, educada e talentosa. Seu marido foi um homem de Deus—um erudito, escritor e líder influente. Você jamais saberia dessas coisas, já que ela nunca as mencionaria. Toda vez que a vejo, pergunto, “Como você está?” Ela sorri e diz: “Deus está no trono.” Deus está no trono.

Jamais responderemos todas as perguntas relacionadas à eleição e à soberania de Deus sobre a humanidade. Iremos nos divertir tentando, mas jamais conseguiremos. Terminaremos com o seguinte: o Deus descrito na Bíblia é um Rei Soberano. Nossas palavras ecoam o livro de Jó, capítulo 11, versos 7 e 8:

Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Poderoso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás fazer? Mais profunda é ela do que o abismo; que poderás saber?

O que podemos fazer? Podemos apenas crer nessa descrição e nos ajoelhar, dizendo: “Deus está no trono.”

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 09/05/2004

© Copyright 2004 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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