O Que Não É!

O Que Não É!

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

O Que Não É!

Romanos 8.28

Introdução

Em seu livro Mistério no Deserto, Maria Reich descreveu uma série de morros e vales estranhos feitos por índios no Peru séculos atrás. Esses morros se estendiam por quatrocentos metros e, de repente, deixavam de existir ou viravam para a esquerda ou para a direita. Aparentemente, eles não seguiam nenhum padrão. Por vários séculos, pensou-se que esses morros eram remanescentes de algum sistema de irrigação, ou talvez demarcações antigas de alguma religião mística.

Contudo, em 1939, o mistério foi resolvido. O Dr. Paul Kosok da Universidade de Long Island, Estados Unidos, descobriu o verdadeiro significado desses morros ao simplesmente observá-los de cima, de um avião, ao sobrevoar o território. Os morros e vales aparentemente aleatórios que formavam linhas retas, depois curvas para um lado e para outro, eram, na verdade, linhas que formavam retratos enormes de pássaros e outros animais.

Imagine, criar uma arte que não pode ser apreciada na terra. Na realidade, nada fazia sentido no chão; era necessário ganhar uma perspectiva mais elevada a fim de enxergar a beleza dessas obras de arte!

Em nosso texto de hoje, Paulo afirma que a beleza e arte em nossa vida são impossíveis de ser apreciadas a partir da perspectiva da terra. Precisamos de uma altitude elevada para encaixar as peças.

Romanos 8.28 diz muito a respeito desse tipo de perspectiva. Paulo escreve essas palavras maravilhosas aos crentes romanos que estavam lutando para entender as dificuldades da vida cristã agora que tinham vindo a Cristo. E, a propósito, ele escreveu não somente aos romanos, mas a nós também!

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

Vamos ler mais adiante no verso 29:

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho

Revisão: Romanos 8.28—O Que Não É!

Agora, em nosso estudo anterior, passei um tempo falando sobre o que Romanos 8.28 não diz. Deixe-me fazer uma rápida revisão disso.

  • Romanos 8.28 não é uma explicação detalhada sobre sofrimento.

Existem outras passagens que explicam sobre a natureza caída da humanidade e o fato de Deus concedê-la liberdade para tomar decisões morais. Isso deixa em aberto a liberdade para coisas imorais, malignas e violentas.

Lembro-me de assistir a um noticiário sobre uma garota de onze anos de idade que foi sequestrada e morta. O pesadelo de toda mãe e de todo pai se tornou realidade para aquela pobre família.

Romanos 8.28 não é um verso a citar em uma situação como essa, pois ele nem explica o mal da humanidade, nem promete algum tipo de proteção especial de homens perversos. Mas ele promete, sim, como veremos em instantes, que transformará a maldade de homens perversos em bem e glória dos filhos de Deus.

O que me preocupa profundamente é a maneira como esse verso se tornou um tipo de “pé de coelho” para crentes. Eles o usam supersticiosamente ao redor do coração e, daí, quando não parece funcionar, abandonam Deus em desilusão e derrota.

  • Além disso, Romanos 8.28 não é uma proibição contra tristeza e dor.

Você não deixa Deus envergonhado ao se entristecer e chorar por alguma perda, dor ou por fazer questionamentos.

  • Terceiro, aprendemos que Paulo não escreveu Romanos 8.28 para servir de pretexto para evitar as disciplinas e desafios da vida.

Existe o pensamento que diz, “Deus fará com que tudo dê certo; então, não me envolverei muito. Não vou trabalhar… não irei confrontar… não vou me preocupar… não vou evangelizar… não farei sacrifícios… não arriscarei nada… de qualquer maneira, Deus fará com que as coisas cooperem para o bem.”

Não é isso o que esse verso diz.

  • Finalmente, Romanos 8.28 não é um bilhete permanente para uma vida confortável.

Meus amigos, você sabe o que essas quatro cosias buscam fazer? Elas tentam entender os morros e vales de uma perspectiva da terra.

O que precisamos é de uma perspectiva elevada! Precisamos ver tudo de cima a partir do ponto de vista celestial. E é exatamente isso o que Paulo tinha em mente ao escrever Romanos 8.28.

Paulo fornece uma perspectiva aérea do soberano propósito de Deus para Seus filhos. E encontramos segurança, não nos eventos e circunstâncias da vida, mas na promessa de que Deus administra e controla tudo segundo o Seu propósito.

Romanos 8.28: O Que É!

Gostaria de destacar cinco verdades que Paulo revela sobre os propósitos de Deus em Romanos 8.28.

  • Primeiro, Romanos 8.28 revela a certeza do propósito de Deus.

Paulo escreve: Sabemos.

Anteriormente, no verso 26, ele escreveu: porque não sabemos orar como convém.

Agora, no verso 28, ele diz que existe algo que sabemos. Não sabemos como orar… sabemos que Deus tem um propósito!

Note que Paulo não escreveu, “Achamos,” ou, “Esperamos,” ou, “Desejamos….” Na verdade, você não fica feliz que Paulo não começou o verso, dizendo, “Sentimos que…”? Existe grande diferença entre sentir e saber.

A verdade é, podemos sentir exatamente o contrário daquilo que Deus está, na realidade, fazendo! Podemos não sentir que Deus está no controle. Podemos sentir que Deus não nos ama. Às vezes, podemos sentir que Deus nos abandonou. Mas, neste mundo caído, sendo seres humanos caídos, cercados de humanidade caída, devemos reconhecer que nossos sentimentos também são caídos!

Perceba, também, que Paulo não escreveu, “A minha opinião….” Veja bem, quando as nuvens da vida cercam nossa cabeça e pressões e problemas parecem nos esmagam, quando os montes e os vales em nossas vidas fazem curvas estranhas e paradas abruptas, não precisamos da opinião de alguém—nem mesmo a de Paulo!

Paulo escreve, “Sabemos! Sabemos!”

No Novo Testamento, existem vários termos cognatos traduzidos como “conhecimento, conhecer, saber.”

Um desses termos para “conhecer” é ginosko, uma palavra relacionada a conhecer algo por meio de experiência pessoal. Paulo o utilizou ao escrever para os Filipenses, “para o conhecer, e o poder de sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos….”

Paulo estava dizendo, “Ah, para que eu finalmente conheça a Cristo por experiência pessoal. Quero conhecê-lO ao experimentar de Seu poder e de Seus sofrimentos.”

A propósito, esse mesmo pensamento aparece quando a esposa diz ao marido, “Não sei se você realmente me ama.”

E o que o marido fazem? Ele a lembra, dizendo, “Ouça, amor, fiz um voto a você no dia do nosso casamento—7, 10, 20, 30 anos atrás—de que a amaria, não importasse o que. Você já deveria saber disso?”

Ela diz, “Você não entende… preciso ter certeza da sua sinceridade.”

Se ela soubesse grego, um idioma que se expressa de forma mais clara, ela poderia ter certeza de que seu marido a entenderia. Ela poderia evitar toda sua frustração ao dizer simplesmente, “Preciso ginosko que você me ama.”

Em outras palavras, “Preciso de uma demonstração… Preciso saber por meio de experiência… Preciso ver a vassoura limpando a sala, o lixo sendo levado para fora… deixe-me experimentar do seu amor!”

Existe outro termo grego para “conhecimento” ou “conhecer,” que é, oida. Esse não é o tipo de conhecimento adquirido por meio de experiência, mas através de verdades proposicionais ou teoria.

Você não experimenta que 2 + 2 = 4; você apenas aprende isso. Quando você fizer uma prova nesta semana, o professor estará testando o seu nível de oida—se você memorizou bem o que ele disse em sala, se você lembra das teorias, das fórmulas matemáticas ou da história de um determinado período.

É esse o termo que Paulo utiliza em Romanos 8.28. Ele não diz, “Sabemos que Deus está no controle porque temos experimentado algo ou temos visto evidência.”

Logo nas primeiras palavras Paulo deseja elevar nossa perspectiva. Ele diz, “Sabemos que Deus está no controle porque Ele disse que está, e nós ouvimos o que o Professor disse.”

Existe momentos em nossas vidas quando isso é tudo o que temos—Deus disse! Quer você sinta ou não, quer tenha evidência ou não, você sabe que algo é verdade simplesmente porque Deus disse que aquilo é verdade. E é impossível que Deus minta!

Essa é a certeza do propósito de Deus.

  • Segundo, note que Romanos 8.28 revela a extensão do propósito de Deus.

que todas as coisas.

Andei olhando esse verso em alguns textos gregos e descobri algo muito interessante. Você sabe o que a palavra “todas” significa no idioma grego? Pode escrever; ela significa, “todas.”

Podemos dizer, “Todas as coisas cooperam para cumprir o propósito final de Deus.”

“Todas as coisas” possui uma extensão, um alcance absoluto e compreensivo.

Paulo não diz que Deus não permite Seus filhos passarem por coisas que podem lhes prejudicar. Ele atesta o fato de que o Senhor é soberano sobre tudo o que Ele permite acontecer aos Seus filhos, até mesmo as piores coisas, e Ele toma essas coisas e [as move para cumprir o Seu propósito].

Meus amigos, até mesmo quando Deus não parece estar fazendo algo, Ele está executando tudo!

Nossa deficiência temporária é que estamos presos a essa terra. Não podemos enxergar os fatos das alturas dos céus, mas podemos crer pela fé.

“Todas” significa “todas.”

  • Terceiro, Romanos 8.28 também revela a continuidade do propósito de Deus.

Paulo escreve: Sabemos que todas as coisas cooperam.

O verbo “cooperar” é o termo grego synergeo. É dele que derivamos nossa palavra “sinergia.”

“Sinergia” é a combinação das ações de duas ou mais coisas que produz um efeito final superior à soma dos efeitos individuais.

Que palavra poderosa.

As coisas em sua vida podem não parecer estar produzindo algum efeito. Talvez somente depois como aquele pequeno acontecimento desencadeou outras coisas, a qual consequentemente afetou outra coisa diferente, resultando em algo final.

Lembre-se, contudo, de que Paulo não enfatiza o que realizamos, vemos ou entendemos que o resultado final está sendo produzido. Paulo simplesmente afirma que é isso o que Deus está executando.

Recentemente, li sobre um pastor que retornou ao púlpito algumas semanas depois de seu filho ter cometido suicídio. Com grande emoção, ele leu a passagem da noite, que calhou de ser Romanos 8.28.

Daí, ele olhou para a sua congregação e disse, “Não consigo encaixar a morte do meu filho nessa passagem. É impossível entender como algo de bom pode resultar dessa tragédia. Todavia, entendo que apenas vejo parcialmente. Sei apenas em parte. É como o milagre do estaleiro. Quase todas as peças de nossos grandes navios são feitas de ferro. Se você pegasse uma peça qualquer de um navio—quer seja uma placa de metal do casco ou metal de seu leme—e a lançasse no oceano, ela afundaria. Metais não flutuam! Mas, quando o fazedor de navios termina seu serviço, quando a última placa é soldada em seu lugar, aquele navio gigantesco de metal flutua!”

Daí, ele conclui, dizendo, “Pode acreditar em mim: o suicídio de meu filho não faz sentido. Lance-o no oceano de Romanos 8.28 e ele afundará. Mas quando o Fazedor Divino de navios finalmente termina, até mesmo essa tragédia contribuirá para o propósito inafundável de Deus.”

Que fé incrível na continuidade dos propósitos de Deus.

  • Quarto, Romanos 8.28 revela o contexto do propósito de Deus.

Paulo escreve: todas as coisas cooperam para o bem.

Paulo não disse, “todas as coisas são boas;” ele disse, “todas as cosias cooperam para o bem.”

Você pode dizer, “Então quer dizer que até mesmo o mal, pecado, falsas acusações, injustiças, fracassos, términos de relacionamentos, crueldade, traição, dor, sofrimento, ódio, inveja e abandono—tudo isso?”

Todas essas coisas que acabei de listar fizeram parte das últimas horas na vida de Jesus Cristo. E tudo isso fez parte do plano de Deus para o nosso bem e para a glória dEle.

Será que alguns desses ingredientes fazem parte de sua vida?

Deus, neste exato instante, controla seus movimentos para o seu bem; neste momento, Ele as tece para o seu bem. Por quê? Para que, conforme diz o verso 29, nos tornemos mais parecidos com Jesus Cristo.

Paulo diz, “Deus entrelaça, une, funde, mistura, harmoniza e combina todas as coisas para o seu bem maior, a fim de que você comece a refletir seu Salvador, Jesus Cristo.”

Você sabia disso? Vou me arriscar aqui e dizer que talvez uma das frases mais comuns no céu será, “Bom, quem diria?”

Acho que diremos, “Quem diria?! Quem imaginaria isso?! Nossa! Você acredita nisso?”

Aquele compromisso perdido, aquela pessoa que você conheceu, aquele professor, aquela tragédia, aquele acidente, aquele vizinho, aquele programa, aquela visita de hospital. “Bom, quem diria?! Deus, em Seu plano para a minha vida, usou todas essas coisas para o meu bem e para a glória dEle!”

Entretanto, neste momento, preciso alertar você de que existe uma condição para se experimentar a glória do propósito de Deus.

  • Finalmente, gostaria que você visse a condição do propósito de Deus.

Paulo escreve,

Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

Você pode perguntar, “Então isso significa que se eu não amar a Deus consistentemente, se vacilar em meu amor, se não O seguir fielmente, então, perderei o propósito de Deus—Ele cessará Sua obra consistente e extensa a meu favor?”

Não.

Os títulos “daqueles que amam a Deus” e “daqueles que foram chamados segundo o seu propósito” são apenas dois dos muitos outros títulos ou descrições do crente do Novo Testamento.

Um autor disse, “a expressão ‘daqueles que amam a Deus’ é escrita a partir da nossa perspectiva, e ‘daqueles que foram chamados segundo o seu propósito’ foi escrita da perspectiva de Deus.”

Em outras palavras, a condição para se tornar um recipiente do propósito de Deus é simplesmente se tornar um filho de Deus.

E como o pecador se torna um filho de Deus?

João escreveu em seu evangelho, em João 1.12:

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome.

Atos 4.12 registra:

e não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.

O mundo não recebe a promessa de Romanos 8.28. Uma das maiores tragédias do descrente é que ele jamais verá como Deus realizou todas as coisas para o bem final.

Apenas o crente, o qual se tornou um membro do corpo de Cristo e que ama o Filho de Deus, pode experimentar a medida completa da providência de Deus, a qual, no fim, conduz ao céu.

Talvez você não enxergue isso agora. Com bastante frequência, os montes e vales não fazem muito sentido na terra—a forma como eles viram para um lado e outro, param de repente, aparecem de novo—mas você verá!

Sabemos que, um dia, veremos! Essa é a promessa de Romanos 8.28.

Deixe-me fazer algumas perguntas para você responder em seu coração. À luz do que aprendemos:

  • Você conhece a Cristo pessoalmente? Você já O recebeu em seu coração? Você está pronto para colocar sua fé em Sua obra na cruz por você?
  • Para aqueles que já receberam a Cristo e se tornaram filhos de Deus, você está disposto, mesmo quando Ele o permite passar por experiências desfavoráveis, a obedecer-lhe?
  • Você está disposto, mesmo quando o tempo de Deus parece ser totalmente diferente do seu, a confiar nEle?
  • Você está disposto, mesmo quando Ele não oferece explicações, a continuar adorando-O com seus lábios e com sua vida?

Você está disposto a dizer, por meio da forma como você viverá amanhã, que Deus é Deus—soberano, amoroso, está em controle executando todas as coisas para Seu propósito final—e eu sou apenas Seu filho submisso?

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 08/02/2004

©Copyright 2004 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

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