
Correndo Atrás de Bastões
Correndo Atrás de Bastões
Afeições de um Homem Piedoso – Parte 1
Romanos 1.8
Introdução
Steve Lawson escreveu as seguintes palavras intrigantes em seu livro O Legado:
Todo homem deixa para trás uma influência duradoura... que afetará futuras gerações por vários séculos vindouros. Mas sejamos sinceros, nem todos os legados são os mesmos; alguns são produtivos, outros destrutivos; alguns são ilustres, outros infames. Que tipo de legado você deixará para trás? Um legado espiritual é algo que o dinheiro não pode comprar e impostos não podem levar; é passar para outras gerações o que mais importa.
Isso significa que todo homem deixa para trás alguma influência. Será que isso é verdade?
Sabemos que a transmissão da verdade doutrinária é responsabilidade do homem piedoso: ele deve passar o legado doutrinário para outro homem piedoso. Essa é a transmissão do legado.
Paulo disse a Timóteo em 2 Timóteo 2.2:
E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.
Acho interessante que Paulo diz em Tito 2.3-5 que as senhoras piedosas são como professoras de mulheres mais novas para ensiná-las como viver vidas piedosas.
A verdade das Escrituras é como uma herança preciosa passada de uma geração de crentes para outras. É alguma surpresa, então, que a maioria das pessoas que vêm à fé em Jesus Cristo como Salvador vêm quando são crianças?
J. Oswald Chambers se refere a duas famílias que viveram na mesma época nos Estados Unidos. Uma foi a família de Jonathan Edwards e a outra foi a família de Max Jukes.
Jonathan Edwards foi um homem piedoso que viveu para a glória de Deus. Ele se casou com uma mulher que também seguia a Jesus Cristo. Nos cento e cinquenta anos seguintes, dentre seus descendentes estavam:
- Catorze presidentes de universidades;
- Um vice-presidente dos Estados Unidos;
- Três deputados federais;
- Trinta juízes;
- Sessenta médicos;
- Sessenta escritores;
- Cem advogados; e
- Trezentos professores de teologia, missionários e pastores.
Max Jukes foi um descrente. Ele se casou com uma mulher também descrente. Durante a mesma era, seus descendentes incluíram:
- Mais de cem alcoólatras;
- Cento e noventa prostitutas;
- Trezentos vagabundos;
- Cento e trinta criminosos que foram encarcerados em média trinta anos cada um, sendo sete deles sentenciados por assassinato; e
- Dos mil e duzentos descendentes, apenas vinte deles aprendeu uma profissão honesta, mas dez desses aprenderam sua profissão enquanto presos em penitenciárias estaduais.
A família de Max Jukes custou ao estado de Nova Iorque aproximadamente 1.5 milhão de dólares para serem mantidos na prisão.
Evidentemente, Oswald Chambers usou dois extremos em seu exemplo. Mas o princípio permanece de que uma geração piedosa pode impactar várias gerações.
Baseados na evidência de nossa geração, que modelo parece estarmos adotando?
Um estudo feito por uma universidade nos Estados Unidos apontou que o local mais perigoso na sociedade é o próprio lar, afora os motins e guerras. Em uma escala nacional, grande parte dos lares está cheia de ira e violência. Trinta por cento dos lares experimentam alguma forma de violência doméstica. Dois milhões de casais usam uma arma, uma faca ou outra arma letal contra o cônjuge no casamento. Vinte por cento dos policiais que são mortos na linha de frente morrem ao responderem chamadas envolvendo brigas domésticas.
Que tipo de homem usaria uma arma letal ou agiria com violência contra sua esposa? Que tipo de homem ameaçaria fisicamente ou devastaria emocionalmente seus filhos ao viverem sob constante violência?
Recentemente, almocei com um homem que ainda se lembra, apesar de ele ter apenas cinco anos na época, de ver seu pai batendo em sua mãe a ponto de derrubá-la ao chão e daí gritar com ela mandando-a se levantar novamente apenas para espancá-la outra vez. Paulo disse que esses homens não seriam a exceção, mas a regra. Talvez nem todos seriam violentos dessa forma, mas seriam igualmente vis de outras maneiras.
Paulo deu em 2 Timóteo uma descrição dos homens nos últimos dias. Nós temos vivido nos últimos dias por cerca de dois mil anos. A descrição que Paulo dá do homem no primeiro século se aplica aos dias de hoje; é como se ele tivesse escrito tendo em mente homens de nosso século. Ele escreveu no capítulo 3, versos 1 a 4: Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas.
Essa é a primeira descrição e provavelmente serve como uma descrição categórica de todas as demais características. Das dezoito coisas que Paulo diz a respeito do homem, essa é o resumo de todas elas. Pelo fato de o homem ser egoísta, então os homens são também:
...avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus,
Existe, por acaso, uma descrição mais precisa do homem do século vinte e um do que essa descrição dada por Paulo?
Agora, seria até confortável para mim e para você pensar em estatísticas, ilustrações e versos que comprovam como as coisas são péssimas fora da igreja. Todos nós dentro da igreja poderíamos nos sentar, estalar a língua e balançar a cabeça, dizendo: “Meu amigo, esses descrentes são ímpios e egoístas.”
O problema é que a própria igreja clama em busca de homens que se levantem para preencher o lugar de liderança piedosa tanto na igreja, bem como nos lares. Em geral, cinquenta e nove por cento das pessoas nos cultos são mulheres, contra apenas quarenta e um por cento de homens. Veja bem: para cada um homem que participa na igreja sem sua esposa, quatro mulheres participam na igreja sem seus maridos. Uma grande denominação recentemente publicou que oitenta por cento das assinaturas de pessoas na igreja para receber material de devocionais foram feitas por mulheres. Essa mesma estatística é comprovada pelo fato de a grande maioria dos livros em livrarias evangélicas serem comprados por mulheres. A maioria dos ministros nas igrejas e organizações para-eclesiásticas no mundo são organizadas, apoiadas em oração e lideradas por mulheres. O clamor da igreja hoje é: “Para onde foram os homens piedosos?”
Você quer saber o que eu descobri a respeito das mulheres piedosas? Quanto mais piedosa uma mulher é, maior seu desejo de ter um homem piedoso liderando o caminho. Quanto mais próximo ela anda de Cristo, mais profunda sua agonia por causa da realidade de que os homens ao seu redor não andam com Cristo.
Nunca uma mulher chegou para mim e disse: “Pastor, não sei o que fazer.”
“Mas qual o problema?”
“Bom, meu marido parou de ficar o dia todo assistindo televisão, acredita nisso? Eu o vi lendo sua Bíblia outro dia. Isso está começando ame deixar insegura. Ele até está investindo mais dinheiro em livros evangélicos e os lendo. E no carro, ele fica falando sobre Deus com as crianças. Queria muito que ele parasse de orar com nossos filhos. O que devo fazer, pastor, já que ele não para de tomar uma decisão bíblica após outra? Não suporto mais isso!”
Não seria bom se essa fosse a realidade?
O que geralmente ouço é o seguinte: “Pastor, meu marido não ora antes das refeições em casa, nem com as crianças; estaria errado se eu fizesse isso no lugar dele?” Outras mulheres me perguntam: “Pastor, meu marido reclama de ter que dar dinheiro para Deus. Eu estaria errada em dar do meu dinheiro a Deus sem a permissão dele, ou Cristo entenderá se eu na der oferta?” Ou, “Pastor, meu marido não fala nada sobre a Bíblia em suas conversas. Se eu fizer isso, estaria errada?”
Onde estão os homens piedosos? Talvez esta seja uma boa ocasião para pararmos e avaliarmos nossa postura. Que tipo de legado estamos deixando?
Kent Hughes contou uma tirinha de Charlie Brown em um de seus comentários. Lino jogou um bastão para Snoopy buscar. O primeiro instinto de Snoopy foi o de correr atrás do bastão e trazê-lo de volta para que Lino jogasse o bastão novamente para Snoopy fazer tudo de novo. Mas dessa vez, Snoopy para de repente de decide não correr atrás do bastão. Ele diz para os leitores: “Quero que as pessoas tenham mais a dizer sobre mim do que simplesmente: ‘Snoopy era um cara legal... ele corria atrás de bastões.’”
Creio que temos em nossas igrejas homens em numero suficiente para começarem uma revolução para transferir um legado espiritual tão claro e verdadeiro e com tanta eficácia, de forma bíblica e fervorosa, a ponto de o mundo jamais ser o mesmo novamente.
As Afeições de um Homem Piedoso
Os cachorros correm atrás de bastões porque a maioria deles possui uma afeição natural para correr atrás desse tipo de coisa. Portanto, quais são as afeições de um homem piedoso?
Apesar de essa mensagem ter como foco primário os homens, as verdades bíblicas podem ser aplicadas sem dificuldades para todos os gêneros e idades. Além disso, será verdade que mulher casada deverá orar para que seu marido viva uma vida piedosa; esse será o tipo de homem que você deve encorajar suas filhas a se casarem; será esse o tipo de homem que você deseja que seu filho se torne.
Nosso objetivo é responder algumas perguntas: “O que um homem piedoso busca em sua vida, anseia, e deseja? Com que tipo de conversa ele se envolve? Como é sua vida?”
A resposta se encontra na segunda sentença de Romanos 1. Pela primeira vez, Paulo começa a escrever com um tom pessoal, usando uma linguagem de intimidade e transparência.
Cerca de um ano atrás, quando lia esse capítulo por causa de nosso futuro estudo no livro de Romanos, escrevi uma palavra na margem desse parágrafo. Foi a palavra “afeição.”
Paulo, talvez até inconsciente, mas pela graça de um Deus inspirador, nos fornece o modelo das afeições de um homem piedoso. Vamos ler os primeiros versos desse parágrafo. Veja Romanos 1.8-12:
Primeiramente, dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé. Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós em todas as minhas orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos. Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados, isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa e minha.
Afeição pelo Próprio Deus
- A primeira afeição de um homem piedoso é a afeição pelo próprio Deus.
Note as palavras de Paulo em Romanos 1.8. Ele revela seu investimento na oração a favor dos crentes romanos e o relacionamento deles com Deus. Na verdade, a oração dele estava baseada na intimidade com Deus e intercessão por meio de Jesus Cristo. Paulo escreve: dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo.
Ele não disse: “Dou graças ao Deus da minha esposa...” ou “Dou graças ao Deus de meus filhos...” ou “Dou graças ao Deus de meus colegas...”.
Não! Ele disse: “Dou graças ao meu Deus.”
O reformador Martinho Lutero disse certa vez que o Cristianismo era a “religião dos pronomes possessivos.”
Qualquer um pode dizer “Deus,” mas apenas os crentes podem proferir as palavras “meu Deus.” O crente piedoso possui um relacionamento vivo, ativo, íntimo, pessoal e possessivo com Deus. Sua maior afeição é Deus. É exatamente por esse motivo que Paulo pode preceder as palavras “meu Deus” com a expressão “dou graças.” E você pode pensar: “Você só pode estar brincando! Esse é o homem que foi apedrejado, surrado, preso, maltratado, passou por um naufrágio, menosprezado e, por fim, preso em Roma onde foi executado.”
O Espírito Santo já havia dito a ele, de acordo com Atos 20.23, que, onde quer que ele fosse, cadeias e aflições o esperariam.
Eventualmente, Paulo passaria um tempo na Prisão Mamertina em Roma. Um comentarista destacou que essa prisão era conectada ao sistema de esgoto da cidade, o qual passava pela porta principal da prisão. Os prisioneiros eram enviados ali para morrer, ou pelas mãos dos guardas, ou por falta de comida. Após a morte de um prisioneiro, os guardas simplesmente inundavam o calabouço com água de esgoto, livrando-se, assim, do cadáver.
Como Paulo pôde dizer, e como pode qualquer homem piedoso ter sempre presente em seus lábios a expressão: “dou graças”? Isso é possível somente quando se pode dizer: “Meu Deus.”
Paulo começa dizendo: dou graças a meu Deus...no tocante a todos vós.
Em outras palavras, “Estou investindo parte de minha vida orando por vocês.” Esse investimento exige vigilância espiritual. Ele exige a disciplina da recusa. Muito provavelmente, você terá que abrir mão de algo a fim de encontrar tempo para orar. Por exemplo, o homem “desigrejado” em média assiste entre duas e três horas de televisão toda noite. Já o homem “igrejado” assiste trinta minutos a menos toda noite.
Pergunte-se a si mesmo: “Quem está orando por minha filha? Quem está orando por meus filhos? Quem está orando por minha igreja? Quem está orando pelo meu país?”
Você jamais terá esse tipo de investimento em sua vida se a única coisa que sabe fazer é correr atrás de bastões. Paulo disse: Primeiramente, dou graças a meu Deus... no tocante a todos vós.
Você consegue imaginar como foi algo significante para os crentes romanos saber que Paulo estava orando por eles? Mas ele fez ainda mais que isso.
Afeição pelo povo de Deus
- Na primeira frase de Romanos 1.8, Paulo revela outra afeição de um homem piedoso: a afeição pelo povo de Deus.
Se orar exige vigilância espiritual, essa afeição exige visão espiritual. Paulo disse a eles:
...dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós..
Você pode pensar: “Espere aí! Nem todos na igreja de Roma mereciam o mesmo nível de aprovação. Com certeza havia também os crentes “em cima do muro” e os crentes que “esquentavam banco.”
Sabemos que Paulo escreveu para uma igreja que estava enfrentando divisões entre judeus e gentios. Que maneira maravilhosa de encorajar unidade ao elogiar todos eles, dizendo, com efeito: “Amo todos igualmente!” Dou graças a Deus... no tocante a todos vós.
Paulo sabia que havia alguns que precisavam crescer. Ele sabia quem eram os líderes; na realidade, ele mencionará determinadas pessoas pelo nome no último capítulo de Romanos, e essas eram as pessoas que estavam conduzindo a igreja. Mas no verso 8, ele graciosamente elogia todos eles e aproveita a oportunidade para louvar o Senhor por eles. É por isso que eu disse que essa afirmação exigia visão espiritual. William Barclay escreveu:
Existem pessoas cujas línguas são afiadas para louvar, e outras línguas são afiadas para criticar. Há pessoas cujos olhos buscam apenas encontrar falhas, existem aquelas cujos olhos buscam descobrir virtudes.
Eu não creio que Paulo estava elogiando cegamente. Sua afeição para com o povo de Deus o levou a se concentrar no potencial deles, não em seus defeitos.
Em seu livro Homem Âncora, Steve Farrar fala sobre o processo de cultivar um tipo caríssimo de bambu. Na Malásia, existe uma espécie muito valiosa de bambu que requer bastante sabedoria e paciência para ser cultivado. No primeiro ano, as sementes são plantadas, aguadas e fertilizadas, mas nada visível ocorre. No segundo ano, as sementes plantadas são cuidadosamente e continuamente aguadas e fertilizadas, mas, novamente, nada visível acontece. No terceiro ano, água e fertilizante são ainda mais necessários; ainda assim, nada visível ocorre. Nos primeiros três anos, não existe absolutamente nenhum indicador claro de que o trabalho terá sucesso. No quarto ano, água e fertilizante ainda precisam ser aplicados na quantidade certa e no tempo adequado, mas, como você já deve imaginar, nada acontece. No quinto ano, de novo, água e fertilizante precisam ser aplicados diligentemente. Daí, o bambu cresce quase trinta metros de altura em apenas trinta dias. Ele não cresce vinte centímetros em trinta dias, nem três metros em trinta dias, mas trinta metros!
Agora, tenho que admitir, o quinto ano deve ser bastante animador, não é verdade? Mas os primeiros nem tanto. Eu, na realidade, não teria interesse em plantar bambu. Talvez seja esse o motivo de correr atrás de bastões ser muito mais interessante – você consegue resultados imediatos. Talvez seja esse o motivo de que passar seu legado aos filhos, ou sala de alunos, ou grupo de estudo bíblico ser menos atrativo – essas coisas exigem tempo.
Paulo disse aos presbíteros e à congregação de Éfeso, conforme registrado em Aos 20.31:
Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.
Um psicólogo crente, na tentativa de determinar quanto tempo pais – a figura paterna – passam em contato com seus filhos jovens, fez uma pesquisa com vários deles. A pergunta que ele fez aos pais foi: “Quanto tempo você passa por dia em média conversando com seus filhos?”
Em média os pais responderam: “Ah, não sei, entre quinze e vinte minutos.”
Daí, com a permissão deles, o psicólogo colocou microfones nas camisas de seus filhos; esses microfones captavam a interação diária de seus filhos e tudo era gravado. Os resultados foram tragicamente surpreendentes. Os pais passavam em média trinta e sete segundos em interação pessoal com seus filhos. Agora, é claro, isso não incluía, “Passa a manteiga,” ou, “Você fez seu dever de casa?” Mas em interação um-a-um, os pais passavam em média trinta e sete segundos por dia!
Você jamais conseguirá passar um legado espiritual em trinta e sete segundos por dia.
Afeição pelos propósitos de Deus
- Terceiro, a afeição do homem piedoso inclui a afeição pelos propósitos de Deus.
As afeições do homem piedoso exigem vigilância espiritual, visão espiritual e, terceiro, valor espiritual.
Paulo escreve na última frase de Romanos 1.8 talvez a frase mais reveladora sobre seu caráter piedoso:
...dou graças a meu Deus...no tocante a todos vós porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé.
Paulo estava dizendo, com efeito: “Tenho orgulho demais de vocês porque vocês ficaram famosos pela sua fé. Todos ouviram falar de sua confiança vibrante em Deus e o compromisso de vocês com Ele.”
Imagine como seria algo significante morar na capital do Império Romano, onde o próprio Nero morava, e nunca dobrar os joelhos para César. A vida por si só já exigia muita fé.
Um escritor atiçou meu pensamento ao relembrar os leitores de que certas igrejas são conhecidas por sua arquitetura suntuosa; outras igrejas são famosas por sue pastor; outras por sua musica; outras são famosas por suas programações; algumas igrejas são conhecidas por sua história; outras são conhecidas porque foram frequentadas por celebridades no passado ou são frequentadas por elas no presente. Mas você consegue imaginar ser famoso ao redor do mundo por causa de sua fé?
Algo que facilmente ignoramos nessa frase é o fato de que Paulo está encorajando os crentes em suas prioridades ao louvá-los pela sua fé. Apesar de ele poder louvá-los por muitos outros motivos, algo que ele fará posteriormente, ele os louva agora pela fé. É como se ele estivesse dizendo: “Essa é a coisa mais importante de todas.”
O que mais impressiona você nas pessoas? O que deixa você mais entusiasmado nas pessoas? O que você mais elogia nas pessoas próximas a você? É o emprego delas, o carro, os títulos, seus contatos, casas, notas?
O homem piedoso, cujas afeições estão direcionadas a Deus, ao povo de Deus e aos propósitos de Deus, fica mais animado com a evidência de que o Espírito Santo está trabalhando nas vidas das pessoas ao seu redor. Sua maior alegria é a demonstração de fé nas vidas dos amados. Aquele que fica feliz com essas coisas está a caminho da piedade.
Recentemente, comprei um livreto que traz uma coletânea de histórias de vários escritores e líderes crentes. O título se chama Obrigado, Papai, por Me Ensinar Bem. Um dos autores compartilhou uma história pessoal sobre dois homens em sua vida que lhe passaram um legado espiritual. Ele diz:
Meu pai cresceu na cidade da Filadélfia no início dos anos de 1900. Com uma família de seis pessoas, ele morava em um apartamento de segundo andar sobre um Salão Evangélico onde as pessoas adoravam. Em 1917, quando meu pai tinha apenas cinco anos de idade, o pai dele estava fazendo o serviço elétrico daquele salão e determinado a terminar o trabalho a tempo do culto no domingo seguinte. Meu avô trabalhou consistentemente desde segunda-feira depois do jantar até quarta-feira à noite quando ele fez uma pausa para o culto de oração da semana. Ele deu continuidade ao serviço no dia seguinte e trabalhou firme até o final de semana. Nas duas últimas noites que trabalhou, ele teve febre alta, mas mesmo assim continuou trabalhando com panos frios enrolados em torno da cabeça. No domingo pela manhã, havia eletricidade no salão... mas ele não pôde ir ao culto ver as luzes funcionando porque estava na cama com gripe severa.
Ele ficou de cama a semana seguinte inteira. Apesar de o médico ter ido cuidar dele, ele piorou. A essa altura, meu avô estava delirando de febre, tossindo e encharcando seus lenços com suor. Em um momento de lucidez, vovô olhou para meu pai, que na época tinha apenas cinco anos de idade, e, com ternura em seu olhar, colocou seus braços ao redor dele e disse as seguintes palavras: “Não chore, calma, Deus está presente em tudo isso.”
Poucos minutos depois, ele morreu. Acelerando a fita para um culto de domingo pela manhã quando eu tinha cinco anos de idade. Cerca de cinquenta pessoas haviam se juntado em um círculo em torno de uma mesa para participar da Ceia do Senhor. No centro da mesa, cobertos com um pano branco, estavam os elementos. Eu estava deitado no chão. Quando meu pai se levantou para orar, olhei para ele. E enquanto o ouvia orar, pensei: “Com quem quer que seja que ele esteja falando neste momento, essa pessoa é mais importante do que todos os demais aqui presentes.”
O maior presente que meus pais me deram foi a consciência de que eu não era a pessoa mais importante em suas vidas. Nem meu irmão. Nem eles mesmos. Ninguém era mais importante para eles do que Deus. Eu aprendi que a vida de cada um é uma história cuja razão é descoberta somente quando essa história se encaixa dentro da história de Deus. Nós não somos a razão final; nenhum de nós é. Deus é. E até que enxerguemos a história de nossas vidas como um enredo dependente desse drama eterno, jamais entenderemos o significado da vida. Eu aprendi essa lição com meu pai quando ele me ensinou o valor de Deus.
Esse é o legado deixado de uma geração para outra. Um homem piedoso que possui afeição profunda e em constante crescimento para com Deus, uma afeição pelo povo de Deus e uma afeição pelos propósitos de Deus, está no processo de passar um legado espiritual, consiga ele ver os sinais de crescimento agora ou não.
E para esse homem, como foi para o apóstolo Paulo, não importa o que aconteça na vida, Deus está presente em tudo, Ele está em tudo!
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 03/12/2000
© Copyright 2000 Stephen Davey
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