Paz!

Paz!

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Paz!

Desembrulhando Presentes Perfeitos—Parte 1

Romanos 5.1

Introdução—Paz em Nossos Dias?

Um dicionário define a palavra “paz” como, “a condição existente quando nações ou outros grupos não estão em conflito; o término de um estado de guerra.”

Essa é uma boa definição e uma que jamais experimentamos no planeta Terra. Um autor escreveu que a única vez em que a humanidade desfruta de algum tipo de paz é quando os dois lados param para recarregar.

Gerry Adams, o presidente de um dos partidos políticos da Irlanda, estava certo ao dizer: “Promover a paz, eu descobri, é muito mais difícil do que promover a guerra.”

Logo após a Primeira Guerra Mundial, a comunidade mundial ficou tão chocada com a carnificina da guerra que, em 1919, o mundo formou a Liga das Nações a fim de garantir que aquilo jamais aconteceria novamente. Mas essa liga fracassou, já que Adolf Hitler provocou outra guerra. Após a Segunda Guerra Mundial, na década de 1940, as Nações Unidas foram formadas a fim de manter a paz mundial, algo que ela também não tem conseguido realizar.

Até mesmo em nossos dias, os jornais nos informam sobre bombas nucleares na Coréia do Norte e tanques de guerra e mísseis em constante movimentação no Oriente Médio.

Paz nos Dias de Paulo?

Será que as coisas eram diferentes nos dias de Paulo? Não. O mundo também ansiava por paz. O coração do povo se alegrou sobremaneira quando o imperador romano César Augusto instituiu a Pax Romana, ou a “Paz de Roma.”

Quando Paulo ditou a carta aos Romanos, escrita para crentes que viviam na capital do império na Itália, a Pax Romana já havia estado em existência por noventa anos. Contudo, ela também findaria de forma sanguinária, uma vez que um imperador romano após outro matava seus rivais e fazia guerra nas fronteiras.

O profeta Jeremias, em seu tempo, expressou o problema muito bem. No capítulo 6, verso 14, e no capítulo 8, verso 11, ele diz que os homens dizem: Paz, paz, mas não há paz.

Acho irônico que o mesmo imperador que criou a Pax Romana foi o mesmo César Augusto que exigiu um censo mundial, o que levou o jovem casal José e Maria a se registrar em Belém. Lá, sob as ordens de Augusto, que antes havia instituído o jantar da paz e as ofertas de paz, Maria daria à luz ao Príncipe da Paz.

A única esperança que o mundo tinha de ter paz dependia do Império Romano, mas, no plano de Deus, a única esperança de paz estava em uma manjedoura. A primeira música entoada pelo exército celestial por ocasião do nascimento do Príncipe, conforme registrado em Lucas 2.14, dizia: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra aos homens a quem ele quer bem.

O mundo nunca conseguiu conquistar a paz, mas Deus acaba de anunciá-la. Deus será aquele a conceder a paz. Acontece que a paz é um de Seus mais preciosos presentes.

Paz: Um Presente Perfeito de Deus Somente

Aqueles que creem no Príncipe da Paz recebem o presente perfeito da paz. Na verdade, o Pai dá vários presentes àqueles que confiam em Seu Filho.

O presente da paz

Ao começarmos nossa jornada pelo capítulo 5 de Romanos, o primeiro presente que Paulo nos revela é o presente da paz.

Veja o que Paulo escreve em Romanos 5.1: Justificados, pois, mediante a fé.

Gostaria de começar chamando sua atenção ao conectivo “pois.” Esse já é a quinta conjunção dessa classe na carta de Paulo. Cada vez em que ocorre, Paulo resume alguma grande verdade e segue adiante para outro ponto em sua declaração lógica, clara e inspirada a respeito da ruína do homem e do remédio de Deus.

Nos capítulos 1 a 3, Paulo explicou um pouco sobre o coração pecaminoso da humanidade e sua necessidade de redenção. No capítulo 4, Paulo ilustrou a salvação como uma questão da graça e não das obras por meio da vida de Abraão.

Todavia, Paulo não deseja apenas explicar o contexto da justificação ou simplesmente explorar uma biografia da justificação. Ele também busca examinar as bênçãos decorrentes da justificação.

Então, no capítulo 5, ele começa escrevendo usando esse conectivo “pois.” Em outras palavras, com base naquilo que eu já expliquei e naquilo que acabamos de explorar, existe agora algo para experimentarmos.

Paulo escreve:

Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;

Gostaria de destacar dois pontos relevantes a respeito do presente perfeito da paz:

  • primeiro, paz com Deus é algo absolutamente de graça;
  • segundo, paz com Deus é um fato absoluto.
  • Primeiro, a paz com Deus é algo absolutamente de graça.

Paulo escreve: Justificados, pois, mediante a fé.

Talvez você ainda se lembre que Paulo escreveu no capítulo 3, versos 23 e 24:

pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,

Novamente, no verso 28:

Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.

Também em Romanos 4.5:

Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.

Esse presente é de graça!

Sinceramente, o motivo por que a humanidade deseja conquistar seu caminho ao céu é porque pensa que pode. Não é porque o ser humano não gosta de receber coisas de graça, mas é porque ele pensa que não precisa ser de graça. Os homens acham que precisam ganhar seus pontos para que Deus um dia diga a eles: “Rapaz, eu estava esperando por você. O céu está muito melhor agora que você chegou. Mas agora que uma pessoa especial como você chegou, o céu se tornou um lugar realmente interessante.”

A humanidade não acha que é tal má assim. A verdade é que a raça humana preferiria que nunca lhe fosse dito que o céu tem que ser de graça porque se não ninguém jamais entraria lá por merecer. E, com certeza, o homem não quer ouvir que, segundo a Bíblia, ele é um inimigo de Deus. Paulo já explicou nessa carta aos Romanos de que existe inimizade entre Deus e o homem. Existe, de fato, um estado de guerra.

Cada pecado na vida do descrente nesta terra é um míssil disparado contra a santidade do céu. Cada pensamento maligno é outra carga de munição apontada contra a justiça de Deus. Cada perversão e imoralidade é uma manobra ofensiva contra a pureza de Cristo. É por isso que Jesus Cristo pôde vir e declarar em João 3.18 que a humanidade já está condenada, que os homens se encontram em sérios problemas com Deus.

Paulo escreveu em Romanos 8.5-7:

Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus…

O termo traduzido como “inimizade” é “echthra,” que poderiam também ser traduzido como “odioso.” Em outras palavras, a mente e o coração do descrente é inimiga e odiosa e está em inimizade contra Deus.

Um pouco antes, Paulo havia pregado aos atenienses e lhes disse que, um dia, Deus julgaria o mundo. Ele disse a eles em Atos 17.30-31:

…Deus…notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo…

Não existe neutralidade. Ou você é amigo de Deus ou é inimigo de Deus.

Agora, espere um segundo. Se você perguntar a uma pessoa na rua se ela se considera uma inimiga de Deus, ela dirá: “Claro que não!” Se você perguntar a um descrente: “Você odeia Deus?” A resposta será: “Claro que não odeio Deus!”

Mas daí, se você descrever para essa pessoa o Deus da Bíblia como um Juiz Santo e justo que um dia enviará o descrente para o inferno, ele então irá odiar Deus.

Se você falar sobre Deus em termos gerais, você é até bem visto. Contudo, se você for mais específico e falar sobre o Filho de Deus, Jesus Cristo, como o Deus encarnado diante do qual o mundo um dia estará para prestar contas de suas ações, você será ridicularizado como um crente intolerante e teimoso.

A humanidade diz que é amiga de Deus, mas o Deus do qual são amigos é um que eles inventaram com suas próprias imaginações e especulações. Se você descrever a eles o Deus revelado na Bíblia, eles internamente irão odiar esse Deus e talvez até mesmo externamente odiar você. Em sua hostilidade para com Deus e Seu presente livre da salvação, os pecadores tragicamente perdem o privilégio, deixam de receber uma grande bênção e nunca desembrulham o presente da paz.

Recentemente, eu li o testemunho de Jacob Koshy. Jacob cresceu em Cingapura. Sua grande ambição era ter sucesso na vida, conseguir todo o dinheiro e posses que pudesse. Isso eventualmente o levou ao mundo das drogas e vício em jogos, e ele acabou se tornando um líder internacional de uma rede de contrabando. Em 1980, ele foi pego, preso e colocado em uma prisão de reabilitação de drogados em Cingapura.

Frustrado e amargurado, preso em uma cela pequena, o coração de Jacob se enchei de ódio e vazio. Ele queria fumar, mas cigarros eram proibidos dentro da prisão. Mas seus amigos conseguiam contrabandear tabaco para dentro da prisão e ele usava páginas de uma Bíblia dos Gideões para enrolar o tabaco e fumar. Um dia, ele dormiu enquanto fumava. Ele acordou para descobrir que o cigarro tinha acabado e tudo o que tinha sobrado era o resto de um papel queimado. Ele desenrolou e o verso era: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”

Jacob pediu por outra Bíblia e leu a história da conversão de Saulo de Tarso. Ele então percebeu que, se Deus pôde salvar um inimigo como Saulo, Deus poderia salvá-lo também. Ali mesmo em sua cela, ele se ajoelhou, pedindo a Deus por salvação e perdão. Ele começou a chorar e não conseguia mais parar. Deus o redimiu.

Jacob começou a compartilhar sua história com os demais encarcerados e alguns deles creram em Cristo também. Quando ele foi liberado da prisão, ele se envolveu com uma igreja fiel e conheceu e se casou com uma mulher crente. Hoje, ele serve como missionário no Extremo Oriente. Onde quer que ele vai, ele diz às pessoas: “Quem poderia imaginar que eu encontraria a verdade de Deus enquanto fumava a Palavra de Deus!”

Um inimigo de Deus se tornou um amigo de Deus e encontrou paz com Deus. Conforme Paulo escreveu em Romanos 5.1: Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus.

Paz com Deus é algo absolutamente de graça.

  • Contudo, paz é mais do que isso. Paz com Deus é não somente algo absolutamente de graça, mas é também um fato absoluto.

Veja novamente o que Paulo escreveu: Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus.

Ele não disse: “Posteriormente teremos paz…” ou, “Estamos trabalhando por isso…”.

Não! Paulo disse: “Temos paz!”

O tempo do verbo grego indica que isso é um fato estabelecido já. Você não cresce em sua paz com Deus. Você não faz seu caminho para ter paz com Deus. Não é um processo contínuo, mas é algo que você recebe no momento em que entrega seu coração a Deus e diz a Ele: “Ó Deus, sou um pecador e dependo totalmente de Teu Filho para me salvar e perdoar.” Nesse momento em sua vida, você é justificado.

Paulo declara: Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus.

Agora, não confunda paz com Deus com outro tipo de paz que a Bíblia menciona. Existe também a paz de Deus.

A paz de Deus é um estado de paz na mente que vem quando você coloca suas ansiedades dentro da vontade de Deus. Paulo escreveu sobre a paz de Deus em Filipenses 4.6-7:

Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.

A paz de Deus é um sentimento interior, uma paz de mente e de coração.

Em Romanos 5, Paulo não está falando sobre uma fé subjetiva interior, mas sobre uma paz exterior e objetiva. Ele não está falando sobre a paz de Deus; ele está falando sobre a paz com Deus.

O motivo por que eu estou dedicando certa atenção a isso é porque um descrente pode dizer a você que ele sente paz. Ele pode dizer que experimenta, em determinados momentos, uma paz em sua mente. Talvez ele esteja envolvido com alguma meditação transcendental ou yoga, ou ele se senta à beira de um lago ao entardecer, ou lê Dalai Lama e se sente em paz. Ele pode até dizer que é uma paz dada por Deus.

Você já pensou alguma vez que é possível para um descrente, em determinadas ocasiões, experimentar mais sentimentos de paz do que um crente? Contudo, isso faz parte do engano do descrente. Sua paz é temporária e o conduz ao erro.

Alva J. McClain ilustrou esse assunto da seguinte maneira:

Se um homem infringe a lei e foge para outro país, existe entre ele e seu governo um estado de inimizade. Não importa quão tranquilo [ou em paz] esse homem esteja em seu país de refúgio, ele não possui paz com seu próprio país. E, se ele retorna ao seu país de origem, o governo irá imediatamente iniciar um processo contra ele.

Da mesma maneira, o descrente pode dizer que sente tranquilidade e paz na terra. Quando ele desembarcar no seu destino eterno, contudo, a lei da santa justiça de Deus irá imediatamente iniciar um processo contra ele.

Paz com Deus não é um sentimento temporário, mas um fato eterno. A inimizade entre você e Deus é removida eternamente por meio do sacrifício de Cristo.

Como Colossenses 1.20 nos diz: havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz. Paz com Deus é algo absolutamente de graça! Paz com Deus é um fato absoluto!

Rações ao presente da paz

Existem duas reações possíveis a Romanos 5.1.

  • Se você é descrente, você pode receber o presente da paz; você pode receber o evangelho!

Podemos rechear nossas vidas com o que quisermos, mas jamais encontraremos paz duradoura com Deus.

H. G. Wells resumiu, certa vez, a frustração da humanidade por causa da falta de paz ao escrever:

Chegou a hora de eu reorganizar minha vida, minha paz. Eu clamo. [Parece] que não consigo ajustar minha vida para assegurar uma paz frutífera. Aqui estou eu com 64 anos de idade ainda em busca da paz. Esse é um sonho perdido.

Meu amigo, você só pode ter paz com Deus quando aceita o Filho de Deus. Você não pode simplesmente ignorar o Príncipe da Paz e esperar poder desembrulhar o presente da paz. Por que?

Em seu comentário em Romanos, John MacArthur repetiu uma ilustração de Donald Grey Barnhouse sobre o grande missionário David Livingstone. Depois de haver passado vários anos entre o povo Zulu na África do Sul, David foi com sua esposa e filhos para o interior para servir ao Senhor. Quando retornou, ele descobriu que uma tribo inimiga tinha atacado os Zulu, matando muitas pessoas e levando o filho do cacique refém. O cacique Zulu não queria guerrear contra a outra tribo, mas perguntou sinceramente a David Livingstone: “Como posso estar em paz com eles se eles estão tratando meu filho dessa forma?” Se essa atitude é verdadeira no coração do cacique de uma tribo, quanto mais é ela verdadeira no coração de Deus o Pai para com aqueles que pisaram em Seu Filho, que consideram o sangue da aliança uma coisa impura e desprezam o Espírito da graça!

É verdade—você não pode rejeitar o Filho de Deus e ter paz com Deus. Se você é um descrente, receba o Filho como sue tratado de paz e receba de Deus o Pai o eterno e perfeito presente da paz! Se você é um descrente, aceite o evangelho!

  • Se você é crente, você já aceitou o evangelho; então, você deve proclamá-lo!

Você sabia que a palavra “evangelho” originalmente veio do contexto de guerra e paz? Ela foi inicialmente utilizada como uma mensagem de vitória em batalha que um mensageiro proclamava ao povo.

Eu e você recebemos o incrível privilégio de proclamar as boas-novas da vitória de Cristo sobre a morte e a sepultura.

Entretanto, ainda tem mais! Em 2 Coríntios 5.20, Paulo nos dá uma descrição de serviço que é bastante singular—somos agentes de Deus. Ele escreve:

De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.

Larry Richards disse que a maioria dos crentes lê essas palavras a partir de nosso entendimento moderno de embaixador. Eles pensam em embaixador como alguém que representa uma boa vontade entre dois países. Mas esse não foi o conceito que Paulo tinha em mente aqui. Em Roma, um embaixador era um mensageiro enviado de um exército vitorioso para aquele que estava prestes a ser derrotado. O embaixador trazia consigo termos de submissão e, caso o exército derrotado aceitasse aqueles termos, o exército conquistador garantiria a eles paz e os deixaria viver.

Algo parecido aconteceu com Colin Powell, um antigo general e secretário de estado dos Estados Unidos. Ele foi enviado com uma comitiva ao Haiti em 1994. A mensagem de Colin Powell ao ditador haitiano era a de uma destruição iminente. Ele informou o ditador que, se ele não concordasse com os termos dos Estados Unidos de paz, uma invasão aconteceria imediatamente. Na realidade, a força de invasão já estava pronta e, pela palavra do presidente, grande destruição dependia da resposta desse homem aos termos levados por Colin Powell.

É isso o que significa ser um embaixador de Cristo. Destruição é iminente, mas Deus está oferecendo termos de paz.

Eu, como embaixador de Deus, imploro a você, da parte de Cristo, que baixe sua guarda; entregue-se a Ele. Quando você se entregar, Ele o deixará viver com os exércitos vitoriosos do céu! Entregue-se a Ele e Ele o salvará e muito mais!

Para começar, Ele deixará você desembrulhar o presente perfeito da paz.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 12/01/2003

© Copyright 2003 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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