
Santos Vivos
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A Verdade do Evangelho – Parte 6
Romanos 1.6–7
Introdução
Gostaria de ler uma parábola que alguém recentemente me enviou.
Era uma vez um pastor cuidando de suas ovelhas à beira de uma estrada rural. Um jipe novinho m folha freou bruscamente próximo ao pastor. O motorista, um homem vestido em um terno de marca, usando sapatos caros e bem engraxados, um relógio grande no pulso e óculos escuros, perguntou ao pastor: “É o seguinte, se eu conseguir adivinhar quantas ovelhas você tem, você me dá uma delas?”
O pastor deu uma olhada no homem, olhou para seu campo vasto cheio de ovelhas e respondeu: “Está bem.”
Aquele jovem executivo estacionou seu jipe na estrada, conectou seu laptop a um modem sem fio, entrou na internet e visitou a página da NASA. Daí, ele escaneou o campo com um GPS, abriu o banco de dados e imprimiu uma folha com o relatório em sua mini impressora. Então, ele se virou para o pastor de ovelhas e disse: “Você possui exatamente 1586 ovelhas em seu rebanho.”
O pastor respondeu: “Você acertou! Nossa, pode ficar com uma de minhas ovelhas.”
O jovem executivo tomou um dos animais e o colocou na carroceria de seu jipe. O pastor então gritou e disse: “Ei, antes de você ir embora, se eu adivinhar sua profissão, você me devolve a ovelha?”
O executivo sorriu e disse: “Claro, vai em frente e tente.”
O pastor disse: “Você é um consultor.”
O homem disse: “Você acertou. Mas como você sabia?”
O pastor respondeu: “Muito simples. Primeiro, você veio até aqui sem ser chamado. Segundo, você me desafiou para me dizer algo que eu já sabia. Terceiro, você não entende nada de meus negócios; e, por favor, gostaria de ter meu cachorro de volta.”
Revisão
Em nosso estudo anterior, descobrimos que é possível para pessoas de boa aparência, que soam espiritualmente sadias, que possuem todas as parafernálias da religião, no fundo, não saberem a diferença entre fé genuína e fé enganosa. Ou, para colocarmos nas palavras dessa parábola, essas pessoas não sabem a diferença entre um cachorro e uma ovelha.
Ainda mais trágico, elas estão viajando pela estrada da vida crendo que fizeram as malas com artigos genuínos quando, na verdade, foram enganadas. E o engano é em grande escala. Na verdade, é tão vasto que nós descobrimos um momento no futuro, conforme Mateus 7, quando massas de pessoas religiosas se colocarão diante de Jesus Cristo somente para receber um julgamento inesperado. Essas pessoas realizaram milagres, curas, profecias e fizeram tudo isso no nome de Senhor Jesus; contudo, naquele momento, o verso 2 nos informa que Jesus, o grande Juiz, dirá a elas: nunca vos conheci.
Nesse grupo estarão pastores e professores de Escola Dominical, evangelistas e diáconos, operadores de milagres e curandeiros famosos, líderes de estudos bíblicos e chefes de denominações. Esse grupo incluirá pessoas que você jamais imaginou terem sido enganadas, mas que, naquele momento, ficarão face a face com Jesus e com a realidade do engano.
Por esse motivo, Paulo mandou que a família espiritual da igreja examine-se a si mesmo para ver se estão de fato na fé a fim de que não sejam reprovadas no teste. Também foi por esse motivo que Pedro desafiou os membros da igreja a confirmarem o chamado e a eleição deles, dizendo em 2 Pedro 1.10: irmãos, confirmai vossa vocação e eleição.
Sinceramente, eu acredito que o desejo e submissão a esse tipo de avaliação é uma prova de fé genuína, assim como outras coisas. De fato, o mundo nunca recebeu a ordem de avaliar sua fé; a pessoa que diz crer em Cristo é que precisa examinar sua fé.
Faça a si mesmo algumas perguntas difíceis:
- Será que existe em mim uma afeição interna por Cristo?
- Será que existe em mim alguma vergonha interna pelo pecado mais simples?
- Será que existe em mim submissão às coisas de Cristo motivada não pelo orgulho, dinheiro, aplauso, promessa de bênçãos ou conforto, mas simplesmente pela busca fervorosa de agradar, obedecer e honrar meu Senhor com meu coração e minha vida?
Você pode dizer: “Mas esse tipo de exame não acabará gerando dúvidas?”
Se feito em oração e com as Escrituras como guia e tendo o Espírito de Deus como o avaliador, esse tipo de exame não produzirá dúvida, mas profundidade na fé. Sua fé não será minada, mas aprofundada.
Paulo se referiu à fé profunda em Romanos 1.5 como fé obediente, dizendo:
por intermédio de quem viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a obediência por fé, entre todos os gentios,
Obediência e fé nesse verso devem ser vistos como sinônimos de um crente verdadeiro. Essa é a fé que trabalha. Como dissemos: “Fé salvífica vem independente de obras; mas fé salvífica e genuína produzirá obras.”
Agora, pela primeira vez na declaração de Paulo sobre a verdade do evangelho, ele se dirige aos leitores dessa carta de Romanos de forma pessoal. Veja o capítulo 1, versos 6 e 7:
de cujo número sois também vós, chamados para serdes de Jesus Cristo. A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Chamados para Pertencer – “serdes de Jesus Cristo”
É impossível não notar a repetição de uma palavra usada três vezes nos sete primeiros versos de Romanos pelo apóstolo Paulo:
- No vero 1, já vimos que Paulo informa os leitores que ele foi chamado para ser um apóstolo;
- No verso 6, ele diz que somos chamados para ser de Jesus Cristo;
- E no verso 7, ele diz que somos chamados para ser santos.
Com isso, captamos a ideia de que esse termo “chamados” é uma palavra-chave para comunicar volumes de verdade. A igreja é um ajuntamento de pecadores redimidos separados do mundo para pertencer a Deus por meio de Jesus Cristo.
Deus está no processo de chamar aqueles que serão salvos e, então, formar a partir deles o corpo de Cristo. A descrição de Paulo nesses versos é a de que eles são literalmente chamados para pertencer a Cristo Jesus.
A ideia é a de posse. Poderíamos ler a declaração de Paulo no verso 6 de forma a enfatizar a natureza de posse, lendo da seguinte maneira: “Os que são de Jesus Cristo.”
De quem você é filho? Como crente, somos filhos de Deus, irmãos adotivos de Jesus Cristo. E temos seu nome, “cristãos.” Da mesma forma como meus filhos possuem meu sobrenome porque são minha posteridade, nós também possuímos o nome de cristãos porque somos filhos de Deus.
De forma parecida, você é chamado de mineiro, paraense ou paraibano, dependendo de qual estado você nasceu. Você também é chamado de brasileiro porque nasceu no Brasil. Como cidadão brasileiro, você possui certos direitos, privilégios e responsabilidades. Você é catarinense porque nasceu no estado de Santa Catarina; você é goiano porque nasceu em Goiás; e você é cristão porque nasceu de novo em Cristo. E como um regenerado em Cristo, sua cidadania é outra, conforme Paulo escreveu em Filipenses 3.20:
Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
E ele também escreveu em Efésios 2.19: sois concidadãos dos santos.
Sinceramente, creio que quanto mais cientes estamos de nossa cidadania no céu, melhores seremos como cidadãos desta terra. Quanto mais comprometidos estivermos com nossas responsabilidades como cidadãos da cidade celestial, mais responsáveis seremos como cidadãos de nossa cidade terrena.
Em outras palavras, Paulo está dizendo: “Somos chamados para ser posse pessoal de Jesus Cristo.” É isso que significa ser “crente” ou “cristão.”
Um escritor que li recentemente comentou sobre sua conversão durante seu primeiro ano na faculdade. Ele e um colega foram expostos ao evangelho uma noite e, como resultado, ambos “aceitaram a Cristo.” Para esse autor, a vida nunca mais seria a mesma. Seu colega, todavia, desceu de seu quarto na manhã seguinte e disse: “Que coisa mais maluca foi aquela que fizemos ontem à noite. Acho que eu fiquei empolgado demais. Você promete que não dirá nada a ninguém sobre aquilo?”
Aquele amigo tinha apenas ouvido o convite do pregador. Esse escritor, contudo, tinha ouvido a chamada eficaz de Cristo. E essa chamada produziu nele fé verdadeira para crer e fez dele um novo homem. Agora, ele pertencia a Cristo Jesus como sua posse particular.
Chamados para Ser Amados – “amados de Deus”
Somos não somente chamados para pertencer a Cristo, mas Paulo continua dizendo em Romanos 1.7 que os verdadeiros crentes são: amados de Deus.
A palavra “amados” é um termo especial reservado apenas para os filhos de Deus. Apesar de Deus possuir um amor genérico para com todo o mundo, e apesar de Deus ter um amor sustentador até mesmo para com Seus inimigos, de forma que manda a chuva sobre as plantações e o mesmo sol do qual Seus filhos desfrutam os inimigos também desfrutam, esse termo é singular e usado apenas para a posse preciosa de Deus.
Talvez você se lembre que a primeira vez que essa palavra aparece no Novo Testamento é quando Jesus inicia Seu ministério público. O Pai falou do céu, conforme registrado em Mateus 3.17: Este é o meu filho amado, em quem me comprazo.
Você sabe o que significa ser amado de Deus? Você pensa em si mesmo dessa maneira? Ah, como seria bom se deixássemos essa verdade invadir nossos corações. Somos posse especial de Deus e Ele nos ama profunda, eterna, fiel, atenta, deliberada e infinitamente. Você é um amado de Deus.
A frase seguinte é carregada de significado para o crente. Veja o verso 7 novamente: A todos os amados de Deus, que estais em Roma.
Essa é outra maneira de dizer: “Deus sabe exatamente onde você mora.” Nós não passamos de alguma despercebidos por Deus. Nós não mudamos para outro local no momento em que Deus não estava prestando atenção de forma que, agora, Ele não pode mais nos encontrar. Se houve um grupo de crentes que ficou se perguntando se Deus por acaso sabia onde eles moravam, esse grupo era o dos romanos. A essa altura, nem o apóstolo Paulo, nem outro apóstolo qualquer, os tinha visitado ainda. A igreja dos romanos não foi plantada por uma delegação oficial de irmãos. Na verdade, pelo que sabemos, a igreja começou com um grupo de crentes que voltou de Jerusalém após o Pentecostes, o mesmo Pentecostes no qual Pedro pregou seu primeiro sermão e três mil pessoas se converteram. Atos 2.10 nos conta que havia visitantes romanos em Jerusalém. Evidentemente, eles se converteram dentre os três mil e voltaram a Roma, formando aquela igreja primitiva.
Que cidade terrível para se tentar começar uma igreja. Essa era Roma, Itália. Esse era o lar dos poderosos; o lar de Nero. Também era a “cidade pecado;” ou, como muitos historiadores chamam, um “poço de iniquidade.” Essa era a cidade dos gladiadores e dos viciados em jogos; esse era o lar da prostituição religiosa e da superstição; essa era a cidade na qual dez mil pessoas se juntavam no Coliseu para assistir a corridas de carruagens. Roma era, de fato, um poço de perdição no primeiro século.
Como que a igreja em Roma conquistaria o coração da humanidade? E como era fácil de ficar desencorajado na sua busca pela santidade na cidade de Roma. Quantas tentações; que lugar apropriado para um crente fracassar na fé. Seria fácil de se pensar: “Com certeza, Deus não se importa tanto conosco aqui em Roma da mesma forma como Ele se importa com as igrejas de Antioquia e Jerusalém.”
Você já parou para pensar que Deus nunca escreveu uma carta especificamente à igreja de Jerusalém? Por outro lado, Ele escreveu, através de Seu servo Paulo, uma carta especialmente para os crentes que viviam em Roma. Deus não queria que eles esquecessem que Ele estava ciente não somente de quem eles eram, mas também de onde eles estavam.
Nossa! A carta aos Romanos é uma carta bastante pessoal vinda do coração de Deus. E logo no princípio da carta, Deus os chama de amados!
Chamados para Ser Santos – “chamados para serdes santos”
Existe ainda mais um chamado. Eles foram chamados para pertencer a Jesus Cristo; eles foram chamados de amados de Deus; e no verso 7, Paulo escreve que eles foram: chamados para serdes santos.
O termo grego para “santos” nesse verso é “hagios.” A tradução latina de “hagios” é “sanctus,” de onde derivamos nosso termo “santo.”
Agora, nossas traduções geralmente trazem uma adição feita pelos tradutores a fim de esclarecer melhor o texto. Contudo, essa adição acaba obscurecendo o impacto da verdade que Paulo desejou transmitir. Apesar de nosso texto trazer “chamados para serdes santos,” Paulo escreveu somente “chamados santos.”
Existe uma grande diferença entre ser chamado para se tornar santo e ser apenas chamado de santo. Ser chamado para se tornar santo é um objetivo a ser alcançado; ser chamado de santo é uma posição que alguém já possui. Se Deus nos chamasse para nos tornar santos, então teríamos que nos esforçar o máximo possível.
A Igreja Católica Romana ensina que a santidade precisa ser conquistada, mas apenas um grupo seleto de pessoas consegue. Se você quiser se tornar um santo, a primeira coisa que você teria que fazer era morrer e ficar morto por uns cento e cinquenta anos. Daí, alguém que está vivo submete um pedido às autoridades eclesiásticas para que você se torne um santo. Enquanto isso, você está sofrendo no purgatório, pagando a penalidade pelos tempos em que você ainda não era tão “santinho.” Finalmente, a igreja concorda em analisar seu caso e designa um comitê conhecido como “avocatus diaboli,” ou o “advogado do diabo.”
Todas as evidências da sua vida dos tempos em que você não era santo são coletadas, bem como evidências de milagres ou curas efetuadas por suas mãos, em seu túmulo ou por meio de alguma relíquia que pertencia a você. Daí, ocorre um julgamento no qual ambas as partes apresentam suas evidências. Se as evidências de santidade ultrapassam as evidências de pecaminosidade, então, a maior autoridade eclesiástica o declara um santo. Você, imediatamente, é retirado do purgatório e introduzido no paraíso, onde recebe as orações das pessoas que ainda estão na terra.
Contudo, existe um problema com todo esse processo; e é o seguinte: nada disso é bíblico. Não existe nem sequer um verso nas Escrituras para apoiar esse ensino. Na verdade, a Bíblia geralmente se refere ao crente como alguém ainda vivo. Paulo escreveu aos crentes:
- Em Efésios 1.1: “...aos santos que vivem em Éfeso...”;
- Em Filipenses 1.1: “...a todos os santos em Cristo Jesus... que vivem em Filipos...”;
- E novamente, em Colossenses 1.2: “...aos santos... que se encontram em Colossos.”
Nessa época, essas pessoas estavam muito vivas!
Santidade Posicional
De acordo com a Bíblia, santidade não é o alvo do crente, mas a posição de cada crente.
Nossa posição no passado
Essa tem sido nossa posição desde tempos passados. Paulo escreveu em Efésios 1.4:
assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele…
Nosso benefício no presente
Também essa é nossa posição presente, o que traz consigo muitos benefícios. Paulo menciona um desses benefícios em Romanos 8.27:
…ele [ o Espírito] intercede pelos santos.
Se não fôssemos santos, não poderíamos reivindicar a promessa da intercessão do Espírito em nosso favor.
Nossa promessa para o futuro
Existem promessas passadas, presentes e futuras relacionadas ao fato de sermos santos aqui e agora.
Deus nunca chega a um pecador e diz que ele precisa alcançar a santidade. Não, Ele nos retira do lamaçal do pecado e diz: “Agora você é um dos meus santos.”
Como Ele pode nos chamar de santos? Ele pode dizer isso, amigos, não porque eu e você temos justiça intrínseca ou porque temos realizado obras justas, mas porque temos a justiça de Cristo depositada em nossa conta bancaria falida. Romanos 5.17 nos diz:
Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
A única diferença entre um santo e um pecador é o Salvador e o presente da justificação. Essa é um a verdade bíblica a respeito de nossa posição.
Agora, a palavra “hagios,” traduzida como “santo,” significa “separado.” Ser um santo de Deus significa que você é “separado para Deus.”
Nós usamos essa mesma palavra, “santo,” em outro contexto em nossa cultura. Nós unimos as palavras “santo” e “matrimônio” e chamamos o casamento de “santo matrimônio.” E a cerimônia de casamento é uma cerimônia que separa a noiva e o noivo um para o outro.
A cerimônia do santo matrimônio não muda o caráter e a personalidade da noiva ou do noivo. Na verdade, várias semanas após o casamento, eles descobrirão que as coisas serão melhores para eles se eles mudarem em muitos aspectos. Todavia, algo aconteceu a eles durante a cerimônia do santo matrimônio que foi imediata. O caráter deles não mudou; a personalidade deles não mudou – essas coisas levarão a vida inteira para serem trabalhadas; mas a posição deles mudou.
Eles entraram no corredor da igreja como duas pessoas independentes que poderiam pertencer a qualquer outra pessoa; eles voltaram pelo mesmo corredor pertencendo um ao outro. Eles entraram como dois indivíduos solteiros e saíram de lá como um casal casado, presos um ao outro tanto legal como moralmente.
Quando você se converteu, você imediatamente se tornou a noiva de Cristo; noiva dEle somente. E apesar de o Senhor transformar seu coração e seu caráter no decorrer dos anos de sua vida, sua posição muda instantaneamente – agora você pertence a Ele.
Relevância Prática
Agora, essa verdade posicional possui uma relevância prática.
Eu me lembro que, quando era criança, todas as vezes que eu saía para brincar com meu amigos, meus pais me diziam: “Não se esqueça de seu nome.” O que meus pais estava me dizendo era que meu comportamento deveria ser coerente com minha posição.
Nós lemos o mesmo desafio na Bíblia. Paulo escreveu em Efésios 5.3:
Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos;
Em outras palavras, apesar de você não ser santo porque vive em santidade, você deve viver em santidade por ser santo. Como crente, nosso dever é o de buscar a santidade porque já somos santos de Deus.
O mesmo pensamento ocorre em Gálatas 5.25:
Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
Em Efésios 4.22 e 24, Paulo também escreveu:
no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano… e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.
Pedro escreveu em 1 Pedro 1.14 a 16:
Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.
Ou seja, viva conforme seu nome!
Você pode dizer: “Esse é um padrão alto demais!”
E é verdade. E Deus não baixa o padrão; Ele capacita o crente.
Um artigo de jornal trouxe uma reportagem sobre a Secretaria de Educação da cidade de São Francisco, no estado da Califórnia, Estados Unidos. Os membros da secretaria se reuniram recentemente e descobriram que aproximadamente um dentre cada três alunos do último ano do ensino médio não se formaria dentro do prazo por não alcançarem os padrões ou exigências estipulados pela secretaria para se formarem. Então, o que a Secretaria de Educação fez imediatamente? O comitê baixou o nível das exigências para formatura.
Sinceramente, eu já espero que o sistema do mundo baixe seus padrões para um nível mais alcançável a fim de facilitar para as pessoas. Com certeza, nossa cultura parece acreditar que dentre os pecados mais sérios no mundo está o da baixa autoestima que surge com o fracasso.
Eu, entretanto, fico mais preocupado quando a igreja age da mesma maneira. Recentemente, um artigo chamou minha atenção. Ele dizia:
Reconhecendo que muitos casais que se divorciam sofrem com o sentimento de culpa por causa do fim do casamento, um bispo em Hanover, Alemanha, diz que chegou a hora de a igreja interferir para ajudar mais as pessoas a lidarem com a dor. Margo Kiesman, uma bispa da igreja protestante alemã, sugeriu hoje que as igrejas criem uma cerimônia religiosa especial de fim de casamento. “Muitas pessoas têm problemas com a consciência após o divórcio; uma cerimônia de separação os ajudaria muito a lidar com a situação, bem como os filhos,”disse a bispa a um jornal local da Alemanha. Kiesman sugeriu que a família inteira se reúna na igreja para renunciar os votos de casamento.
A verdade é que, às vezes, santos se divorciam; às vezes, santos fracassam em seus estudos no ensino médio; às vezes, santos cometem muitos pecados. Contudo, o padrão bíblico de vida para os santos não muda para melhor acomodar os pecados dos santos. O padrão não é rebaixado para que eu e você nos sintamos melhor diante de nossos fracassos.
A marca de um santo verdadeiro, na verdade, é o reconhecimento do pecado e uma confissão total do pecado ao Salvador. A marca de um santo genuíno é que ele fica perturbado com seus atos pecaminosos, motivos pecaminosos e coração pecaminoso. Ele se entristece profundamente todas as vezes em que ele não vive em harmonia com seu título de santo.
Santos hoje estão no processo de descobrir que, se viver a vida de santidade fosse algo fácil de fazer com nossas próprias forças, jamais dependeríamos do Espírito Santo; jamais precisaríamos substituir nossa fraqueza pelo poder de Cristo; jamais precisaríamos da direção e sabedoria do Pai. A Palavra de Deus seria apenas um manual que olharíamos de vez em quando. Quem iria precisar da Bíblia?
Mas o oposto é verdadeiro, não é? A pessoa que busca a santidade e a atitude que coloca suas afeições nas coisas do alto descobre que viver como santo é não somente difícil, mas impossível. Se deixados sozinhos, jamais saberíamos a diferença entre um cachorro e uma ovelha!
Os padrões de motivo santo, afeição santa, pensamento santo e vida santa são impossíveis de ser experimentados, a não ser que, primeiro, tenhamos sido chamados para pertencer a Cristo (porque, sem Ele, nada podemos fazer); segundo, descansarmos no fato de que somos profundamente amados por Deus (doutra sorte, nossos esforços são frios e indiferentes); e terceiro, reconhecermos nossa posição de santos, separados para Deus. Então, desejaremos nada mais que vidas de acordo com nosso nome. Nós somos:
- Chamados para pertencer a Cristo!
- Chamados de amados de Deus!
- Chamados de santos – e viver uma vida santa!
Portanto, ao sair no mundo, não se esqueça a Quem você pertence; não se esqueça Quem o ama profundamente; e não se esqueça qual é o seu nome, para a glória de Deus.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 05/11/2000
© Copyright 2000 Stephen Davey
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