O Memorial de Madeira

O Memorial de Madeira

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

O Memorial de Madeira

Sola Fide: Justificação Pela Fé Somente–Parte 3

Romanos 3.24–25

Introdução

Memoriais são comuns na vida da humanidade, independente de cultura. Vários dos memoriais incluem:

  • A nação de Israel honra os mortos com um Dia Memorial;
  • A Grã-Bretanha recuperou documentos antigos que revelam cerimônias memoriais pelos guerreiros Vikings que haviam morrido;
  • Até aos dias de hoje, a França celebra o Dia da Bastilha, comemorando a revolução civil que ocorreu no país;
  • Duas pedras de Jelling, que são duas pilastras cobertas em inscrições, foram encontradas na Suécia. Elas foram construídas pelo último rei do país para honrar a sua esposa, a rainha Thyra.

Pedras memoriais, eventos memoriais, cerimônias memoriais, prédios memoriais, estátuas e museus revelam a natureza do coração humano ao redor do mundo para relembrar de seus heróis.

Se você tem o desejo e dinheiro suficiente, você pode se tornar membro do Registro Internacional das Estrelas e dar a alguma estrela o seu próprio nome ou o nome de alguém que você ama que já morreu. Dentre outras coisas, você recebe uma foto em uma moldura da constelação com a sua estrela circulada em vermelho, uma data de dedicação e as coordenadas da estrela para observá-la com um telescópio. Pelo fato de os nomes dessas estrelas terem direitos reservados, gerações futuras podem identificar o nome da estrela em um catálogo e localizar exatamente a estrela lá no céu que você nomeou com seu nome ou de um ente querido. Desde 1979, centenas de milhares de estrelas foram nomeadas por celebridades, dignitários e outros indivíduos ao redor do mundo. Que maneira interessante de se lembrar de alguém!

Mas uma coisa é verdade, quanto maior o herói, mais incrivelmente belo é o seu memorial.

O Memorial de Cristo: A Cruz

Entretanto, para o crente, o memorial de Cristo, o herói de nossa salvação, não é um monumento de pedra, nem uma bela construção de mármore com colunas enormes, mas um monte chamado Gólgota. O memorial de nosso evangelho e a imagem de nossa libertação é uma cruz de madeira na qual o Senhor Jesus foi pendurado.

O apóstolo Paulo escreve com grande fervor em Gálatas 6.14: Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.

Geralmente, quando você vai a um memorial, você vê inscrições relacionadas ao evento ou pessoa homenageada. Cada memorial traz consigo uma mensagem. Da mesma maneira, de acordo com o apóstolo Paulo em Romanos 3, descobrimos que, na cruz, também existe uma mensagem; e essa mensagem é um brado de declaração de liberdade. A cruz de Jesus Cristo é um memorial para pelo menos duas verdades doutrinárias importantes. Essas verdades são vistas em palavras que foram quase esquecidas, ou pelo menos não entendidas.

Existem duas palavras que Deus pretendeu comunicar e quis que fossem relembradas na cruz para sempre. Abra sua Bíblia em Romanos 3. Vamos começar nosso estudo olhando novamente o verso 23, onde paramos anteriormente, e daí continuar para os versos 24 e 25. Romanos 3.23-25 diz:

pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;

A cruz é um memorial eterno de pelo menos duas coisas. Você poderia circular as duas palavras nesses versos: “redenção” e “propiciação.”

Redenção

Paulo escreve na última parte do verso 24: mediante a redenção que há em Cristo Jesus. Um autor escreveu que essa frase poderia muito bem representar o tema do tema inteiro do livro de Romanos.

A palavra “redenção” vem da raiz grega “lutron,” que significa, “pagar o preço para libertar um prisioneiro.” Ela era usada para se referir ao preço pago para redimir um escravo e libertá-lo de suas cadeias e algemas.

Em Gálatas 5.1, Paulo exclama em louvor: Cristo nos libertou. Novamente, em Gálatas 5.13, Paulo escreve:

Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.

Jesus Cristo havia antes prometido, conforme registrado em João 8.32: conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

Você será libertado da culpa do pecado; livre da escravidão ao pecado; livre da condenação eterna do pecado; livre, por fim, da presença do pecado.

No Antigo Testamento, o equivalente hebraico para o grego “lutron” é “ga’al,” que significa, “redimir.” O substantivo é “g’ullah,” traduzido como, “parente-resgatador.”

Existe uma história de romance maravilhosa que tem sido a mais vendida por muitos anos. É uma história de amor sobre uma mulher que perde seu marido para a doença, perde tudo o que ela tinha e é levada a pedir e esmolar em um país estranho para poder sobreviver. Daí, um dia, ela conhece o “Príncipe Encantado.” Ele é um homem rico, dono de terras que arrebata o coração dessa mulher, casa-se com ela e eles vivem felizes para sempre. O nome desse romance é, O Livro de Rute, e o nome do príncipe encantado é Boaz.

Segundo a Lei do Antigo Testamento, se alguém perdesse sua terra por débito ou morte, um parente poderia comprar a propriedade e posses de volta. Esse parente era chamado de “g’ullah,” ou “redentor;” ele era o “parente-resgatador.”

Boaz era um parente do sogro de Rute. Ele poderia seguir a Lei judaica e redimir as propriedades dele—incluindo Rute.

As estipulações da Lei para um parente-resgatador eram:

  • ele tinha que ser um parente da família;
  • ele tinha que estar disposto a redimir; e
  • ele tinha que possuir meios financeiros para pagar o preço de redenção.

Que figura perfeita de nosso Redentor, Jesus Cristo! Ele cumpriu essas três exigências da seguinte forma:

  • Ele se tornou um parente da humanidade ao nascer em forma humana;
  • Ele estava disposto a redimir a humanidade; e pelo fato de Ele ser Deus,
  • Ele possuía os meios para pagar o eterno preço de redenção pelos nosso pecados.

A cruz é um memorial ao nosso Parente-Resgatador. Ele nos comprou da escravidão quando éramos mendigos miseráveis.

Aqueles que são redimidos por Ele, tornam-se Sua noiva. Um dia, haverá uma apresentação dessa noiva e a recepção de casamento é chamado de “as bodas do Cordeiro.” Será uma recepção de casamento com um grande banquete; será um banquete caro que estou uma fortuna a alguém. E uma coisa é certa: após as bodas do Cordeiro, iremos viver felizes para sempre no lar que o Noivo preparou para nós.

Propiciação

Bom, isso é apenas um pouco do significado da palavra “redenção.” Agora, Paulo continua em Romanos 3.25. Note o que ele diz: a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação.

“Propiciação” é um termo que não usamos com muita frequência. Contudo, de acordo com esse texto, a cruz é não somente um memorial de nossa redenção, mas um memorial público da propiciação.

“Propiciação” é uma palavra que significa simplesmente, “satisfação.” Ela se refere ao sacrifício que resiste às maiores demandas da santidade de Deus. O termo grego é, “hilasmos,” que se refere ao sacrifício que satisfaz a ira de Deus.

Essa palavra ocorre novamente em 1 João 2.2, que nos diz:

E ele é a propiciação pelos nosso pecados; e não somente pelos nossos, mas ainda pelos do mundo inteiro.

João usou esse termo outra vez em 1 João 4.10, onde ele escreveu:

Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.

O motivo por que propiciação é algo praticamente esquecido é simplesmente porque nos esquecemos que Deus é santo e justo, que Ele odeia o pecado e que Ele um dia irá julgar toda a humanidade, pois nenhum pecado é capaz de satisfazer as santas exigências de Deus.

Portanto, a humanidade inventou religiões para tentar distrair Deus; religiões para tentar ganhar a simpatia de Deus com boas obras, batismos, membresia de igreja e um pouco de dinheiro também. Deus é tão amoroso que ficamos conhecidos de que essas coisas O deixarão satisfeito e compraram nossa entrada no céu. Já nos convencemos de que chegaremos lá e Ele olhará para nós naquele dia e dirá: “Ah, Eu sei quem você é! Você fez tantas coisas maravilhosas na sua vida. Pode entrar!”

Meu amigo, não entendemos propiciação mais porque não entendemos a necessidade da propiciação. E não entendemos a necessidade de propiciação porque carecemos de entendimento a respeito do caráter de Deus.

Lembre-se, Paulo começa a carta aos Romanos apresentando no capítulo 1, verso 18: A ira de Deus.

Em 2 Tessalonicenses 1.7-8, Paulo se refere ao julgamento futuro, dizendo:

e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.

Você conhece a Deus? Você tem certeza que, quando o assunto é o seu pecado, a ira de Deus e o julgamento de Deus jamais serão derramados sobre você? Você tem certeza que conhece a Deus?

Em Hebreus 10.27, nós lemos:

pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.

Um pouco mais adiante, em Hebreus 12.29, o autor chama Deus de um fogo consumidor.

A maioria das pessoas pensa em Deus como uma lareira aconchegante ou uma luz de vela mística, não um fogo consumidor! A verdade é que você não é capaz de fazer nada para desviar a ira tremenda de Deus de sua direção. Você pode tentar de todas as maneiras, mas você jamais satisfará o fogo consumidor da santidade de Deus.

As religiões do mundo servem comida em bandejas para seus deuses verem; elas queimam incenso aos seus deuses enfurecidos; elas fazem todo o tipo de coisa para tentar apaziguar seus deuses irados. Essas religiões chegam perto da verdade, uma vez que o pecado existe, a humanidade se encontra em sérios problemas e, intuitivamente, os pecados sabem que algum ser espiritual supremo está furioso com os pecados deles!

Todavia, ao mesmo tempo, essas religiões estão muito distantes da verdade. O único Deus verdadeiro, que está, de fato, furioso com o pecado, já forneceu o sacrifício para pagar pela penalidade do pecado.

Aí está a necessidade e significado do sangue de Cristo se tornar a nossa propiciação. Isso significa que Jesus Cristo foi o sacrifício que resistiu, até o fim, a ira de Deus e satisfez a ira santa de Deus o Pai contra a humanidade pecadora.

Você alguma vez já parou para pensar que o Cristianismo é a única religião na qua seu Deus, que estava irado, ficou totalmente satisfeito com uma oferta que Ele mesmo providenciou? Conforme João 3.16 diz:

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça (ou experimente a ira de Deus), mas tenha a vida eterna.

Meu amigo, a cruz de Cristo é um monumento não somente da redenção do crente, mas também da satisfação de Deus. O fogo da ira santa de Deus já queimou contra Cristo e ele jamais irá queimar novamente.

Não consigo pensar em uma maneira melhor de ilustrar propiciação do que com a seguinte história.

Jamais me esquecerei da história que li sobre um incêndio que devastou uma campina. Esse fogo acabou com a plantação, com as casas e destruiu tudo em sua frente. Uma família viu a fumaça de longe e sabia que jamais conseguiria vencer o fogo. Não havia lugar algum onde se poderiam se esconder.

Então, o pai correu e pegou um pedaço de lenha de dentro da lareira. Daí, ele começou um fogo no lado deles da plantação, sabendo que logo tudo seria queimado. Ele ateou fogo em toda a área ao redor deles e o vento conduziu aquele fogo em direção à plantação onde o incêndio já estava queimando. Daí, ele e sua família andaram com a carroça pelo campo queimado. Pararam ali e esperaram. Alguns momentos depois, a grande parede de fogo que vinha na direção de suas casas se aproximou da beirada do campo próxima a eles. Com pouquíssima coisa para consumir, o fogo diminuiu e queimou pouca coisa ao redor do campo que o fazendeiro já havia antes queimado. Daí, as labaredas cresceram novamente do outro lado do campo e o fogo continuou queimando, deixando o fazendeiro e sua família para trás.

Eles estavam seguros. Por que? Porque eles estavam em um chão que já havia sido queimado. Aquele solo, no qual se encontravam, foi a propiciação deles. Ele já tinha sido queimado, satisfazendo as demandas do fogo e, assim, não poderia ser queimado novamente.

Você sabe por que nunca terá que encarar a ira de Deus em julgamento ardente? Porque você está em Cristo—Ele é a sua propiciação. A ira de Deus já queimou contra Ele e o fogo de Deus jamais irá queimá-lO novamente.

Note o verso 25: a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a .

Aqui está a palavra “fé” novamente. Nós já nos encontramos com ela em Romanos 3. Nós nos aproximamos de Cristo, o nossa redenção e propiciação, não pelas obras, mas mediante a fé. Meu amigo, você ou terá que enfrentar a ira do fogo de Deus, ou você exerce a sola fide, a fé somente em Cristo após perceber que você não possui nada em si mesmo para saciar o fogo do santo julgamento de Deus. Ao invés disso, você coloca sua fé em Cristo e, já que Ele já resistiu a ira de Deus ao seu favor, agora você se encontra seguro para sempre nEle, a sua propiciação.

Não é algo incrível que o memorial dessas grandes verdades não é um memorial de mármore com colunas gregas ou pilastras erigidas e inscritas com inscrições reais? Nosso memorial é feito de madeira e manchado com o sangue real do Deus Filho. Naquela cruz de madeira foi pendurado o Filho de Deus, o Redentor de todo aquele que crê; a satisfação da santa justiça de Deus.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 26/05/2002

© Copyright 2002 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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