A Culpa da Humanidade  vs. A Glória de Deus

A Culpa da Humanidade vs. A Glória de Deus

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

A Culpa da Humanidade
vs.
A Glória de Deus

A Depravação do Homem e A Libertação de Deus–Parte 2

Romanos 3.10–12

 

Introdução

Em 1984, um time profissional de basquete americano chamado Dallas Mavericks jogou contra um outro time famoso, o Los Angeles Lakers. Esse jogo era de grande importância, pois o perdedor seria desqualificado da competição e perderia a chance de conquistar o campeonato nacional. O mais fraco dos dois times era o Dallas, mas eles lutaram muito durante o jogo inteiro. Restavam apenas seis segundos de jogo e o Dallas tinha a posse de bola. Um dos jogadores do time era responsável por manter a contagem dos pontos e, por algum motivo estranho, ele achou que seu time estivesse vencendo por um ponto. Daí, quando ele recebeu a bola perto do garrafão, ao invés de arremessar e converter mais pontos, ele apenas correu e driblou o seu adversário. Quando a sirene soou marcando o final do jogo, ele começou a pular, celebrando a vitória de seu time.

Ele celebrou… pelo menos até que seus companheiros de equipe correram até ele, gritando e dizendo que o jogo estava, na verdade, empatado e que ele havia desperdiçado a chance de marcar dois pontos num arremesso final. Acabou que tiveram que jogar a prorrogação e eles perderam por uma diferença de sete pontos.

Minutos antes, esse jogador de basquete estava celebrando—e ele teria até que continuado com grande alegria, mas alguém veio e lhe contou a verdade.

Por vários séculos, os judeus tinham celebrado sua posição vitoriosa como filhos de Abraão. Eles acreditavam que tinham vantagem sobre o resto do mundo—os gentios—e achavam que estavam ganhando o jogo.

Em Romanos 3, contudo, o apóstolo Paulo acaba de trazer notícias devastadoras. Vamos nos reunir a Paulo no verso 9, onde ele anuncia essa notícia atordoante.

Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado;

Duas Declarações Terríveis

Se você der uma olhada mais profunda nesse verso, descobrirá que Paulo faz duas declarações terríveis aqui.

O Veredito de uma Depravação Universal

  • Primeiro, Paulo pronuncia o veredito da depravação universal.

…pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos (e aqui está a palavra-chave: “todos”) estão debaixo do pecado;

Ninguém está isento desse veredito. Ninguém tem vantagem nesse jogo. Ou seja, nenhum judeu nem gentio tem motivo para celebrar. A verdade é que todos são culpados de violar a Lei e, portanto, todos se encontram em profundos problemas com um Deus santo e justo.

É claro, o mundo não aprecia muito essa mensagem. Vários anos atrás, um livro foi publicado com o título, Está Tudo Bem Comigo, Está Tudo Bem com Você. Ele basicamente ensinava o típico humanismo de nossos dias: a humanidade pode até ter alguns problemas, mas, no fim, todos ficarão bem porque todos estão bem.

O que os descrentes gostariam muito seria se os crentes parassem de dizer a eles: “Nada está bem. Você não tem motivo nenhum para celebração. Você se encontra em sérios problemas com Deus, o santo Juiz.”

É exatamente isso o que Paulo faz nesses versos. Ele declara: “Toda a humanidade é culpada de uma depravação universal. Ninguém está ‘bem.’”

Eventualmente, Paulo ainda adicionará: “Porque todos pecaram—todos—e estão separados da glória de Deus, da perfeição e santidade de Deus.”

 

Quatorze acusações contra a raça humana

Daí, nos próximos versos, Paulo apresentará quatorze acusações contra a raça humana; quatorze evidências, ou expressões, da depravação da humanidade.

A condição maligna da humanidade

  • Nos versos 10–12, Paulo descreve a condição maligna da humanidade:

O verso 10: como está escrito: Não há justo, nem um sequer.

O verso 11: Não há quem entenda, não há quem busque a Deus.

O verso 12: não há quem faça o bem.

A comunicação maligna da humanidade

  • Os versos 13 e 14 descrevem a comunicação maligna da humanidade:

O verso 13 diz: A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios.

O verso 14: a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura.

O caos maligno da humanidade

  • Os versos 15 a 19 descrevem o caos maligno da humanidade:

O verso 15: seus pés são velozes para derramar sangue.

O verso 16: nos seus caminhos, há destruição e miséria.

Verso 17: desconheceram o caminho da paz.

Verso 18: Não há temor de Deus diante de seus olhos.

Verso 19:  Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus.

Não é surpresa alguma que a humanidade deseja se livrar da Lei de Deus—ela condena os pecadores com o padrão objetivo de uma santidade que eles são incapazes de seguir.

Uma vez que os pecadores ignoram a Lei de Deus, Deus é desonrado; pais são desonrados; relacionamentos são desonrados. O caráter da humanidade está destruído.

Um comentarista bíblico mencionou em seu livro uma pesquisa que foi feita com pessoas aleatórias. A pergunta era: “O que você está disposto a fazer para ganhar um milhão de dólares?” A pesquisa revelou que:

  • vinte e cinco por cento abandonariam suas famílias;
  • vinte e três por cento se entregariam à prostituição por pelo menos uma semana; e
  • sete por cento matariam um estranho.

Imagine isto: em um grupo de cem pessoas em um shopping, sete delas matariam você se ganhassem a soma certa de dinheiro para isso. Uma pessoa de quatro estaria disposta a deixar a família por dinheiro; outras abandonariam valores morais pelo dinheiro; e outras até cometeriam homicídio.

Essa pesquisa ainda descobriu que noventa e um por cento dos entrevistados mentem com frequência, tanto em casa como no trabalho. Mentir tem se tornado cada vez mais o estilo de vida comum que até mesmo em posições de liderança, a honestidade tem se tornado exceção.

Um senador americano escreveu uma oração e a leu na abertura de uma das sessões do senado. Ele orou dizendo:

Pai onisciente, ajude-nos a saber quem está dizendo a verdade; um lado diz uma coisa e o outro lado diz o contrário. E se nenhum dos lados está dizendo a verdade, também gostaríamos de saber. E se ambos os lados estiverem dizendo metade da verdade, dá-nos a sabedoria necessária para juntarmos as duas metades. Em nome de Jesus, amém.

Olhe novamente o verso 9. Paulo pronunciou o veredito universal de culpa—todos estão debaixo do pecado. Podemos chamar esse pronunciamento de depravação universal.

“Depravação” é uma palavra que simplesmente significa, “pervertido, arruinado, pecaminoso, degenerado.” Depravação é uma “perversão perniciosa.”

Ninguém está isento; ninguém tem motivo para festejar; todos se encontram em problemas sérios com Deus.

Já conheci muitas pessoas em minha vida que admitiram não serem perfeitas: “Bom, não sou uma pessoa perfeita…,” mas são raras as pessoas que dizem: “Sou depravado. Admito isso. Sou perverso e mau.”

Contudo, esse é o veredito que Paulo apresenta.

A Evidência do Domínio Universal

  • Paulo declara no verso 9 não somente um veredito de culpa universal, mas também um segundo veredito, que a evidência de um domínio universal.

Paulo escreve no verso 9: todos…estão debaixo do pecado.

Agora, existe uma palavra que está desaparecendo de nosso vocabulário. É a palavra “pecado.” Simplesmente dizer essa palavra já causa arrepios e náusea em muitos. E o motivo por que não gostamos de dizer essa palavra é porque ela não nos deixa nenhuma saída; ela nos associa à atividade da serpente. Faremos de tudo, menos admitir: “Pequei!”

Donald Grey Barnhouse comentou nesse texto em 1953 e descreveu o homem como o ser que:

…se coloca diante de Deus como um garoto que jura com lágrimas nos olhos que ele nem sequer chegou perto do pote de doce e, com aquele ar de inocência revoltada, implora a justiça de sua posição, completamente alheio ao fato de que uma colher cheia de doce caiu em sua camisa [logo] abaixo de seu queixo e está totalmente visível a [todos], menos a si mesmo.

A propósito, quero relembrá-lo de que essa é a primeira vez no livro de Romanos em que a parece a palavra “pecado.” Com certeza, Paulo falou sobre pecado nos dois primeiros capítulos de Romanos; ele descreveu graficamente o comportamento e pensamento pecaminosos. Entretanto, agora, pela primeira vez nesta carta, a palavra “pecado” ocorre. É o termo grego, “hamartia,” que significa, “errar o alvo.” O alvo é a santidade de Deus e Paulo afirma que todos erraram o alvo.

Todavia, o mundo insiste que não pecou. O mundo diz que cometeu alguns erros e julgou de forma errada, “escorregou” em algumas áreas, fez um erro de cálculo, foi infeliz em algumas coisas… mas não pecado! Então, a humanidade culpada simplesmente substitui a palavra “pecado” por uma variedade de palavras mais confortáveis.

Em um de seus livros, John MacArthur explica que o pecado e a culpa se tornaram o inimigo público número um. Ele escreve:

Nesses dias, tudo o que existe de errado com a humanidade é explicado como doença, vício, resultado de alguma deficiência pré-existente. Todo o tipo de imoralidade e conduta maligna são identificados agora como sintomas de [alguma] desordem. A cultura moderna criou um novo evangelho—o homem não é pecador, mas uma vítima.

Deixe-me ilustrar isso de algumas formas que evidenciam a mudança na forma de pensar.

Um homem levou um tiro e ficou paralisado enquanto cometia um roubo na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos. Daí, ele processou o dono da loja que atirou nele. Seu advogado disse ao júri que esse homem havia sido, primeiro, uma vítima da sociedade que o conduziu à criminalidade por causa de desvantagens econômicas. Daí, o advogado disse que seu cliente era uma vítima da falta de sensibilidade do dono da loja que atirou nele. Por causa da desconsideração insensível do dono da loja para com a situação deplorável do bandido como uma vítima, agora o criminoso ficaria confinado a uma cadeira de rodas pelo resto de sua vida. E ele merecia uma retificação. O júri concordou e o dono da loja teve que pagar uma grande indenização ao criminoso.

Um agente do FBI foi pego após haver desviado dois mil dólares de seu escritório e, daí, gastou tudo em jogo numa única tarde em um cassino. Posteriormente, ele processou o FBI, argumentando que seu vício em jogos era uma deficiência e, portanto, sua demissão foi um ato de discriminação. E ele ganhou o caso!

Outro escritor adicionou que o “vitimismo” tem infectado nossa cultura de tal forma que se pode dizer que a vítima se tornou a mascote de nossa sociedade moderna.

Paulo, contudo, não se refere à humanidade como vítima, mas pecadores. Na verdade, ele ainda diz mais do que isso. Note a palavra “debaixo” no verso 9: todos…estão debaixo do pecado.

Ele não está nem dizendo que todos os judeus e gentios são pecadores, mas que estão debaixo do pecado. Isso, é claro, os torna pecadores.

Mas o que ele quer dizer com debaixo do pecado?

O termo traduzido como “debaixo” é o grego “hypo,” também utilizada para se referir a “estar debaixo do poder, da autoridade de algo ou alguém.” Ela é usada em Mateus 8.9, quando o centurião romano diz ao Senhor: tenho soldados às minhas ordens.

Literalmente, ele disse: “tenho soldados debaixo de mim,” significando, “tenho soldados debaixo de meu comando.”

Esse termo também era bastante usado em escritos gregos para se referir a um aluno debaixo de seu mestre; ou seja, um aluno debaixo da direção e autoridade de seu instrutor.

Então, Paulo diz, com efeito: “Toda a humanidade está debaixo da autoridade, do comando e do domínio do pecado.”

João escreveu em 1 João 5.19: o mundo inteiro jaz no maligno.

Em outras palavras, todo o mundo não redimido estão dominado, debaixo do controle, debaixo da autoridade do maligno e do pecado.

Anteriormente, Jesus já havia anunciado essa mesma verdade em uma de Suas mensagens aos líderes judeus. Abra sua Bíblia em João 8.34: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado.

Jesus diz: “Aqui está a verdade absoluta—em verdade, em verdade eu digo a vocês: porque vocês cometeram pecado, vocês comprovam que pertencem ao pecado. Vocês não são livres, mas são escravos de sua natureza pecaminosa.” Daí, Jesus ilustra a condição da humanidade no verso 35: O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre.

O que Ele quer dizer comigo? Bom, lembre-se que o Senhor, conforme lemos no verso 31, está se dirigindo a uma plateia de judeus. Eles achavam que eram os donos da casa do Pai, a casa de Abraão. Mas Cristo os informa que eles são meros servos na casa, não os donos. Deixe-me dar outra ilustração.

Quando eu era aluno de mestrado, fiz muito trabalho de meio-expediente. Um desses trabalhos foi como um office boy numa imobiliária. Numa tarde, cheguei ao escritório depois das aulas e o presidente da companhia me chamou, me deu as chaves do seu carro e disse: “Quero que você leve o meu carro para a concessionária para fazer alguns serviços nele.”

Agora, o carro dele era uma Mercedes Sport novinha – uma conversível branca com detalhes azuis. Eu tinha visto o anúncio para uma Mercedes daquela e, na época, ela custava mais de duzentos mil reais! Entrei no carro todo animado, sentei no banco do motorista, orando, “Senhor, não posso pagar nenhum arranhão nesse carro. Por favor, pare o trânsito para eu poder ir e voltar sem nenhum incidente.”

Saí do estacionamento e entrei, cuidadosamente, na via principal. Daí, notei algo – enquanto eu dirigia, as pessoas olhavam para mim – cobiçando o carro. Parei no sinal vermelho e as pessoas nos carros ao lado ficaram olhando para o carro e depois para mim. Então, eu me arrumei no banco, ajeitei o retrovisor, peguei o telefone embutido do carro. Já estava me acostumando!

Agora, o meu chefe também havia me pedido para encher o tanque de gasolina. Então, eu procurei um posto bem movimentado, cheio de gente! Achei um, entrei e saí do carro. O cara do meu lado disse: “Uau, que carrão, hein!”

Eu disse: “Obrigado!”

Ele perguntou: “Há quanto tempo você tem ele?”

Respondi: “Uns dez minutos. Não é meu; é do meu patrão!”

Ele disse: “Ah, pfffffff!”

Foi divertido por alguns instantes agir como se o carro fosse meu ou que eu deveria estar atrás daquele volante. Mas, a verdade era bem diferente das aparências – eu era um servo contratado; um office boy que não era dono nem de um centímetro daquele carro.

Nesse texto de João, bem como em Romanos 3, os líderes judeus estavam andando com um sorrisinho espiritual no rosto, agindo como se fossem os donos da casa de Deus. Então, Jesus disse que eles não eram filhos espirituais, mas escravos: “escravo do pecado.”

Em outras palavras, mesmo que o servo contratado more na casa de seu mestre, ele ainda não é parte da família; ele não é um filho; ele jamais irá herdar nem sequer uma centímetro da casa do seu senhor.

Com efeito, Paulo diz à humanidade, tanto judeus como gentios: “Tire esse sorriso da cara. Vocês não têm motivo algum para agirem com arrogância ou ficarem orgulhosos; vocês não têm motivo algum para celebrar; vocês não ganharam nada; vocês se esqueceram de olhar o placar.”

A verdade é que vocês vão perder. Por que? Porque toda a humanidade é pecadora e culpada e está debaixo da força poderosa e domínio do pecado.

Qual é a evidência, Paulo? Como você sabe disso?

Nos versos seguintes de Romanos 3, Paulo começa a declarar quatorze acusações contra a raça humana ao descrever a depravação do homem e, por fim, o livramento de Deus.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 03/02/2002

© Copyright 2002 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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