Pecados no Nome de Deus

Pecados no Nome de Deus

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Pecados no Nome de Deus

A Depravação do Homem e A Libertação de Deus–Parte 1

Romanos 3.3–9

 

Introdução

Haddon Robinson escreveu sobre o relógio mais complexo do mundo que fica no centro da cidade de Copenhague, capital da Dinamarca. Levou quarenta anos para ser construído, e custou mais de um milhão de dólares. O relógio tem dez faces diferentes e quinta mil peças. Ele calcula a hora do dia, os dias da semana, os meses, os anos e os movimentos dos planetas por dois mil e quinhentos anos. A coisa mais intrigante, de acordo com Robinson, é que o relógio ainda não é perfeitamente preciso. Ele perde dois quintos de um segundo a cada trezentos anos. Assim como todos os relógios feitos por mãos humanas, essa obra de arte em Copenhague precisa ser ajustada pelo relógio mais preciso que a humanidade conhece: o próprio universo. Esse relógio astronômico feito pelas mãos de Deus, contendo bilhões de peças em movimento, desde átomos a estrelas, marca o tempo com total exatidão e jamais perdeu sequer um quinto de um segundo. Os movimentos desse relógio são tão exatos que todos os relógios na terra são ajustados de acordo com ele.1

O mundo criado por Deus é o padrão do tempo. De forma parecida, a Palavra inspirada de Deus é o padrão para toda a vida. Em qualquer geração, o certo e o errado são conferidos de acordo com a Santa Palavra de Deus. A própria vida pode ser medida pelo cânon, a vara de medir, das Santas Escrituras.

O apóstolo Paulo declarou à nação judaica em Romanos 3.1-2 que o maior privilégio dos judeus é o fato de eles serem os recipientes das santas palavras de Deus.

Todavia, Paulo explicou nos versos anteriores que, apesar de os judeus terem recebido a Palavra de Deus, eles não estão isentos de obedecê-la. Apesar de serem filhos de Abraão, os judeus não estão isentos da penalidade da Lei.

Gosto da maneira como um comentarista ilustrou esse ponto. Ele contou a história de um jovem de vinte e um anos de idade, filho de um embaixador europeu nos Estados Unidos. Esse jovem estava constantemente se metendo em problemas com a lei. Numa ocasião, ele atropelou e matou uma mulher com seu carro. Ele foi acusado de homicídio, mas quando ele reivindicou imunidade diplomática e provou que seu pai era embaixador, as acusações foram retiradas. Dentro dos dois anos seguintes, ele foi preso mais quatro vezes, mas, em cada uma das ocasiões, ele apelou para sua imunidade diplomática e foi liberado. Pelo fato de seu pai ser um embaixador, ele não poderia ser condenado em um tribunal dos Estados Unidos por seus crimes.

Paulo pronunciou o veredito de culpado para as pessoas que achavam que, no fim, estavam protegidas em virtude de sue filiação —por serem filhos de Abraão. Eles eram filhos de Abraão, filhos e filhas da aliança; portanto, mesmo que culpados de pecado, eles poderiam requisitar imunidade espiritual e as acusações seriam retiradas.2

O apóstolo Paulo traz notícias chocantes e atordoantes: o imoral, o moralista e o religioso — cujo exemplo é visto perfeitamente na vida do judeu —são igualmente culpados. Não importava quem fossem seus pais. A questão é pessoal, no coração —e todos possuem um coração culpado.

Eventualmente, Paulo irá resumir seu veredito ao declarar em Romanos 3.23: Porque todos pecaram e carecem da glória de Deus. Mas Paulo ainda não terminou, nem nós.

Três Objeções ao Evangelho

Em Romanos 3.7-9, o apóstolo prevê e menciona mais três objeções interessantes ao evangelho e as coloca em forma de pergunta. Vamos dar uma olhada nessas perguntas.

Se Deus vai julgar os judeus, isso significa que Ele não está cumprindo Sua aliança com eles e, portanto, está quebrando Sua palavra?

  • A primeira pergunta é: se Deus vai julgar os judeus, isso significa que Ele não está cumprindo Sua aliança com eles e, portanto, está quebrando Sua palavra?

Note Romanos 3.3:

E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus?

Você poderia ampliar essa tradução nesse contexto para ler da seguinte maneira: “O que você está dizendo, então? Se alguns judeus são infiéis em sua crença, a fidelidade deles irá anular a aliança de Deus com Seu povo fiel?”

Em outras palavras, se Deus nos julga, então Ele se torna infiel às Suas promessas. Ele deve ter mentido ao dizer: “Vós sois meu povo e jamais os abandonarei!”

E essa é uma boa pergunta. Será que Deus cancelou Sua aliança com Israel porque eles não creram que Jesus era o Messias? Será que Ele restaurará o trono de Davi e a terra aos judeus e estabelecerá Seu reino da terra como prometeu por meio de Seus profetas? Será que promessa de Zacarias 12.10 se cumprirá? Zacarias profetizou que Deus um dia:

E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram…

Isso ainda não aconteceu e nem pode acontecer com a igreja. Nós não somos a casa de Davi e não somos os habitantes de Jerusalém.

Então, o judeu está perguntando a Paulo: “Veja bem, se vamos ser julgados por Deus, então Deus não deve estar cumprindo a Sua palavra. O que Ele irá fazer com a promessa de Zacarias e muitas outras? E o que dizer da aliança de Deus conosco?”

Deixe-me fazer uma pausa longa o suficiente para proferir umas palavras a esse respeito. Iremos tratar do assunto mais detalhadamente em Romanos 11, onde Paulo pergunta no verso 1: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo?

E Paulo responde essa pergunta.

Você pode se perguntar: “Os judeus de todos os tempos estão salvos? O homem e a mulher judeus precisam ser salvos pela fé em Cristo hoje? Ou será que sua aliança especial com Deus cancela sua necessidade de fé em Cristo?”

Essa foi exatamente a confusão revelada em Romanos 3.3. Paulo já disse antes, no capítulo 2, que o judeu não entrará no céu simplesmente por ser descendente de Abraão. Herança na terra não tem nada a ver com um lar no céu.

Então, a pergunta permanece: “Se os judeus hoje podem ser lançados no inferno juntamente com os gentios, então será que Deus está lançando fora Sua promessa de restaurar Israel?”

Deixe-me responder essa pergunta dizendo primeiro que precisamos entender a diferença entre a futura salvação nacional do povo judeu e a salvação presente do indivíduo judeu.

A salvação nacional de Israel no futuro é diferente da salvação presente de um judeu. Apesar de Deus no futuro restaurar a terra, o trono e o reino de Israel, a salvação pessoal de cada judeu no presente ou na atual dispensarão exige fé Naquele que foi traspassado.

Assim como o gentio, o judeu precisa ser salvo hoje pela fé em Cristo. E esse é o ensino de Paulo em Romanos 3.9:

Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado;

Veja os versos 21 e 22:

Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção,

O que “…não há distinção” significa? Significa que não existe um plano de salvação para o judeu e um plano de salvação para o gentio; não há diferença.

Continue lendo os versos 23 e 24 que foram escritos tanto para gentios, como para judeus:

pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,

Apesar de Deus haver temporariamente colocado de lado a restauração de Israel e o cumprimento literal da aliança davídica, ele restabelecerá o trono de Davi no futuro. E começará com a tribulação quando Israel for reavivada e restaurada como nação, conforme lemos em Apocalipse.

Agora, siga meu raciocínio. Apesar de a aliança davídica ter sido temporariamente colocada de lado e de não haver nenhum trono em Jerusalém, a aliança não foi abandonada. A promessa de Zacarias e outras serão literalmente cumpridas, assim como Deus prometeu.

Por que isso é grande coisa? Por que se preocupar se aliança com Davi sobre o trono em Jerusalém se cumprirá ou não? Essa é uma discussão antiga; quero ouvir algo mais recente. Quero ouvir coisas sobre a vida cristã para o aqui e agora. Queria que você pregasse mensagens práticas, tipo, como ganhar mais dinheiro ou como fazer com que meu marido limpe o quintal.

Esse assunto, contudo, é de grande importância. E se Paulo de repente topa com isso  diz: “Ih, rapaz, essa é uma pergunta difícil —talvez Deus não cumprirá Suas promessas com Israel.”?

Meu amigo, se Deus não cumprir Suas promessas com Israel, quem garante que Ele não irá descartar a aliança que fez com você através de Jesus Cristo? É por isso que esse assunto é de suma importância! Como você sabe que Deus, um dia, não vai dizer: “Certo, pessoal, já me cansei de vocês. Estou mudando as regras. Já estou cansado. Vou começar um novo plano —e você não estão dentro!”?

Você alguma vez já jogou um jogo com alguém que ficava inventado novas regas e as modificava depois? Daí, quando você reclama, a pessoa diz: “Ei, ei inventei as regras, então posso mudá-las quando quiser.”

Será que foi isso que Deus fez? O judeu no primeiro século queria saber —Deus por acaso mudou as regras? E neste século, quero saber se Deus não irá mudar as regras conosco!

Você sabia que uma das maneiras de saber se Deus irá ou não descartá-lo no futuro é o fato de Ele não descartar a nação de Israel no futuro. Uma das melhores passagens sobre segurança eterna que você achará na Bíblia se encontra no Antigo Testamento. No Antigo Testamento?! Por que? Porque segurança eterna no Antigo e Novo Testamentos dependem se Deus irá ou não cumprir Sua palavra.

Veja o Salmo 89. Davi escreve em angústia, começando no verso 38, pelo fato de o trono estar desolado, a coroa destruída em pedaços, a cidade de Jerusalém destruída, e a aliança desprezada por Deus. Ele diz no verso 46:

Até quando, SENHOR? Esconder-te-ás para sempre? Arderá a tua ira como fogo?

A despeito do julgamento temporário de Deus, note o que Davi escreve nos versos 30 a 37:

Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos, se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniqüidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram. Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?): A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço.

Em outras palavras, assim como os movimentos do sol, lua e planetas no espaço são precisos de maneira que você pode ajustar seu relógio de acordo com eles, assim também as promessas de Deus são imutáveis e firmes de forma que você pode viver por elas e confiar sua eternidade nelas.

Mesmo quando você decepciona Deus; mesmo quando você peca contra Ele; se você já recebeu Seu Filho como Senhor e Salvador, não há nada que você pode fazer, de bom ou ruim, que impedirá Deus de cumprir Suas promessas para a sua vida.

Será que Deus violará Sua palavra? Note a resposta de Paulo em Romanos 3.4: De maneira nenhuma!

Poderíamos traduzir essa expressão da seguinte forma: “Não! De jeito nenhum! É impossível!”

Essa negação dupla aparece quinze vezes no Novo Testamento e dez delas são no livro de Romanos. Ela significa simplesmente, “Isso jamais irá acontecer.”

Agora note o que Paulo diz em seguida:

…Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado.

Ou seja, se toda a humanidade se juntasse e decidisse que Deus está mentindo, eles, na verdade, apenas revelariam que toda a humanidade está mentindo, já que é impossível que Deus contrarie Sua fidelidade; Ele não pode mentir.

Agora, é exatamente esse o foco da primeira pergunta e resposta de Paulo: a infidelidade do judeu, bem como do gentio, demonstra a fidelidade de Deus.

  • Você sabe o que a sua infidelidade revela sobre Deus? Que Ele é fiel para com você.
  • Você sabe o que a sua inconsistência no amor e fervor para com Deus revelam sobre Deus? Que Deus é consistente em Seu amor para com você.
  • Você sabe o que a sua pecaminosidade contra Deus revela sobre Deus? Que Deus é santo em todas as coisas.
  • Você sabe o que a sua injustiça revela sobre Deus? Que Deus é justo!

Se a desobediência do judeu revela a fidelidade de Deus, por que Deus julgaria aqueles que revelam a Sua fidelidade?

  • E isso conduz à segunda objeção que Paulo premeditou no verso 5:

Mas, se a nossa injustiça traz a lume a justiça de Deus, que diremos? Porventura, será Deus injusto por aplicar a sua ira?…

Em outras palavras, se a desobediência do judeu revela a fidelidade de Deus, por que Deus julgaria aqueles que revelam a Sua fidelidade?

Paulo continua na segunda parte do verso 5: falo como homem.

Ou seja, “Estou falando do ponto de vista vantajoso de vocês o máximo que posso.”

Continue no verso 6: Certo que não. Do contrário, como julgará Deus o mundo?

Todo judeu cria que Deus julgaria o mundo. Paulo diz: “Se você está dizendo que, já que o pecado revela a perfeição de Deus, então nem o judeu, nem todos os demais pecadores devem ser condenados. Todos estão isentos de condenação, correto?”

Mas já que Deus não faria isso com o mundo —e os judeus sabiam muito bem que Ele não faria isso—o judeu também não pode escapar.

Já que pecar torna mais evidente a glória de Deus, por que não pecar mais?

  • Daí, Paulo se depara com mais um argumento, um que é realmente maligno em sua ideologia. Veja o verso 7:

E, se por causa da minha mentira, fica em relevo a verdade de Deus para a sua glória, por que sou eu ainda condenado como pecador?

Em outras palavras, já que pecar torna mais evidente a glória de Deus, por que não pecar mais?

Se o pecado enfatiza a graça de Deus, então que vivamos em pecado! Se pecar concede a Deus a oportunidade de revelar Sua glória e graça em nos perdoar, então vamos dar a Ele todas as oportunidades que pudermos!

Paulo foi, na verdade, acusado de ensinar isso porque pessoas interpretaram errado sua mensagem da graça de Deus e salvação pela fé independente das obras. Note o verso 8:

E por que não dizemos, como alguns, caluniosamente, afirmam que o fazemos: Pratiquemos males para que venham bens?

Ou seja, se Deus é capaz de tomar o nosso pecado e transformá-lo em bem, então vamos dar a Ele a maior quantidade de mal que pudermos para que Ele possa revelar seus soberanos propósitos.

Não seria, de fato, tolice cometer maldades e perversidades simplesmente para experimentar algo bom? Imagine que sua esposa pergunta a você ao você chegar em casa depois do trabalho: “O que você fez hoje?” E você responde: “Matei meu patrão. Mas não tem problema. Quando estava voltando para casa, pedi perdão a Deus e, ah, que coisa maravilhosa é esse sentimento que tenho de que Deus me perdoou!”

Deixe-me ilustrar essa lógica de uma forma ainda mais tola.

Imagine uma pessoa se sentando e comendo, comendo, comendo, se empanturrando de comida. Finalmente, você se aproxima e pergunta: “Por que você está fazendo isso consigo mesmo?”

“Ah,” diz a pessoa, “é porque eu gosto demais do alívio que o laxante me traz…eu simplesmente gosto de sentir aquele alívio dentro de mim.”

Ou pense em voluntariamente pegar a gripe H1N1 e febre e dor de cabeça; por que? Você diz: “Porque o remédio é maravilhoso; quero ficar mais e mais doente para poder experimentar a cura.”

A verdade é que nunca fazemos algo ruim para que algo bom surja.

Talvez você se lembre da história de John Newton, de como ele era um homem terrível. Ele era capitão de um navio e era desprezado por sua equipe por causa de seu caráter perverso e sua bebedice. Um belo dia, quando estava de ressaca, ele caiu do barco. A equipe lançou para perto dele um arpão de baleia que o atingiu e atravessou seu quadril. Eles o içaram de volta ao navio como uma baleia. Posteriormente, ele veio à fé em Cristo. Eventualmente, ele escreveu muitos hinos para a igreja, incluindo o mais famoso, Graça Sublime. Esse hino começa com um primeiro verso maravilhoso, que diz: “Graça sublime! que doce som que salvou um perverso como eu!”

Você consegue imaginar eu incentivando um dos meus filhos para entrar na marinha e virar um bêbado, vivendo uma vida perversa e vil, porque um dia eu quero que ele experimente a maravilhosa graça de Deus e se torne um compositor de hinos para a igreja?

De fato, tenho usado algumas ilustrações tolas. Então, por que não ser mais realista? Esse tipo de pensamento e lógica, a propósito, é o que estudiosos chamam de “ética situacionista:” o fim justifica os meios. Ou seja, é certo fazer algo errado, desde que o objetivo seja nobre.

Esse argumento é usado hoje para promover jogos de azar e cassinos. Quantos políticos e educadores já não venderam suas almas no altar da ética situacionista dizendo: “Os jogos trarão lucro ao nosso estado e podemos utilizar esse lucro para construir mais escolar e conceder às nossas crianças uma melhor educação”? Quem irá argumentar contra uma educação melhor?

A sociedade científica discute hoje o uso de células-tronco embrionárias. Cientistas desejam utilizar e vender os corpos de bebês abortados e usar seu tecido para fins médicos. O argumento é que devemos considerar as curar que surgirão desses experimentos. Isso irá curar muitas doenças. Isso tornará possível que muitas pessoas sobrevivam. Quem irá argumentar que matar é algo nocivo se o ato sustenta a vida de outras pessoas?

E por que a pressa para clonar seres humanos? Será que é porque seres humanos não querem morrer? Ter disponível uma grande quantidade de órgãos geneticamente idênticos como olhos, coração, rins e fígado significa que a vida poderá ser prolongada.

Meu amigo, mesmo que isso seja possível, nunca é certo fazer o errado, mesmo quando algo certo surge disso.

Alguns anos atrás, li sobre um homem na Europa que estava morrendo de falência renal. Eles inseminaram artificialmente sua filha de dezesseis anos com a ajuda médica. Quando ela estava com sete meses de gravidez, os médicos retiraram o bebê via Cesariana. Os rins do bebê foram removidos e transplantados no pai e a criança deixada para morrer.

Você percebe que esse é o argumento que Paulo nem sequer se dá o trabalho de responder? Ele escreve no final do verso 8: A condenação destes é justa.

Observações Sobre a Natureza Humana

Deixe-me fazer algumas observações sobre a natureza humana que podemos retirar dessa passagem. Creio que ela ensina várias coisas sobre a natureza humana e a coisa não é muito boa.

A mente do homem justifica criativamente seu pecado ao invés de admitir sua culpa

  • Primeiro, a mente do homem justifica criativamente seu pecado ao invés de admitir sua culpa.

Recentemente, uma cantora de rock foi questionada a respeito da maneira como ela se veste e como isso pode estar afetando as vidas de adolescentes que a têm como ídolo. Ela respondeu dizendo: “Minha mãe me ensinou que Deus me deu esse corpo e eu não preciso ter vergonha dele.”

Isso foi inteligente, mas perverso. Na verdade,  isso foi duplamente perverso, uma vez que ela associou o nome de Deus à sua sensualidade.

O coração do homem encontra razões para pecar ao invés de razões para não pecar

  • Outra observação desta passagem é que o coração do homem encontra razões para pecar ao invés de razões para não pecar.

Ou seja, o homem não somente inventa desculpas ingênuas para pecar, ele encontra razões para pecar ainda mais.

Leia os jornais e veja até onde a humanidade vai a fim de justificar seu pecado ao invés de se arrepender dele.

O veredito do homem afirmaria que Deus é culpado pelo pecado ao invés de reconhecer a própria culpa em seu coração

  • Terceiro, o veredito do homem afirmaria que Deus é culpado pelo pecado ao invés de reconhecer a própria culpa em seu coração.

Se formos culpar alguém pelo nosso próprio pecado, iremos colocar a culpa em Deus.

Você já ouviu alguém dizer: “Foi assim que Deus me fez!”?

Ouvi uma atriz dizer certa vez em uma de suas entrevistas: “Deus foi muito malvado ao criar algo tão velo como a intimidade sexual entre duas pessoas que se amam, mas daí criar as doenças que acompanham essa intimidade.”

Essa é a lógica do mundo. Eles jamais admitirão que são pecadores e que o que estão fazendo é pecado. Daí, quando finalmente admitem que são pecadores, eles colocam a culpa em outra pessoas pelas consequências de seus pecados, mesmo que esse alguém seja Deus.

Aplicação para Crentes:
Três Advertências

O que o crente pode retirar dessa passagem? Existe algo nesses versos para nós que cremos em Cristo? Deixe-me fornecer a você três advertências que retirei das minhas observações.

Cuidado para não usar a graça de Deus para justificar sua falta de convicção e santidade

  • Primeiro, cuidado para não usar a graça de Deus para justificar sua falta de convicção e santidade.

Só porque você se converteu não significa que perdeu o desejo de pecar e daí encontra desculpas para o pecado!

Quantas vezes você já ouviu um crente, ou talvez até si mesmo, dizendo: “Foi assim que Deus me fez.”?

No livro de Judas, o escritor diz que os crentes estavam praticando o que os teólogos chamam de “antinomianismo”—a crença de que o pecado revela a glória de Deus, então, peque o quanto você puder e Deus será glorificado. Judas 4 diz:

Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.

Licenciosidade é o oposto de legalismo. Por um lado, o legalismo possui uma longa lista de “sim” e “não.” A licenciosidade, por outro lado, jogou a lista fora. Eles se orgulham no fato de que não possuem nenhuma lista de preferências e convicções.

Paulo está escrevendo para ouvintes licenciosos em Romanos 3.8. Eles não têm nada para oferecer ao mundo porque eles são como o mundo. E quanto mais parecido com o mundo você se torna, meu amigo, menos você influenciará o mundo para Cristo.

Quantos crentes não cometem peados horrendos aos olhos da sociedade, mas vivem vidas comprometidas com o pecado, sem distinção—e quando são questionados, dizem imediatamente: “Estamos debaixo da graça, não é?”

Quantos crentes assistem a filmes ou programas de televisão ou navegam em páginas na internet que promovem a impiedade? Quantos homens crentes não fumam e bebem com a “galera”? Quantas mulheres crentes não se vestem sensualmente atraindo a atenção para si mesmas ao irem para a escola, trabalho ou até mesmo para a igreja? Quantos crentes não xingam ou riem de piadas “sujas” com seus amigos? Quantos não gastam grande soma de seu dinheiro em si mesmos e vivem para o materialismo? E quantos de vocês, quando confrontados com essas palavras, como eu neste momento, não dizem em seu coração: “Esse cara é legalista? Não me venha dizer o que devo e o que não devo fazer! Estou debaixo da graça!”?

Talvez você acabou de descobrir sua impiedade! E essa é a sua desculpa favorita para viver uma vida de impiedade.

Não use a graça de Deus para justificar sua falta de convicção e santidade.

Cuidado para não usar a paciência de Deus como uma desculpa para sua desobediência teimosa

  • Segundo, cuidado para não usar a paciência de Deus como uma desculpa para sua desobediência teimosa.

Meu amigo, você está vivendo para Jesus Cristo? Existe algo que você deveria estar fazendo ou dizendo que você sabe que Jesus quer que você diga ou faça? Você sabe o que Deus quer que você faça, diga e comece.

Você diz: “Sou muito feliz que Deus é paciente comigo!”

Ele é, e graças a Deus por isso. Mas não use a paciência Dele como desculpa para sua desobediência.

Cuidado para não usar o perdão de Deus como razão para ignorar seu pecado

  • Finalmente, cuidado para não usar o perdão de Deus como razão para ignorar seu pecado.

Meu amigo, com que frequência você tem sido tentado a pecar—talvez um recadinho nisso, se existe isso—e o pensamento passou pela sua cabeça: “Bom, eu sei que Deus irá me perdoar se eu fizer.”

A única coisa que você está fazendo é pecado em nome de Deus. E associar o nome de Deus ao seu pecado, à sua rebelião, à sua teimosia, à sua sensualidade, à sua falta de caráter e convicção é sujar o nome de Deus e descreditar Sua igreja.

Não arraste o nome de Deus para o seu pecado! Não use o perdão de Deus como razão para ignorar seu pecado!

Outra noite, eu estava conversando com um casal na casa deles. Ambos se converteram recentemente. Ela estava me dizendo como estava ficando sensível até mesmo a pequenos pecados. Outro dia, o telefone tocou quando ela estava se arrumando para ir tomar banho. Seu marido gritou: “Amor, é para você!”

“O que eu faço? Não posso pedir ao meu marido para dizer que estou no banho porque ainda não estou. Será que eu entro debaixo do chuveiro e peço para ele atender?”

Louvo a Deus pelo dilema em sua vida, pois é evidência de que ela está crescendo em Cristo. Ela tem sensibilidade a coisas que não refletiriam a santidade, a pureza, a honestidade e a justiça de Cristo. Pedro escreveu em 1 Pedro 2.9:

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;

Você percebeu que Pedro não disse, “Vós sois um povo especial; portanto, fazeis o que bem desejares.”?

Não. Ele escreveu: “Vós sois um povo especial, então… sejais um reflexo dos louvores Daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”

Compartilhem!… vivam!… pratiquem!

Aquele cujo universo perfeito nos ajuda a ver a hora e a manter nossos relógios sincronizados com os céus deseja muito mais que sincronizemos nossas vidas com os santos propósitos dos céus.

Não peque no nome de Deus, mas sirva, viva, honre, sustente o maravilhoso e justo nome de Deus. Isso, meu amigo, é seu grande e santo chamado.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 27/01/2002

© Copyright 2002 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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1 Haddon Robinson, “Focal Point,” Leadership Magazine (Summer quarter), p.49.

2 David Jeremiah, Romans, Volume One (Walk Through The Bible Publishers, 1999), p.100.

 

 

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