
Igrejismo
Igrejismo
É Religioso? – Parte 2
Romanos 2.19–24
Introdução
No evangelho de Marcos, capítulo 4, o Senhor contou uma parábola sobre a semeadura da semente do evangelho. Ele revelou quatro reações diferentes ao evangelho.
Para quem olhava de fora, os solos pareciam ser os mesmos, mas em um dos casos, o solo era duro e o evangelho não pôde penetrar.
Em outro caso, o solo estava cheio de sementes que produziriam espinhos e abrolhos que cresceriam junto com a semente do evangelho a ponto de sufocá-la.
Ainda em outra ocasião, a semente caiu em um solo raso onde a semente criou raiz e brotou. Tudo parecia estar bem, mas debaixo da superfície daquele solo, havia pedras, o que impediu de as raízes se aprofundarem no solo. Eventualmente, as raízes perderam nutrição e morreram.
Então, temos o coração endurecido, o coração ocupado e o coração hipócrita. Todos esses são corações que não se abriram para o evangelho, apesar de cada um ter tratado o evangelho de forma diferente. Alguns, como no caso do coração hipócrita, parecem aceitar e crer no evangelho, mas, no fim, a aparência de solo bom se desfaz, expondo a descrença e a dureza no fundo do coração.
Tenho a tendência de pensar na profundeza do solo nessa parábola, ou na realidade de um bom solo em termo de tempo. Ou seja, existem alguns que aceitam a semente do evangelho e aprecem ser um solo bom por uns seis meses, ou seis anos, até que revelam a condição real de um coração pedregoso e não convertido.
Outras vezes, a aparência de um bom solo se desfaz por causa de alguma tragédia ou crise; coisas como mudança na situação financeira, problemas com a saúde, ou outro desafio pessoal na vida. Essas coisas levam a pessoa a mudar de direção e caminhar para longe de Cristo e da igreja. Eles, no fim, rejeitam o evangelho e revelam corações que nunca foram realmente convertidos.
Às vezes, isso acontece logo após a pessoa fazer sua oração no momento da suposta conversão. A oração parece verdadeira, genuína, mas o tempo revela que não foi tão verdadeira assim.
Recentemente, estive conversando com o pastor de uma igreja pequena. Estávamos conversando justamente sobre a questão do bom solo e a semente da verdade. Ele me disse: “Pastor, ainda me lembro, anos atrás, de conhecer um homem em nossa igreja que era respeitado por todos. Ele sempre trazia questões e discussões interessantes em nossa turma de Escola Dominical, estava envolvido como voluntário em um ministério da igreja, e havia sido, por vários anos, um dos líderes da igreja. Daí, o pastor principal me pediu para me reunir com esse irmão regularmente a fim de crescermos juntos prestando contas um ao outro de nossas vidas espirituais. Eu concordei. Após três ou quatro reuniões, percebi que ele nunca trazia a Bíblia dele, nunca tinha algo a dizer sobre sua caminhada com Cristo, e nunca fazia referência a fruto espiritual ou fervor por Cristo. Finalmente, numa manhã, ele olhou dentro dos meus olhos e disse: ‘Veja bem, para ser bem honesto com você, no fundo do meu coração, nem tenho tanta convicção assim que Deus existe.’”
Dez anos na igreja! O solo se desfez após anos de uma aparente recepção genuína do evangelho.
Pessoalmente, já tive essa experiência mais vezes do que gostaria. Ainda lembro, anos atrás, orando com o homem que estava recebendo a Cristo. Começamos um discipulado juntos e terminamos depois de vários anos. Cerca de um ano depois, ele se divorciou de sua esposa e passou a viver com outra mulher. Nós conversamos com ele sobre seu estilo de vida e como aquilo ia contra o ensino bíblico. Daí ele disse que não tinha tanta convicção assim que cria em tudo o que a Bíblia dizia mesmo. Dois anos dentro da igreja. O solo erodiu, revelando o coração não convertido.
Ainda como aluno na universidade, me lembro de estar andando no centro da cidade e conhecer um homem que me pediu dinheiro. “Universitário,” “dinheiro,” duas coisas que nunca vão juntas. Eu disse: “Não.”
Ele não acreditou em mim e continuou insistindo pelo dinheiro. Eu disse a ele: “Ouça bem, eu até que poderia dar um dinheiro a você, mas você iria simplesmente gastá-lo e nós dois ficaríamos ainda mais pobres do que estamos agora. Mas eu tenho algo que dura eternamente. Você deseja ouvir?”
Ele disse: “Sim. O que é?”
Eu comecei a compartilhar o evangelho com ele. Ele ouviu atentamente e prestou bastante atenção na minha apresentação. Seu semblante ficou comovido e seus olhos até se encheram de lágrimas. Eu perguntei: “Você gostaria de orar, confessando seu pecado a Cristo e pedindo que Ele perdoe seus pecados e dê a você a salvação?”
Ele disse com lágrimas escorrendo no rosto: “Sim, gostaria.”
Eu disse: “Você estaria disposto a se ajoelhar aqui na calcada para orarmos?”
As pessoas estavam andando na calçada, e ele disse: “Sim.”
Ali mesmo na calçada nos ajoelhamos e o conduzi em sua oração para salvação. Depois, nos levantamos, nos abraçamos e ele disse: “E o dinheiro?”
Eu disse: “Eu realmente estava dizendo a verdade para você quando disse que não tinha dinheiro, mas sei onde tem um abrigo. Lá você pode encontrar comida e abrigo.”
Então, ele me disse: “Você está dizendo que não vai me dar dinheiro?”
Eu respondi: “Não tenho dinheiro.”
Daí ele pronunciou uma série de xingamentos nos meus ouvidos que fiquei até chocado. Com muita raiva e ódio, ele usou o nome de Deus em vão e saiu andando embora pela rua.”
Pode até não ser de forma tão dramática como esse homem, mas creio que nossos bairros e nossas cidades e nosso país estão repletos de pessoas que fizeram uma oração de salvação, mas que não vivem uma vida santificada. Eu ainda encontro pessoas assim o tempo todo: “Sim, eu orei pedindo salvação um dia. É, teve uma época em que eu cria em Jesus. É, eu fui para a igreja um tempo quando era criança e até fui batizado. Hoje? Não, não me adianta de nada isso.”
Eles tiveram dez anos, ou dois anos, ou cinco minutos de bom solo, mas esse solo erodiu revelando que, o tempo todo, seus corações jamais receberam o evangelho. Essas pessoas apenas fizeram uma oração para o benefício de uma consciência aliviada talvez; eles oraram pedindo salvação apenas para adicionar Deus na sua lista de plano de seguros: seguro contra inundação, seguro desemprego, seguro para invalidez, seguro de carro, seguro de saúde e seguro eterno.
Essas pessoas têm “igrejismo,” mas não Cristianismo.
Elas são pessoas que dizem até aos dias de hoje: “Deus o abençoe,” apenas com seus lábios, mas Deus não tem nenhum relacionamento com suas vidas. Esses não têm desejo algum pela Palavra de Deus, pelo caráter de Deus, ou pela vontade de Deus.
Uma pergunta que o apóstolo João respondeu foi a respeito daqueles que saíram da comunhão dos crentes e abandonaram a fé. Será que eles eram verdadeiramente salvos? João, sob direção divina, respondeu em 1 João 2.19:
Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos.
No fim, a realidade do verdadeiro Cristianismo ou mero “igrejismo” foi revelada. Foi simplesmente uma questão de tempo até que a realidade do Cristianismo ou faixada do “igrejismo” ficou evidente.
Meus amigos, existe uma vasta diferença entre “igrejismo” e Cristianismo. Um frequentador de igreja e um crente são duas raças totalmente diferentes. Um é religioso, o outro é redimido. Ambos são sinceros, mas apenas um é salvo. Ambos possuem alguma forma de exercício religioso, mas apenas um deles é realmente redimido.
O apóstolo João escreveu em 1 João 2.4-6:
Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.
No capítulo 1, verso 6, ele escreveu:
Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.
Paulo nos advertiu ao escrever em Tito 1.10, 16:
Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores, especialmente os da circuncisão No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra.
A diferença importante entre o genuíno e o falso é a questão dos frutos. No evangelho de Marcos, o Senhor deixou bastante claro que reprodução espiritual e fruto espiritual são sinais que revelam vida espiritual. Ou seja, uma vida que concorda com seus lábios; um andar coerente com um falar.
Acontece que esse é o problema principal de Paulo com o judeu fiel. Da mesma forma como o homem imoral está condenado em Romanos 1; da mesma maneira como o moralista está condenado em Romanos 2, também o religioso e, com ele, o sistema religioso superficial estão condenados.
A única coisa que o religioso deste mundo faz é pintar túmulos de branco. Eles são especialistas em maquiar cadáveres. Eles soam como pessoas santas e parecem ter vidas santificadas; eles dão a ideia de que têm vida espiritual, mas debaixo daquela capa existe apenas morte.
Não havia ninguém mais religioso nos dias de Paulo do que um judeu fiel; e ele sabia disso. Eles pensavam que se alguém ganharia o favor de Deus e segurança no paraíso, esse alguém seria eles.
Existem milhares, senão milhões de pessoas que, hoje, se sentem seguras diante de Deus. Por que? Porque dizem ter o nome de cristãos; por causa de sua dedicação à Lei; por causa de sua reverência e respeito para com Deus; por causa de seu conhecimento especial e discernimento da vontade de Deus, e por causa de seu conhecimento elementar das histórias básicas na Bíblia. Elas sabem sobre Noé, ouviram falar de Elias, e creem em um futuro céu e inferno. Elas sabem a diferença entre Antigo e Novo Testamentos e sabem João 3.16 decorado.
Todavia, como veremos hoje, a profissão do judeu fiel não tinha nada a ver com a sua prática. O seu credo não tinha nenhum impacto sobre sua conduta. O que ele recitava com seus lábios não tinha nada a ver com a vida que viviam.
Seis Razões Por Que o Judeu Fiel (Religioso) Se Sentia Eternamente Seguro Diante de Deus
Paulo fornece seis razoes por que o judeu fiel, ou o religioso, se sentia seguro diante de Deus. Essa série de razões ou motivos começa no verso 17 de Romanos 2.
Por causa de seu nome especial
- O judeu fiel se sentia seguro por causa de seu nome especial. Veja o verso 17: Se, porém, tu, que tens por sobrenome judeu.
Por causa de sue dedicação à Lei
- O judeu fiel se sentia seguro por causa de sua dedicação à Lei. Continue no verso 17: e repousas na lei.
Por causa de seu respeito para com Deus
- O judeu fiel se sentia seguro por causa de seu respeito para com Deus. Veja ainda no verso 17: e te glorias em Deus.
Por causa de seu conhecimento especial
- O judeu fiel se sentia seguro por causa de seu conhecimento especial. Veja o verso 18: que conheces a sua vontade.
Por causa de seu discernimento perspicaz
- O judeu fiel se sentia seguro por causa de seu discernimento perspicaz daquilo que era essencial. Veja o verso 18: e aprovas as coisas excelentes.
Por causa de sua educação bíblica
- O judeu fiel se sentia seguro por causa de sua educação bíblica. Veja a última parte do verso 18: sendo instruído na lei.
“Instruído” é o termo grego “katecho,” do qual derivamos nossa palavra “catecismo.” Em outras palavras, “ele foi catequizado nas Escrituras.”
O judeu fiel se sentia seguro diante de Deus por causa de todas essas razões, assim como muitas pessoas religiosas hoje que enchem as igrejas se sentem seguras pelos mesmos motivos. Eles conhecem os credos, sabem os versículos, conhecem a Lei, têm conhecimento do nome do único Deus vivo e verdadeiro. Essas pessoas são sinceramente religiosas, mas, ao mesmo tempo, estão a caminho do inferno.
Agora a culpa do judeu fiel aumenta ainda mais com o que Paulo revela em seguida.
Quatro Razões Por Que o Judeu Fiel (Religioso) Se Sentia Superior Diante Dos Demais Homens
Em Romanos 2, Paulo revela seis razões por que o judeu fiel se sente seguro diante de Deus. Agora, começando no verso 19, Paulo revela quatro razões por que o judeu fiel, ou religioso, se sente superior aos demais homens.
Porque ele se considera ser um supervisor espiritual
- A primeira razão por que o judeu fiel se sente superior é porque ele se considerar ser um supervisor espiritual. Veja o verso 19: que estás persuadido de que és guia dos cegos.
Ou seja, “O que Deus iria fazer se não fosse a gente? Somos indispensáveis à humanidade. Esses pobres cachorros gentios! Eles jamais chegarão a lugar algum se não for a nossa liderança – eles irão se perder!”
Jesus Cristo disse aos líderes judeus que eles eram, na verdade, cegos. Seus olhos estavam fechados para a verdade do evangelho.
Em Mateus 15.14, Jesus disse o seguinte a respeito dos líderes religiosos:
Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco.
Em Mateus 23, o Senhor disse novamente sobre os fariseus no verso 16: Ai de vós, guias cegos. E no verso 17: Insensatos e cegos! E no verso 19: Cegos! E no verso 26:
Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo!
A propósito, Paulo disse a mesma coisa sobre os religiosos de seu mundo ao escrever em 2 Coríntios 4.4:
nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.
Porque ele se considerava fonte de esclarecimento
- Que grande ironia, então, era o fato de o judeu se considerar superior diante dos homens porque, segundo, pensava ser fonte de esclarecimento. Veja o verso 19: que estás persuadido de que és… luz dos que se encontram em trevas.
É verdade que foi através da nação judaica que Deus deu ao mundo os profetas, o livro das Músicas ou Salmos, o Messias nascido de uma judia virgem. Por meio dessa nação, Deus prometeu em Isaías 42.6 que o mundo receberia “uma luz.”
Contudo, a nação rejeitou o Messias, Aquele que por direito reivindicou ser “a luz do mundo.” E o mundo hoje, que rejeita a Cristo, se condenam a uma vida de trevas, apesar de dizerem ser esclarecidos.
Porque ele se considera ser um padrão de moralidade
- A terceira razão porque o judeu fiel se sente superior era porque ele se considerava ser o padrão de moralidade. Veja o verso 20: que estás persuadido de que és… instrutor de ignorantes.
A palavra “instrutor” tem em si mesma a ideia de ser aquele que determina limites. Recentemente, eu estava em nossa igreja deixando meus filhos que iam participar de um evento evangelístico de futebol. Por alguns minutos, eu fiquei observando um dos rapazes fazendo as marcações das linhas do campo. O jogo deveria ser jogado dentro daquelas linhas; tudo o que acontece fora das linhas está fora de jogo. O juiz determina quando a bola vai além dos limites de jogo e quem tem a posse de bola.
O judeu fiel diz: “Sou eu que uso o apito quando alguém passa dos limites, quando alguém ultrapassa a linha. Eu sou o juiz na vida de todos.”
Porque ele se considera ser uma fonte de sabedoria
- A quarta razão por que o judeu fiel se sente superior é porque ele se considera ser a fonte de sabedoria. Continue no verso 20:
que estás persuadido de que és… mestre de crianças, tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade
A palavra “crianças” é melhor traduzida, verdade, como “imaturos,” que é uma referencia a gentios recém-convertidos ao judaísmo. Nós os chamamos de “prosélitos,” ou “temente a Deus.” Essa é a pessoa que abandonou sua idolatria pagã e começou a seguir o Deus verdadeiro de Israel.
Esses precisam de ensino. Eles não conhecem nada sobre a Torah, a Lei de Deus. O problema era que os líderes religiosos estavam ensinando tradições como doutrinas e os introduzindo a rituais ao invés de um relacionamento com o Deus vivo e amoroso. Daí, o prosélito ficava numa situação pior do que antes.
Jesus Cristo disse exatamente isso em Mateus 23.15:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!
Quantas pessoas em nosso país hoje se consideram superiores ao resto do mundo porque conhecem a verdade sobre a Bíblia, conhecem a Lei de Deus, ensinam uma turma de Escola Dominical, preocupam-se com a situação do mundo, conhecem os padrões de moralidade – mas, na verdade, não conhecem a Deus? São pessoas religiosas, mas não redimidas.
Cinco Perguntas Retóricas que Confrontam o Judeu Fiel (Religioso) por Sua Total Pecaminosidade Diante de Deus
Você pode dizer: “Como eu sei se estou enganado? Como posso examinar minha fé para ver se sou realmente salvo?”
Nos versos seguintes, o apóstolo Paulo pega a vassoura das Escrituras para varrer e limpar o que parece ser boa terra, revelando que, debaixo, existe um solo rochoso de descrença. Paulo fornece cinco perguntas para o judeu, e para nós hoje, que confrontam nosso senso de segurança e superioridade. Essas são cinco perguntas que revelam a realidade da boa terra e da boa semente que produz bom fruto, ou a falta de tudo isso.
Você não ensina a si mesmo?
- A primeira pergunta é: “Você, que ensina outros, não ensina a si mesmo?” Ou seja, o judeu fiel conhecia a verdade e ensinava a verdade da Lei, mas não havia aplicado essa verdade à sua própria vida. Veja o verso 21: tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo?
O credo religioso deles não produz conduta justa. O que eles dizem crer nunca afeta como se comportam.
Agora, Paulo esperava que seus leitores diriam algo como: “O que você quer dizer ao afirmar que não aplicamos a Lei? Você nunca nos observou? Cerimonialmente lavamos nossas mãos antes de comer; jamais perdemos um sacrifício ou festa religiosa; jejuamos, oramos e damos dinheiro ao pobre. Como assim não praticamos a Lei?
Você rouba?
- Então, Paulo diz: “Bom, já que vocês mencionaram detalhes....” Continue no verso 21 para a segunda pergunta retórica: Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
Veja que Paulo não está acusando ninguém, dizendo: “Você é um ladrão.”
Ao invés disso, ele faz perguntas retóricas e espera mexer na consciência deles. “Você rouba?”
Jesus já havia condenado os judeus por terem transformado a casa dEle em um covil de ladroes, quando deveria ser uma casa de oração.
Você diz crer em Cristo e diz ter o nome de cristão, mas ao mesmo tempo rouba?
Qual é a diferença entre uma pessoa religiosa e um crente? Paulo parece acreditar, e já que ele escreveu sob a direção do Espírito Santo, então é a palavra do próprio Deus: honestidade é um dos elementos que distingue o crente do descrente. O descrente pode contar uma mentira para conseguir as coisas que deseja; o crente conta a verdade, mesmo que isso signifique que ele não conseguirá o que deseja.
Portanto, primeiro, o homem religioso não aplica a verdade à sua própria vida e, segundo, não desenvolveu a qualidade da honestidade.
Você comete adultério?
- Terceiro, o homem meramente religioso fala sobre como o pecado sexual é errado, mas ele mesmo não purifica o seu coração. Paulo continue no verso 22 e pergunta: Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes?
Você comete adultério? Paulo escreveu aos crentes efésios no capítulo 4, versos 17 a 22:
Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano.
Em outras palavras, uma das principais características do mundo descrente é a completa entrega a licenciosidade e satisfação sexuais. O mundo revolve em torno da sensualidade e do físico. Você já deve ter percebido e provavelmente, assim como eu, perdido a sensibilidade ao fato de que tudo, desde carros a bebidas, é vendido primeiro atraindo as pessoas a alguma espécie de benefício sensual ou sexual.
A Bíblia afirma que relações sexuais envolvendo uma pessoa casada com outra pessoa que não é seu cônjuge de “adultério.” Ela não chama de traição, nem de um caso apenas temporário, nem de um relacionamento satisfatório, mas adultério. E a Bíblia também chama o relacionamento sexual entre duas pessoas solteiras de fornicação. Ela não chama isso de experimento, nem de aventura, nem de algo certo se você ama a outra pessoa; ela chama de fornicação.
Em seu livro O Mito do Mato Mais Verde, Allen Peterson escreveu o seguinte:
Um chamado a integridade e fidelidade é como uma voz solitária clamando no deserto de nossos dias. O que antes carregou um estigma de culpa e vergonha, hoje é chamado de caso, o que tem um som gostoso, quase uma palavra convidativa, revestida em mistério, fascinação e animação. O que antes foi feito nos bastidores é agora realizado às claras, é o tema de filmes, é hoje o livro mais vendido, se tornou hoje comum.
Se os líderes religiosos tivessem dito a Paulo: “Jamais cometemos o ato de adultério,” Paulo os teria relembrado o que Jesus Cristo disse em Mateus 5.28:
Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.
Ou seja, Jesus disse que existe um limite que você ultrapassa, saindo de um simples olhar para o pecado no coração. Um autor escreveu:
Poderíamos definir o limite entre tentação que não é pecado, e lascívia que é pecado, da seguinte maneira: lascívia é o desejo que formata um plano para possuir. Quando um olhar se transforma em desejo, você ultrapassou o limite. Adultério no coração é lascívia que mentalmente se envolve em fantasia; adultério na carne é lascívia que concretiza a fantasia.
Em Romanos 2, Paulo basicamente pergunta aos respeitáveis e fieis judeus e líderes em seus dias: “Você já cometeu o pecado da lascívia e planejamento de relações sexuais com alguém que não é seu cônjuge? Você já deu os passos para cometer o ato?”
E essa é uma pergunta que precisa ser feita agora, assim como foi feita no primeiro século. Dois mil anos não mudaram o coração do homem. Hoje, as mesmas estatísticas de imoralidade existem dentro da igreja como também fora da igreja.
Então, a fim de avaliar conversão genuína em relação a engano espiritual, uma das grandes evidências da conversão verdadeira é o fervor por um coração puro e por uma vida pura.
Você rouba templos?
- Quarto, Paulo pergunta na última parte do verso 22: Abominas os ídolos e lhes roubas os templos?
Em outras palavras, o judeu fiel não escolheu Deus ao invés de dinheiro.
Essa é uma expressão difícil de entender. Existem várias interpretações e nenhuma delas é satisfatória. Pessoalmente, creio que o entendimento para o que Paulo disse é fornecido por dois elementos:
- O primeiro elemento é Deuteronômio 7.25, onde Deus adverte os israelitas contra deuses de ouro e prata feitos pelas nações idolatras ao redor deles. Deus deu a seguinte ordem:
As imagens de escultura de seus deuses queimarás; a prata e o ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os tomarás para ti, para que te não enlaces neles; pois são abominação ao SENHOR, teu Deus.
Em outras palavras, apesar de os israelitas jamais pensarem em se ajoelhar diante daqueles falsos deuses de ouro, eles gostariam muito de poder pegar o ouro. Mas tocar o ídolo era, de acordo com a Lei, um ato impuro. Então, eles faziam de tudo para ficar longe dos deuses.
- O segundo elemento que fornece discernimento é um comentário feito por Josefo, o historiador judeu do primeiro século. Ele escreveu:
Que ninguém blasfeme os deuses que outras cidades tanto estimam; e que ninguém roube o que pertence a templos estranhos, nem retire os sacrifícios dedicados aos deuses.
Creio que que duas coisas estavam acontecendo. Primeiro, os judeus estavam usando ídolos para propósitos materiais, provavelmente derretendo os deuses e utilizado o ouro e a prata para suas contas bancárias, apesar de isso os deixar impuros. Segundo, eles estavam fazendo tráfico de bens roubados de templos pagãos, roubando coisas oferecidas aos ídolos e vendendo-as na comunidade judaica para o lucro de seus negócios. Era uma questão de comércio em detrimento do caráter. No fim, o dinheiro estava valendo mais do que Deus.
Uma das marcas do descrente é que quando ele precisa tomar uma decisão – dinheiro ou Deus, negócios ou fé, carreira profissional ou caráter – dinheiro, negócios e carreira profissional sempre vencem o torneio. Comércio, avareza e materialismo são as marcas de um coração não convertido e egoísta.
Dê uma olhada em suas finanças. Quanto você tem dado a Cristo e Sua missão ao redor do mundo? Quanto você tem guardado para si mesmo? Paulo diz que, na verdade, sua conta bancária é uma das características mais reveladoras que distinguem entre religiosos e redimidos.
Meu amigo, qual é a sua resposta para essas perguntas? Somente você e Deus sabem a resposta. E essas respostas podem revelar que seu solo não passa de 2 centímetros de profundidade. Elas podem mostrar que, algum dia, esse solo religioso de boa aparência se desfará, revelando a descrença interna, e você abandonará a fé que diz ter.
Talvez isso acontecerá com a vinda de uma crise, algum confronto, alguma decisão, tribulações e dificuldades, e você dará as costas para Deus e você abertamente partirá para longe de forma a perder completamente a aparência de possuir um relacionamento com Cristo. Você revelará para o mundo que você também esteve um dia envolvido com “igrejismo,” não Cristianismo; você era religioso, mas não redimido e na estrada para o inferno.
“Pastor, você está querendo que eu questione a sinceridade de minha fé?”
“Sim!”
“Você está querendo que eu questione a realidade de minha salvação?”
“Sim!”
“Você está tentando aguçar minha consciência e revelar a possibilidade de um engano pessoal?”
“Sim!”
O apóstolo Paulo disse em 2 Coríntios 13.5: Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos.
É exatamente isso o que ele está fazendo com os líderes religiosos de seus dias em Romanos 2. Ele está desafiando-os a responder a pergunta mais importante de suas vidas: você está vivendo uma mentira ou você realmente tem vida? Você é apenas um religioso ou é realmente um redimido?
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 21/10/2001
© Copyright 2001 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
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