
O Estrondo do Vesúvio
O Estrondo do Vesúvio
O Perfeito Juiz – Parte 3
Romanos 2.5–8
Introdução
Quando o apóstolo Paulo estava sendo conduzido como prisioneiro para Roma, seu navio atracou ao sul de Roma próximo a uma cidade que ficaria muitíssimo famosa. A cidade ficava à sombra de uma montanha enorme e acidentada: um vulcão que havia ficado inativo por cerca de mil anos. Mas pouco tempo após a morte de Paulo, esse vulcão chamado Vesúvio explodiria como uma bomba atômica. Ele entrou em erupção e permaneceu em atividade por mais de quarenta horas, inundando a cidade com lava e enterrando seus habitantes antes mesmo que pudessem escapar. As pessoas morreram, na verdade, envenenadas pelos gases e cinzas e foram fossilizadas pela lava que desceu sobre elas, selando-as como se fosse um enorme túmulo de pedra.
Por vários séculos, a cidade permaneceu enterrada debaixo de metros de lava endurecida. Contudo, escavações modernas fornecem a nós uma cidade romana perfeitamente preservada, parada no tempo. Conforme um autor escreveu: “pega de surpresa em sua identidade.”
Essa cidade era Pompeia. É interessante observar que Pompeia, juntamente com outras cidades proeminentes em Roma, foi recipiente da carta de Paulo aos Romanos. É uma carta que declara o evangelho e também adverte sobre um julgamento vindouro. Mas, para as 20 mil pessoas que moravam em Pompeia, caso elas tenham lido essa carta, ela fez pouca diferença para eles.
Os cidadãos de Pompeia adoravam dois deuses: Vênus, a deusa do amor, e Mercúrio, o deus do comércio. Para colocar de forma bem clara, eles adoravam os deuses do dinheiro e do prazer sexual. Quase a cidade inteira estava entregue à imoralidade. As escavações revelam que os muros da cidade eram repletos de propagandas feitas por prostitutas. Nas paredes de bordeis havia testemunhos sobre a satisfação de clientes. Essa cidade era tão pornográfica que estátuas e esculturas escavadas de lá ficaram escondidas em museus italianos por serem obscenas demais. Em todo o lugar por toda a cidade havia esculturas modeladas do órgão sexual masculino, o qual era considerado o símbolo de sucesso de Pompeia. Ele era esculpido em calçadas e paredes de casas, em prédios do governo e pintados nas paredes pela cidade.
Todavia, em uma das paredes, havia uma pichação bastante interessante feita com grafite em meio a toda aquela imoralidade. Alguém escreveu as palavras: “Sodoma e Gomorra.” Fica evidente que a pessoa que escreveu essas palavras conhecia o Antigo Testamento.
Assim como Sodoma e Gomorra, a cidade de Pompeia pereceu repentinamente e sem advertência por meio de fogo. O Vesúvio explodiu e não houve escapatória.
Será que Deus faria algo desse tipo? Será que Deus lançaria julgamento sobre o planeta Terra como Ele já fez no passado? O apóstolo Pedro responde: “Sim!” E ele diz, com efeito: “Ainda não vemos nada!”
Ele escreveu em 2 Pedro 2.9-10:
é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo, especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores,
Pule até os versos 13 a 15:
Considerando como prazer a sua luxúria carnal em pleno dia, quais nódoas e deformidades, eles se regalam nas suas próprias mistificações, enquanto banqueteiam junto convosco; tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração exercitado na avareza, filhos malditos; abandonando o reto caminho, se extraviaram…
Veja ainda o verso 18:
porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões carnais…
Um pouco mais adiante, no capítulo 3, verso 7, Pedro escreve:
Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios.
O Vesúvio ainda emite um forte estrondo. A ira de Deus, inevitavelmente, conforme predito em Sua palavra, será derramada contra o pecado e o pecador.
Aprendemos em nossa discussão anterior em Romanos 2.4, que Deus está segurando a vazão completa de Sua ira. Sua longanimidade é uma trégua temporária. Sua bondade está conduzindo as pessoas ao arrependimento.
Agora, é importante manter em mente os ouvintes de Paulo:
- Em Romanos 1, era o homem imoral quem se regozijava no pecado. Se você dissesse a ele: “Você é um ladrão e mentiroso, e a lava do julgamento de Deus está vindo sobre você,” ele diria: “E daí? É assim que sou e é dessa forma que desejo viver; se isso significa que irei sofrer julgamento, que seja.”
- No capítulo 2, o ouvinte de Paulo não é o homem imoral, mas o moralista. Você diz ao moralista: “Você é um ladrão e mentiroso e o julgamento de Deus está vindo sobre você,” ele dirá: “Espere só um segundo! Não sou perfeito, mas não sou tão ruim assim. É verdade, eu contei uma mentirinha aqui e outra ali e, realmente, “tomei emprestadas” algumas coisas em minha vida, mas você precisa ver as coisas boas que eu fiz. E, caso você ainda não tenha notado, eu vou para a igreja. Por que eu deveria temer a lava flamejante do julgamento de Deus?!”
Para essa pessoa, Paulo escreve em Romanos 2.3-4:
Tu, ó homem… pensas que te livrarás do juízo de Deus? Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade…?
Por que o moralista despreza a bondade de Deus? Porque ele pensa que não precisa dela. E por que o moralista despreza a tolerância de Deus? Porque ele pensa que Deus não precisa ser paciente com ele, já que ele tem sido uma pessoa muito boa. “O assassino é que precisa da paciência de Deus, não eu!”
O moralista não se vê como uma daquelas crianças no supermercado. Outro dia eu vi uma dessas crianças gritando com toda a força de seus pulmões com sua mãe que já estava cansada daquilo. Ela não ia dar o doce para ele, aquele doce que a loja estrategicamente colocou bem ali perto do caixa exatamente com a intenção de levar as mães à loucura. E aquele menino estava abusando da paciência da mãe. Ele estava chutando o carrinho e balançando a cabeça de um lado para o outro e gritando: “Eu quero, eu quero, eu quero!”
Eu estava na fila ao lado, mentalmente dando uma surra naquele menino! Você já se viu em uma dessas? Vou dar uma surra nele que ele jamais irá esquecer! Sempre sabemos como disciplinar os filhos das outras pessoas, não é verdade?
O homem moralista diz: “Eu não sou daquele jeito. Eu nunca fui um filho problemático para Deus.”
E Paulo diz na última parte do verso 4: “Você está ignorando uma coisa. É o seguinte: a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento.
Você sabe o que é arrependimento? A palavra grega indica uma, “mudança de mente.” Você muda sua perspectiva a respeito de si mesmo; você muda de pensamento sobre Deus; você muda de ideia sobre o pecado. De repente, existe quebrantamento por causa do pecado. Você fica quebrantado com a realidade de que você é um mentiroso de coração e por isso mente; quebrantado com o fato de ser um adúltero de coração e que por isso você cobiça; quebrantado com a realidade de que é um ladrão no coração e que por isso você rouba; quebrantado com sua cobiça de coração e que por causa dela você vive em descontentamento e avareza; quebrantado com o fato de que é um idólatra no coração e que por isso você vive apenas para si mesmo.
Paulo está tentando mostrar aos descrentes que, quer sejam imorais ou moralistas, eles são exatamente os mesmos porque jamais conseguirão ficar quebrantados por causa de seus pecados. E o homem justo e moralista têm muita dificuldade em admitir que ele peca!
Uma cena recente do jornal é um exemplo clássico da incrível natureza humana que busca se defender, até mesmo depois de ter sido pega em fazendo algo errado. A história envolveu um senador por causa do desaparecimento da mulher com a qual ele estava imoralmente envolvido. Ele é um homem que já esteve envolvido com imoralidade no passado. O engraçado é que, em uma das entrevistas, esse senador disse: “Não sou perfeito, mas me considero ter bons princípios morais.”
É exatamente isso o que Paulo espera ouvir. Paulo espera que o moralista se defenda e diga: “No geral, sou uma pessoa boa. Deus irá ver tudo o que eu tenho feito. Claro, existem algumas coisas ruins, mas tenho certeza que as coisas boas pesarão mais que as ruins. Acho que não terei dificuldades em entrar no céu. Não terei problemas ao passar pelo escrutínio do julgamento de Deus.”
Agora, Paulo coloca o moralista justamente onde ele deseja. “Muito bem,” Paulo diz, “você deseja ser julgado de acordo com as obras que você realizou? É exatamente isso o que Deus um dia fará. Então, vamos dar uma olhada nas suas obras agora e deixar que elas ou aprovem ou condenem você.”
E quais são as obras na vida de um moralista? Paulo começa a escrevê-las em Romanos 2.4-5:
Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,
O caráter do moralista
O que Paulo faz nesses versos é relevar o verdadeiro caráter do moralista.
- A primeira característica é “dureza.” O termo grego é “schlerotes,” do qual derivamos nossa palavra, “esclerose.”
Nós usamos essa palavra da mesma maneira. Nós nos referimos à esclerose nas artérias como um “endurecimento das artérias;” e esse problema pode levar à morte!
Então, Paulo diz ao moralista que ele tem uma condição arriscada na vida que é muito pior porque ela durará eternamente, caso não seja curada. Seu problema é a “dureza de coração.”
- Paulo ainda continua e descreve o coração do moralista no verso 5 como um coração “impenitente.”
A palavra “impenitente” é a mesma do verso 4, onde Paulo diz: a bondade de Deus que te conduz ao arrependimento?
É a mesma palavra no verso 5. A única diferença é que ela começa com a letra “alfa,” a qual tem o efeito de inverter o significado. No verso 4, ela significa, “arrependimento;” no verso 5, ela significa, “falta de arrependimento,” ou falta de quebrantamento; falta de mudança de mente; nenhuma mudança de coração; nenhuma mudança na vontade; nenhum arrependimento!
Essa é a única ocorrência do adjetivo “impenitente” no Novo Testamento. A. T. Robertson chamou isso de, “o coração não reconstruído.”
Você está percebendo a estratégia inspirada de Paulo aqui? Do lado de fora, o moralista parece ser muito bom. Ele não parece estar se deleitando nos pecados perversos do capítulo 1. Ele não é o bêbado da cidade; ele não sai por aí tingindo a cidade de vermelho; ele não está atrás das grades de uma penitenciária. Não, ele é membro de uma igreja; ele até dá aula para uma turma de crianças desprivilegiadas; ele é um voluntário na comunidade. Do lado de fora, tudo parece maravilhoso.
Então, o que Paulo faz é bater um raio-X do coração do moralista e mostrar para ele. Isso é o que somente Deus pode ver.
A palavra grega utilizada para “coração” no verso 5 é, “kardia,” da qual derivamos palavras como, “cardiologista” ou “cardiologia.” O “kardia” do descrente é retratado como algo que está no processo de endurecimento. É por isso que, em termos humanos, é mais fácil para uma criança vir a Cristo do que uma pessoa amis velha. É por isso que a idade média da salvação é de catorze anos para baixo.
Aqueles que aceitaram o evangelho de Cristo e se arrependeram de seus pecados, confessando fé em Cristo na idade adulta, são um grande milagre da graça. Quanto mais velho você fica, mas teimoso você fica. Quanto mais velho, mais capaz você se torna de defender seu pecado ao invés de se arrepender de seu pecado.
Uma sugestão de estudo bíblico para você é pesquisar na Bíblia as várias condições do coração. A Bíblia fala sobre o coração de pedra, coração rebelde, coração orgulhoso e, no verso 5, coração endurecido. Essas são condições do coração sem Cristo.
O moralista parece bom e saudável do lado de fora, mas, quando passa pelo raio-X da santidade de Deus, ele descobre que ele possui uma doença de coração mortal. O raio-X divino revela o seguinte: “Sr. Moralista, você precisa de um transplante de coração que somente o Cirurgião Divino pode realizar. Mas primeiro, você precisa admitir que se encontra em situação terminal e carente dessa cirurgia.”
E se você não admitir isso? Conforme um autor disse: “O endurecimento das artérias pode levar você para a cova, mas o endurecimento do coração pode leva-lo para o inferno.”
O Reservatório do Julgamento de Deus
Entretanto, Paulo ainda não terminou com seu diagnóstico. Veja o verso 5 novamente:
Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira…
A palavra-chave: “acumulas”
O verbo “acumulas” significa, “juntar aos poucos.” A palavra transmite a ideia de uma pessoa avarenta que cuidadosa e meticulosamente guarda tudo para si mesma, mas que ao mesmo tempo tenta dar a aparência de ser generosa.
É como uma mulher sobre a qual li recentemente. Ela era uma mulher “pão-duro” que finalmente foi pega no flagra. Ela estava fazendo compras de Natal para uma das pessoas de sua família que morava em outra cidade. Tudo o que ela via achava caro demais para aquele parente. De repente, ela achou o que queria. Sobre uma mesa estava um belo vaso de decoração que custava originalmente cento e cinquenta reais. Mas ele estava na promoção por dez reais porque a alça estava quebrada. Ela comprou o vaso e pediu que o rapaz embrulhasse para presente e que a loja entregasse na casa de sua parente. Essa mulher “pão-duro” sabia que a sua parente pensaria que ela havia comprado aquele vaso caríssimo para ela e que o vaso acidentalmente quebrou durante o frete. Uma semana após o Natal, ela recebeu um cartão de agradecimento daquela parente dizendo: “Muito obrigado pelo belo vaso. Ah, e obrigado por ter embrulhado as duas partes separadamente.”
Paulo diz: “Sr. Moralista, você pensa que vai conseguir escapar com essa sua aparência de bondoso. Você pensa que está acumulando boas obras que um dia pesarão mais que suas obras malignas. Não! O que você está na realidade fazendo é acumulando ira; ou seja, você está juntando para colher mais e mais ira de Deus, a qual será lançada sobre você por causa de seu coração duro e impenitente.”
Um autor retratou essa cena da seguinte forma: “Esse texto é um retrato de um avarento que não deseja entender que está colecionando ovos de serpente, trazendo-os para dentro de seu quarto, aonde serão chocados e serpentes nascerão e o destruirão.”
Em outras palavras, o Vesúvio está se estremecendo. A cada dia que você vive, cada hora que você recusa se arrepender, outra gota cai dentro desse terrível “tesouro” da ira. E no dia do julgamento, a montanha da ira de Deus se derramará sobre você.
De acordo com os versos 5 e 6, haverá um ajuste de contas eterno no julgamento de Deus. Note esses versos:
Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento
Em seu livro O Conhecimento de Deus, J. I. Packer escreveu palavras intrigantes:
Um Deus que não se importou em fazer distinção entre certo e errado, será que ele seria considerado um Deus e um Ser admirável? Um Deus que não distingue as bestas-feras da história, os Hitlers e Stalins (se me é permitido citar nomes), de Seus próprios filhos, será que ele seria considerado digno de louvor e perfeito? Indiferença moral seria uma imperfeição de Deus e na julgar o mundo seria demonstrar indiferença moral. A prova final de que Deus é um ser moral perfeito é o fato de que Ele se comprometeu a julgar o mundo.
Os Recipientes do Julgamento de Deus
Agora que Paulo já revelou ao moralista a verdadeira situação de seu coração, ele mostra a ele a verdadeira condição de seu caráter. Note o verso 8:
mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.
O descrente
Podemos resumir as obras do moralista com três frases. Ele insiste em permanecer em:
- Ambição egoísta; ou seja, ele vive para si mesmo;
- Desobediência à verdade; ou seja, ele considera sua opinião melhor que a opinião de Deus; e
- Obediência ao pecado e seu lucro temporários; ou seja, ele diz: “Minha vida parece estar indo muito bem desse jeito. Então, posso ignorar essa montanha se estremecendo aqui do meu lado.”
Meu amigo, você vai ouvir o estrondo dessa montanha e correr para a cruz, o local onde a ira de Deus já foi despejada sobre o Cordeiro de Deus? Somente nEle você estará seguro.
Você pode dizer: “Não sei se agora é uma boa hora. Talvez vou esperar um pouco mais.”
O antigo rabino Eliezer costumava dizer aos seus alunos: “Arrependa-se na véspera de sua morte.”
Seus alunos perguntavam então: “Como podemos fazer isso? Quem sabe o dia em que irá morrer?”
“Justamente,” retrucava o rabino Eliezer, “mais motivo ainda para vocês se arrependerem hoje.”
O crente
Agora desejo que você note o caráter do crente cuja vida é contrastada com a do descrente no verso 7:
a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade;
A propósito, o mundo deveria conseguir notar a diferença entre você e o descrente não baseado no que você crê, mas na forma como você se conduz. Sinceramente, eles não querem nem saber qual credo você cita, eles querem saber se você vive o que prega. Eles ouvem os valores que você transmite.
Agora, pare por um instante. Alguns dizem: “Veja bem, esse parágrafo parece sugerir que a pessoa vai para o céu por causa de suas boas obras, da mesma maneira que o moralista vai para o inferno por causa de suas obras malignas.”
Você precisa se lembrar que Paulo, em Romanos 2, não está definindo a base da salvação; ele define a base do julgamento. A base para a salvação é Jesus Cristo somente; a base para o julgamento é as obras, tanto para o crente como para o descrente.
O crente um dia estará diante do Bema, o tribunal de Deus, conforme 2 Coríntios 5.10 nos informa. Suas obras serão julgadas não para ver se ele entra ou não no céu, mas para ver como ele viveu na terra pelo fato de ele estar indo para o céu.
O descrente estará um dia diante do julgamento do Grande Trono Branco, conforme Apocalipse 20.11 revela, não para ver se ele irá ou não para o inferno, mas para que ele entenda por que ele vai.
O que Paulo faz nos versos 5 a 8 é contrastar o estilo de vida dos que vão para o céu com o estilo de vida dos que vão para o inferno. E eu ainda adiciono isto: se você vive como alguém que vai para o inferno, você tem todo o motivo do mundo para questionar se vai ou não para o céu.
Uma coisa é buscar viver uma vida reta e fracassar. Essa é a descrição do crente em Romanos 7. É outra coisa completamente diferente não se importar com os padrões de justiça de Deus e viver uma vida de pecado, enquanto ao mesmo tempo dizer ser um crente. Para aqueles que dizem conhecer a Cristo, mas que vivem como se não O conhecessem, minha responsabilidade não é transmitir esperança a essa pessoa, mas adverti-la de que talvez não haja esperança para ela.
A verdadeira fé em Cristo produz a salvação; todavia, ao mesmo tempo, fé verdadeira se revela por meio da prática das boas obras. Paulo escreveu em Efésios 2.10:
Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
Em outras palavras, as boas obras não são uma condição para a salvação, mas uma consequência da salvação.
Você pergunta: “O que dizer da pessoa que diz ter recebido a Cristo como Salvador, mas não se importa em viver para Cristo?”
O apóstolo João lidou com essa mesma pergunta em relação a alguns que haviam abandonado a fé e abertamente se rebelado contra o Senhor, apesar de, uma vez, terem feito parte da igreja e aparentemente estarem relacionadas a Cristo. Deixe-me ler a responsa dele a essa pergunta em 1 João 2.19:
Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos.
E qual é o estilo de vida da fé genuína? Paulo escreveu em Tito 2.14:
o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.
Em outras palavras, a fé verdadeira produzirá um zelo pelas boas obras. Isso significa que a falta de zelo justo indica falta de fé genuína.
Agora, quais são as obras justas que se tornarão evidente na vida do crente? Veja Romanos 2.7 novamente:
a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade;
Deixe-me resumir esse verso com três características. O crente, apesar de não ser perfeito, é persistente e persevera em:
- buscar a glória de Deus;
- buscar honra com fervor; e
- buscar viver para a recompensa eterna.
Agora o texto diz: procuram... incorruptibilidade.
Alguns interpretam de forma errada o termo “incorruptibilidade,” concluindo que apenas os crentes são imortais e que os descrentes não são imortais após a morte. Meus amigos, a Bíblia ensina que as almas de todas as pessoas são imortais, encarando alegria eterna no céu ou tormento eterno no lago de fogo.
O termo “incorruptibilidade” ocorre também em 1 Coríntios 15.42 em referência à ressurreição do corpo do crente que se torna isento de qualquer corrupção. Portanto, o corpo eterno glorificado do crente não experimenta corrupção, tormento ou degradação eterna, mas pureza, glória e alegria eternas.
Pense em uma pessoa que escapou da ira de Deus e desfruta do perdão e da promessa de uma eternidade no céu: será que essa pessoa pode fazer outra coisa além de procurar glorificar e honrar a Deus por meio de uma vida piedosa?
Ela vive na prática as palavras: “Oh Deus, muito obrigado por me salvar de sua ira e fúria. Obrigado porque a montanha de seu julgamento jamais despejará fúria e julgamento sobre mim. Não temo o Vesúvio da ira eterna. Estou seguro em Jesus Cristo.”
Li um tempo atrás sobre um homem a quem todo mundo chamava de “Velho Ed.” Basicamente toda sexta-feira ao final da tarde, o Velho Ed caminhava pela praia e ia para o seu píer favorito; e ele sempre carregava consigo um pequeno balde cheio de camarão. Mas o camarão não era para ele, nem para seus amigos; era para as gaivotas.
Ele andava até o final do píer e logo o céu ficava repleto de pássaros cantando que mergulhavam no ar para aparar o camarão que o Velho Ed lançava para cima.
As pessoas falavam como o Velho Ed ficava lá em pé jogando o camarão, conversando com o pessoal que estava ao seu redor. E lá ficava ele. Dentro de poucos minutos, o balde se esvaziava e o Velho Ed ficava lá, de pé, com o pensamento distante, observando enquanto os pássaros voavam embora no horizonte.
O Velho Ed foi um capitão durante a Segunda Guerra Mundial e pilotou um B-17 com uma tripulação de 7 homens. Numa determinada missão no céu sobre o Pacífico, eles perderam a direção e acabou faltando gasolina no avião. Eles desceram e deram com toda a força contra o mar. Milagrosamente, todos conseguiram sair do avião e entraram no bote salva-vidas. Eles viveram vários dias naquele bote, lutando contra o sol escaldante, os tubarões e, acima de tudo, a fome. A comida finalmente acabou e a situação se tornou desesperadora.
Ed ainda se lembra e escreveria em sua biografia posteriormente que ficou semiconsciente, seu boné cobrindo seus olhos quando ele sentiu algo pousando em sua cabeça. Era uma gaivota. Aquela gaivota significava comida – se ele conseguisse pegá-la. Vagarosamente, ele levantou seus braços e agarrou o pássaro. Os homens, ali mesmo no bote, fizeram uma refeição com a gaivota e usaram sobras como iscas. Isso lhes permitiu pegar peixes e repetir o ciclo, o que lhes ajudou a sobreviver por vários dias até o resgate.
O Velho Ed nunca se esqueceu. Quase toda sexta-feira ao entardecer, por vários anos até morrer, Ed ia até o píer com um balde cheio de camarão; alimentava as gaivotas e repetia elas, vez após vez: “Muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado.”
Será que nós podemos fazer outra coisa para o nosso Salvador, o qual nos resgatou da erupção eterna da ira de Deus? Podemos fazer outra coisa com nossos lábios, nossas vidas e nossos corações além de viver para nosso Redentor e honra-lO com uma vida que diz a Ele: “Obrigado... obrigado... obrigado.”?
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 09/09/2001
© Copyright 2001 Stephen Davey
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