
Interrompemos Esta Carta...
Interrompemos Esta Carta...
Quando Se Fizer Chamada—Parte 4
Romanos 16.17–18
Introdução
Estamos bastante cientes de que basicamente todos os produtos que compramos vêm acompanhados de uma etiqueta de advertência de algum tipo. A fim de evitarem processos tolos, empresas agora incluem advertências que revelam a completa falta de bom-senso dos consumidores. Algumas das advertências incluem:
- Um carrinho de bebê com a advertência: “Cuidado. Retire a criança antes de fechar e guardar este carrinho.”
- Uma isca artificial de bronze com três anzóis com a advertência: “Cuidado. Perigoso se ingerido.”
- Uma furadeira que adverte: “Cuidado. Não deve ser usado para fins odontológicos.”
- Um papelão que se coloca no para-brisa do carro para proteger do sol tinha a advertência: “Cuidado. Remova antes de dirigir.”
- Muitos ferros elétricos de passar roupa vêm com o seguinte alerta: “Cuidado. Não passar em roupas ainda vestidas no corpo.”
Se você é como a maioria das pessoas, então nem sequer se preocupa em ler o manual, muito menos essas advertências.
A verdade é que a vida está repleta de advertências e por bons motivos. Não é nada raro ler ou ouvir sobre uma tragédia que aconteceu porque pessoas não prestaram atenção nas advertências.
Um exemplo foi o que aconteceu vinte anos atrás quando o Nave Espacial Challenger explodiu após a decolagem, matando todos os sete tripulantes. As investigações revelaram que a NASA havia ignorado a advertência dos engenheiros de que um clima frio poderia afetar uma pequena peça de borracha e levar a vazamento de combustível—o que aconteceu, causando a explosão da nave logo após a decolagem.
Os meios de comunicação também possuem um sistema de alerta ou advertência, assim como produtos que compramos. Você está assistindo à televisão ou ouvindo o rádio e, de repente, a programação é interrompida. Pode ser que a interrupção seja apenas para o início do horário político; mas pode ser que seja um aviso urgente do governo à população. Em vários países onde as pessoas vivem sob a constante ameaça de guerra, as programações são interrompidas abruptamente. A televisão fica com aquelas faixas verticais coloridas, as quais são acompanhadas por um som irritante e pelas palavras, “Interrompemos a nossa programação....” Em muitos casos, esse alerta urgente do governo faz toda a diferença até mesmo entre a vida e a morte.
De fato, quando não lemos a advertência, nem acatamos a mensagem que ela transmite, corremos sérios riscos de colher consequências desagradáveis.
Se você esteve conosco nos nossos últimos estudos, então se lembra de que Paulo está finalizando sua carta aos Romanos com uma série de saudações, uma após outra. De repente, assim como no programa de televisão, Paulo interrompe as saudações e passa a pronunciar um alerta—uma advertência severa cheia de fervor e emoção.
Atenção: Cuidado com Os Falsos Mestres!
Em Romanos 16, Paulo interrompe suas saudações começando no verso 17. Acompanhe a leitura de Romanos 16.17–20:
Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos. Pois a vossa obediência é conhecida por todos; por isso, me alegro a vosso respeito; e quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal. E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco.
Daí, Paulo retorna às saudações no verso 21: Saúda-vos Timóteo, meu cooperador, e Lúcio, Jasom e Sosípatro, meus parentes.
Entre as séries de saudações se encontra uma série de alarmes fervorosos. É como se Paulo dissesse, “Interrompemos esta carta para uma situação de emergência com implicações de vida e morte.”
Paulo parece interromper suas palavras finais com uma advertência. É tão repentina que alguns crêem que o alerta não foi parte da carta original, mas adicionado posteriormente. Contudo, não há motivo algum para duvidarmos de que Paulo, enquanto saúda seus amigos amados e cooperadores no ministério, é compelido a lançar uma advertência por causa de seu amor por eles. Sinceramente, Paulo advertia a igreja com bastante frequência.
Após três anos intensos entre os irmãos de Éfeso, as palavras finais de Paulo, direcionadas primeiramente aos presbíteros da igreja, foram uma advertência severa e fervorosa. Ele disse, como lemos em atos 20.28–31:
Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.
Paulo também advertiu os crentes da Galácia com palavras duras em relação ao fato de estarem voltando aos ensinos da justificação pelas obras. Ele escreveu em Gálatas 1.6:
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho,
A primeira carta de Paulo aos coríntios também termina com uma advertência final para eles tomarem cuidado com aquele que não ama o Senhor (1 Coríntios 16.22).
As últimas palavras do apóstolo ao seu pupilo Timóteo foram uma advertência, afirmando que as pessoas gravitariam naturalmente a pregadores e mestres com chavões aparentemente espirituais, não desejando ouvir a verdade da sã doutrina e vida piedosa por sentirem “coceira nos ouvidos” (2 Timóteo 4.3–4).
Portanto, não é atípico para Paulo inserir uma advertência severa para os crentes romanos no final de sua carta.
O apóstolo basicamente adverte os romanos contra falsos mestres. Por que? Existem dois motivos:
- Primeiro, porque eles dividem o corpo (v. 17);
- Segundo, porque eles enganam o crente (v. 18).
Veja novamente Romanos 16.17a: Rogo-vos, irmãos.
Paulo já usou essa expressão ao implorar que os crentes orassem por ele (15.30); e a expressão também aparece em Romanos 12.1:
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
Essa era a expressão que um comandante usava nos dias de Paulo para desafiar suas tropas antes de saírem para a batalha. Ela transmite certa medida de urgência.
Agora, falsos mestres não anunciam sua presença. A heresia não arrebenta a porta da frente; ela entra disfarçadamente pela porta dos fundos.
Algo especialmente perigoso no diabo é que ele nem sempre busca destruir igrejas por meio de ataques—às vezes ele se une a elas. As doutrinas de demônios geralmente são aceitas pela maioria do corpo.
Paulo diz, “Esse é um alerta de emergência, meus amigos! Fiquem alertas aos falsos mestres que trarão duas coisas: divisões e escândalos (Romanos 16.17a)
As palavras divisões e escândalos são bem mais sérias do que discussões triviais sobre questões simples de interpretação, ou sobre crentes imaturos que causam divisão por causa de alguma preferência pessoal.
Note que Paulo contrasta divisões e escândalos com a última parte de Romanos 16.17: em desacordo com a doutrina que aprendestes.
Paulo os adverte contra aqueles que contrariam e minam o ensino apostólico divinamente revelado—a fé, a doutrina.
Paulo diz, “Siga-os e sua fé será escandalizada.”
O termo escândalos se refere ao gatilho em uma armadilha. Assim que o animal morde a isca, o gatilho—o scandalon—é desarmado e a armadilha prende o animal.
Paulo não está pensando em um escândalo moral ou em um comportamento que gera escândalo; ele adverte contra escândalo doutrinário, ou seja, a adição de algo ao Evangelho que enredará crentes descuidados em algum erro doutrinário.
Esse alerta soou no século primeiro e precisa soar novamente no século vinte e um. Quer seja para:
- Alguém preso dentro do Catolicismo Romano—crendo que suas obras de penitência e missa precisam ser adicionadas para a salvação;
- Protestantes que aspergem seus bebês para assegurar que terão um lugar na aliança;
- Igrejas que batizam por imersão para assegurar a salvação;
- Adventistas do Sétimo Dia que insistem que adoração deve acontecer no sábado e todos os que adoram no domingo estão seguindo a marca da besta e, portanto, estão condenados.
E a lista pode continuar.
As palavras mais duras que Cristo pronunciou foram direcionadas a religiosos de Seus dias que aumentavam o fardo daqueles que desejavam adorar a Deus.
Durante os dias do Antigo Testamento, a lei exigia que o animal sacrificado fosse imaculado. Na época de Cristo, o templo havia instituído inspetores que examinavam os animais dos sacrifícios. Esses inspetores cobravam uma taxa, a qual, na economia de hoje seria o equivalente a quinze reais.
Como de costume, os inspetores rejeitavam os animais, encontrando alguma mácula. Dessa maneira, os peregrinos teriam que comprar um dos animais do templo, os quais eram criados e mantidos pelo sistema sacerdotal.
O único problema era o preço exorbitante desses animais do templo. Fora do templo, um par de pombos custava entre cinquenta e oitenta reais. No templo, no Pátio dos Gentios onde os animais eram vendidos, um par de pombos custava o equivalente a até trezentos reais!
Isso não passava de extorsão em nome de Deus.
Foi por isso que a primeira coisa que Jesus fez quando chegou no templo foi fazer um chicote e limpar a casa. Ele lhes disse em Mateus 21.13:
A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores.
Em outras palavras, “Vocês estão vendendo o acesso a Deus. Vocês estão roubando daqueles que desejam adorar a Deus. Vocês estão cobrando uma taxa para o perdão.”
Essa não foi a primeira, nem será a última vez que a religião vende e comercializa o perdão.
Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero acendeu uma tocha que ficou conhecida como a Reforma Protestante. Apesar de ser um monge católico fiel, ele pregava contra a doutrina das indulgências—a crença de que uma oração, uma vela e uma missa ajudariam a pessoa a passar menos tempo no purgatório. Ele também pregava a justificação pela fé somente e que as Escrituras, não a igreja, tinham a autoridade final. Esse foi o grito da “Sola Scriptura”—“As Escrituras Somente”—que ajudou a solidificar a supremacia da Palavra de Deus.
Foi nessa época que Johann Tetzel chegou a Wittenberg vendendo indulgências especiais que Martinho Lutero se enfureceu profundamente. Ele escreveu as “95 Teses,” ou 95 declarações que ele queria que fossem discutidas pelos eruditos eclesiásticos de seus dias.
Lutero objetou o ensino de Tetzel ao povo. Tetzel havia sido comissionado pelo papa para arrecadar dinheiro para a reforma da Basílica de São Pedro em Roma. Enquanto vendia as indulgências, ou certificados do perdão de pecados, Tetzel pregava o seguinte, algo que Lutero refutou em sua 28ª Tese: “Quando a moeda cai no gazofilácio, uma alma escapa do purgatório.” Tetzel dizia, em outras palavras, que quando as pessoas davam seu dinheiro à igreja, um de seus parentes falecidos saía do purgatório.
Tetzel vendia indulgências plenas—ou, indulgências completas. A indulgência poderia não somente ser aplicada a um parente, mas ao comprador também. As pessoas poderiam comprar a saída do purgatório e entrada no céu.
Essas e outras questões deram força a Lutero e à Reforma.
Martinho Lutero escreveu em sua 32ª Tese: “Os que acreditam que por meio de cartas de perdão (ou certificados de indulgência) terão certeza de sua própria salvação, [eles] serão condenados eternamente junto com seus mestres.”
Era de se esperar que a controvérsia ferveria.
Você pode dizer, “Mas isso é coisa do passado; por que levantar um assunto que aconteceu quinhentos anos atrás?”
Poucos anos atrás, as indulgências plenas dos dias de Lutero atingiram seu clímax quando a Igreja declarou que o ano 2000 seria um ano especial de Jubileu. O papa, mais uma vez, disponibilizou indulgências plenas—absolvição ou perdão, não parcial, mas total por meio das indulgências. Ele abriu as portas da Basílica de São Pedro em Roma e de outras catedrais na Europa prometendo que, durante esse ano de Jubileu—o ano 2000—os peregrinos que fossem a esses lugares sagrados receberiam indulgências plenas. Assim, todo o seu tempo no purgatório seriam apagado e poderiam ir direto para o céu.
Isso não é nada mais do que vender o acesso a Deus; cobrar taxas para o perdão.
Paulo diz, “Fiquem de olho naqueles que se desviam do ensino que vocês aprenderam.”
Agora, Paulo se preocupa não somente com falsos mestres que se desviam da verdade—a fé—mas ele se preocupa profundamente com falsos mestres que representam erroneamente a verdade e enganam o corpo.
Veja Romanos 16.18 novamente:
porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos.
Eles usam suaves palavras—chrestologia; o uso de um discurso plausível e justo. Literalmente, eles são justos e positivos sem seus discursos.
Pedro fez a mesma advertência ao escrever em 2 Pedro 2.1–3:
…haverá entre vós falsos mestres… E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias…
Paulo disse aos coríntios que esses falsos mestres falarão sobre Jesus, mas estarão pregando um Jesus diferente (2 Coríntios 11.4).
Isso se equipara ao ensino dos mórmons, os quais, hoje, dizem que colocaram sua fé em Jesus como seu Salvador. O nome é o mesmo, mas o Jesus deles é totalmente diferente—não é uma encarnação do Deus vivo e verdadeiro, mas de um dos seus muitos deuses.
Conforme Paulo, esses falsos mestres são escravos, não do Senhor, mas de seus próprios desejos—seu próprio ventre, ou seja, seus próprios apetites.
Eles são movidos por interesse e satisfação pessoais, às vezes em busca de fama, poder sobre seguidores e lucro financeiro. Muitos deles desfrutam de estilos de vida extravagantes e se envolvem em imoralidade sexual como regra ao invés de exceção.
Paulo escreveu em Filipenses 3.19:
O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas.
O problema é que eles fingem falar em nome de Deus; eles parecem falar por Cristo; eles parecem ter interesse no Evangelho. Contudo, a verdade é que eles estão interessados somente em si mesmos, seu trabalho, seu nome, sua conta bancária e seu poder.
Quando seus discursos são avaliados à luz da fé, ficará constatado que estão introduzindo um outro evangelho, um falso cristo, uma falsa esperança. Seu evangelho é positivo, mas vazio.
Paulo advertiu os colossenses:
Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
Judas disse no verso 16 de sua pequena carta:
Os tais são murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros.
Isso é verdade, quer a vantagem seja fama, seguidores, satisfação pessoal de parecer estar ajudando outros ou inúmeros outros motivos.
Televangelistas proliferam como coelhos em nossa geração. Muitos deles possuem uma mensagem que não passa de engano vazio.
Eles dizem que tudo o que você precisa fazer é determinar o seu “bilhete na loteria divina” e terá tudo o que sempre desejou. É claro, o bilhete dessa loteria é impresso pelo ministério deles. Então, se lhes enviar um presentinho de fé, você receberá um bilhete em casa.
Meu amigo, Jesus não é um gênio. Não podemos esperar que esfregaremos a lâmpada e Ele sairá dela para nos conceder os nossos desejos.
O verdadeiro Evangelho não nos chama para a satisfação pessoal, apesar de isso ser atraente; o verdadeiro Evangelho nos chama para a renúncia pessoal.
A mensagem dos falsos mestres é bastante simples, mas terrivelmente enganadora. Deus quer que você seja feliz; seu maior problema é a sua baixa autoestima e seu pensamento negativo. O que você precisa fazer é elevar sua mente e sua autoimagem, colocar um fim a seus pensamentos negativos. Você precisa focar naquilo que o deixa satisfeito e feliz, e buscar essas coisas porque Deus deseja que você tenha sucesso, saúde e felicidade—o maior objetivo de Deus é o seu sucesso.
Um autor conhecido nos Estados Unidos que prega o evangelho da prosperidade é Robert Schuller. Em seu livro intitulado, Autoestima: A Nova Reforma, ele escreveu: “É exatamente neste ponto que a teologia clássica errou: na insistência de que a teologia deve ser ‘teocêntrica’ e não ‘antropocêntrica...’ Se seguirmos o plano de Deus, nos sentiremos bem a nosso respeito e isso é sucesso.”
Mais adiante, ele escreveu que o Evangelho não está ligado a sermos pecadores, mas à nossa baixa autoestima. Ele até comentou que “quando uma pessoa crê que é um pecador indigno, há sérias dúvidas de que ela poderá ser [salva].” Que deturpação! Como isso contraria a verdade!
O Cristianismo não abre mão de tudo pelo prazer de Cristo, mas quer tudo para o nosso prazer das mãos de Cristo. O alvo de Deus não é mais Sua glória, mas a nossa satisfação.
É por esse motivo que Robert Schuller pode dizer aos seus telespectadores, “Não somente a preocupação é pecado, mas ser pobre é também pecado quando Deus nos promete prosperidade.” Como isso é diferente do Filho do Homem, o qual não teve um lugar para reclinar a cabeça.
E como esse pensamento difere da atitude daqueles que assumiram uma postura firme para Cristo, como lemos em Hebreus 11.37b–38:
…necessitados, afligidos, maltratados… errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra.
O registro bíblico afirma que esses foram homens dos quais o mundo não era digno (Hebreus 11.38a).
Dois mil anos atrás, Paulo soou um alerta. Ele disse, “Permita-me interromper a minha carta com uma mensagem de emergência: ‘Atenção! Cuidado com uma salvação centrada no homem, cheia de si, que a si mesmo se exalta e que nega o pecado. Cuidado com ensinos que diluem as Escrituras e massageiam o ego.”
Paulo advertiu Timóteo sobre a mesma coisa: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas (2 Timóteo 3.1–2).
Não é surpresa alguma que, com esse evangelho, o homem não pode ser condenado; ele não é um pecador e o evangelho não é necessário.
Quando um desses pregadores do evangelho da prosperidade esteve em um programa de televisão em rede nacional, perguntaram-lhe se aqueles que não creem em Jesus Cristo irão para o céu. Ele respondeu, “Não sei... prefiro deixar isso com Deus.”
O apresentador insistiu e perguntou a mesma coisa uma segunda vez. O falso pregador disse, “Deixo isso com Deus.”
Isso pode soar para você como uma resposta positiva e bondosa. Contudo, ela não passa de uma traição ao Evangelho de Cristo.
Sim, a salvação depende de Deus, mas Deus já nos disse o que Ele decidiu. Deus disse por meio de Pedro em sua pregação registrada em Atos 4.11–12:
Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.
Séculos antes, Deus declarou por meio do profeta Isaías em Isaías 43.11: Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há salvador.
O problema não é que pregar o Evangelho é algo confuso; o problema é que agora, mais do que nunca, pregar o Evangelho exige coragem e isso parece ter desaparecido.
O verdadeiro Evangelho não pode ser pregado sem as realidades do pecado, inferno, condenação, cruz, derramamento de sangue, culpa e morte.
Onde estão os líderes de nossa geração que dirão com o apóstolo Paulo:
...não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1.16).
O que for diferente disso não passa de promessas vazias.
O Evangelho é, no início, uma notícia ruim. Daí, quando admitimos nosso pecado, depravação e culpa diante de Deus e corremos dessas coisas para os braços do Senhor, descobrimos, ali, a graça de Deus que salvou um perverso como eu e como você.
Aplicação
O que fazemos agora? Paulo fornece alguns conselhos bastante práticos que devemos implementar hoje.
- Primeiro, devemos identificar os falsos mestres.
Veja a primeira parte de Romanos 16.17 novamente:
Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes…
Descubra quem são essas pessoas e fique de olho nelas. Cuidado com elas!
Fico imaginando os crentes em Roma, depois de terem lido isso, se juntaram e disseram, “Quem é nossa cidade prega e ensina coisas contrárias ao Evangelho de Jesus Cristo?”
Precisamos ficar de olho nessas pessoas. O verbo grego para noteis é slopein, que significa “observar, marcar.” É desse verbo que derivamos palavras como “microscópio,” o qual usamos para observar cuidadosamente, e “telescópio,” o qual usamos para observar de longe.
Devemos colocar essas pessoas diante das lentes das Escrituras e analisar cuidadosamente seus ensinos para que não sejamos capturados em ignorância, nem sejamos iludidos.
Eles são faladores com palavras suaves... existe aparência sem substância.
Século atrás, Agostinho disse sobre esses falsos mestres, “Cuidado com o homem que esbanja devaneios eloquentes.”
Paulo escreve, “Cuidado com eles.”
Note que Paulo dá a ordem à congregação inteira! Como uma assembleia, devemos proteger a verdade—e proteger uns aos outros.
Não sei você, mas eu preciso do discernimento de outros crentes para me ajudar a ver coisas que não enxergo, a avaliar ensinos errados que não consigo identificar.
Precisamos uns dos outros para nos proteger contra falsos ensinos.
- Segundo, precisamos não somente ficar atentos aos falsos mestres e identifica-los, mas Paulo nos manda evitar a influência deles.
Veja as palavras de Paulo no final do verso 17: afastai-vos deles.
Devemos avalia-los, mas não ser influenciados por eles.
O comentarista Lenski escreveu que Paulo usado o verbo ekklino com a ideia de se inclinar para longe deles.
Mantenha sua guarda firme; nutra um pensamento crítico. Não esteja, como Paulo escreve em Romanos 16.18, dentre aqueles que são enganados porque são incautos.
Paulo interrompe sua carta com um sinal de emergência para os santos. Ele escreve, “Deixe-me adverti-los porque vocês são meus irmãos amados.”
Paulo não sacudiu a assembleia porque não os amava; ele os advertiu porque se preocupava com eles profundamente.
Em um de seus livros, Steve Farrar conta a história de uma família que havia se abrigado no porão de casa durante uma tempestade forte. O rádio anunciou que um tornado havia sido visto. Quando a tempestade terminou, o pai abriu a porta da frente para ver o estrago. Em frente à casa, um poste de eletricidade tinha caído e havia uma faísca forte brilhando. Antes que ele percebesse, sua filha de cinco anos de idade tinha corrido por fora de casa e estava indo em direção àquela faísca brilhosa que saía de um fio deitado na rua.
“Pare, filha” gritou ele.
Mas sua filha continuou correndo.
“Filha, PARE!”
E a menina continuou correndo para aquele fio que tanto chamava sua atenção.
“Pare AGORA, filha!” gritou o pai enquanto corria atrás dela.
Mas sua filha chegou ao fio primeiro e o segurou, e morreu na hora.
Parecia ser algo bonito, algo bom de se experimentar, mas, na realidade, era fatal.
Nesse texto, Paulo diz à igreja em Roma que os irmãos têm pelo menos duas necessidades.
- Primeiro, uma necessidade de discernimento.
Paulo diz à igreja, “Sejam sábios! Olhem ao redor; fiquem atento; pensem criticamente; não acreditem em tudo o que ouvem! Só porque é algo positivo, suave, agradável e o faz se sentir importante não significa que não seja fatal.”
- Segundo, uma necessidade de humildade.
Paulo não somente manda a igreja ser sábia, mas a manda ouvir!
Talvez você esteja pensando, “Jamais serei pego em falsos ensinos—consigo sentir o cheiro de heresia de longe.”
O seu desafio pode não ter nada a ver com falsos ensinos, mas com falso viver. E você está sendo advertido.
Talvez Deus, neste momento, por meio dessa passagem nas Escrituras, esteja interrompendo sua vida com um anúncio importante—com um alerta, com um desafio.
Encare esse alerta com seriedade. Essa interrupção com um sinal de emergência pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 15/10/2006
© Copyright 2006 Stephen Davey
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