O Hall da Fé

O Hall da Fé

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

O Hall da Fé

Quando Se Fizer Chamada—Parte 3

Romanos 16.5b–16

Introdução

Um dicionário define “fama” como “o estado de ser bem conhecido ou de ser o assunto de conversas.”

A fama pode ser por causa de algo bom ou algo ruim. Fama tem a ver simplesmente com ser lembrado.

Conforme um escritor anônimo disse, “Você saberá que é, de fato, famoso quando uma pessoa doida pensar ser você.”

A verdade é que todos, de uma forma ou de outra, têm o desejo de ser lembrados, quer seja por sua empresa, por seus colegas, amigos, pais ou mesmo por seus filhos que moram distante e dos quais você espera receber uma ligação. Nenhum de nós deseja cair no esquecimento, pelo menos não enquanto estamos vivos, não é verdade?

Ainda me lembro de ser colocado no canto da sala de castigo quando estava na terceira série. Enquanto pagava minha sentença, peguei um canivete que tinha no bolso e esculpi na parede as minhas iniciais em letras pequenas, apostando que minha professora e escola se lembrariam de mim. Mas isso não aconteceu.

Pouco antes da Guerra Civil nos Estados Unidos no final do século 19, um fazendeiro rico chamado Worthy Taylor contratou um jovem chamado James para fazer alguns serviços durante o verão. James tirava leite das vacas, cortava lenha e dormia no galpão, mas fazia refeições com sua família. No decorrer do verão, ele se apaixonou pela filha do fazendeiro Taylor. Por fim, ele acabou pedindo sua mão em casamento. Esse fazendeiro próspero replicou, “Meu amigo, você não tem dinheiro algum, nem mesmo perspectiva para seu futuro. Você é um ajudante qualquer de fazenda. Não posso dar minha filha para você!”

Quando o verão terminou, James fez suas malas e desapareceu para sempre. Anos se passaram e o fazendeiro Taylor prosperou ainda mais. Ele decidiu derrubar seu galpão antigo e construir um novo no mesmo lugar. No processo, ele descobriu que James tinha escrito seu nome completo em uma das vigas de madeira no teto onde dormira durante o verão trinta e cinco anos antes—James A. Garfield, o qual, naquele momento, era o Presidente dos Estados Unidos.

Sem dúvida alguma, naquele momento deitado no galpão, James disse, “Serei lembrado.”

O desejo de ser lembrado e haver um motivo por que as pessoas deveriam lembrar de você, bem como o desejo de lembrar outras pessoas dignas de recordação, é o ímpeto humano por trás do “hall da fama.”

Se você pesquisar o assunto, verá que existem diversos segmentos do “hall da fama:”

  • Hall da Fama do Futebol;
  • Hall da Fama do Basquete;
  • Hall da Fama do Boxe;
  • Hall da Fama do Cinema;
  • Hall da Fama da Música;
  • E dezenas de outros.

Quando chegamos em Romanos 16, descobrimos nada menos que um microcosmo do Hall da Fama de Deus. Podemos chama-lo de o Hall dos Servos Fiéis. Um nome após outro, contudo, foi introduzido nesse estimado Hall da Fé por razões diferentes daquelas que o mundo reconhece.

O Espírito de Deus induziu Seu servo Paulo a reconhecer dezenas de pessoas, imortalizando, assim, seus nomes. E o motivo não foi porque era inteligentes, fortes, engraçados, talentosos ou criativos, mas porque buscaram preservar a casa, a propriedade, a posse de Deus—Sua igreja que comprou com Seu próprio sangue.

Paulo cita um nome após outro; alguns são de pessoas comuns, já outros de nobres, e outros ainda escravos. Seus nomes foram esculpidos nas páginas das Escrituras com pouco mais do que suas iniciais. Existe um ou dois comentários, mas eles são suficientes para nos ensinar verdades profundas e encorajadoras. Vamos retornar ao nosso estudo nesse Hall dos Servos Fiéis.

Você irá notar, provavelmente, que uma frase aparece repetidamente em Romanos 16. Ela ocorre no verso 2 como no Senhor.

Depois:

  • Em Cristo Jesus (v. 3);
  • Em Cristo (v. 7);
  • No Senhor (v. 8);
  • Em Cristo (v. 10);
  • No Senhor (v. 11);
  • No Senhor (v. 12);
  • No Senhor (v. 13).

Essas pessoas são dignas de serem lembradas, primeiramente e acima de tudo, porque fazem parte da família da fé. Eles eram cidadãos de Roma, mas pertenciam a Jesus Cristo. Sua esfera de vida não era Roma, mas Cristo.

O livro de Romanos começou nos mostrando homens e mulheres vivendo sob condenação; o último capítulo nos mostra indivíduos vivendo em Cristo.

O Hall da Fé

Vamos continuar nosso estudo em Romanos 16 e observar mais alguns servos fiéis que foram incluídos no Hall da Fé.

Epêneto (Romanos 16.5b)

Veja Romanos 16.5b: Saudai meu querido Epêneto, primícias da Ásia para Cristo.

Havia milhares de convertidos na Ásia—em cidades como Filadélfia, Colossos, Pérgamo e Éfeso. Contudo, Paulo lembra da primeira pessoa que lhe disse, “Recebo esse Jesus como meu Salvador e Senhor. Eu creio que Ele ressuscitou dos mortos e é o Filho de Deus. Aceito o Seu sacrifício somente como pagamento pela culpa do meu pecado.”

Epêneto foi o primeiro, o que talvez tenha sido uma ironia de Deus, já que seu nome significa, “digno.” Sem dúvida alguma, esse homem sinalizaria a recepção do Evangelho, o qual arrancaria dos lábios de milhões de crentes ao redor do mundo a confissão de Deus é digno de louvor. Esses crentes descobririam sua redenção em Cristo e o confessariam que Ele é digno.

Epêneto seria o primeiro, mas ele era apenas o começo.

Maria (Romanos 16.6)

Paulo continua e diz em Romanos 16.6: Saudai Maria, que muito trabalhou por vós.

Não sabemos exatamente que Maria era essa. Pelo menos cinco Marias são mencionadas no Novo Testamento:

  • Maria a mãe do Senhor;
  • Maria Madalena;
  • Maria irmã de Marta e de Lázaro;
  • Maria esposa de Cléopas; e
  • Maria mãe de João Marcos, o qual escreveu um dos evangelhos.

Agora, essa Maria em Roma é mencionada. Quem quer que tenha sido, ela era uma trabalhadora assídua que pode muito bem ter exaurido suas forças na obra.

A expressão traduzida como que muito trabalhou é o verbo grego kopiao, o qual pode ser traduzido como, “gastar, cansar-se, labutar com muito esforço.”

A mesma palavra é usada por João em João 4.6 quando escreveu: Cansado da viagem, assentara-se Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta.

Jesus estava cansado—o mesmo verbo é usado.

Essa também é a mesma palavra usada por Pedro depois de o Senhor mandar os discípulos lançarem suas redes mais uma vez na água para pegarem peixe. Pedro respondeu em Lucas 5.5:

Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes.

Mais uma vez, o verbo é traduzido como em Romanos 16.6 com a ideia de “trabalhar duro.”

Não sabemos nada sobre essa Maria, a não ser que ela foi incluída no Hall dos Servos Fiéis, não porque realizou grandes obras—na verdade, nem nos é dito o que ela fez—mas porque, e a única coisa que nos é dita, ela trabalhou duro.

O verbo se refere a cansaço físico—ela chegava cedo e saía tarde. Talvez ela organizasse, limpasse e fechasse.

O espírito, coragem e determinação de Maria estão por trás da maioria das coisas que acontece na igreja, até mesmo 2 mil anos depois.

Andrônico e Júnias (Romanos 16.7)

Paulo continua e diz em Romanos 16.7:

Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos e estavam em Cristo antes de mim.

Infelizmente, é difícil determinar se o segundo nome mencionado nesse verso é masculino ou feminino. O nome grego Jounia é usado na forma acusativa singular (Jounian), que pode ser ou o nome feminino Junia, ou a forma contraída masculina Junias.

Alguns acreditam que eles eram marido e mulher, enquanto outros pensam que os dois formavam uma equipe missionária.

Contudo, existem quatro coisas sobre eles que sabemos ao certo baseado na informação que Paulo fornece. Se observarmos o verso na ordem inversa, vemos que Paulo diz:

  • Estavam em Cristo antes de mim, ou seja, eles haviam sido salvos algum tempo antes de Paulo; e eles
  • São notáveis entre os apóstolos, e o termo apóstolo é usado no sentido genérico.

Barnabé também foi chamado de “apóstolo” em Atos 14.4, apesar de ele não ser contado entre os doze apóstolos. O ofício de apóstolo já estava encerrado; seu período já tinha passado.

O uso genérico da palavra se refere a evangelistas e missionários fiéis. A palavra grega apóstolos significa simplesmente, “enviado ou mensageiro comissionado.” Ela pode se referir a alguém enviado ou comissionado pela igreja a locais ainda não alcançados pelo Evangelho, bem como a missionários e evangelistas de nossos dias.

Esses dois ou formavam um casal de missionário ou uma equipe de dois homens evangelistas que proclamavam o Evangelho. E Paulo escreveu que eles eram notáveis! Eles realizavam seu ministério com excelência.

Paulo ainda diz que nem tudo havia sido fácil para Andrônico e Júnias, uma vez que eles eram:

  • Companheiros de prisão, ou, “prisioneiros ou cativos de guerra.”

Já que o apóstolo Paulo passou bastante tempo em prisões, é impossível determinar qual prisão eles compartilharam. Contudo, eles tinham um elo especial que evidentemente se desenvolveu enquanto passaram um tempo juntos numa cela. Esses homens sabiam que aquilo não passava de uma guerra e, portanto, Paulo se refere a eles como seus companheiros de prisão de guerra. Paulo nunca se esqueceu deles.

O apóstolo ainda diz que eles eram:

  • Meus parentes, provavelmente uma referência ao fato de serem judeus, até mesmo da mesma tribo de Benjamim.

Amplíato (Romanos 16.8)

Paulo escreve em Romanos 16.8: Saudai Amplíato, meu dileto amigo no Senhor.

O termo dileto ocorre primeiramente na tradução grega de Gênesis 22. Abraão recebe a ordem e Deus de ir e sacrificar teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas (Gênesis 22.2).

Essa também é a mesma expressão que desceu do céu depois que Jesus foi batizado por João Batista. Deus o Pai trovejou e disse: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo (Mateus 3.17).

Paulo emprega a mesma palavra para se referir a Amplíato.

Eu tenho um comentário sobre as raízes judaicas do livro de Romanos escrito por um erudito judeu chamado Joseph Shulam. Ao comentar esse verso, ele diz que “Amplíato” era um nome comum de escravos nos registros do século primeiro. Na verdade, o nome aparece em uma catacumba no cemitério da família Domitilla. As inscrições indicam claramente que os membros dessa família proeminente em Roma eram seguidores de Cristo.

Parece que Amplíato era um dos servos que pertencia a essa família.

Na catacumba, existe uma imagem incomum—um túmulo muito bem ornamentado com o nome Amplíato esculpido em letras grossas e decoradas. Os cidadãos romanos tinham, assim como nós, um primeiro nome, um nome do meio e um sobrenome, enquanto escravos tinham apenas um nome. O túmulo ornamentado e as letras grossas, todavia, indicam que Amplíato era um homem de posição elevada e respeitada na igreja, bem como dentro de sua família.

Gostaria muito de poder ler a biografia de Amplíato. Sabemos que, na igreja primitiva, conforme um autor escreveu, “distinções de posição foram erradicadas de tal maneira que era possível que um homem fosse um escravo e um líder na igreja ao mesmo tempo.”

Urbano (Romanos 16.9a)

Paulo continua e diz em Romanos 16.9a: Saudai Urbano, que é nosso cooperador em Cristo.

Seu nome significa “educado.” Ela origina nossa palavra portuguesa “urbano,” que significa, “cortês, afável, civilizado.”

Essa é o sonho de todo pai e mãe para o comportamento de seus filhos quando visitas chegam—eles milagrosamente serão educados e com boas maneiras à mesa. Esse é o motivo por que pais, antes de entrarem na casa de alguém, ou antes de receberem seus convidados, dizem a seus filhos, “Olha a educação, hein?!”

Agora, é possível que Urbano fosse um homem de posição social elevada. Conduto, Paulo menciona, especificamente, não sua posição social, mas seu serviço.

Paulo diz que ele é nosso cooperador em Cristo. Essa é a mesma palavra que ele usou para descrever Priscila e Áquila no verso 3.

Urbano é incluído em Romanos 16, não por causa de sua posição social, mas porque se tornou um ajudante. Ele gostava muito de ajudar e era conhecido por ser um ajudante.

Esse foi um homem que foi incluído no Hall da Fé simplesmente porque ajudou.

 

Estáquis (Romanos 16.9b)

Na última parte de Romanos 16.9, Paulo escreve: e também meu amado Estáquis.

Mais uma vez, Paulo usa uma palavra carinhosa para seu amigo Estáquis—amado.

Apeles (Romanos 16.10a)

Em Romanos 16.10a, Paulo escreve: Saudai Apeles, aprovado em Cristo.

Apeles era aprovado!

Em Romanos 14, Paulo empregou esse termo para se referir ao crente maduro que era sensível à consciência do irmão mais fraco. Esse era o crente disposto a abrir mão de algo a fim de impedir que o irmão mais fraco pecasse.

Talvez Apeles tenha sido um dos irmãos que tomou a iniciativa nas discussões envolvendo questões cinzas da vida cristã.

Paulo também usou essa palavra em 1 Coríntios 11.19:

Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio.

Talvez Apeles fosse um homem maduro que reagiu com sabedoria e maturidade em meio aos conflitos internos da igreja.

Alguma coisa estava gerando divisão e rixas na igreja de Corinto. Paulo diz, “Essa é uma ocasião excelente para se identificar novos líderes—os crentes maduros. Eles reagirão ao conflito com graça, tato e percepção, enquanto o crente imaturo apenas fomentará o fogo da divisão.”

Talvez Apeles tenha sido um daqueles homens que subiu à superfície quando a igreja de Roma lutava com a divisão entre judeus e gentios na assembleia. Em meio a isso, é possível que Apeles tenha sobressaído como um novo líder por meio de seus conselhos sábios e espírito humilde. Assim, ele era aprovado.

Existe mais um uso dessa palavra que quero mencionar. Paulo a emprega em 2 Timóteo 2.15:

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, e que maneja bem a palavra da verdade.

Talvez esta tenha sido a marca de Apeles que impressionou Paulo—esse homem amava estudar e interpretar as Escrituras.

É possível que tenha sido tudo isso—Apeles pode ter sido um presbítero na igreja, tendo em vista o fato de ele lidar sabiamente com conflitos na igreja, interpretado as Escrituras com diligência e conduzido o caminho em relação aos jovens crentes na congregação que lutavam com o certo e o errado.

Os da casa de Aristóbulo (Romanos 16.10b)

Na última parte de Romanos 16.10, Paulo escreve: Saudai os da casa de Aristóbulo.

Essa frase pode se referir não somente à família de Aristóbulo, mas também a seus servos, o que parece ser o caso nesse verso. Poderíamos traduzir, “Saudai os que pertencem à casa de Aristóbulo.”

Note que Paulo não saúda Aristóbulo, mas os que pertencem a ele.

Recebemos ajuda quando à identidade desse homem rico dos registros históricos de um famoso cidadão romano Aristóbulo. Ele era o neto de Herodes o Grande—o mesmo Herodes que ordenou o assassinato de meninos judeus de dois anos para baixo em Belém e seus arredores numa tentativa de matar Cristo.

Aristóbulo foi um cidadão de Roma e, posteriormente, um amigo pessoal de Cláudio, o imperador que expulsou os judeus de Roma.

Quando morreu, seus servos e propriedade foram repassados ao imperador, mas tudo isso ainda retinha o nome do antigo dono, como era o costume da época.

Herodião (Romanos 16.11a)

O fato de os servos de Aristóbulo terem sido repassados ao imperador explica o motivo por que Paulo menciona outro homem em Romanos 16.11a: Saudai meu parente Herodião.

O apóstolo se refere a Herodião como seu parente, ou seja, seu irmão judeu. Um homem judeu não receberia o nome de Herodes, ao menos que fosse membro da casa de César como um de seus servos.

Os da casa de Narciso (Romanos 16.11b)

Paulo continua escrevendo em Romanos 16.11b: Saudai os da casa de Narciso, que estão no Senhor.

Ou seja, “Saúdem aqueles que pertencem à casa de Narciso, aqueles servos crentes no Senhor.” Evidentemente, nem todos eles eram crentes, mas Paulo saúda especificamente os que eram.

Como outros, o nome “Narciso” era um nome comum em Roma nos dias de Paulo. Todavia, existe a sugestão de que a casa e as propriedades de Narciso haviam sido transferidas à família real com a morte dele, a quem Paulo não saúda.

É possível que esse tenha sido um secretário pessoal e poderoso do imperador Cláudio. Ele juntou uma fortuna enorme correspondente a milhões de reais por meio de sua influência sobre o imperador romano. Seu poder estava no fato de toda correspondência enviada ao imperador passar por suas mãos e nunca chegar a Cláudio sem que Narciso antes autorizasse.

Então ele se enriqueceu por meio de propinas que pessoas lhe pagavam a fim de assegurarem que suas petições chegariam às mãos do soberano. O sistema era muito bom, e esse homem construiu uma fortuna, aumentando suas posses e seus servos.

Contudo, isso durou pouco tempo. Quando Cláudio foi assassinado e Nero ascendeu ao trono, Narciso foi exposto por sua corrupção e executado. Sua casa passou a pertencer a Nero.

Essa parece ser a resposta para a pergunta de como o Evangelho de Cristo alcançou o maior poder político do mundo, de forma que Paulo, estando em Roma depois, escreveria aos Filipenses no capítulo 4.22: Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César.

Quem eram os santos da casa de César? Eles eram os escravos convertidos de Aristóbulo e Narciso; eles eram os filhos e filhas reais de Cristo que foram incluídos no Hall da Fé. Apesar de servirem um rei cruel e temporário, eles eram membros da eterna Casa da Fé, a qual pertencia ao Rei dos reis.

Trifena e Trifosa (Romanos 16.12a)

Em Romanos 16.12a, Paulo escreve: Saúdem Trifena e Trifosa, mulheres que trabalham arduamente no Senhor... (NVI)

Muitos estudiosos bíblicos acreditam que essas era duas irmãs gêmeas por causa da natureza poética de seus nomes. Era comum nos dias de Paulo—e em nossos dias—dar a filhos gêmeos nomes com a mesma raiz.

A mudança sutil nos nomes resulta numa nuança diferente. Trifena pode ser traduzida como “graciosa,” e Trifosa “delicada.”

Independente disso, Paulo emprega a mesma palavra para trabalhar que empregou antes em referência a Maria no verso 6. Trifena e Trifosa podem ter sido graciosa e delicada, mas elas trabalharam duro na obra do Senhor.

Pérside (Romanos 16.12b)

Paulo menciona outra mulher em seguida, em Romanos 16.12b: Saudai a estimada Pérside, que também muito trabalhou no Senhor.

Muitos acreditam que Pérside era a irmã mais velha de Trifena e Trifosa. Contudo, em seu caso, Paulo escreve no tempo passado, que também muito trabalhou no Senhor. Existe a inferência de que ela já morreu. Seu testemunho de serviço ao Senhor, porém, ainda era digno de recomendação. Afinal, esse é o Hall da Fé.

Rufo e sua mãe (Romanos 16.13)

Talvez uma das inclusões mais intrigantes no Hall da Fé seja o próximo. Paulo escreve em Romanos 16.13: Saudai Rufo, eleito no Senhor, e igualmente a sua mãe, que também tem sido mãe para mim.

Apesar de Rufo ser um nome comum, existe evidência de que esse Rufo era um dos dois filhos de Simão de Cirene, o qual foi compelido a carregar a cruz de Cristo na subida para o Gólgota.

Marcos escreveu seu evangelho alguns anos após Paulo ter escrito a carta aos Romanos e seu evangelho também teria como destinatário o mundo romano.

É interessante, mas não surpresa alguma, que Marcos seria o único evangelista que forneceria um detalhe deixado de lado pelos demais. Mateus fala que Simão carregou a cruz de Cristo e Lucas menciona que ele foi forçado a carrega-la. Mas quando Marcos relata o mesmo incidente, ele adiciona algo: o comentário de que Simão era o pai de Alexandre e Rufo (Marcos 15.21).

Na verdade, Marcos insere um comentário parentético. Por quê? Porque os crentes em Roma sabiam sobre Simão e sabiam quem Rufo era, mas eles talvez não tivessem conhecimento que esse Simão era pai de Alexandre e Rufo, o qual, naquele momento, era um líder na igreja romana.

Também temos a menção de Simão de Cirene servindo na igreja primitiva da Antioquia.

Os comentaristas que pesquisei exprimem pouquíssima dúvida de que Simão veio a crer no Cordeiro de Deus cuja cruz ajudou a carregar morro acima. Existe pouca dúvida também de que esse Rufo se converteu e serviu na igreja de Roma.

Paulo escreve, “Diga ‘oi’ a Rufo e sua mãe!” Na verdade, Paulo se refere a essa mulher afetuosamente como sua própria mãe, possivelmente porque Paulo foi servido pelos cuidados dessa mulher.

Dez Servos do Hall da Fé (Romanos 16.14–15)

É nesse ponto que Paulo inclui dez pessoas no Hall da Fé sem adicionar descrição alguma a respeito delas. Elas aparecem em dois grupos de cinco pessoas em Romanos 16.14–15.

Vemos no verso 14:

Saudai Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e os irmãos que se reúnem com eles.

Obviamente, havia uma igreja se reunindo em sua casa.

E Paulo diz no verso 15:

Saudai Filólogo, Júlia, Nereu e sua irmã, Olimpas e todos os santos que se reúnem com eles.

É bem provável que Filólogo e Júlia eram um casal, e Nereu e sua irmã eram seus filhos. Muitos acreditam que Olimpas era um membro daquela casa. Ou seja, Paulo saúda todos os crentes daquele lar.

Com isso, Paulo conclui suas saudações pessoais de afeição. Daí, ele manda que todos demonstrem afeição e amor um ao outro ao escrever em Romanos 16.16: Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam.

Esse era o beijo santo—totalmente diferente de qualquer coisa sensual e íntima, mas que transmitia afeição. Ele se compara a um abraço ou aperto de mão em nossa cultura. Em nosso país, ainda temos o costume de dar um beijo de afeto e amizade.

Um missionário de nossa igreja que serve na Rússia me disse que homens saúdam uns aos outros na igreja com um beijo nos lábios.

Eu me surpreendi e ele disse, “É verdade! Aqueles homens enormes barbudos seguem o costume na igreja de saudar um ao outro com um beijinho nos lábios!”

Eu disse, “Eu nunca vou visitar a Rússia. Vou esperar para saudá-los no céu!”

Conclusão

Três verdades emergem ao visitarmos o Hall da Fé.

  • Ser incluído no Hall da Fé não exigiu grande capacidade, mas disponibilidade—alguém disse que essa é a maior capacidade que um ser humano pode ter.
  • Ser incluído no Hall da Fé não exigiu algum ato dramático de serviço, mas atos confiáveis de serviço.

Para alguns desses nos últimos versos, foi preciso apenas aparecer e ser contado entre os filhos de Deus!

  • Ser incluído no Hall da Fé não exigiu a honra de homens, mas humildade diante de Deus.

Como aprendemos, muitas dessas pessoas eram escravos que tinham aceitado o Salvador.

Oliver Wendell Holmes escreveu certa vez que “A fama geralmente vem àqueles que pensam em outra coisa.”

Essas pessoas se enquadraram nisso. A verdade é que pensavam em todos, menos em si mesmos. Ainda mais importante, eles pensavam em um Alguém—o Supremo Pastor da igreja que veio e tomou sobre Si a forma de servo, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz.

Ser incluído no Hall da Fé significa ser conformado à imagem de nosso Grande Servo-Pastor, o Senhor Jesus Cristo.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 01/10/2006

© Copyright 2006 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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