
Decorado com Uma Estrela
Decorado com Uma Estrela
Áreas Cinzas na Vida Cristã—Parte 9
Romanos 15.4–13
Introdução
Em abril de 1940, tanques alemães atravessavam as fronteiras de mais uma país europeu pacífico. O apetite voraz de Hitler gerou um frenesi enquanto forças alemãs buscavam conquistar toda a Europa e exterminar os judeus.
Hitler já havia tomado o controle da Áustria, Tchecoslováquia e Polônia. Novas tropas marchavam para a Dinamarca, uma país relativamente pequeno que jamais conseguiria resistir a máquina de guerra da Alemanha.
Como parte de sua estratégia sistemática de intimidação, os alemães anunciaram que todo dinamarquês de descendência judaica deveria vestir uma estrela de Davi amarela. Qualquer judeu que se recusasse a fazer isso seria executado na mesma hora. A Estrela de Davi, um símbolo da fé judaica, seria usada para marca-los a fim de que fossem roubados de suas posses, dignidade e até vidas.
O governo dinamarquês e seu povo não tinham condições de guerrear, mas seu rei Christian X fez um pedido ousado para evitar que os alemães perseguissem o povo judeu na Dinamarca. Esse pedido arriscaria sua vida, bem as vidas de todos os que o apoiassem. O rei da Dinamarca pediu que todos os seus súditos usassem a Estrela de Davi amarela; todos foram solicitados a estampar essa estrela em seus camisas, blusas e jaquetas. Você imagina esse pedido do rei?
O povo dinamarquês sabia bem da existência de campos de concentração. Eles tinham conhecimento de que os alemães intoxicavam pessoas por causa de sua arrogância nacionalista e ódio demoníaco contra os judeus. Eles já tinham ouvido a letra da canção que as tropas de Hitler entoavam enquanto marchavam de uma cidade a outra, buscando judeus para roubas, estuprar e sequestrar. A letra da música pode ser traduzida para o português da seguinte forma:
Amolem suas facas na pedra das ruas;
Afundem suas facas na carne e osso dos judeus;
Deixem o sangue jorrar livremente.
O que os súditos dinamarqueses fariam? O que você faria se estivesse vivendo na Dinamarca em 1940?
Segundo a lenda, a despeito do profundo medo que assolou seus corações para assumir essa postura corajosa, na manhã que eles sairiam de suas casas para serem avaliados por Hitler, o que as tropas alemãs viram foi algo difícil de acreditar. Havia Estrelas de Davi por todo lado. Judeus de cabelo marrom, bem como dinamarqueses ruivos, todos vestiam a Estrela de Davi.
Todos disseram ser judeus de origem. Os judeus no meio deles choraram ao verem esse ato incrível e arriscado de amor e apoio.
Eu li registros afirmando que esse ato não passa de uma lenda; outros registram afirmam que de fato aconteceu. Contudo, o que temos são algumas estatísticas. Como resultado da resistência dinamarquesa ao exército alemão, apesar de seis milhões de judeus terem sido exterminados no Holocausto, somente cinquenta e um deles vieram do país da Dinamarca.
Tudo isso porque, naquele dia, todos os dinamarqueses foram decorados com uma estrela.
Em Romanos 14 e 15, Paulo faz um apelo—assim como o rei Christian X—para a igreja se unir como um povo só; um apelo a que todos se erguerem decorados com os símbolos da unidade, amor e verdade.
O inimigo está avançando, marchando de igreja a igreja, de lar a lar, buscando alguém para devorar. Seu apetite é insaciável; seu ódio do povo de Deus não possui limites.
Uma das maiores defesas contra o inimigo da igreja é a unidade de Espírito no vínculo da paz; a declaração com nossa boca e a demonstração com nossas vidas de que o chão ao pé da cruz é plano. Estamos juntos nessa.
Por mais que isso seja difícil de entendermos hoje, o século primeiro foi um tempo difícil para o judeu ficar ao lado de um gentio e para um gentio adorar com um judeu. Portanto, é de se esperar que, no centro desses trinta e seis versos que temos estudado, existe um apelo do apóstolo, o qual representa o clamor do Espírito Santo: acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus (Romanos 15.7).
Para piorar as coisas ainda mais, havia o choque cultural entre o estilo de vida judeu e o gentio.
Como devemos tratar aqueles dentro da igreja que são diferentes e possuem opiniões diferentes das nossas?
Paulo responde dizendo que devemos viver segundo os princípios da:
- Proteção;
- Reputação;
- Consideração;
- Convicção;
- Imitação.
O último dos princípios se encontra nesse texto. Hoje finalizaremos nossa série em questões cinzas da vida cristã com o Princípio da Recepção.
Um dicionário define “receber” (ou recepção) como, “tomar como posse pessoal, aceitar.”
Ao darmos uma última olhada nesse assunto, Paulo encoraja o crente em qualquer século a receber, aceitar, como posse pessoal.
O Princípio da Recepção
Nesse princípio da recepção, podemos dizer que Paulo nos encoraja a abraçar três coisas. Permita-me compartilhá-las com você.
- Primeiro, se desejamos saber como conviver bem mesmo quando discordamos, precisamos abraçar as Escrituras. Quando abraçamos as Escrituras, descobrimos que ainda existe esperança para as nossas vidas.
Veja Romanos 15.4:
Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.
Para os leitores de Paulo, essa foi uma referência primária ao Antigo Testamento, uma vez que era tudo o que tinham.
Paulo já deixou bastante claro que as exigências, festas e sábados da antiga aliança não são mais necessários para o crente da nova aliança (Romanos 14.5–6). Contudo, toda a revelação de Deus, conforme Paulo afirmou em 2 Timóteo 3.16–17: é útil... a fim de que o homem de Deus seja... habilitado para toda boa obra.
As Escrituras fornecem os suprimentos que nós, os crentes, precisaremos para a vida.
Paulo escreveu aos coríntios dizendo que a experiência de Israel no êxodo do Egito foi escrita para que tenhamos um exemplo claro do que não devemos fazer. Ele disse em 1 Coríntios 10.6:
Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
Mais adiante, ele escreveu no verso 11:
Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.
Você quer saber como deve viver? Então:
- Estude o êxodo dos israelitas.
- Leia os desafios de Daniel.
- Sinta a perda de Jó.
- Veja Oséias reagindo à infidelidade de sua esposa.
- Acompanhe os passos de fé de Gideão.
- Junte-se aos israelitas enquanto eles cantam uma canção de fé ao marcharem ao redor de Jericó.
- Sinta a agonia de Neemias pela sua pátria amada.
- Veja como José recusa se deitar com a esposa de seu patrão.
Você já parou para pensar que a Palavra Viva—o Senhor Jesus—citou a palavra escrita três vezes ao lidar com o diabo? Nas três tentações, Jesus respondeu a Satanás com versos das Escrituras—e três deles vindos do livro de Deuteronômio.
Outro dia, um ouvinte da rádio me escreveu reclamando que eu estava pregando no Antigo Testamento. Ele disse, “Eu pensei que você fosse crente e batista. Por que você está pregando no Antigo Testamento?”
Eu pensei, “Ah, se ele soubesse!”
A mensagem de Paulo aos romanos, e a nós, é clara: tanto o Antigo como o Novo Testamento são as Palavras de Deus e, juntos, eles oferecem esperança ao estudante da Palavra.
O rei Davi entoou Salmos no Antigo Testamento sobre as Escrituras com as seguintes palavras:
- A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra (Salmo 119.25).
- A minha alma, de tristeza, verte lágrimas; fortalece-me segundo a tua palavra (Salmo 119.28).
Em outras palavras, abrace as Escrituras, pois nelas você achará esperança.
Você quer ter esperança? Aceite as Escrituras.
Davi escreveu mais adiante no hino 119, versos 46 a 49:
Também falarei dos teus testemunhos na presença dos reis e não me envergonharei. Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo. Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as mãos e meditarei nos teus decretos. Lembra-te da promessa que fizeste ao teu servo, na qual me tens feito esperar.
Você deseja saber como viver e como proceder? A Palavra de Deus é o manual. E você ainda fica surpreso que o inimigo a ataca?
Rich Tatum conta a história de fé que uma garotinha na Palavra de Deus, apesar de seu pastor estar sendo um pouco brincalhão num domingo. O pastor a viu de pé aguardando em frente à sala de Escola Dominical das crianças entre o horário da Escola Dominical e do culto. Ela estava esperando seus pais para a levarem ao “culto dos adultos.” O pastor viu que ela estava segurando firme em seus braços um livro grande de histórias. Ele se ajoelhou ao lado dela e perguntou, “O que é isso que você tem nas mãos?”
Ela respondeu, “Esse é meu livro que conta a história de Jonas e a baleia.”
O pastor perguntou, “Me diz uma coisa: você acredita mesmo nessa história de Jonas e a baleia?”
“Claro que sim.”
Ele continuou, “Você está me dizendo que acredita que um homem foi engolido por uma baleia enorme, ficou lá dentro todo aquele tempo e ainda saiu de lá vivo?”
Ela afirmou, “Acredito sim! Essa história está na Bíblia e falamos sobre ela na Escola Dominical hoje.”
O pastor disse, “Você pode provar para mim que essa história é verdadeira?”
Ela parou, pensou por um momento e disse, “Bom, quando for para o céu, eu mesmo pergunto a Jonas.”
Ele respondeu, “E se ele não estiver no céu?”
Ela replicou, “Nesse caso você pergunta para ele!”
Aceite as Escrituras—a Bíblia é o manual de instrução de Deus para a vida.
Quando meus pais estavam construindo a casa deles, em um dado momento, eu e meu pai fomos ver o progresso da construção. Os pedreiros já tinham construído parte da lareira, mas eu e meu pai olhamos e percebemos que ela estava torta, pendendo para um lado. Ligamos para o mestre de obras e ele mandou que a equipe desmanchasse o serviço e fizesse de novo.
Uns dias depois, eu e meu pai voltamos para inspecionar o progresso e, dessa vez, a lareira estava quase que totalmente terminada, mas, de novo, completamente torta. Ligamos mais uma vez para o mestre de obras e ele mandou sua equipe refazer tudo mais uma vez. Sabendo que os pedreiros não ficariam nada felizes com aquilo, eu e meu pai saímos de lá!
Quando voltamos a terceira vez para inspecionar o serviço, a lareira de tijolo estava perfeitamente reta.
Depois, o mestre de obras explicou que alguns daqueles pedreiros eram novos e inexperientes. Então, da terceira vez, ele mesmo foi lá e fez o serviço.
Esse mestre de obras ilustra o papel das Escrituras.
Nós somos inexperientes na vida; muitas coisas que nos acontecem, acontecem pela primeira vez.
Na vida da fé, nenhum crente se forma na escola da dor, da dificuldade e do crescimento na terra, e é impossível pagar alguma matéria apenas como ouvinte.
Deus nos deu Sua Palavra a fim de nos prover significado e esperança na vida; Seu objetivo é nos instruir. O termo grego que Paulo emprega em Romanos 15.4 traduzido como ensino é “didaskalia,” o que significa que as Escrituras são o instrumento didático que revela o ato e o conteúdo para a vida cristã.
Você crê dessa maneira. Mas não pare por aí—é assim que você deve viver.
Lembre-se de que a prova do Cristianismo não é aquilo que você crê, mas como você vive. O mundo não quer saber daquilo que você crê; sua Bíblia não passa de mais um dentre dezenas de livros sagrados. O testemunho convincente do Cristianismo não é o Livro, mas o Livro aplicado à vida.
Não é credo—é caráter!
Portanto, abrace as Escrituras.
- Segundo, devemos não somente abraçar as Escrituras, mas devemos abraçar os santos também. Quando abraçamos os santos, descobrimos que nossos corações jamais ficarão sem um lar.
Veja Romanos 15.5–7:
Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus.
Quando abraçamos as Escrituras, descobrimos que nossas vidas jamais ficarão sem esperança.
Quando abraçamos os santos, descobrimos que nossos corações jamais ficarão sem um lar.
Paulo não nos convoca a simplesmente aceitar novos crentes na comunhão da igreja, apesar de isso estar embutido nessa admoestação. Ele convoca os crentes a aceitar um ao outro no sentido mais amplo e profundo, a tratar um ao outro com amor e compreensão, assim como Cristo também nos aceitou.
Nesse contexto imediato, o judeu e o gentio deveriam deixar de lado seus preconceitos, apesar de estarem enraizados em séculos de discriminação, intolerância e parcialidade.
Todavia, essa é a natureza, qualquer que seja p século em que vivemos.
Nós não somente desejamos fazer parte de um grupo, mas realmente gostamos de pertencer a um grupo exclusivo. Gostamos mais quando somos o grupo!
Os judeus achavam que eram o grupo! Os gentios argumentavam dizendo que os judeus não eram o grupo nessa nova era da graça.
Você já viajou alguma vez de avião em primeira classe? Como você se sente quando anunciam, “Embarque exclusivo dos passageiros de primeira classe”? Você faz parte de um grupo exclusivo de pessoas.
Minha esposa e eu fomos com uma equipe da igreja visitar nossos missionários na França vários anos atrás. Na ida, fomos de classe econômica. As poltronas eram apertadas e eu comi mais amendoim do um elefante.
No voo de volta, descobrimos no balcão que a empresa havia me separado da minha esposa. As moças pediram que esperássemos enquanto tentavam encontrar dois assentos juntos. Para a nossa surpresa, elas disseram, “Vamos dar a vocês assentos na primeira classe.”
E esse não era um voo curto—era da França para os Estados Unidos!
Antes mesmo de decolarmos já estávamos tomando nossa Sprite. Antes das refeições, os comissários nos deram toalhas quentes para limpar as mãos. Tínhamos um cardápio e incluía mousse de chocolate de sobremesa! Nossa refeição foi servida em louça chinesa e cristal. Foi impossível não pensar nas pessoas lá atrás comendo sanduíche gelado. Tínhamos à disposição revistas e jornais, e nossas poltronas de couro reclinavam.
Senti muita pena dos outros membros da equipe! Até fui lá ver se um deles queria trocar de lugar comigo.
Minha esposa e eu éramos a elite. Tivemos um tratamento especial que as pessoas ao nosso redor pagaram uma fortuna para ter.
Tiago diz, “Vocês estão no meio do culto quando um homem entra na igreja usando anéis de ouro e roupa fina.”
A natureza humana diz, “Trate esse homem diferente.”
Pensamos que esse homem merece se sentar na seção da primeira classe—o que na igreja significa os últimos bancos. Você precisa chegar mais cedo para conseguir os melhores lugares.
Daí, chega um pobre e você lhe diz, “Sente-se aqui no chão.” Tiago pergunta em Tiago 2.4:
não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos?
Essa é a nossa natureza.
Não é surpresa alguma que precisamos de uma nova. Precisamos de uma natureza na qual descobrimos que o chão ao pé da cruz é plano, que nossos irmãos estão no Evangelho da salvação pela graça.
Temos uma unidade baseada não no sangue de Adão, mas no sangue de Cristo; não na carne, mas na fé; não em nosso primeiro nascimento, mas no segundo.
Se você voltasse aos primeiros oito versos de Romanos 15, poderia identificar o perfil de uma igreja saudável. Ela é o lugar de:
- Refúgio e força para pessoas em necessidade (v. 1);
- Instrução e edificação (v. 2);
- Foco na glória e no sacrifício de Cristo a nosso favor (v. 3);
- Encorajamento por meio do ensino das Escrituras (v. 4);
- Unidade, uma vez que o chão é plano em nosso meio (v. 5);
- Adoração, quando glorificamos a Deus em uníssono (v. 6);
- Aceitação, onde nosso modelo é Cristo (v. 7);
- Humildade, onde o espírito de servo de nosso Senhor se torna o nosso alvo (v. 8).
Se isso soa como algo difícil—é porque é difícil!
Por esse motivo, se você está em busca da igreja perfeita, precisa continuar visitando igrejas. Qualquer pessoa é capaz de abraçar uma igreja perfeita. O desafio nesses versos é abraçar a igreja real.
Romanos 15.7 poderia ser parafraseado da seguinte forma:
Abrace o próximo como Cristo abraçou você.
É como se Paulo nos lembrasse, “Você pensa que Cristo o abraçou porque você merecia?”
Isso não é graça! Isso é compensação.
Graça é bondade imerecida. Graça é usar a estrela arriscando sua vida sem nada em retorno. Vemos graça no fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Romanos 5.8).
O que poderíamos oferecer em troca? Até mesmo nossos atos de justiça são como trapos de imundícia comparados à glória, pureza e justiça de Deus.
É exatamente essa a questão na graça. Paulo escreveu que é justamente assim que Deus demonstrou Seu amor para conosco—enquanto ainda vivíamos em pecado, Cristo morreu por nós.
Parte de nosso problema em não estarmos dispostos a abraçar outros santos é que temos uma perspectiva mais elevada de nós mesmos do que deveríamos.
Mark McMinn faz a seguinte analogia em seu livro Por Que O Pecado Importa. Ele diz que cada um de nós é como uma lâmpada—uma brilha 50 watts de santidade, enquanto outras apenas 25 watts. Os crentes mais reluzentes brilham 200 watts. Contudo, essas comparações tolas perdem total significado na presença do sol.
Paulo ainda faz um último apelo. Se Deus, o Filho glorioso, demonstrou Sua graça para com o necessitado, imundo, egocêntrico, egoísta, presunçoso, depravado, arrogante, perverso, desviado e corruptos como nós, como não mostraremos graça para com o próximo com quem estamos unidos pelo “sangue precioso, pelo segundo nascimento e pela única crença?”
Abrace as Escrituras. Abrace os santos.
- Terceiro, devemos abraçar o Soberano. Quando abraçamos o Soberano, descobrimos que não estamos desprovidos de auxílio!
Se a igreja precisa ser um corpo unido—se todos nós devemos decorar nossas roupas com estrelas, indicando que somos todos uma única raça (1 Pedro 2.9)—se realmente não existe primeira classe e classe econômica na igreja—se realmente podemos abraçar o Salvador pela fé como nosso Soberano—será que as Escrituras são claras a esse respeito?
Paulo sustenta suas declarações citando cada uma das três divisões principais do Antigo Testamento: a Lei, os Profetas e os Salmos.
- A primeira citação ocorre em Romanos 15.9: ...Por isso, eu te glorificarei entre os gentios...
Essa passagem vem de 2 Samuel 22.50, quando Davi canta sobre seu livramento das mãos do rei Saul. Ele canta de forma que seu regozijo será ouvido entre os gentios, bem como entre os judeus.
- A segunda citação está em Romanos 15.10: ...Alegrai-vos, ó gentios, com o seu povo.
Essa citação vem de Deuteronômio 32.43, quando Moisés convoca gentios a louvarem a Deus com judeus.
- A terceira citação se encontra em Romanos 15.11: ...Louvai ao Senhor, vós todos os gentios, e todos os povos o louvem.
Esse é o Salmo 117.1, quando os judeus abraçam seu Senhor e o louvam.
- A última citação ocorre em Romanos 15.12: ...Haverá a raiz de Jessé, aquele que se levanta para governar os gentios; nele os gentios esperarão.
Esse verso se encontra em Isaías 11.10. O Messias virá de Jessé—da linhagem do rei Davi.
Então:
- Na primeira citação, judeus louvam a Deus entre os gentios;
- Na segunda citação, gentios louvam a Deus junto com judeus;
- Na terceira citação, judeus e gentios juntos louvam o soberano Senhor;
- E na última citação, o Cristo Soberano reina sobre todos os judeus e gentios que O abraçaram pela fé.
Que esperança tremenda isso produziu! Você consegue imaginar essa notícia na igreja do século primeiro?
Em outras palavras, “Ei, existe espaço para gentios na família real do Messias—no reino vindouro! E para aqueles de origem judaica, existe espaço para você na noiva de Cristo, a igreja!”
Será que isso é verdade? Hoje, em muitas igrejas ao redor do mundo, 2000 anos depois, ambos gentios e judeus adoram a Deus juntos, lado a lado.
Conclusão
Não é surpresa alguma que Paulo encerra essa parte com uma bênção em Romanos 15.13:
E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.
Existem muitas bênçãos maravilhosas. Paulo conclui essa seção explodindo em oração exuberante:
- Vocês têm esperança, pois o Deus da esperança vos encheu de todo gozo e paz.
- Vocês possuem um lar e pertencem à família eterna de Deus, ao crer.
- Vocês possuem auxílio, pois, não pelo seu poder, mas no poder do Espírito Santo.
Nós devemos:
- Abraçar as Escrituras—e teremos esperança;
- Abraçar os santos—e nossos corações terão um lar;
- Abraçar o Salvador Soberano—e teremos sempre auxílio na força do Seu Espírito.
Aqui está. Essa foi uma longa jornada na questão das áreas cinzas da vida cristã; e ela termina, em essência, onde começou: com mais escolhas. Na verdade, com escolhas mais importantes que possibilitam um convívio saudável até mesmo quando discordamos em questões cinzas.
Você escolherá abraçar as Escrituras?
Você escolherá abraçar os santos?
Você escolherá abraçar o Salvador Soberano?
É assim que edificamos nossas vidas juntos: na rocha firme da graça de Deus.
Enquanto brilhamos com muito entusiasmo nossas luzes pequenas, jamais nos esqueçamos de que pertencemos ao Senhor glorioso—o brilhante e resplandecente Filho de Deus, o qual nos abraçou por Sua graça. Ele nos escolheu e jamais nos abandonará!
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 02/04/2006
© Copyright 2006 Stephen Davey
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