
Incorporando O Salvador
Incorporando O Salvador
Áreas Cinzas na Vida Cristã—Parte 8
Romanos 15.1–3, 8
Introdução
No mundo de marketing e propaganda, existe algo chamado de o poder de uma marca. Algo, ou alguém, representa um produto ou serviço e se identifica com o público com esse produto. Como resultado, quando as pessoas veem a garota propaganda, o símbolo, o logotipo ou ouvem aquela música, elas pensam imediatamente naquele produto.
O problema surge, contudo, quando nossas ações não refletem o produto para o qual nós devemos fazer propaganda.
Um jornal local estava fazendo uma cobertura anual de um programa feito por uma organização de saúde da qual milhares de médicos e enfermeiros fazem parte. O objetivo é ajudar as pessoas a terem uma melhor saúde do coração. A ênfase era nos tipos de comida com muita fritura, como hambúrguer, batata frita e outras coisas. O repórter estava fazendo entrevistas e, em uma de suas entrevistas, ele perguntou a um cardiologista onde ele tinha comido seu almoço naquele dia – mas o repórter tinha visto o cardiologista comendo hambúrguer com batata frita. O repórter lhe perguntou se ele não estava sendo inconsistente com o programa, dando um mau exemplo. O médico replicou: “Não, acho que não. Eu retirei o meu crachá do meu jaleco antes de entrar.”
O apóstolo Paulo já disse aos crentes que nós, em certo sentido, somos propagandas para o reino de Deus.
Conforme ele escreveu em Colossenses 3.12:
Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.
Ele também escreveu em Tito 2.10–12:
dêem prova de toda a fidelidade, a fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador. Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente,
Paulo igualmente nos instruiu em Efésios 4.24:
e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.
Essas são as marcas do reino dos céus.
Será que somos boa propaganda da agência celestial? Será que vestimos bem o produto do Amado Jesus?
F. B. Meyer escreveu há pouco mais de cem anos:
Devemos ser crentes em fontes grandes para que outros não precisem usar suas lupas para detectarem nosso caráter… a mensagem de nossas vidas deve ser semelhante a enormes propagandas que são facilmente lidas em outdoors por aqueles que passam de longe.
Paul Gilbert coloca esse desafio da seguinte forma:
Você está escrevendo um evangelho,
Um capítulo por dia,
Pelas obras que realiza,
Pelas palavras que diz;
Homens leem o que você escreve,
Quer verdadeiro ou falso,
Diga-me—qual é o evangelho segundo você?
Uma das melhores maneiras de revelar o Evangelho é demonstrando o caráter de Deus.
Em Romanos 13.14, Paulo desafia o crente a se revestir do Senhor. Devemos vestir a marca identificável do Seu caráter.
Mas como fazemos isso?
Uma das melhores formas de ser propagandas para Jesus Cristo é seguindo a instrução de João em sua terceira carta, verso 11: Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom.
Não imite o mal, não incorpore pessoas más, mas pessoas boas.
Paulo escreveu aos Coríntios: Tornai-vos meus imitadores, assim como eu também sou de Cristo (1 Coríntios 11.1).
Ele até ousou ir a ponto de dizer em Efésios 5.1: Sede, pois, imitadores de Deus.
Imagine isso, imitadores de Paulo… imitadores de Cristo, o que significa que imitamos Deus. Em outras palavras:
- se você deseja representar o reino, imite o Rei;
- se você deseja fazer propaganda para a glória de Deus, vista a marca do comportamento piedoso;
- se você deseja promover as excelências de Cristo, desenvolva o caráter de Cristo.
Apesar de jamais conseguirmos incorporar o Senhor perfeitamente, isso é o que buscamos.
E se há uma área na qual é difícil seguir o exemplo de Cristo, essa área diz respeito a tratarmos o próximo corretamente, mesmo quando estamos convencidos de que ele está errado.
Dentro desse contexto, como devemos agir como Cristo? Como imitar Cristo e representarmos a marca de Cristo?
Antes de mergulharmos em Romanos 15, quero dizer a você que, apesar de termos começado um novo capítulo, o contexto ainda é aquele de questões cinzas. Até agora, em relação ao tratamento ao próximo, bem como à descoberta do certo e do errado em nossas vidas quando a Bíblia não é clara e é inconclusiva, descobrimos:
- o princípio da proteção;
- o princípio da reputação;
- o princípio da edificação; e
- o princípio da consideração.
Hoje, descobriremos o princípio da imitação.
O Princípio da Imitação
Pelo menos quatro qualidades do caráter de Cristo emergem que devemos imitar ao estudarmos o princípio da imitação em Romanos 15 hoje. Vamos observá-las separadamente.
- Primeiro, devemos imitar a qualidade do suporte.
Veja Romanos 15.1a: Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos.
Circule o verbo suportar nesse texto. Essa não é uma sugestão, mas um indicador daquilo que os crentes fortes fazem.
Em outras palavras, “Nós, que somos maduros em nossa fé—o que devemos fazer é suportar os mais fracos.”
Ray Stedman escreveu sobre o crente mais forte ajudando o mais fraco sem forçar nele suas opiniões ou mudanças que ele ainda não está pronto para entender. Ray Stedman escreveu:
Podemos comparar isso ao ato de atravessar uma ponte bamba sobre um rio em uma montanha. Algumas pessoas conseguem correr sobre a ponte, apesar de ela não ter proteção lateral alguma. Elas não estão preocupadas com o balanço da ponte, ou com o perigo de caírem na correnteza embaixo. Mas outras ficam inseguras com a ponte. Elas tremem e andam um centímetro de cada vez. Elas até ficam de gatinhas em suas mãos e joelhos para atravessar a ponte. [Seja paciente com elas]. A mesma coisa acontece nas questões morais em [áreas cinzas]. Seria crueldade se um corajoso pegasse o tímido pelo braço e o obrigasse a correr pela ponte. Ele pode perder seu equilíbrio e cair da ponte.
Então, suportar os fardos do outro é outra forma de dizer que devemos “suportar com eles.” O verbo suportar é “bastazo,” que significa, “carregar, perseverar.”
Isso é mais do que dizer, “Nossa, aquele irmãos mais fraco está em sérios problemas.” Isso significa dizer, “Como posso ajudar meu irmão mais fraco?”
É isso o que o irmão mais forte deve fazer. E ao fazer isso, ele exerce maturidade em sua liberdade cristã.
Uma senhora em nossa igreja veio até mim outro dia e me disse, “Sabe o que eu decorei sobre a questão da liberdade cristã?” Eu respondi, “Não. O que?”
Ela disse:
Liberdade não significa liberdade para fazer o que eu quero, mas o que devo. E a verdadeira liberdade vem quando o que você faz é aquilo que você deve fazer.
Paulo disse o seguinte em Gálatas 6.2: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.
Em outras palavras, “Levem as cargas uns dos outros e incorporem o Salvador!”
Observe enquanto o Salvador:
- instrui pacientemente Pedro após ele tropeçar e cair;
- instrui cuidadosamente Tiago e João após a revelação de seus corações ambiciosos;
- condescende com Tomé quando ele duvida;
- até mesmo com Judas à mesa—se você notar a ordem dos acontecimentos, verá que Judas estava assentado à mesa com suas trinta moedas em sua bolsa—Jesus ainda o chama de “amigo.”
- em Suas palavras na cruz, …Pai, perdoa-lhes… (Lucas 23.34).
- após a ressurreição ao entrar no cenáculo e dizer as primeiras palavras aos Seus discípulos incrédulos, que foram uma repreensão merecida, lemos as palavras, Paz seja convosco! (João 20.19).
Você deseja incorporar o Salvador? Você quer ser uma propaganda para o reino dos céus? Imite a qualidade do suporte.
E isso é apenas o começo. Imite não somente a qualidade do suporte, mas deixe-me adicionar mais uma qualidade a ser imitada.
- Segundo, devemos imitar a qualidade da abnegação.
Veja Romanos 15.1b–2:
…e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação.
Outro dia recebi um e-mail que quero compartilhar com você.
Um casal de idosos morava longe de seus filhos. Um dia, o senhor liga para o filho e diz, “Olha, me desculpe por estragar seu dia, mas preciso contar para você que eu e sua mãe estamos nos separando. Já faz 45 anos que estamos juntos; estamos cansados um do outro.”
“Pai, o que é isso?” disse o filho sem acreditar.
Seu pai respondeu, “É verdade, estamos cansados um do outro e já estou cansado de dizer isso para as pessoas também. Então ligue você mesmo para sua irmã e conte a novidade a ela. Tchau!”
Desesperado, o filho ligou para sua irmã que gritou no telefone, “Não vou deixar isso acontecer… de jeito nenhum!”
Ela ligou para os pais imediatamente e disse, “Vocês não vão fazer nada antes de eu chegar aí. Vou ligar para o meu irmão também. Nós dois estaremos aí amanhã mesmo! Mas antes disso, não façam nada!”
O velho desligou o telefone, deu um sorriso para a esposa e disse, “Pronto, eles chegam amanhã para passar o carnaval conosco. E agora, qual será a nossa estratégia para a Páscoa?”
Tenho certeza que alguém inventou essa história.
Você pode circular uma palavra que aparece três vezes nos três primeiros versos—agradar.
No idioma original, agradar é uma tradução do grego “aresko,” que significa, “servir a, esforçar-se para agradar outra pessoa ao invés de a si mesmo.”
Note que a palavra ocorre novamente no verso 3, Porque também Cristo não se agradou a si mesmo.
Paulo escreveu aos filipenses dando uma descrição incrível da decisão abnegada de Cristo de vir ao planeta. Ele disse em Filipenses 2.6–7:
pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens…
Você acha que Jesus Cristo agradou a si mesmo quando veio a este mundo? Ele foi filho de um casal de aldeões que sobrevivia com o trabalho de uma carpintaria. É como se o Deus Triúno tivesse se reunido e feito todo o possível para provar que a vinda de Cristo não foi agradável, muito menos para agradar a si mesmo.
Cristo nasceu em uma caverna esculpida em pedra, cercado pelo fedor de uma estrebaria. Ele nasceu sem a ajuda de um médico ou parteira, e Ele foi filho de uma moça ainda não casada que jamais deixaria de ser acusada de imoralidade. Jesus foi filho de um pai adotivo que, conforme um pai da igreja disse, fabricava arados de madeira.
A única coisa gloriosa em seu nascimento foi um coral angelical que alertou os pastores sobre Seu nascimento. Esses pastores, depois, foram testificar, de forma irônica, pois ocupavam uma profissão considerada impura pelos líderes judeus e proibidos de testificar em um tribunal judaico.
Tudo isso grita o seguinte: Jesus Cristo não agradou a Si mesmo!
Apesar de dizermos que gostaríamos de ser igual a Cristo, ninguém diria que gostaria de nascer como Ele nasceu, e de crescer como Ele cresceu e suportar o que Ele suportou. O Salvador abnegado fez tudo isso.
Se você deseja impressionar o Salvador, imite a qualidade do suporte e da abnegação. Deixe-me adicionar mais uma qualidade digna de ser imitada.
- Terceiro, devemos imitar a qualidade do sacrifício.
Veja Romanos 15.3b: antes, como está escrito: As injúrias dos que te ultrajavam caíram sobre mim.
Isso é algo incrível! Agora, Paulo cita o Salmo 69, um dos maiores salmos messiânicos, ou seja, um salmo repleto de declarações que Cristo cumpriria. O Salmo 69 diz:
- o Rei será odiado pelos Seus inimigos sem causa justa (v. 4);
- o Rei será rejeitado pelos filhos biológicos de Sua mãe (v. 8);
- Ele experimentará a angústia mais profunda que uma alma pode experimentar—e com muito pranto (v. 10);
- Ele será zombado pelo Seu povo (v. 11);
- Ele será criticado pelos Seus líderes (v. 12a);
- Ele será alvo de canções perversas e humilhação por parte do mundo ímpio (v. 12b).
Isso é verdade? Será que o nosso Senhor experimentou essas coisas?
- Será que Cristo foi odiado sem justa causa por Seus inimigos?
Logo na primeira vez em que Cristo abriu Sua boca na sinagoga, a plateia inteira se levantou em ira e O levou para fora a fim de lançá-lO de cima de um despenhadeiro. Ele escapou milagrosamente.
Estude o ódio do povo e dos líderes de Israel e isso desafiará a razão.
Quando Cristo expeliu demônios, os líderes O acusaram de estar em acordo com o mundo dos demônios.
- Será que Cristo foi rejeitado pelos filhos biológicos de Sua mãe?
Sabemos com base no Evangelho de Marcos que Maria e José tiveram pelo menos seis filhos, talvez mais. Os nomes dos quatro filhos e a menção a duas filhas estão registrados em Marcos 6.3.
Também sabemos que os irmãos de Jesus pensavam que Ele havia enlouquecido. João 7.5 diz: Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele.
- Será que a profecia de Davi se cumpriu e o Rei experimentou a angústia mais profunda que uma alma é capaz de experimentar—e com muito pranto?
Quem poderá duvidar da agonia no Jardim do Getsêmane onde Jesus angustiou-se a ponto de Sua pele transpirar uma mistura de suor e sangue?
Ninguém experimentou uma agonia e angústia tão tremenda como a que Jesus experimentou.
- Será que Ele é zombado pelas pessoas conforme vemos no Salmo 69.11?
Não conheço outra pessoa cujo nome é usado como um palavrão.
- Será que Cristo foi criticado pelos líderes de Sua nação?
Sem dúvida alguma.
- Será que o Senhor foi alvo de canções perversas e de humilhação por parte do mundo ímpio?
O povo zombou de Jesus até mesmo quando Ele estava morrendo. Não importa o quanto você odeia alguém, você imagina a seriedade do ódio que zomba e amaldiçoa alguém que está no meio de uma morte horrível?
Lucas registra no capítulo 23.35–37:
O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido. Igualmente os soldados o escarneciam e, aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
Por que houve zombaria? Por que, até os dias de hoje, músicas, filmes, peças teatrais e comediantes amam ridicularizar Jesus?
Um dos livros mais vendidos de nossos dias, O Código da Vinci, zomba da reivindicação da divindade de Cristo alegando que Ele se casou com Maria Madalena e criou uma família na França. Essa alegação nem é recente, nem verdadeira. Ela simplesmente é uma velha mentira com roupagem nova, embebida com orgulho arrogante que adora ridicularizar o símbolo do que é santo e puro.
Gosto das palavras de Donald Grey Barnhouse em seu comentário em Romanos. Ele conta que a Ópera Metropolitana de Nova Iorque fez uma apresentação de balé chamada, “O Pecado de Jesus Cristo.” Um bailarino, representando Jesus Cristo, estava na cruz, e Maria Madalena dançava sensualmente diante dele. Um personagem maligno retratando Satanás dançou com Maria até que Jesus desceu da cruz e a cortejou e a levou para longe de Seu inimigo. Jornais e revistas revelaram as opiniões do público sobre o espetáculo. Houve críticas em relação à música e à dança, mas nem sequer uma palavra sobre a blasfêmia dessa produção.
A propósito, isso foi em 1959.
O mundo odiou o Salvador no passado e odeia ainda hoje.
Você quer se enfurecer e condenar a blasfêmia do mundo? Por acaso fazemos motins nas ruas e sequestramos pessoas por causa dessas blasfêmias contra o único Senhor vivo e verdadeiro?
Não, pois o mundo foi cegado pelo deus deste século. Você ficaria irritado se um cego pisasse em seu pé?
A verdade é que o ódio a Cristo cumpre a profecia das Escrituras.
Antes de Jesus Cristo sequer entrar no planeta por meio de Seu nascimento, Ele já tinha sido chamado pelo profeta Isaías de “homem de dores:”
Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso… Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca (Isaías 53.3, 7).
A disposição de Cristo de agradar ao Pai, a despeito de equívoco, ridículo, xingamento, perseguição, ódio, zombaria, brutalidade e morte é somente mais uma coisa que Paulo apresenta ao crente mais forte em Romanos 15 que ousa querer ser como Cristo!
Por esse motivo, poucos dizem, “Estou disposto a incorporar o Salvador… estou pronto para incorporar o Sacrifício de Sofrimento.”
Todavia, Paulo nos manda fazer exatamente isso, como lemos em Romanos 12.1:
…que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
Em outras palavras, a dizer:
- compartilharei de Sua dor;
- reagirei às minhas tristezas como Ele reagiu;
- suportarei as calúnias e equívocos a meu respeito;
- abraçarei a cruz.
Para os que serão os fortes—suportando os fardos dos mais fracos—lutando pela unidade do corpo e pela edificação do crente:
- imite a qualidade do suporte;
- imite a qualidade da abnegação;
- imite a qualidade do sacrifício.
Ainda existe mais uma qualidade que devemos imitar.
- Quarto, devemos imitar a qualidade do serviço.
Veja Romanos 15.8a:
Digo, pois, que Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus…
Esperaríamos que Paulo escrevesse, “Digo que Jesus Cristo foi constituído soberano sobre os judeus a favor da verdade de Deus,” ou, “Digo que Cristo foi constituído Senhor, Mestre, Rei que reina…”. Contudo, Paulo escreve, “Digo que Cristo foi constituído ministro, ou, servo.”
O que é chocante ao século primeiro é a conexão que Paulo faz entre Cristo e serviço. Cristo é o título messiânico da soberania—o Messias vem para reinar, expulsar os opressores e estabelecer o trono de Davi.
Cristo e servo são incompatíveis, contraditórios à mente e ao espírito humano. Mas Cristo veio,
…assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Filipenses 2.7–8).
Você deseja incorporar o Salvador? Aliste-se para ser um servo.
Você pode dizer, “Bom, acho que já cheguei lá. Acho que estou ocupando muito bem essa posição.” Mas como você sabe?
Você saberá se tem um não um espírito de servo quando alguém tratá-lo como servo. Daí você saberá!
O missionário Dawson Trotman estava visitando Taiwan em certa ocasião. Durante sua visita, ele caminhou pela montanha com um pastor local até uma aldeia para conhecer alguns crentes taiwaneses. Já que a trilha estava cheia de lama, seus sapatos ficaram de todo enlameados. Tempos depois, alguém perguntou a esse pastor taiwanês qual era a memória mais vívida que tinha de Dawson Trotman. Sem hesitação, ele respondeu, “Na manhã depois que chegamos à aldeia, eu me levantei da cama para me arrumar e vi que aquele crente americano tinha acordado antes de mim e tirado toda a lama de minhas botas… a coisa da qual me lembro mais é esta: Dawson Trotman limpou meus sapatos.”
Conclusão
Paulo escreve de maneira tão clara que nenhum de nós deve ignorar. Veja Romanos 15.1–3, 8:
Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo; antes, como está escrito: As injúrias dos que te ultrajavam caíram sobre mim… Digo, pois, que Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos nossos pais;
Esse é o princípio da imitação. E ele é tão raro que, se alguém o praticar ao seu redor, você provavelmente jamais esquecerá!
É assim que você encontra seu caminho pela névoa da vida e ajuda outros crentes a encontrarem o caminho também.
Recentemente, li uma história que verifiquei ser verdadeira. Ela foi primeiramente publicada anos atrás por um rabino.
Na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos, existe uma escola que serve comida para crianças deficientes. A escola fora antes conhecida como Centro Judaico para Educação Especial. Algumas crianças permaneceram na escola por toda sua educação, enquanto outras foram transferidas para escolas convencionais.
Em um evento para arrecadar fundos para a escola, o pai de uma das crianças com deficiência mental fez um discurso que jamais seria esquecido pelos que estavam ali presentes. Após louvar a escola e seus funcionários dedicados, ele disse, “Onde está a perfeição de meu filho Shaya? Tudo o que Deus faz é perfeito, mas meu filho é incapaz de entender as coisas como as outras crianças entendem. Meu filho não consegue se lembrar de acontecimentos e imagens como as demais crianças. Onde está o caráter de Deus?”
A plateia ficou em choque com a pergunta e em profunda dor com a angústia desse pai. O pai continuou dizendo, “Eu creio que, quando Deus traz uma criança dessas ao mundo, o caráter que Deus busca está na forma como as pessoas tratam meu filho.”
Daí, ele contou a seguinte história. Numa tarde, Shaya e seu pai passaram caminhando por um parque onde alguns meninos estavam brincando de beisebol. Shaya perguntou, “Você acha que eles me deixarão brincar?”
O pai de Shaya sabia que seu filho não era em nada atlético e que a maioria dos meninos não o deixariam entrar no time. Mas o pai de Shaya também sabia que, se eles deixassem seu filho jogar, aquilo daria a ele um senso de que pertencia ao mundo daquelas outras crianças.
O pai de Shaya foi até um dos meninos no campo e perguntou se seu filho poderia brincar. O menino olhou para seus companheiros em busca de ajuda. Sem receber opinião dos colegas, ele mesmo resolveu as coisas e disse, “Estamos perdendo e o jogo está quase acabando. Ele pode entrar e vamos colocá-lo para rebater a bola no fim.”
Shaya e seu pai ficaram muito felizes. Os meninos mandaram Shaya colocar a luva e ir jogar em outra posição enquanto isso. O time fez alguns pontos, mas ainda estava atrás no placar perdendo por três pontos. O time fez mais um ponto e, uma vez que tinha a jogada, poderia acabar vencendo. Chegou a vez de Shaya rebater. Será que o time deixaria Shaya realmente rebater essa bola em um momento tão importante do jogo, talvez desperdiçando a oportunidade de vencer?
Para a surpresa de todos, Shaya pegou o bastão e foi rebater. Todos sabiam que seria impossível, já que ele nem sabia como segurar direito o bastão, muito menos rebater a bola.
Contudo, Shaya foi para a posição do rebatedor. Após a primeira bola, Shaya tentou rebater, mas não conseguiu. Antes da segunda bola, outros jogadores vieram até Shaya e o ajudaram a segurar o bastão. Lá veio a segunda bola. Shaya e os demais meninos conseguiram rebater levemente a bola que rolou em direção ao arremessador.
O arremessador poderia ter pego a bola e a jogado para um de seus companheiros, finalizando ali mesmo o jogo. Mas, ao invés disso, ele jogou a bola para distante e todos começaram a gritar, “Corre, Shaya, corre para a primeira base!
Shaya nunca correu tanto em sua vida como naquele dia. Ele cambaleou sobre a linha assustado. Como demorou parar correr, o time adversário já tinha tomado posse da bola. Ao invés de finalizar o jogo, o outro time continuou com a bola em jogo, todos esperando por Shaya e gritando, “Corre, Shaya, corre para a segunda base!”
Quando chegou à segunda base, um dos adversários correu até ele e o virou em direção à terceira base e todos gritavam, “Corre para a terceira base!”
Enquanto corria em direção à terceira base, todos gritavam, “Corre, Shaya, corre!”
Shaya correu, chegou onde deveria e todos os meninos o ergueram sobre os ombros e fizeram dele um herói—como se ele tivesse rebatido a bola da vitória.
O pai de Shaya continuou contando a história em voz baixa com lágrimas escorrendo em seu rosto, “Naquele dia, aqueles meninos revelaram o caráter de Deus.”
Não importa quem seja a plateia, quando uma pessoa incorpora o espírito do sacrifício, abnegação, suporte e serviço, ninguém jamais se esquece.
Até onde o apóstolo Paulo sabe, não existe maneira melhor de encontrar seu caminho em meio à névoa do que render-se ao princípio da imitação.
Incorporar o Salvador é uma forma de dizer,
para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte (Filipenses 3.10).
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 26/03/2006
© Copyright 2006 Stephen Davey
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