Vivendo em Três Níveis

Vivendo em Três Níveis

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Vivendo em Três Níveis

Áreas Cinzas na Vida Cristã—Parte 7

Romanos 14.22–23

Introdução

Outro dia recebi uma história que dizia o seguinte:

O mesmo problema estava incomodando três igrejas no interior—uma batista, uma presbiteriana e uma metodista. Cada uma estava encarando a mesma dificuldade: estavam enfestadas de esquilos.

Um dia, a igreja presbiteriana convocou uma reunião para decidir o que fazer com os esquilos. Após muita oração e consideração, eles determinaram que os esquilos evidentemente haviam sido predestinados por Deus para estarem ali, escolhidos para estarem lá; então eles se recusaram a interferir no decreto soberano de Deus.

Na igreja batista, os esquilos tinham feito seu ninho no batistério. Os diáconos se reuniram e decidiram cobrir o batistério e afogar os esquilos. Mas eles conseguiram escapar e, na semana seguinte, havia o dobro de esquilos na igreja.

Os metodistas também saíram com a sua solução—a única solução que operou maravilhas. Eles votaram, unanimemente, a receber os esquilos como membros da igreja—e isso resolveu o problema!

Infelizmente, esse não é um problema entre os metodistas somente; ele assola muitas igrejas. Você já se perguntou alguma vez, “Por que eu vou à igreja—além de na Páscoa e no Natal?”

Na verdade, você já se perguntou, “Por que faço muitas das coisas que faço e não faço as coisas que não faço?”

Você faz ou deixa de fazer coisas baseado em convicção ou simplesmente para se adequar ao jeito que as coisas são?

Agora, não estou sugerindo que você arranque todas as cercas que construiu em sua vida. G. K. Chesterton disse certa vez, “Jamais arranque uma cerca antes de saber a razão por que ela foi colocada.”

Por que você crê no que crê? Por que vive da forma como vive? Por que existem determinadas cercas ao redor do pasto de sua vida?

Um autor conta de estar em um casamento e ouvir os votos dos noivos. O casal modificou o voto tradicional, de forma a dizer, “amando-a enquanto o amor durar,” ao invés de “amando-a por toda minha vida.” Então não é surpresa alguma que, hoje, alianças de casamento podem ser alugadas para um período de um ano!

O que você prometeu ou no que crê? Por que você escolheu viver, trabalhar, vestir-se, entreter-se, ler e se divertir de certa maneira? Essas coisas são simplesmente uma questão de princípio e convicção ou são heranças de seu passado?

Por que um grande número de universitários abandona a fé no seu primeiro ano de faculdade? A resposta é que sua fé era a fé de seus pais.

Sua vida é baseada em convicção ou condição? Sua fé é a fé de seus pais, seu passado, ou ela é algo pessoal?

Em Romanos 14.5, Paulo desafiou cada crente a ter opinião bem definida em sua própria mente.

Em outras palavras, “Que seja algo pessoal!”

Hoje, gostaria de adicionar mais um princípio retirado de Romanos 14: o princípio da convicção.

Até agora, descobrimos:

  • O princípio da proteção—receber e encorajar crentes mais novos e mais fracos na fé. Acho interessante e até um tanto surpreendente que, a forma como encontramos nosso caminho nas questões nebulosas da vida—questões nas quais a Bíblia não é clara ou conclusiva—não é ao proteger nossa própria vida, mas ao proteger a segurança e bem-estar da vida de outra pessoa.
  • O princípio da reputação—viver de tal maneira que outros veem em nós nada mais que a estampa do santo caráter de Cristo.
  • O princípio da consideração—como aprendemos no último estudo, compomos não uma equipe de demolição cristã para derrubar as vidas das pessoas ao nosso redor, mas uma equipe de construção para edificar as vidas de nossos irmãos e irmãs na família da fé.

O Princípio da Convicção

Agora, Paulo vai um pouco mais fundo ao apresentar um desafio sério tanto ao crente mais fraco e novo, como para o crente mais forte e maduro. Ao crente maduro, Paulo escreve em Romanos 14.22a: A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus.

Essa é uma súplica por humildade e deferência. O crente maduro não deve andar por aí arrumando os outros crentes.

Nos dias de Paulo, um indivíduo desfilava suas convicções pela cidade. Shows públicos de piedade eram uma prática comum na religiosidade do povo. Quer fossem ofertas, jejum ou oração, tudo se tornava uma apresentação pública por parte dos religiosos.

No Sermão do Monte, o Senhor advertiu o crente exatamente sobre isso:

Cuidado para vocês não praticarem a sua justiça diante dos homens para serem notados por eles... quando derem ofertas, não as deem para serem vistos por homens; quando orarem, não orem como os hipócritas, pois eles amam ficar de pé e orar nas sinagogas e nas esquinas para serem vistos pelos homens... quando vocês jejuarem, não fiquem com o semblante abatido como fazem os hipócritas, porque eles negligenciam a aparência do rosto para que os outros percebam que estão jejuando (paráfrase de Mateus 6.1–16).

Em outras palavras, certas coisas que podem ser vistas pelos homens não devem ser feitas com esse propósito.

O problema com a piedade pública é que ela precisa de novas regras complexas que visam convencer o praticante de sua santidade pessoal.

Então os escribas e fariseus que estudavam a Lei de Moisés adicionaram centenas de regulamentações às leis do Antigo Testamento.

Os rabinos permitiam que um homem andasse de jegue no sábado, mas se batesse com um chicote no jegue, ele seria culpado de colocar um fardo no animal e isso seria pecado.

Uma mulher não podia se olhar no espelho no sábado para que não fosse tentada a arrumar sua aparência, o que seria o equivalente a uma obra.

Esses líderes religiosos tomavam o simples mandamento para evitar adultério e adicionaram especificações dizendo que você jamais deveria conversar com uma mulher que não fosse sua esposa, nem mesmo olhar ao redor para que não visse uma mulher. Então, quando um fariseu saía na rua, era algo cômico. Alguns deles ficaram conhecidos como “fariseus sangrentos” porque mantinham a cabeça tão baixa com medo de verem uma mulher que, com bastante frequência, batiam a cabeça em paredes, postes e carroças. Contudo, essas feridas eram distintivos de sua santidade.

Isso é parecido com os monges do século quarto que vestiam roupas feitas de pano que continha espinhos e dormiam em compartimentos tão apertados que tinham que se dobrar para caber na cama.

Isso também se assemelha a líderes de um passado recente, como Charles Finney, o evangelista místico que se privava de chá e café, e exigia que a faculdade que fundou proibisse estimulantes como pimenta, mostarda, óleo e vinagre.

Eu fui para uma faculdade evangélica. Nessa faculdade, acordar cedo para orar era uma marca de espiritualidade. Quanto mais cedo acordasse, mais espiritual você era. No centro do campus, havia uma torre com um sino e, sobre a torre, uma sala de oração pequena com vários bancos para você se ajoelhar. Os rapazes realmente espirituais sempre estavam lá orando. Eu mesmo me levantei várias vezes às 5 da manhã para orar—ainda bêbado de sono.

Em outra faculdade próxima, havia a mesma prática. Finalmente, a hipocrisia chegou a atenção de um dos professores. Ele fez um anúncio na capela na tentativa de refrear o que estava se transformando em um show público de piedade. Ele disse aos alunos, “Eu me levanto às 3 da manhã todos os dias.”

Os alunos não puderam acreditar nisso e pensaram, “Nossa, que grande exemplo de disciplina piedosa!”

Contudo, esse líder adicionou logo em seguida, “E depois que termino no banheiro, volto a dormir.”

Os alunos entenderam a mensagem!

Paulo diz aos crentes romanos, “Existem certas coisas das quais vocês estão convencidos, mas elas devem ficar entre você e Deus.”

Para esses crentes do século primeiro, teria sido mais do que natural seguir o exemplo dos fariseus—ter uma crença ou convicção pessoal sobre algo que a Bíblia não trata e tentar convencer outras pessoas da mesma coisa.

Paulo diz, “Não exiba sua liberdade; não transforme sua liberdade em legislação. Na verdade, certas coisas devem permanecer disciplinas privadas e santidade pessoal.”

Essa frase em Romanos 14.22a pode ser entendida da seguinte forma: A fé que você tem, guarde-a para si mesmo diante de Deus.

Agora, obviamente, Paulo não está dizendo que jamais devemos compartilhar nossa fé com outros. Ele já deixou isso bastante claro em Romanos 10.13–17:

Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.

Portanto, entenda a declaração de Paulo em Romanos 14 para guardarmos nossa fé para nós mesmos dentro do contexto do capítulo 14. Coisas nas quais você crê em relação a áreas cinzas da vida cristã, coisas que a Bíblia não trata claramente, nem é conclusiva. Cuidado, não se vanglorie nelas; não as imponha sobre outras pessoas; não as estabeleça como padrão para outros; não as exija de crentes mais novos; na verdade, a não ser que o perguntem sobre elas, você deve guardar tais convicções para si mesmo.

Três níveis de convicção pessoal

Permita-me dividir essa ideia de convicções pessoais em relação a questões cinzas em três grupos; creio que ficará mais claro. Vou fornecer três níveis de crença pessoal; cada nível se torna mais e mais claramente ensinado nas Escrituras.

  • Primeiro nível: preferência pessoal.

Defino preferência pessoal como uma decisão baseada em uma análise de sentimentos, sensibilidades, históricos e gostos pessoais.

Apesar de a Bíblia ficar em silêncio, você está pessoalmente confiante ao falar com o Senhor e ler Sua Palavra de que você está fazendo a coisa certa. Você não conhece uma passagem bíblica que proíbe as coisas que tem feito; não há verso algum que diz claramente que devemos agir desta ou daquela maneira. Você pode até mudar de ideia, mas, neste momento, baseado no que você sente, é dessa forma como deve proceder.

A palavra “preferência” é usada no primeiro nível—o primeiro nível de convicção é o da preferência pessoal. Essa é a prática de seus sentimentos, gostos e histórico pessoal em sua caminhada com Cristo.

  • Segundo nível: certeza pessoal.

Esse pode ser definido como o nível da aplicação das Escrituras em sua caminhada pessoal com Cristo. Apesar de a Bíblia não tratar do assunto explicitamente, você sente que a instrução bíblica pesa a favor de sua decisão.

Um escritor conta a história de duas congregações que ficavam a poucos quarteirões uma da outra em uma cidade pequena. Já que concordavam sobre grande parte das doutrinas bíblicas, elas pensaram que seria melhor se se juntassem, formando um corpo maior e mais eficiente, ao invés de continuarem sendo duas congregações pequenas que lutavam para se manter. A ideia era boa, mas eles não conseguiram concretizá-la. O problema? As duas igrejas não concordavam em como deveriam recitar a oração do “Pai Nosso.” Um grupo preferia “perdoai as nossas transgressões,” enquanto o outro grupo preferia, “perdoai as nossas dívidas.” Então, conforme o jornal local noticiou, “Uma igreja voltou às suas transgressões, enquanto a outra retornou às suas dívidas.”

Paulo continua dizendo na última parte de Romanos 14.22: Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.

Esse verso poderia ser traduzido, “Feliz é o crente que não se sente culpado ao fazer algo sobre o qual pensou e no qual ponderou e julgou ser correto.”

Essas não são questões doutrinárias; essas não são questões de céu ou inferno. Contudo, isso não é desculpa para a apatia, preguiça de raciocinar ou nem sequer orar. Pense!

Paulo estava convencido de que deveria ir à Espanha. Ele escreve no próximo capítulo de Romanos, “Estou de passagem em Roma a caminho da Espanha.”

Paulo estava certo de que a vontade de Deus o levaria à Espanha! Ele acabou não indo.

Por que Deus permitiria que Paulo mantivesse essa convicção? Talvez:

  • Ela o mantivesse bem-disposto e um visionário;
  • Ela desenvolvesse sua animação crescente sobre a propagação do Evangelho;
  • Ela encorajasse uma visão global nos crentes romanos;
  • Ela desafiasse os crentes na Espanha a se prepararem para a chegada de Paulo.

Mais provavelmente, essa convicção realizou o que Deus desejou e deseja realizar em nossas próprias vidas ao buscarmos Seu Espírito e Sua Palavra por direção. Ela nos ajuda a continuar enxergando Seu Espírito e Sua Palavra. Ela nos coloca de joelhos!

O que você escolhe fazer pode ser diferente do que outra pessoa escolhe, mas seu sentimento de certeza e confiança no Senhor produz liberdade para decidir quanto àquele assunto específico na área cinza da vida.

Hudson Taylor foi o missionário pioneiro na China nos anos de 1800. Após ter passado um tempo lá, ele percebeu que, pelo fato de se vestir como um ocidental, o povo tinha dificuldades em respeitá-lo e enxerga-lo como um mestre religioso.

Então ele decidiu fazer algo que nenhum outro missionário havia ousado antes fazer: ele decidiu vestir o manto habitual de um mestre e, mais dramaticamente, ele escolheu usar um “rabo de cavalo,” ou, como chamavam, uma trança chinesa.

Ele contou os detalhes chocantes à sua irmã, “É melhor eu dizer logo para você que, quinta-feira passada, às onze da noite, rendi-me ao barbeiro: tingi meu cabelo de preto e, de manhã, mandei fazer uma trança no meu cabelo... daí, em traje chinês, eu saí de lá.”

Na Inglaterra, a reação à decisão de Hudson foi a esperada. Ele perdeu sustento sem nem sequer ser avisado. Finalmente, ele deu início à sua própria agência missionária, chamando-a de Missão para o Interior da China.

Por volta da época em que Hudson Taylor morreu em 1905, havia oitocentos missionários sob sua liderança e mais de 125 mil convertidos chineses.

Hudson Taylor se convenceu de que a aplicação do testemunho pessoal de Paulo era necessária para sua mudança de vestimenta. Ele seria, tudo para com todos. Mais especificamente, ele seria como os chineses com o fim... de salvar alguns (1 Coríntios 9.22).

O primeiro nível é o da preferência pessoal por meio da prática de sentimentos e histórico; o segundo nível é o da certeza pessoal por meio da aplicação de alguma passagem bíblica. Deixe-me adicionar mais um nível.

  • Terceiro nível: ordem pessoal.

Esse pode ser definido como decisões baseadas em interpretações claras das Escrituras para o seu andar com Cristo.

A Bíblia trata desses assuntos! Não há dúvida. Não há confusão, mas de submissão. Por exemplo:

  • Fugi da imoralidade (1 Coríntios 6.18a). A vontade de Deus é que você se abstenha da imoralidade, ou seja, de relações sexuais fora do casamento. Você não precisa orar um pouco sobre isso—já está claro!
  • Não matarás (Tiago 2.11). Você nunca precisa perguntar ao Senhor em seus devocionais se pode ou não matar aquele cara no trabalho—você não pode!
  • Tenha um espírito de gratidão (Filipenses 4.6).
  • Contribua alegremente com suas finanças conforme Deus prospera em sua vida (1 Coríntios 16.2).
  • Não deixe o sol se por sobre a sua ira (Efésios 4.26).
  • Não seja ganancioso (Efésios 5.3).
  • Seja honesto (Romanos 13.12).
  • Não murmure nem reclame (1 Coríntios 10.10).
  • Não nos deixemos possuir de vanglória (Gálatas 5.26).
  • Não deixe de congregar para adoração com a assembleia (Hebreus 10.25).
  • Amai os vossos inimigos (Mateus 5.44).
  • Não ameis o mundo (1 João 2.15).
  • Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia (Efésios 4.31).

Existe algo nesses versos para todos nós! Você jamais precisa orar pela vontade de Deus sobre essas questões, nem sobre milhares de outros imperativos no Novo Testamento.

Um dos professores de Escola Dominical de nossa igreja fez uma pesquisa. Ele me enviou uma cópia de mais de mil imperativos claros que devemos obedecer contidos no Novo Testamento. Eles incluem:

  • Sete coisas das quais devemos nos abster;
  • Deve coisas a evitar;
  • Três coisas a pedir;
  • Catorze coisas às quais devemos ficar alertas;
  • Cinco coisas a considerar;
  • Três coisas nas quais perseverar;
  • Duas coisas a suportar;
  • Quatro coisas das quais fugir;
  • Dez coisas a seguir;
  • Seis coisas a honrar;
  • Seis coisas a abandonar;
  • E muito mais.

A implicação é óbvia: se passássemos mais tempo obedecendo ao que a Bíblia ensina, passaríamos menos tempo agonizando sobre coisas que a Bíblia não menciona.

Talvez você esteja perguntando, “Isso significa que posso fazer qualquer coisa sobre a qual a Bíblia não trata?”

A advertência de Paulo em Romanos 14.23 é a seguinte:

Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.

A regra é esta: “Se tem dúvida, então não faça!”

Quando você tem dúvida se uma ação irá ou não confirmar sua fé na glória e na justiça de Cristo, não a faça! Se sua consciência está cheia de culpa, não faça!

Em outras palavras, ao lidar com os três níveis de decisão—preferência, certeza e ordem—se você tem liberdade para fazer algo, mas sua consciência se perturba com aquilo, o que significa que você não a fará para a glória de Deus, então não a faça; pare! Não permita que sua liberdade arraste sua consciência para a lama.

E lembre-se também daqueles que estão ao seu redor. Paulo nos manda usar nossa influência para promover não um comportamento questionável, mas um comportamento santo.

Palavras-chave em relação a questões cinzas

Permita-me compartilhar três palavras-chave enquanto você busca equilíbrio no assunto das questões cinzas na vida cristã.

  • A primeira é liberdade.

Eu defini liberdade cristã como, “escolher um estilo de vida por amor a Cristo e ao próximo.”

Você tem liberdade para fazer escolhas na vida. Por exemplo:

  • O que você vai fazer sobre a educação de seus filhos?
  • O que você irá vestir?
  • Qual será seu entretenimento, lazer, esportes e livros?

Paulo diz em Romanos 14 que devemos orientar nossas escolhas com duas coisas:

  • Nossa submissão ao Senhor (v. 6);
  • Nossa preocupação com outros crentes (v. 13—não coloque tropeço ou escândalo no caminho de outro crente).

A liberdade diz, “Eu tenho liberdade agora não para fazer o que eu bem quiser, mas para fazer aquilo que Jesus Cristo quer que eu faça.”

A liberdade não diz, “Tenho liberdade para fazer aquilo que torna minha vida melhor.” Ela diz, “Tenho liberdade para fazer aquilo que torna a vida de meu irmão melhor.”

Essa é a verdadeira liberdade cristã.

Existem dois extremos na liberdade bíblica.

  • Um extremo da liberdade é conhecido como legalismo.

Isso ocorre quando alguém escolhe obedecer a códigos externos a fim de ganhar o favor de Deus e de outros. A falha trágica no legalismo é a crença de que a aprovação de Deus é conseguida ao se seguir uma lista de regras em áreas nas quais Ele nunca se pronunciou claramente.

O legalismo é totalmente externo. Na verdade, é possível guardar todas as regras e ainda permanecer longe de Deus. Mas não me entenda errado, é possível violar todas as regras e também permanecer distante de Deus! O que faz do legalismo algo errado não são suas regras.

Posso garantir que seu emprego possui certas regras que deve seguir. Você precisa chegar a uma determinada hora e tem direito a somente um determinado número de dia de férias. Isso não é legalismo.

Se você vai a um restaurante do McDonald’s, o rapaz ou a moça no balcão não veste aquele uniforme porque gosta. Se tivesse escolha, ele provavelmente usaria uma camisa do Flamengo ou do Cruzeiro. Ele não decide o que vestirá no trabalho—isso já foi decidido para ele por sua empresa. Isso não é legalismo.

Legalismo é a crença de que a camisa faz desse rapaz uma pessoa justa diante de Deus, de que sua camisa é igual a justiça. Legalismo é a crença de que nunca tirar férias e sempre bater o ponto na hora certa o torna aceitável aos olhos de Deus.

Legalismo é a crença de que guardar certas regras é o mesmo que desenvolver caráter santo.

Em um dia de sábado, um israelense em um hotel entra em um elevador especial para o sábado. Esse elevador é programado para parar em cada andar para que o judeu evite trabalhar no sábado ao não ter que apertar o botão de seu andar.

O jovem crente na África do Sul é ensinado que está errado orar com as mãos no bolso.

Uma mulher muçulmana apanhou semana passada porque saiu de casa sem seu véu.

Todas essas práticas têm algo em comum: o legalismo; a crença de que a graça de Deus é algo a ser conseguido.

A verdade é que o legalismo somente incita a humanidade a criar formas de evitar as regras.

Um escritor passou um tempo observando monges budistas no Sri Lanka. Todos eles haviam concordado em obedecer às 212 regras de Buda, muitas delas antiquadas e impraticáveis. Por exemplo, seu líder disse especificamente que um monge fiel jamais comeria algo após o meio-dia até o café da manhã no dia seguinte. Esse escritor observou alguns monges rodeando as regras ao parar seus relógios nos monastérios ao meio-dia todos os dias; daí, após a refeição da noite, eles reajustavam os relógios para o horário correto.

A liberdade é baseada no amor a Deus.

Legalismo é baseado no medo de Deus. É o medo de que não seremos aceitos por Deus, ao menos que guardemos determinadas regras.

  • Outro extremo da liberdade a se evitar é a libertinagem.

A libertinagem é quando uma pessoa escolhe manipular o que for necessário a fim de se agradar sem demonstrar preocupação alguma para com Deus e outras pessoas. Ou seja, isso é simplesmente uma licença para pecar, ou licenciosidade.

Paulo escreveu em Romanos 6.1:

Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?

Ou seja, já que fomos aceitos por Deus independente de seguir uma lista de regras, quer dizer que jogamos pela janela nossos freios? Paulo responde no verso 2, De modo nenhum!

Pedro também disse em 1 Pedro 2.16:

como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus.

E Paulo adverte em Gálatas 5.13:

Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.

Enquanto a liberdade se interessa na influência:

  • O legalismo se interessa na personificação;
  • A libertinagem se interessa na indulgência.

O dicionário Webster define licenciosidade ou libertinagem como, “desprezo a qualquer regra de conduta.”

Libertinagem é o oposto do legalismo extremo. Ela não se preocupa com o que as pessoas pensam, nem com o que Deus pensa; ela só se preocupa consigo mesma.

A libertinagem é o ápice da arrogância e do orgulho. Ela destrói vidas, atrapalha o testemunho de Cristo e pode facilmente arruinar a pureza da igreja.

Então, ao ponderar sobre as questões cinzas na vida cristã, evite os extremos do legalismo e da libertinagem. Desfrute de sua liberdade em Cristo que busca glorificar a Deus e avançar a causa dEle acima de todas as outras coisas.

Será que sua lealdade a Cristo será vista de forma óbvia pelas pessoas ao seu redor ao você escolher suas convicções, certezas e preferências? Sem dúvida alguma.

Recentemente, li a história de um missionário que serviu no Laos por vários anos. Antes de as fronteiras nacionais serem delimitadas, os reis do Laos e do Vietnã chegaram a um acordo nos impostos nas fronteiras onde era difícil determinar “quem era quem.” Contudo, as escolhas que as pessoas faziam facilitavam a identificação. O povo do Laos comia arroz de grão curto, construía suas casas com longas pernas de madeira como palafitas e as decorava com serpentes indianas. O povo do Vietnã comia arroz de grão comprido, construía suas casas no chão e as decorava com dragões chineses. Então, para fins de impostos, o que determinava a nacionalidade de uma pessoa não era a localização de sua casa. Ao invés disse, cada pessoa era cobrada pelo país cujos valores haviam sido adotados como seu estilo de vida.

E isso é verdade para nós também. Nossas escolhas e convicções podem muito bem refletir o que valorizamos. Nossas convicções revelam a qual reino nosso coração realmente pertence.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 19/03/2006

© Copyright 2006 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

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