Estampando Um “C” na Sua Manga

Estampando Um “C” na Sua Manga

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Estampando Um “C” na Sua Manga

Áreas Cinzas na Vida Cristã—Parte 5

Romanos 14.16–18

Introdução

Os artistas romanos, habilidosos no trabalho com metais preciosos, desenvolveram a técnica de estampar em moedas a imagem de imperadores, tronos e outros desenhos ornamentais de fruta, vinhas e animais. Junto com a técnica, vieram ferramentas especiais usadas para criar essas obras de arte metálicas.

Uma ferramenta especial usada para timbrar moedas era conhecida por uma palavra grega que chegou até o nosso português por meio do latim. O termo usado para essa ferramenta especial que marcava moedas era charakter. Com o passar do tempo, o termo passou a se referir tanto à ferramenta quanto à marca que ela deixava.

Tribunais medievais adotaram essa ferramenta e a utilizaram um charakter para literalmente marcar criminosos para que fossem imediatamente identificados por seus crimes. A letra “A” era estampada na bochecha de em um assassino; a letra “L” era marcada no ombro de um ladrão. A pessoa marcada com esses símbolos ficava, de fato, marcada pelo resto da vida. Qualquer um poderia olhar o charakter em outra pessoa e conhecer o seu passado.

Em torno do século dezesseis, o termo character foi desassociado da ferramenta usada pelo artesão, bem como da marca de uma letra deixada no corpo de alguém. Ela passou a se referir à soma total de qualidades de uma pessoa. No português, temos o termo “caráter.”

Apesar de ser mais difícil de identificar prontamente sem a ajuda de uma marca, o caráter de uma pessoa representa quem ela é; é uma marca de sua disposição e descreve a qualidade de sua natureza.

Nos anos de 1800, garotos escreviam o nome de suas garotas amadas em um pedaço de papel e prendiam esse papel na manga de sua camisa, usando a camisa com o nome de sua amada no decorrer da semana do dia dos namorados. Para todo lugar que fossem, eles revelavam abertamente qual garota havia, de fato, roubado seus corações.

Isso é legal ou não? Acho que isso teria muito mais significado do que rosas e um jantar à luz de velas! Quero ver quais rapazes irão se voluntariar para fazer isso e depois nos digam se deu certo.

Acho interessante que, enquanto nosso caráter não é mais visível em uma marca física e as afeições do coração não ficam presas à manga de nossa camisa, tanto nosso caráter quanto nosso coração são igualmente expostos por meios de nossas ações e reações, atitudes e sentimentos. Não existe a necessidade de uma letra ser timbrada em sua bochecha e de suas afeições serem presas na manga de sua camisa para as pessoas que conhecem, trabalham e convivem com você. É hora de admitirmos que a condição de nosso coração é muito mais visível do que gostaríamos.

Mais do que outra coisa qualquer, a estampa de nosso caráter e o estado de nosso coração são revelados pela forma como usamos nossa liberdade em Cristo—as coisas que escolhemos fazer e não fazer na ausência de regras. O que escolhemos vestir quando não existe um código de vestimenta? Ao que escolhemos assistir quando estamos sozinhos? O que sonhamos quando nada fica registrado—pelo menos não na terra?

Para a mente do apóstolo Paulo, um dos maiores indicadores de maturidade na fé era a forma como o crente exercia sua liberdade, especialmente em assuntos cinzas. Se você deseja conhecer o caráter e coração de alguém, apenas observe a maneira como ela lida com a questão da graça; veja se ela limita ou não sua liberdade e restringe seus direitos, e ouça o motivo para isso.

Paulo começou Romanos 14 com palavras maravilhosas de liberdade para todos nós: “Vocês são livres em Cristo!”

Já recebi comentários de várias pessoas dizendo, “Ah, o pastor abriu as porteiras para tudo... Agora eu posso fazer isso ou aquilo... Não precisa mais me segurar nisso ou deixar de fazer aquilo... Tudo vale.”

Vai com alma! Se você não ouvir mais nada hoje, ouça isto: você é agora livre em Cristo não para fazer qualquer coisa que quiser, mas tudo o que Cristo quiser.

Então o que Cristo quer nesse amplo pasto da liberdade cristã?

Na carta aos Romanos, nos capítulos 14 e 15, Paulo apresenta certos princípios pelos quais colocamos novas cercas e, portanto, delimitamos a área de nossa liberdade cristã.

Uma das cercas da liberdade cristã, que discutimos em nosso estudo anterior, é o princípio da proteção.

Paulo afirma em Romanos 14.13–15 que devemos proteger o irmão mais novo na fé. Não coloque um tropeço ou escândalo na trilha do seu crescimento. Ele está aprendendo a andar agora; então não jogue os destroços de sua liberdade no seu caminho.

Em outras palavras, equilibre sua caminhada cristã com liberdade em uma ponta e com amor pelo irmão na outra ponta.

O Princípio da Reputação

O segundo princípio que Paulo apresenta a fim de nos ajudar a usar nossa liberdade sem abusar dela é o princípio da reputação. Veja Romanos 14.16: Não seja, pois, vituperado o vosso bem.

O bem que Paulo fala aqui é algum ato da liberdade cristã. Para você, não existe problema algum faze determinada coisa. Contudo, não a faça se ela puder ser usada como razão para ferir sua reputação como filho santo de Deus, como uma pessoa que busca a santidade e a pureza com grande fervor.

A expressão-chave traduzida como vituperado é, na verdade, o verbo grego blasphemeo, do qual derivamos a palavra “blasfemar.” Geralmente restringimos essa palavra a falar sobre Deus de maneira irreverente, mas os gregos a aplicavam para descrever o ato de falar mal de outras pessoas também.

Paulo nos fornece o princípio para proteger nossa reputação; ou seja, devemos nos preocupar com a impressão que deixamos em outros. Devemos nos lembrar de estampar a letra “C” na manga de nossa camisa—a letra “C” de crente.

Existe aquela pessoa que diz, “Não estou nem aí para o que os outros pensam... tenho liberdade mesmo para fazer o que achar certo.”

Esse crente se esqueceu de que a coisa mais importante não é necessariamente estar certo; a questão mais importante é a reputação.

Paulo escreve em Romanos 14.16:

  • Não permita que sua liberdade vire oportunidade para calúnia.
  • Não permita que sua liberdade espiritual abra as portas para a difamação de seu testemunho em Cristo.

Talvez você pense que isso é um exagero, mas eu li que o famoso pregador Billy Graham jamais ficava em um elevador sozinho com uma mulher. Ele é cuidadoso com seu nome e reputação de crente a esse ponto.

Eu, bem como todos os demais pastores em nossa igreja, não ando de carro sozinho com uma mulher funcionária da igreja. Essa não é uma acusação contra o caráter das mulheres que trabalham no escritório da igreja, mas tem tudo a ver com reputação.

Será que temos liberdade para fazer isso? É claro que sim! Mas a questão nas áreas cinzas não é exatamente o que nós pensamos, mas o que outros poderão pensar.

A propósito, quer você trabalhe na igreja ou não, cuidado no seu ambiente de trabalho. O ambiente, por sua própria natureza e interdependência, é bastante propício para transformar amizade em intimidade e intimidade em afeição, o que levará ao caminho da ruína.

Você pode dizer, “Ah, espere aí, pastor, vamos com calma. É só um almoço com aquele homem ou mulher casado do escritório. Além disso, estamos trabalhando em nosso projeto mesmo.”

A verdade é que existe uma linha bastante tênue entre reunião de trabalho e um encontro—o próximo passo da amizade além do que se deve ir. Cuidado; fique alerta não somente por causa de sua própria reputação e do que poderá ser dito em suas costas—e do estrago que isso causa ao seu testemunho como crente—mas pela segurança de seu casamento, sua família e de sua própria vida.

Salomão escreveu sobre o nome limpo, sobre a marca de um caráter limpo em Provérbios 22.1a: Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas.

Quanto tempo você passa ganhando sua riqueza? Qual o nível de cuidado e atenção você presta a sua conta bancária? Salomão disse que aumentar o valor de um nome puro e santo é mais lucrativo do que aumentar sua riqueza.

Paulo colocou isso da seguinte forma, “Não permita que algo que você possui liberdade para fazer venha lançar dúvidas sobre sua reputação.”

Diretrizes sobre o Princípio da Reputação

Permita-me oferecer algumas diretrizes práticas sobre o princípio da reputação.

  • Reconheça a possibilidade de você estar sendo observado.

Quer seja por crianças, adultos ou crentes novos na fé, você ficaria surpreso em saber o quanto está sendo observado. E não somente observado, mas imitado também!

Foi exatamente essa advertência que Paulo deu ao jovem Timóteo em 1 Timóteo 4.12: torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.

 

Essa é uma boa maneira de dizer, “Você está sendo observado! Portanto, seja um exemplo!”

  • Reconheça o poder de ser uma influência.

Você não somente está sendo observado, mas está sendo imitado também, correto?

Quando nossa filha mais velha, que hoje tem dezoito anos, tinha apenas quatro anos de idade, eu estava limpando a garagem enquanto ela brincava de basquete na calçada. Tínhamos uma cesta baixinha para as crianças. Evidentemente, ela estava prestes a tentar um arremesso de longe. De repente, ela se ajoelhou na calçada e disse em voz alta, “Senhor Jesus, me ajude!”

Fui até lá fora para ver se algum vizinho tinha visto aquilo—eles já tinham suas dúvidas em relação aos batistas!

A verdade é que aqueles mais novos do que nós—física ou espiritualmente—geralmente irão exagerar o que nos veem fazendo ou dizendo. Mais provavelmente, alguém levará suas ações mais longe do que você desejou que fossem no início.

Talvez esse seja o motivo por que Paulo disse a Timóteo em 1 Timóteo 5.23: Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago.

Esse é o verso favorito de muitas pessoas. Simplesmente pergunte-as sobre o assunto e elas provavelmente citarão esse verso.

O único problema é que elas colocam um ponto final onde Paulo continua escrevendo. Ele diz a Timóteo:

Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades.

Paulo mandou Timóteo tomar vinho para limpar seu estômago. Evidentemente, Timóteo estava bebendo somente água, algo não muito sábio de se fazer no século primeiro quando a água era basicamente purificada com fermentação.

Conforme o texto indica, Timóteo havia desenvolvido alguma doença no intestino por beber exclusivamente água. Paulo diz, “Meu jovem, você precisa do poder medicinal e purificador do vinho. Beba um pouco de vinho, Timóteo.”

Toda vez que alguém cita esse verso para mim, fico tentado a perguntar, “Então me diga aí, há quanto tempo você vem sofrendo com problemas de estômago por beber somente água contaminada? A água em sua casa é ruim desse jeito?”

A questão óbvia é o que as pessoas geralmente não perguntam: por que Timóteo tinha parado de beber vinho e bebia somente água?

Timóteo tinha a liberdade de beber vinho. O Novo Testamento não ordena abstinência. Na verdade, a única advertência diz respeito a embriaguez, bebedice. Paulo escreveu aos candidatos ao presbitério em 1 Timóteo 3.3a, não dado ao vinho.

Não ignore isso. Timóteo é um presbítero, então podemos sugerir que ele estava tão preocupado em cumprir suas qualificações de líder espiritual na igreja que se afastou o máximo que pôde de vinho—a ponto de arriscar sua própria saúde!

Timóteo havia entendido o poder da influência. Ele entendeu que tinha um grande “C” estampado na manga de sua camisa. Obviamente, ele estava limitando sua liberdade por causa da influência piedosa.

A propósito, é o poder de influência e o exemplo de Timóteo que incentiva nossa igreja a exigir que nossos professores, líderes, diáconos e presbíteros limitem sua liberdade em relação a bebidas alcoólicas. Reconhecemos o potencial de não somente estarmos sendo observados, mas imitados.

Não queremos que um professor de juniores seja visto por um de seus alunos pequeninos saindo do mercado com um engradado de cerveja. Agora, esse professor dos juniores pode argumentar, “Mas eu tenho liberdade!”

O problema, todavia, é que a liberdade pode se transformar em uma arma carregada. Aquele menino de onze anos pode experimentar alguma bebida da próxima vez que alguém lhe oferecer pensando, “Por que não? Meu professor de Escola Dominical toma... meu pai toma... meu pastor toma....”

Em novembro de 2004, uma universidade americana fez uma pesquisa conectando idade a abuso de álcool. Os pesquisadores descobriram que quanto mais novos eram os indivíduos quando experimentaram álcool pela primeira vez, mais propensos eram a abusar da substância na idade adulta. Na verdade, eles puderam até medir os riscos: para cada ano a menos na idade, as chances de se tornar um alcoólatra aumentavam em doze por cento.

Pessoas já me disseram, “Pastor, isso é uma questão de liberdade. Além do mais, não há nada de ilegal.”

Eu digo, “Você está certo, essa é uma área cinza. Já que não é ilegal, se torna ainda mais uma questão de convicção e liberdade cristã. É algo que você precisa analisar.”

Meu amigo, se as únicas coisas que vêm à sua mente quando pensa em questões cinzas são sua liberdade e se é ilegal ou não, então, quando nosso país legalizar a maconha, você ensinará seu filho a fumar com moderação? Meu amigo, não transforme sua liberdade em uma arma carregada para dar um tiro na cabeça do bom senso.

Nós devemos:

  • Reconhecer a possibilidade de estarmos sendo observados—e o significado disso;
  • Reconhecer o poder de ser uma influência—e o significado disso.

Você está sendo observado e provavelmente será imitado.

Algumas semanas atrás, alguém da igreja me contou sobre um casal de amigos que estava ensinando a filha de três anos de idade a fazer orar em nome de Jesus. Eles também estavam ensinando-a o princípio mais amplo de que devemos fazer tudo em nome de Jesus. Recentemente, a mãe mandou a filha fazer algo que a menina não queria fazer. Elas discutiram um pouco até que, finalmente, a garotinha olhou para a mãe e disse, “Em nome de Jesus, não!”

Tenho certeza que ali mesmo eles tiveram uma aula de teologia da oração!

Reconheça a possibilidade de estar sendo observado.

Reconheça o poder de sua influência.

  • Reconheça a prioridade de seu testemunho.

Veja Romanos 14.17a: Porque o reino de Deus não é comida nem bebida.

Em outras palavras, o reino de Deus não é representado por pessoas que comem ou deixam de comer carne kosher; o reino dos céus não é representado por aqueles que bebem ou deixam de beber o que foi oferecido aos ídolos—que é o contexto desse capítulo. E Paulo nos informa o que representa o reino de Deus. Continue no verso 17: mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

Em nosso estudo anterior, mencionei que Charles Spurgeon, o famoso pregador inglês do século dezenove, fumava charutos. Ele defendia sua prática afirmando que ele tinha liberdade para fazer isso—e ele estava certo. Mas você sabia que Spurgeon largou o vício, de repente, numa tarde? Por que? Porque, um dia, enquanto andava de carruagem pelas ruas de Londres, ele viu um outdoor com uma imagem de charutos e as seguintes palavras, “Esta é a marca de charutos que Charles Spurgeon fuma.”

Spurgeon disse, “Não permitirei que a influência de meu nome seja usada para promover outra coisa além do Evangelho.”

Estas três palavras—justiça, paz e alegria—estão, certamente, carregadas de significado teológico. Já estudamos cada uma delas no decorrer de nossa exposição em Romanos.

Contudo, entenda que a questão em Romanos 14 não é crença, mas comportamento. O que Paulo tem em mente não é a verdade teológica dessas três palavras, mas a verdade prática. Creio que esse é o motivo principal para o verso seguinte, o verso 18: Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens.

Paulo não está falando sobre salvação, mas serviço. Ou seja, avalie seu testemunho diante das pessoas. Será que ele pode ser caracterizado, no âmbito prático, por essas três palavras?

Deixe-me fazer algumas perguntas:

  • O que você faz em sua liberdade cristã é marcado por justiça ou impureza?

Paulo escreveu aos filipenses, no capítulo 1 verso 11: cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.

  • Sua caminhada com Cristo gera paz ou confusão?

Romanos 12 já lidou com a questão do convívio com os irmãos na igreja.

  • Seu estilo de vida promove alegria ou tristeza?

Paulo fala da alegria do Espírito Santo (1 Tessalonicenses 1.6) e fruto do Espírito é alegria (Gálatas 5.22).

Sua vida é marcada pela alegria?

Um autor destacou em seu comentário que um homem santarrão demais em sua igreja veio até ele num domingo e lhe disse que o Novo Testamento nunca registra que Jesus Cristo riu ou sorriu e, portanto, crentes não devem fazer essas coisas.

A Bíblia nunca registra que Jesus tomou banho ou penteou seu cabelo, mas Ele provavelmente fez essas coisas. Esse homem precisa de uma boa dose de alegria.

Melancolia não é um dom espiritual. Às vezes, a pior propaganda do Cristianismo é os crentes.

William Barclay escreveu, “Um crente melancólico é uma contradição de termos, e nada na história do Cristianismo tem causado mais dano do que associação a um semblante deprimente.”

Nós nos esquecemos de que temos um “C” estampado em nossa manga; de que as pessoas podem ver a quem pertencemos e o que representamos!

Romanos 14.18 pode ser lido na forma de duas perguntas:

  • Primeiro: sua vida é agradável aos olhos de Deus?
  • Segundo: sua vida é autêntica aos olhos do homem?

Veja Romanos 14.18 novamente: Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens.

Isso parece ser algo impossível—agradar a Deus e aos homens.

Você pode dizer, “Pensei que Jesus tinha dito que seríamos odiados pelos homens.”

De fato, Ele disse em Lucas 6.22, 26:

Bem-aventurados sois quando os homens vos odiarem e quando vos expulsarem da sua companhia, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como indigno… Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas.

Pedro escreveu em 1 Pedro 4.14:

Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.

Como podemos viver para Cristo e ainda ser aprovados pelos homens?

Em primeiro lugar, até o descrente mais pagão respeitará, mesmo que secretamente, o testemunho de um crente autêntico. O descrente em geral aprecia o fato de que você cumpre com sua palavra, faz sua parte, diz a verdade e respeita as autoridades.

Contudo, haverá alguns que o odiarão abertamente, zombarão de você e o insultarão.

Qualquer que seja o caso, você é um testemunho agradável a Deus e é genuíno diante dos homens.

Donald Grey Barnhouse forneceu certo equilíbrio nessa aplicação da seguinte maneira: se ninguém pensa que você é estranho e está fora de moda, então você provavelmente não é um bom crente; contudo, se todos pensam que você é estranho, você provavelmente não é um bom crente.

Note que o termo que Paulo emprega para falar de reputação diante dos homens é traduzido como aprovado.

No mundo grego antigo, não havia dinheiro de papel como temos hoje. Na verdade, até a Idade Média, todas as transações financeiras eram feitas com ouro, prata ou outras moedas. Não havia prensas que emitiam moedas padronizadas. Então, a fim de fazer uma moeda, o metal tinha que ser aquecido a ponto de se tornar líquido para que pudesse ser derramado em um molde, dentro do qual esfriaria. Após esfriar, o metal em formato de moeda era marcado com uma ferramenta especial chamada character.

Depois disso, as beiradas irregulares das moedas eram aparadas. Essa não era uma ciência exata, é claro. O metal ficava macio porque não era fundido com metais inferiores para formar a liga, então as pessoas frequentemente tiravam as rebarbas e as juntavam. Com o tempo, teriam o suficiente para outra moeda.

Como você pode imaginar, na época de Paulo, a fabricação de moedas com as sobras do metal havia se tornado uma desonestidade comum. A cidade de Atenas teve até que aprovar oitenta leis diferentes que buscavam inibir essa prática. Contudo, já que as pessoas não obedeciam às leis, com o passar do tempo, circulavam no mercado muitas moedas leves que os mercadores as rejeitavam por não terem o peso ou o valor devido. Nesse momento, eles diziam que aquela moeda era adokimos, ou “reprovada.”

Semelhantemente, a palavra dokimos ou “aprovado” veio a representar mercadores que eram justos e que, portanto, nem davam nem recebiam essas moedas. Suas moedas eram dokimos, da mesma forma como eram honestos os mercadores que comercializavam com dinheiro honesto.

Esse é o termo que Paulo utiliza em Romanos 14.18—dokimos, ou, “aprovado, honesto, autêntico, justo, genuíno.”

Paulo diz que, quando sua vida é marcada pela justiça, pela paz e pela alegria, você se torna um testemunho autêntico para o nome e a causa de Cristo Jesus.

Conclusão

À luz desse contexto, Paulo desafia todos nós—ao decidirmos o que iremos e o que não iremos fazer—ao dizer o seguinte:

  • Não ignore o princípio da proteção;
  • Não subestime o princípio da reputação.

Com eles em mente, algumas das questões cinzas e nebulosas da vida cristã com as quais você talvez esteja lutando se resolverão.

Ao estampar na manga de sua camisa o “C” de Cristianismo e de Cristo, seja honesto, genuíno, justo e autêntico. Estampe o “C” sem reservas ou hesitação, com um senso de ousadia e alegria, revelando ao mundo, não somente na semana do dia dos namorados, mas por decorrer de todo o ano a quem seu coração pertence e anunciando que o Senhor vivo pertence a você também.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 05/03/2006

© Copyright 2006 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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