Brigando por causa de Comida

Brigando por causa de Comida

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Brigando por causa de Comida

Áreas Cinzas na Vida Cristã—Parte 1

Romanos 14.1–4

Introdução

Como pastor, uma das coisas mais prazerosas que faço é receber um novo rebanho no pasto de nossa igreja.

Nosso curso para novos membros tem uma duração de doze a treze semanas. Eu ensino no que cremos, qual nosso posicionamento em várias questões importantes e o que se deve esperar quando alguém considera se tornar membro de nossa igreja. Demos o nome a esse curso de Estufa, uma vez que a palavra representa um lugar de nutrição no qual ocorre crescimento para vários tipos de plantas e flores.

É sempre divertido saber de onde as pessoas vêm. A turma deste ano é grande com pessoas vindo de toda as partes do país e do mundo.

Existem aqueles que vêm da Igreja Católica e do Mormonismo; outros são de igrejas batistas da convenção ou independente, metodistas e episcopais. Também temos presbiterianos e assembleianos. Imagine só—tenho que falar para os presbiterianos acordarem e para os carismáticos se acalmarem!

As pessoas nessa aula possuem os mais variados históricos de vida. Alguns vêm de uma tradição evangélica longa na família, enquanto outros apenas recentemente vieram à fé em Cristo. Algumas vêm de igrejas pequenas onde conheciam todo mundo, enquanto outras vêm de igrejas grandes. Algumas vêm de igrejas que não se preocupavam muito com doutrina, enquanto outras vêm de igrejas com doutrina sólida.

Algumas vêm de igrejas bastante litúrgicas e previsíveis, enquanto outras vêm de igrejas nas quais os cultos não seguem um programa específico e são mais espontâneos.

Algumas dessas pessoas estão acostumadas a ouvir o pastor pregar sobre questões recentes da atualidade, enquanto outras a pastores que pregam através da Bíblia—até mesmo por vários anos.

Algumas vêm de igrejas que não permitem instrumentos musicais, enquanto outras vêm de igrejas que permitem apenas alguns instrumentos, e outras ainda permitem o uso de tudo, desde banjo a bateria.

Algumas vêm de igrejas que cantam apenas hinos, enquanto outras chegam à nossa igreja sem jamais haverem entoado um hino antes na vida.

Algumas ouviam o Evangelho com bastante frequência, outras estão ouvindo pela primeira vez. Algumas querem mais música, enquanto outras querem mais pregação (amém?!).

Algumas dessas pessoas sabem muitos versos decorado, enquanto outras aprenderam agora que o livro de Gênesis está no começo da Bíblia e o livro dos mapas no fim.

Alguns já são maduros em Cristo, outros ainda crentes bebês, novos na fé.

Com toda essa variedade, como esperamos conviver bem? Como temos esperança de manter as coisas unidas? Existem muitos históricos diferentes, muitas histórias, muitas culturas! Como permaneceremos juntos?

Sem dúvida alguma, um dos maiores testemunhos ao mundo do poder do Evangelho é o fato de que podemos ser unidos… e somos!

O poder de Jesus Cristo une pessoas diferentes em uma comunhão de unidade genuína e profunda.

Provavelmente, não existe algo mais notável do que a unidade do Espírito no vínculo da paz (Efésios 4.3).

Não é surpresa alguma que Jesus tenha dito em João 13.35:

Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns para com os outros.

Em outras palavras, “Todos os homens saberão que vocês Me pertencem se amarem uns aos outros.”

Se isso é verdade—e é—então é de se esperar que Paulo se preocuparia muito com a comunhão dos irmãos e a unidade da igreja.

Ao chegar à parte mais prática da carta aos Romanos, ele já escreveu até este ponto:

  • 2 versos sobre a necessidade de transformação (12.1–2);
  • 6 versos sobre servir ao outro por meio dos dons espirituais (12.3–8);
  • 5 versos sobre como agir dentro da igreja (12.9–13);
  • 8 versos sobre como reagir aos inimigos (12.14–21);
  • 7 versos sobre como reagir às autoridades civis (13.1–7);
  • 7 versos sobre como viver à luz da volta de Cristo (13.8–14).

Agora, Paulo investirá um tempo falando ao crente como conviver com o outro a despeito das diferenças. Esse tratado vai do capítulo 14 verso 1 até a primeira parte do capítulo 15. Não são apenas dois versos, seis versos, ou mesmo oito versos, mas trinta e seis versos sobre como conviver com pessoas diferentes de você!

Brigando por causa de Comida

Paulo começa essa seção em Romanos 14.1–4 lidando com um dos assuntos mais difíceis sobre os quais concordar. Veja Romanos 14.1–3:

Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.

Quando lemos isso, pensamos, “Espere aí, será que essa foi uma questão facciosa mesmo para os crentes romanos? É claro que eles conseguiriam descobrir como conviver. Qual a dificuldade nisso?”

Apenas pense por um instante o que significa para o judeu, mergulhado em sua religião e tradição judaica—com leis cerimoniais e de dieta—entrar na igreja da graça e da liberdade.

Havia certas pessoas na igreja do Novo Testamento que haviam sido influenciadas pelos essênios, uma seita radical judaica. Os essênios participavam juntos de refeições especiais para as quais se preparavam com lavagens ritualistas e vestindo roupas especiais. Essas refeições tinham que ser preparadas pelos sacerdotes; caso contrário, não poderiam comer a comida. Isso parecia ser o correto, o melhor!

Pense nos gentios que estavam sendo salvos e se tornando parte da igreja. Eles estavam saindo da idolatria pagã e cansados das vidas que viviam e queriam se libertar de qualquer ligação com seus falsos deuses do passado.

Alguns crentes eram influenciados por Pitágoras, o qual ensinava que a alma do homem era uma divindade caída confinada ao corpo. Eles, assim como os hinduístas de nossos dias, criam na reencarnação; ou seja, você pode habitar dentro de um homem, de um animal, uma planta em uma série infinita de existência. A única maneira de quebrar esse confinamento era por meio da pureza absoluta e da disciplina—silêncio, estudo, introspecção e abstinência de qualquer coisa agradável. Quanto menos você desfruta da vida, mais rápido você sai do planeta terra.

Mas o que isso tem a ver com Romanos 14? Parece ser algo tolo para você, mas, no século primeiro, a questão da comida era muito mais importante para aqueles crentes do que é para nós no século vinte e um.

Hoje, podemos pensar em coisas equivalentes à comida do século primeiro que se tornam facciosas por causa de diferença de opiniões. Por exemplo, moda, maquiagem, esportes, filmes, jogo de cartas ou jogo aos domingos. Talvez chegaríamos mais perto ainda se incluíssemos opiniões políticas sobre o meio-ambiente, aquecimento global e controle de armas. Existe a tentação de dividir por questões como criação de filhos, uso do dinheiro e riquezas e muitas outras coisas.

Tenho desejo de falar sobre isso nos próximos estudos ao mergulharmos nas questões que não são explicitamente proibidas ou mesmo mencionadas nas Escrituras. Paulo se refere a elas em Romanos 14.1 como opiniões. Nós as chamamos de “questões duvidosas” e denominamos essa arena da vida de “área cinza.”

Uma das controvérsias mais difíceis na vida cristã—especialmente para o novo convertido—é a descoberta de que sem tudo é sempre preto e branco. Às vezes, as questões são bem cinzas.

A descoberta de que existem muitas áreas na vida para as quais não há nem sequer um verso bíblico—para as quais não há uma resposta direta e clara, preto e branco… mas cinza.

Existe uma parte na estrada para minha casa que tem uma descida um tanto íngreme entre dois montes, formando um vale. Lá no meio do vale à esquerda existe um lago. Geralmente, cedo de manhã, uma neblina cobre a parte mais baixa da estrada. É como se você dirigisse dentro de uma nuvem; uma névoa cinza.

De fato, o Cristianismo é geralmente parecido com dirigir por mio de uma neblina cinza. É difícil de ver a estrada à sua frente, muito menos permanecer dentro de sua faixa. Você precisa diminuir a velocidade e ficar atento.

Evidentemente, para o apóstolo Paulo era importante não somente ajudar os crentes a encontrar seu caminho no meio dessa névoa, mas também aprender a viajar junto com outros nessa estrada. Isso fica claro pelo fato de que ele diminuirá a velocidade e passará mais tempo nesse assunto do que quase outro qualquer.

Evidentemente, para o apóstolo Paulo, questões cinzas são importantes!

Somente pergunte a uma igreja usar ou não guitarra é algo importante, ou recolher ofertas, ou apoiar um missionário divorciado, etc. Pergunte se essas coisas importam.

Leslie Flynn escreve em seu livro sobre uma variedade de discordâncias que dividem crentes seriamente—questões cinzas que criam fricção e divisão:

Um crente pode se ofender ao ver rapazes e moças nadando juntos em uma piscina, enquanto outro se ofende ao ver uma irmã usando calça na igreja. Em uma reunião internacional de missionários, a consciência de uma mulher oriental não lhe permite usar sandálias dentro de uma sala, enquanto outras pensarão que ela é tola de vir descalça. Um crente do Leste Europeu pensa que é algo terrivelmente mundano e um desperdício para um crente usar aliança de casamento, enquanto uma mulher mais vinda de uma região mais ao sul acha algo escandaloso sair em público sem sua aliança de casamento. Um homem da Dinamarca fica ferido ao ver alunos de uma escola bíblica inglesa jogando futebol no domingo à tarde, enquanto esses mesmos alunos, por sua vez, se ofendem ao ver o dinamarquês acendendo seu cachimbo na varanda de casa.

Essas são questões que certamente não determinam seu futuro no céu ou na terra, mas determinam sua comunhão na terra.

O que fazemos a respeito desses assuntos? Quem está certo e quem está errado?

Paulo, por favor, responda essa pergunta para nós. Podemos ou não comer carne?

Veja Romanos 14.2: Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes.

Evidentemente, alguns dos crentes romanos haviam se tornado vegetarianos. Mas não foi porque pensavam que matar os animais e comê-los era algo moralmente errado. Na verdade, o Antigo Testamento jamais exigiu abstinência de carne. O problema foi, mais provavelmente, sua falta constante suspeita quanto à origem da carne, se era kosher ou não—ou seja, se obedecia ou não às leis de dieta judaica. Para que fosse kosher, o animal precisaria ter sido morto e preparado na presença e segundo a instrução de um rabino. Já que não podiam ter certeza de que a comida era kosher e, portanto, aceitável para consumo, eles se recusavam comer toda carne e comiam apenas legumes.

Assim, vemos divisão na igreja entre os que comem carne e os que comem apenas legumes. Alguns que comem carne não querem saber se é kosher ou não; outros que comem apenas carne kosher, mas que não querem saber se foi ou não sacrificada a ídolos. Existem ainda os vegetarianos que não comerão carne, não porque foi oferecida a ídolos, mas porque não têm certeza que é kosher.

A igreja está profundamente dividida. Existe o partido da salada e o partido do churrasco.

Essa é uma briga por causa de comida! E ela está acontecendo não no refeitório, mas na igreja!

Precisamos de um juiz! Paulo, pode nos ajudar aqui?

Paulo chega com a resposta—enterrada quase no final de sua carta. Sua resposta surpreenderá todos nós inicialmente, e irritar ambos os partidos. Nenhum dos lados sente que recebeu o apoio de Paulo; ambos os partidos serão desafiados.

Gosto de denominar os primeiros quatro versos com o seguinte título:

Como Impedir que Uma Briga por causa de Comida sequer Comece

 

  • Comece com aceitação!

Veja Romanos 14.1 novamente: Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.

Acolha! Aceite! O verbo é “proslambano,” que significa, “receber alguém, receber na comunhão ou como companheiro.”

Ele sempre ocorre na voz média, significando que comunica um acolhimento pessoal, uma aceitação afetuosa de outra pessoa.

Paulo emprega o mesmo verbo ao exortar Filemom a receber Onésimo, o escravo fugitivo de Filemom, como seu próprio irmão--a recebê-lo de volta como se estivesse recebendo o próprio Paulo (Filemom 10–17).

O verbo também aparece em Romanos 15.7 em referência a Cristo que recebe o crente.

O ponto de partida é que todos somos irmãos e irmãs em Cristo. Pertencemos uns aos outros. Nós lemos: Acolhei ao que é débil na fé.

O artigo definido antes de indica que essa pessoa é fraca não em sua confiança ou fidelidade a Deus, mas em seu entendimento da plena verdade da fé—da plenitude do Evangelho.

A propósito, você precisa saber que esses judeus, e talvez gentios que haviam abandonado a idolatria e não queriam ter relação alguma com suas vidas antigas, eram crentes sinceros. Eles não estavam tentando ser mesquinhos, mas eram profundamente conscientes. Eles estavam tão preocupados em não ofender a Deus que haviam escolhido comer somente legumes e ficar distante de carnes.

O termo traduzido como legumes vem do verbo “cavar.” Em outras palavras, eles estavam comendo somente as coisas que cresciam no solo.

Esses crentes eram novos na fé, mas fervorosos em seu estilo de vida. O problema deles era que não percebiam ainda que sua aceitação à família de Deus não tinha nada a ver com o que estava em seu forno ou prato.

Para os crentes que conheciam essa verdade, Paulo diz, "Sejam pacientes. Resistam à tentação de tirar o tapete de boas-vindas. Acolham esses irmãos fracos na comunhão.”

Então, eu me é permitido parafrasear a primeira parte da resposta de Paulo, podemos dizer, “Recebam na comunhão o fraco em seu entendimento do Evangelho da graça. Não o recebam apenas para consertar suas opiniões, mas recebam-no como ele é.”

Acho interessante que Paulo não menciona uma coisa. Esperaríamos que Paulo lhes fizesse um favor ao simplesmente enviá-los um cardápio e dizer algo que um garçom me disse certa vez, “Se não está no cardápio, então não tem.”

Por que Paulo simplesmente não diz, “Não está no cardápio; então não coma!”? Porque entregar um cardápio nas mãos da igreja nunca produziria maturidade—quer em crentes novos ou antigos.

Apresentar regras não era tão importante quanto desenvolver relacionamentos com princípios em mente, unidade no coração e graça no espírito.

Todos têm lugar à mesa para comer sua comida predileta. Comece com a aceitação!

  • A segunda maneira de se evitar que uma briga sobre comida comece é recusar discutir!

Essa é outra forma de dizer, “Não transformem pequenas coisas em grandes coisas!” Reconheça a diferença entre ortodoxia e opinião e não divida por causa de opinião! Isso significa que você talvez terá que guardar sua opinião para si mesmo.

Recentemente, li sobre uma ocasião em que Charles Spurgeon, o grande pregador britânico do século dezenove, estava viajando para algumas reuniões em um vagão de primeira classe no trem. Outro pregador o viu embarcando no vagão de primeira classe. Depois de um tempo, esse pastor finalmente decidiu falar algumas para Spurgeon. Ele foi até Spurgeon e disse, “Sr. Spurgeon, o que você está fazendo aqui neste vagão? Eu estou lá atrás no vagão de terceira classe cuidando do dinheiro do Senhor.”

Spurgeon respondeu, “E eu estou aqui na primeira classe cuidando do servo do Senhor.”

De agora em diante, decidi viajar apenas de primeira classe. E se alguém reclamar, poderei citar Spurgeon!

Então por que discutimos? Porque gostamos!

Ontem, chamei minha esposa no escritório e disse, “Preciso de ajuda com o título da minha mensagem.” É comum pedir a ajuda dela com os títulos. Na verdade, os melhores títulos são ideia dela!

Eu lhe expliquei o texto e discorri um pouco sobre a questão da discussão sobre comida. Daí ela disse, “Que tal algo como, ‘Brigando por Causa de Comida’?”

Eu disse, “É isso! Esse título resume tudo muito bem.”

Quando eu disse isso, minha filha de doze anos me ouviu do corredor e disse, “Briga por causa de comida? Gosto dessas brigas!”

Eu perguntei, “Você gosta?” ao mesmo tempo em que questionava sua criação.

“Claro,” ela respondeu, “brigas por causa de comida são legais.”

Que confissão clássica—e que revelação, “brigas por causa de comida são legais!”

Esperaríamos que Paulo fosse dizer, “O pessoal da salada precisa começar sua própria igreja,” ou, “O pessoal do churrasco precisa encontrar outra igreja.”

Não. Ele diz simplesmente em Romanos 14.2: Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes

No verso 1, Paulo mandou acolher e aceitar o mais fraco, não discutir com ele.

Entretanto, não discutir não é suficiente. Paulo vai entrar na questão do coração. A terceira maneira de se evitar que brigas por causa de comida sequer comecem envolve muito mais do que não discutir.

  • A terceira maneira de evitarmos brigas por causa de comida é corrigindo nossa atitude!

Veja o que Paulo diz em Romanos 14.3a: quem come não despreze o que não come.

O verbo despreze significa, “ver como sem valor; desdenhar ou desrespeitar alguém por causa de suas preferências pessoais ou perspectiva.”

Talvez você não discuta com essas pessoas em público, mas as despreza em particular.

Paulo continua e diz em Romanos 14.3b ao tratar com o outro lado: e o que não come não julgue o que come.

Essa é uma vida de mão dupla. Ambos os lados julgam, condenam, criticam e, para dizer a verdade, odeiam.

Os que comem empinam o nariz para os que não comem; e os que não comem se separam dos que comem.

O verbo julgue é “krino,” que carrega a ideia de isolamento e separação.

Outro dia eu estava conversando com um pastor amigo meu. Nós temos um amigo em comum que também é está no ministério. Perguntei se ele sabia como esse amigo em comum estava e como seu ministério estava indo. Ele respondeu, “Ah, rapaz, é… ele realmente se tornou uma grande decepção.”

Eu pensei, “Ah, não… ele deixou sua esposa, se envolveu em pecado.”

Eu disse, “É mesmo? Por quê?”

Ele replicou, “Ah, ele começou a cantar corinhos na sua igreja.”

Essa preferência musical havia se tornado uma questão de separação, “krino,” julgamento de censura numa área cinza. Esse pastor fez o que Paulo expressamente falou que não devemos fazer.

Ambos os lados precisam ajustar sua atitude. E, a propósito, ambos os lados tinham preocupações válidas. O que se perde no calor da discussão é o equilíbrio.

Alguém diz, “O Cristianismo não tem nada a ver com como você se veste; então vista o que você quiser!”

Outro diz, “Mas espere um pouco. Por acaso o que você veste não transmite uma mensagem? Será que o que você veste e como veste não leva alguém a pensar sobre você algo que não deveria pensar?”

Ambos os lados estão certos. Na verdade, na mente de Paulo, ambos os lados são necessários para que se chegue à melhor conclusão.

Um pastor descobriu isso do jeito mais difícil. Ele ficou convencido pessoalmente de que era pecado comer chocolate, dentre outros vícios mais óbvios. Ele decidiu adicionar uma demonstração visual que daria mais ênfase à sua pregação no domingo e ensinaria sua congregação uma lição que jamais esqueceria.

Ao começar o sermão, ele colocou quatro minhocas em quatro potes separados. A primeira minhoca foi colocada em um pote com álcool; a segunda em um pote com fumaça de cigarro; a terceira minhoca foi colocada em uma calda de chocolate; e a quarta minhoca foi colocada em um pote com terra limpa. Daí, o pregador pregou contra os pecados acima.

Na conclusão de sua mensagem, o pastor mostrou os seguintes resultados à sua congregação:

  • a primeira minhoca no álcool—morta;
  • a segunda minhoca na fumaça de cigarro—morta;
  • a terceira minhoca na calda de chocolate—morta (apesar de eu achar que ela estava com um sorriso no rosto!);
  • a quarta minhoca na terra—viva!

Então ele perguntou à sua igreja, “O que vocês aprenderam com essa demonstração?”

Uma senhora idosa nos fundos da igreja logo levantou sua mão e disse, “Desde que você beba, fume e coma chocolate, nunca terá problemas com minhoca dentro de casa!”

Estes são três passos a fim de evitar uma briga por causa de comida:

  • Comece com aceitação!
  • Simplesmente recuse discutir!
  • Ajuste sua atitude!

Existe um último passo para evitarmos a briga por causa de comida.

  • Lembre-se de sua autoridade!

Veja Romanos 14.4:

Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster.

Paulo diz, “Pare e pense! Que direito você tem de julgar as opiniões pessoais de outros crentes?”

Paulo não está falando sobre doutrina; ele não fala sobre comportamento pecaminoso evidente, o qual devemos julgar e disciplinar dentro do corpo. Paulo está falando sobre questões cinzas, áreas duvidosas, assuntos de consciência e convicção pessoal.

Quem somos nós para brincar de juiz sobre outro nessas áreas—especialmente se eles são servos do Senhor? Como podemos julgar outra pessoa na névoa?

Nós não somos oniscientes, então não conhecemos todos os fatos. Não conseguimos enxergar o coração das pessoas; não podemos perscrutar seus motivos.

Nós somos finitos, não vemos o retrato completo. Temos uma visão espiritual debilitada; vivemos com pontos-cegos. Acima de tudo, somos incoerentes e imperfeitos!

Felizmente, não respondemos uns aos outros em questões cinzas de consciência--respondemos a Deus. Então, a fim de evitarmos que brigas por comida sequer comecem, devemos estar dispostos a não sair com a última palavra, e a nos lembrar de que Deus, nossa autoridade final, terá a palavra final!

Por esse motivo, mais adiante em Romanos 14, nos levará ao Bema—o tribunal de Cristo no qual o crente prestará contas de cada uma de suas escolhas, tanto grandes como pequenas, secretas e públicas, bem como de suas ações e motivações. Deus terá a última palavra.

Conclusão

A palavra-chave dos trinta e seis versos, do capítulo 14 à primeira parte do capítulo 15, é “acolher.” Você deve circular essa palavra no verso 1 e fazer uma linha até a última parte do verso 3, onde ela ocorre novamente. Daí, circule-a também no verso 7 do capítulo 15, onde ela ocorre novamente.

Acolher outros no Senhor fará de tudo para evitar que haja brigas por causa de comida na igreja.

Seu nome era Bill. Ele tinha um cabelo comprido, embaraçado, calças gastas e uma camiseta simples, além de estar descalço no dia que visitou a igreja. Nossa igreja ficava próxima à sua universidade. Apesar de ser um aluno muito inteligente, ele havia incorporado o jeito de vestir alternativo de sua universidade. Enquanto estava na universidade, recebeu a Cristo e decidiu visitar nossa igreja. Ele jamais havia entrado numa igreja antes em sua vida.

O culto já tinha começado fazia um tempo e a igreja estava cheia. Ao entrar e descer pelo corredor da igreja, ele não achou um lugar. Quando chegou à primeira fila, todos estavam com os olhos fitos nesse jovem—talvez se perguntando o que ele estava fazendo ou por que estava ali na igreja. Bill chegou até a frente, mas não encontrou lugar para se sentar. Então ele simplesmente se sentou no chão. Era assim que muitos jovens se sentavam nas reuniões lotadas na universidade, mas essa não era, é claro, a maneira de alguém se sentar na igreja!

A essa altura, as pessoas já estavam incomodadas e a tensão no ar era grande. Foi nesse momento que o pastor viu um dos diáconos descendo pelo corredor. Esse diácono já tinha mais de setenta anos de idade, cabelos grisalhos, estava vestido com um terno e gravata, bem apresentável. Ele era um líder piedoso na igreja—a epítome da dignidade e piedade. Ao se aproximar do jovem, todos na igreja estavam pesando, “Bom, ninguém pode culpá-lo pelo que vai fazer. Um homem da idade, dignidade e histórico dele não consegue entender como um jovem qualquer se esparrama no meio do corredor perto da primeira fileira de bancos.”

Quando o idoso finalmente chegou até onde o jovem estava, a igreja ficou em silêncio total. Todos olhavam para a cena. Até o pastor parou de falar. Todos simplesmente ficaram observando enquanto o velho, com certa dificuldade, abaixou-se e se sentou ao lado de Bill, tocando suas costas e dizendo, “Seja bem-vindo aqui.”

O diácono sentou-se ao lado de Bill pelo resto do culto. Quando o pregador finalmente quebrou o silêncio e falou novamente, ele disse, “O que irei pregar, vocês jamais se lembrarão… mas o que acabaram de ver, jamais se esquecerão!”

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 05/02/2006

© Copyright 2006 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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