Filhos da Luz

Filhos da Luz

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Filhos da Luz

Vivendo como se Estivéssemos de Partida—Parte 2

Romanos 13.11–13

Introdução

Em nosso encontro anterior, dei início a uma série chamada “Vivendo Como se Estivéssemos de Partida.”

Semana passada me deparei com uma música sertaneja que capta a ideia desta série de forma um tanto desesperadora. A letra da música é sobre um homem doente que está morrendo e, como resultado, começa a fazer certas coisas enquanto vivo. Ele vai “fazer sky diving, escalar uma montanha, montar um touro selvagem, amar mais profundamente, falar de forma mais gentil e perdoar mais as pessoas.”

Qual o motivo desse homem? Ele vai começar a “viver como se estivesse morrendo.”

E existe certa verdade nisso. Até mesmo o mundo sente essa verdade. A vida é curta e está passando—cada vez mais rápido.

Já mencionei no passado minha tentativa de constantemente me lembrar dessa mesma verdade. O salmista Davi escreveu que, a fim de termos um coração sábio, devemos contar os nossos dias (Salmo 90.12).

Literalmente, contar os números de dias que temos vivido e ainda temos para viver. Seja otimista—ou seja, que sua expectativa de vida será em torno dos 75 anos de idade. Quantos anos ainda restam a você?

  • Se tem 25 anos de idade, você ainda possui aproximadamente 18 mil dias restantes;
  • Se tem 35 anos, aproximadamente 14 mil dias restantes;
  • Se tem 45 anos, aproximadamente 10 mil dias;
  • Se tem 55 anos, você possui 7 mil dias restantes;
  • Se você tem 65 anos de idade, ainda restam 3600 dias;
  • Se você tem 75 anos ou mais, pode dar um grande sorriso!

Uma senhora membro de nossa igreja foi estar com o Senhor alguns dias atrás. Ela estava com 101 anos de idade. A maioria de nós não viverá até os 101 anos; então não conte com isso. Mas e se vivermos até os 75 anos?

Eu comprei um vaso de vidro e o enchi o fundo do vaso com bolinhas de gude; ele fica na janela de meu escritório. Cada bolinha representa um mês de vida que me resta, caso eu viva até aos 75 anos de idade. Decidi contar os meses que me restam; tenho 328 meses de vida.

Cada mês que passa, tiro uma bolinha do vaso e isso me faz lembrar que aquele mês não volta mais. Será que investi aquele mês bem, com sabedoria, ou desperdicei aquele tempo?

Ontem contei as bolinhas para me certificar de que tenho o número certo. Eu deveria ter 328 bolinhas no vaso, mas contei apenas 249. Estão faltando 79; acho que alguém quer que eu morra antes do tempo!

Eu pensei, “É, talvez este seja um sinal do Senhor….” Enfim, 249 bolinhas significam que viverei até os 68 anos.

Em certo sentido, estou no processo de perder cada uma dessas bolinhas. Na verdade, estou até perdendo-as mais rápido do que pensava. E você também.

Contudo, quero ser sempre lembrado dessa verdade. Quero contar os meus dias, meses e anos para que alcance um coração sábio.

Agora, no caso do crente, o medo de morrer não é um incentivo para viver de forma justa. O fato de que viveremos para sempre na presença de nosso Senhor e Salvador é um inventivo para vivermos e buscarmos uma vida santa. E:

  • o fato de que prestaremos contas a Ele é um incentivo;
  • o fato de que teremos um lar permanente no céu é um incentivo;
  • o fato de que amamos o Pai é um incentivo;
  • o fato de que desejamos agradar ao Pai é um incentivo.

É exatamente esse o ensino que estamos discutindo em Romanos 13. Nos versos 8 a 14, o apóstolo Paulo deseja transmitir uma perspectiva da vida, bem como um desafio para nossa pureza na vida.

Nossa Perspectiva da Vida

Vamos ler Romanos 13.8–12a:

A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor. E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite, e vem chegando o dia…

Em outras palavras, esse é o seu incentivo para obedecer a Palavra e a viver dessa forma.

Paulo diz, “Você precisa observar o tempo!”

Quando Paulo usa o termo tempo no verso 11, ele não se refere a tempo cronológico (chronos), mas a kairos, ou a uma era, uma época. Essa palavra ocorre várias vezes nas Escrituras. Paulo se refere a esta era em particular; ou como podemos chamá-la, a esta dispensação na história da redenção.

Paulo diz que a era que precede a volta do Senhor está quase no fim.

Entenda bem que Paulo, bem como os demais escritores do Novo Testamento, não imaginaram que haveria uma pausa de dois mil anos entre a primeira e a segunda vindas do Senhor.

Paulo escreveu aos tessalonicenses sobre o arrebatamento da igreja, dizendo que não subiremos antes da ressurreição dos corpos dos crentes que já morreram. Ele escreveu em 1 Tessalonicenses 4.17:

depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.

Paulo diz, “Quando o arrebatamento da igreja acontecer, eu ainda estarei vivo.”

Ele ainda disse em 1 Coríntios 7.29 que o tempo era curto!

Agora, se eles pensaram que Jesus Cristo ia arrebatar a igreja dois mil anos atrás, nós estamos muito mais perto desse evento do que eles!

Paulo ainda escreveu aos coríntios dizendo que o Antigo Testamento havia sido escrito para instruir o crente do Novo Testamento, sobre quem os fins dos séculos têm chegado (1 Coríntios 10.11).

Em outras palavras, Paulo cria que a partida temporária de Cristo, enquanto o Espírito Santo capacita a igreja a proclamar o Evangelho ao resto do mundo, não sugeria um período de tempo muito longo.

Ele escreveu em Filipenses 4.5, perto está o Senhor.

O autor de Hebreus ainda escreve em Hebreus 10.25:

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.

Tiago escreveu no capítulo 5, verso 7:

Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor…

E no verso 8:

Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima.

Lemos em 1 Pedro 4.7–8:

Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações. Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.

A verdade é que a vinda do Senhor é um incentivo para o amor, perdão, discernimento e sabedoria de espírito.

João escreveu em 1 João 2.18: Filhinhos, já é a última hora.

O próprio Jesus Cristo afirmou no final da Bíblia, em Apocalipse 22.20: venho sem demora.

Sua vinda para a igreja é iminente, ou seja, o próximo evento no calendário profético. A vinda do Senhor para a igreja pode ocorrer a qualquer momento.

Até onde Paulo, Pedro, João, Tiago e o autor de Hebreus sabiam, eles estariam vivos quando acontecesse!

Se essa era a perspectiva deles na vida, e se vivam com um senso de iminência e expectativa, também devemos viver com a mesma expectativa iminente.

Você sabe como é esperar pela chegada de algum pacote? Quanto mais você espera, maior a frequência com que checa sua caixa de correspondências—e mais lento é o rapaz dos correios!

Você está esperando o nascimento de seu filho? Você não consegue mais esperar, não é? Aguenta firme aí, mãe! Você sabe que não carregará esse bebê para sempre, graças a Deus! Contudo, você ainda não tem certeza de quando o bebê dirá, “Este será o dia do meu nascimento!”

Quanto mais perto você chega da data devida, maio é a frequência com que se deita à noite se perguntando se dormirá por toda noite. Quem sabe, talvez você será uma mãe pelo amanhecer.

Até onde os apóstolos sabiam, nós devemos viver como uma mãe grávida, pensando, “Talvez será hoje! Talvez amanhã! Quem sabe, talvez estarei no céu amanhã por volta dessa mesma hora!”

Pode ser mais rápido do que imaginamos! Um dia, algum dia, será o último antes de Cristo voltar para levar Sua noiva.

Com ou sem arrebatamento, a verdade permanece para cada um de nós: um dia será o nosso último nesta terra.

Paulo escreve em Romanos 13.11, parafraseado:

Veja bem o tempo… certamente essa já é a hora para você acordar de seu sono—de passividade, desobediência, apatia, complacência—porque a salvação está agora mais perto do que quando cremos.

No Novo Testamento, a salvação ocorre em três tempos:

  • em relação ao passado, fomos salvos da penalidade do pecado;
  • em relação ao presente, estamos sendo salvos do poder do pecado;
  • em relação ao futuro, seremos salvos da presença do pecado.

Cada dia que vivemos, estamos um dia mais próximo de nossa futura salvação. Alguém disse isso da seguinte forma, “A cada diz armamos nossa tenda um dia mais próximo do lar.”

Portanto, “Desperte! Desperte! Não durma em seu posto. Não desperdice sua vida. Ele está quase aqui! Acorde para suas oportunidades e disciplina espiritual. Desperte! A jornada está quase no fim.”

Se você tem filhos e se já viajou com eles, talvez os tenha ouvido perguntar, “Está chegando?”

Daí, um pouco depois, “Está chegando? Hein, Mamãe? Está chegando, papai?”

Ainda me lembro desses dias, “Está chegando? Está chegando?”

Finalmente, eu dizia, “Chegamos.”

Tudo ficava em silêncio por alguns segundos, até que um de meus filhos dizia, “Não chegamos ainda.”

Então eu dizia, “Você já sabia da resposta! Está certo! Ainda não chegamos.”

Não siga meu exemplo nisso--apesar de ter funcionado.

O crente deve viver a vida com a perspectiva que pergunta ao Pai, não com impaciência, mas com verdadeiro anseio, “Está chegando? Está chegando?”

Essa era a perspectiva de Paulo na vida—ele vivia à luz de sua partida. Ele escreveu em Tito 2.11–13:

Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus,

Veja o verso 12 de Romanos 13: Vai alta a noite, e vem chegando o dia.

Em outras palavras, a noite das trevas espirituais do homem está quase terminando, e o dia—o retorno iminente de Cristo—está prestes a raiar.

Essa é a nossa perspectiva na vida.

E à luz dessa perspectiva, Paulo passa a falar sobre nossa pureza enquanto vivemos.

Nossa Pureza na Vida

Paulo nos informa que há algo a retirar e a algo a vestir.

Veja a segunda parte do verso 12 de Romanos 13: Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz.

Devemos retirar as obras das trevas, as quais Paulo mencionará em um momento.

Primeiro, contudo, precisamos colocar a armadura da luz.

Essa armadura da luz é uma referência à armadura total de Deus e também um lembrete de que estamos numa guerra.

Esse é um vocabulário de guerra. Vestimos a armadura entregue às nossas mãos pela fé em Jesus Cristo.

Paulo descreveu essa armadura em Efésios 6. Veja os versos 11 e 12:

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.

Esse texto se refere às estratégias do reino das trevas de Satanás que impulsiona o mundo dos descrentes em sua cegueira a fazer sua vontade.

Daí, lemos no verso 13:

Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.

Charles Spurgeon pregou as seguintes palavras para sua congregação em Londres, Inglaterra:

Você pode dormir, mas não pode induzir o diabo a fechar seus olhos… você pode ver crentes dormindo, mas não verá a falsidade tirando uma soneca. O príncipe da potestade do ar mantém seus servos no serviço. Se pudéssemos dar uma rápida olhada na atividades dos servos de Satanás, ficaríamos admirados com a nossa negligência.

No ápice da Guerra Fria, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert McNamara, disse que tinham que sempre lembrar que, “quando dormimos, os outros dois terços do mundo estão acordados e aprontando alguma maldade.”

Algo a vestir—a armadura da luz

Vamos dar uma olhada nas peças da armadura necessária para o crente espantar a negligência e a maldade.

  • Primeiro, devemos nos cingir com a verdade (Efésios 6.14).

Essa peça se parecia com um avental que ficava amarrado à cintura e descia até a altura da coxa. Essa era a peça central. Na verdade, a couraça de metal ficava presa a ele e a espada ficava pendurado nesse avental. Tudo ficava amarrado à verdade.

Numa geração na qual a verdade é substituída por “qualquer coisa que você sente ser verdade para você,” não é surpresa alguma que as palavras de Deus são ignoradas e até mesmo crentes têm se tornado presas de erros inacreditáveis e falsos ensinos.

O apóstolo João focou bastante nessa peça da armadura inspirada e objetiva. Ele começou sua segunda epístola dizendo:

O presbítero à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade, por causa da verdade que permanece em nós e conosco estará para sempre, a graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor. Fiquei sobremodo alegre em ter encontrado dentre os teus filhos os que andam na verdade, de acordo com o mandamento que recebemos da parte do Pai (2 João 1–4).

Cinco vezes em quatro versos, ele se refere à verdade. E ele começa sua terceira epístola escrevendo:

Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade (3 João 3).

Essa é a peça da armadura que mantém a couraça da justiça cobrindo e protegendo o coração.

  • Segundo, a armadura do crente também inclui os calçados do Evangelho (Efésios 6.15).

O que é o Evangelho? A verdade sobre Cristo!

Sempre haverá novos evangelhos. Alguns pregados por anjos, mas são falsos.

Tanto o Islã como o Mormonismo são religiões que crescem rapidamente no mundo--e ambas dependem de crenças que, segundo defendem, foram trazidas por anjos.

Se você deseja sobreviver nesta idade das trevas, você precisa vestir sua armadura, e ela inclui os calçados com o Evangelho no qual você permanece de pé.

Paulo escreveu aos coríntios sobre o Evangelho que ele os entregara, tendo recebido, não de anjo, mas do Cristo ressurreto. Ele escreveu em 1 Coríntios 15.1:

Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais;

  • Terceiro, a armadura do crente também inclui o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito (Efésios 6.16–17).

Você está em uma guerra; não se esqueça de quem você é.

Quando meus filhos gêmeos eram pequenos, e os levei comigo para buscar minha sogra no aeroporto. Enquanto a esperávamos, alguns soldados desembarcaram vestindo seus uniformes com equipamento de guerra—roupas camufladas, capacete, armas, botas—tudo. Cada um com uma aparência mais intimidante que o outro. Ficamos ali parados enquanto eles passavam. Enquanto estávamos próximos à porta, eles passaram por nós. Um de meus filhos olhou para mim e me disse, “Olha pai, esse soldado do exército.”

Um dos soldados que estava passando ouviu o que meu filho disse, parou, olhou para ele e disse, “Garoto, não somos do exército, somos da marinha.”

Paulo diz, com efeito, “Esse é você—saiba com quem você guerreia e contra quem guerreia; saiba bem qual uniforme você defende; saiba bem que é seu comandante.”

Você está em guerra—vista sua armadura.

Paulo usa a expressão armas da luz para descrever categoricamente o crente. O mundo é trevas; o crente é luz.

Paulo escreveu para lembrar os crentes de Éfeso em Efésios 5.8:

Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz.

Somos como lâmpadas em nosso mundo de trevas. Imagine isso.

Não é surpresa alguma que o crente não deve agir como as trevas. E como as trevas agem, quais são as obras das trevas?

Obviamente, a lista poderia ser bastante longa, mas Paulo menciona seis pecados. Note Romanos 13.13:

Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes;

Quando lemos uma lista como esta, ficamos nos perguntando por que Paulo precisaria advertir o crente contra esses pecados. Por que Paulo precisa advertir os crentes romanos contra atos tão perversos? A pergunta que devemos fazer é, “Por que Paulo se inclui nessa advertência?”

Talvez hoje deveríamos nos unir ao partido dos crentes honestos e humildemente circular as palavras:

  • Deixemos, pois, as obras das trevas… (verso 12); e
  • Andemos dignamente… (verso 13).

O crente sincero sabe que ele é capaz de se comportar de forma horrível. Ele está bastante ciente de seu potencial para o pensamento e o ato pecaminoso. Não é nada bom para o crente pensar que ele ou ela está acima ou além do alcance de algum pecado.

O crente que pensa dessa maneira, na verdade, já se encontra em grande perigo, pois a Bíblia diz em 1 Coríntios 10.12: Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.

É por isso que Paulo fala francamente com o crente. Esta não é uma epístola ao senado romano, mas uma carta à igreja de Roma. A igreja de Roma lerá a Bíblia e descobrirá que a Bíblia está também fazendo uma leitura de suas vidas.

Falamos sobre estudar a Palavra e, quando fazemos isso, vemos que a Palavra nos estuda também. Quando trazemos à luz a verdade da Palavra de Deus, a Palavra de Deus traz à luz a verdade sobre nós. Um olhar honesto nas Escrituras revela que somos capazes de pecar terrivelmente.

Por esse motivo, Paulo advertiu os crentes colossenses também:

Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos (Colossenses 3.8–9).

Quando escolhemos não nos despojar do pecado, vestimos nossas roupas podres, as quais cobrem a armadura da luz, impedindo que o mundo veja as coisas que nos distinguem como filhos da luz.

O escritor de Hebreus também diz ao crente:

…desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia… (Hebreus 12.1).

Pedro diz:

Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências,

Tiago adiciona:

Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada… (Tiago 1.21).

Agora, em Romanos 13, Paulo diz a mesma coisa aos crentes de Roma, Itália.

Somos capazes de cometer todas essas coisas, mas porque:

  • pertencemos ao Deus da luz,
  • fomos transportados para o reino da luz;
  • somos agora filhos da luz, vivendo o Evangelho da luz em um mundo de trevas que precisa desesperadamente de luz,
  • a qualquer momento o Senhor da luz voltará para nos buscar—

—existem algumas coisas que não devemos praticar.

Algo a nos despojar—obras das trevas

Paulo lista seis pecados em Romanos 13.13. Eles vêm em três pares, uma vez que são semelhantes e geralmente se acompanham. Vamos dar uma olhada neles.

  • O primeiro é orgias do termo grego komos.

Os seguidores do deus Bacchus, o deus romano do vinho e da bebedice, realizavam um festival nos dias 16 e 17 de março. A festa Bacchanalia era de orgias em honra a esse deus. Na época de Paulo, essas celebrações perversas haviam se tornado famosas pela perversão sexual que as acompanhava. Como você já pode imaginar, essa era uma festa bastante parecida com o carnaval de nossos dias.

Sem dúvida alguma, os crentes de Roma tinham um passado de orgias romanas no mês de março. Isso é muito parecido aos crentes de nossos dias que vivem com suas recordações dos dias em que participaram de carnavais. O carnaval é apenas mais uma festa que espelha o festival de Bacchus do primeiro século, no qual a imoralidade vem à luz.

Paulo não segura seus golpes ao dizer que essas são atividades dos filhos das trevas, não dos filhos da luz.

  • Sem segundo lugar, Paulo adiciona, como é de se esperar, bebedices. O mundo recebe a ajuda do álcool para perder suas inibições sexuais.

Um tempo atrás, eu e minha família fomos a um estádio para um concerto de música evangélica. Vários grupos se apresentaram, bem como solistas e trios. Levamos várias horas para conseguir sair do centro da cidade depois desse concerto que terminou em torno da meia-noite de ano novo.

Ficamos duas horas no trânsito, uma vez que muitas pessoas estavam saindo para as ruas nas festas de ano novo. Em um dado momento, passamos por um prédio onde havia uns cem policiais com roupas especiais para controlar motins, como batalhão de choque. Eles estavam segurando escudos enquanto milhares de pessoas saíam às ruas. Elas gritavam, riam e a maioria estava embriagada.

Foi impossível não pensar que como é interessante que os filhos das trevas que fazem suas festas precisam ser controlados pela polícia. Ao mesmo tempo, ali próximo, estávamos nós, 10 mil crentes em nossa versão de festa, sem necessidade alguma de álcool para nos divertir. E não precisamos do batalhão de choque para nos controlar após a festa.

Que diferença entre os filhos das trevas e os filhos da luz. E isso volta até os tempos do século primeiro.

  • O terceiro e o quarto pecados que Paulo menciona são impudicícia (promiscuidade sexual) e dissoluções (sensualidade).

Esses pecados se relacionam especificamente a relações sexuais fora dos laços do casamento.

O termo dissoluções poderia ser traduzido como “sem vergonha” no contexto desse par. A palavra grega aselgeia se refere a alguém não somente cativado pela lascívia e imoralidade sexual, mas que perde sua vergonha. Apesar de a maioria das pessoas tentar esconder sua vergonha, esse pecador nem sequer tenta. Ele exibe seu pecado sexual, ele se gaba de suas conquistas, ele não quer saber de quem destrói ou machuca, ele não se preocupa com quem pode vê-lo—esse pecador é sem vergonha em seu pecado.

Talvez essa seja uma digressão das trevas. Paulo parece sugerir aqui uma espiral descendente em relação aos pecados sexuais.

Primeiro, a pessoa vai à festa; depois se embriaga e comete toda sorte de atos imorais; por fim, ela não se preocupa com o que fez e busca outra oportunidade para cometer o mesmo pecado novamente.

  • Os dois últimos pecados que os filhos da luz precisam remover de suas vidas são contendas e ciúmes.

Outra progressão que Paulo parece ter em mente tem a ver com os atos externos que, no fundo, formam-se no interior do coração humano.

A palavra contendas se refere a alguém que não gosta de ser rejeitado ou ignorado. Seu poder e prestígio pessoais são as coisas mais importantes em sua mente. Esse é Diótrefes que gostava de exercer a primazia na igreja (3 João 9).

Adicione a esse pecado o ciúme no coração humano que não somente deseja ser o primeiro, mas enxerga com olhos invejosos cada bênção que outra pessoa na igreja tenha recebido.

Não sejamos rápidos em mencionar pecados sexuais e ignorar os pecados escondidos do coração orgulhoso que exige que seja o primeiro, mais proeminente e abençoado do que todos.

Então, como evitamos esse retorno às obras das trevas? E se já retornamos a elas? A resposta ´s vista de forma clara mais adiante no próximo verso de Romanos 13, o qual ficará para nosso próximo estudo.

Conclusão: Três Coisas a Lembrar

Permita-me concluir o cerne da exortação, da advertência e do encorajamento de Paulo. Existem três coisas das quais devemos nos lembrar.

  • Lembre-se de que não pertencemos às trevas!

Esse é o motivo por que nos sentimos tão mal ao redor dos filhos das trevas e de suas obras. Somos filhos da luz! Que tipo de comunhão tem a luz com as trevas?

  • Lembre-se de que Cristo está voltando.
  • Lembre-se de que estamos em uma guerra.

Você não deve sair, em momento algum, sem sua armadura.

Você dirigiria sem seu cinto de segurança?

Você jogaria futebol descalço?

Você faria rappel sem o equipamento de segurança? Faria sky diving sem um paraquedas?

De jeito nenhum!

Bom, esta é a sua vida. Quanto a mim, ainda tenho 328 meses de vida—e pela graça de Deus, desejo andar na verdade até o fim.

Você também. Então, desperte! Não desperdice um dia sequer de sua vida—não desperdice nem sequer mais um momento!

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 15/01/2006

© Copyright 2006 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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