
Será que Estamos Errando O Alvo?
Será que Estamos Errando O Alvo?
Jurando Lealdade—Parte 1
Romanos 13.1
Introdução
Não existe dúvida alguma de vivemos em dias de grande erosão a respeito das questões de igreja e estado.
O que os apóstolos quiseram transmitir quando nos mandaram viver vidas tranquilas (1 Timóteo 2.1–2), a ser submissos aos soberanos e autoridades (Tito 3.1) e a nos sujeitar às instituições humanas, incluindo imperador e governadores (1 Pedro 2.13–14)?
O que Paulo quer dizer com Romanos 13.1?
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
- O que essa passagem sugere a respeito do papel da autoridade do governo e do papel da autoridade da igreja?
- Como igreja e estado convivem juntos?
- Será que existem funções peculiares a cada um? Evidentemente, Paulo cria que o governo de Nero havia sido instituído por Deus.
- Como aplicamos esse princípio ao mundo do moderno do século vinte e um?
Você realmente acha que conseguirei responder a todas essas perguntas hoje?
Antes mesmo de chegarmos às respostas, quero levantar esses questionamentos. Na verdade, até espero que eles o incomodem um pouco, estimulem suas faculdades mentais a pensar criticamente e a fazer questionamentos sobre a era atual da igreja na qual vivemos.
Jamais me esquecerei do meu professor no seminário Howard Hendricks. Ele disse um dia na aula, “Em toda geração, a igreja em geral errou o alvo de alguma maneira.” Daí, ele apontou para nós e perguntou, “Você sabe de que forma ela está errando o alvo hoje?”
Estou convencido de que uma área na qual a igreja tem errado o alvo é em seu relacionamento com o governo. Mais especificamente, em seu desejo por influência política na esperança de lutar contra a maré da imoralidade e do mal.
Sinceramente, estamos em um momento na história em que o estado também tem estado confuso em relação ao seu relacionamento com a igreja. E isso é verdade em vários países do mundo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o que ficou conhecido como a parede de separação entre igreja e estado não foi algo que os fundadores da nação desejaram fazer.
O desejo era proteger a igreja do estado, ou seja, de uma religião imposta pelo estado. Ao invés de proteger a igreja do estado, a constituição é interpretada de maneira a isolar o governo de qualquer influência da igreja—na verdade, uma exclusão lenta de expressão religiosa. Isso acabou se tornando uma separação entre estado e igreja, uma separação do estado do próprio Deus.
Então, hoje, pode-se usar a constituição para defender o direito que alguém tem de olhar pornografia em seu trabalho, mas não de ler a Bíblia na escola. Por exemplo, uma garota que estava em um ônibus escolar recebeu a ordem para não ler sua Bíblia dentro do ônibus porque isso violava a separação entre igreja e estado.
Hoje, constituições de países são distorcidas para defender o direito a todos os tipos de prática. Você tem o direito a usar uma linguagem profana, mas não pode mencionar Deus. Por isso, uma professora de ensino primário, quando viu que seu aluno havia encontrado a palavra “Deus” em um livro escolar, mandou que ele colorisse a palavra para que não pudesse mais ser vista.
Daí, quando a sociedade enfrenta alguma espécie de crise, vemos governantes de vários partidos rezando ou orando.
O estado se encontra em profunda confusão quanto a sua reação e relacionamento à igreja.
Por outro lado, a igreja também está confusa. Tenho certeza de que o maior problema, o maior perigo, a maior perda não é a degradação de nossa sociedade que odeia Deus e a Bíblia. O maior perigo não é a erosão de valores, o desejo que a nação tem de se livrar de Deus nas escolas e conduzir a sociedade a Gomorra. Pior do que o distanciamento da sociedade da graça em direção a um grande perigo é a distração da igreja e a mudança dentro da igreja quando aos seus recursos, pessoal e objetivos.
Foi a igreja que abandonou seu primeiro amor—uma igreja que pensa que fazer discípulos, um de cada vez, não é o suficiente. Esse é um processo lento demais, como se o próprio Jesus Cristo tivesse sido um fracasso, uma vez que, em quase quatro anos, conseguiu reunir apenas onze homens e um punhado de mulheres que criam naquilo que Ele ensinava. Se Jesus Cristo estivesse plantando uma igreja hoje, Ele teria sido considerado como um fracasso total no ministério.
A igreja tem ficado cada vez mais confusa sobre seu relacionamento com o estado, bem como sobre sua posição e postura diante das questões de nossos dias.
A grande perda é da perspectiva e propósito de uma igreja que veio a associar prosperidade no estado com prosperidade na igreja; vitória em algumas áreas da sociedade é igual a vitória cristã; que uma cultura moral é necessária para que a igreja tenha um impacto espiritual.
Será que nos esquecemos de que nosso relacionamento com a sociedade não tem como objetivo reformá-la, mas redimi-la—uma pessoa de cada vez? Será que nos esquecemos, em nosso ímpeto por ativismo moral, de que um homem com boas obras morrerá e irá para o inferno do mesmo jeito que um homem imoral?
Romanos 2 já apresentou a notícia chocante de que um homem com gosto por religião e moralidade apropriada estão a caminho do inferno do mesmo jeito que o homem de Romanos 1 que detesta Deus e ama a perversidade.
Meu amigo, a missão da igreja não é transformar pessoas más em boas, ou pessoas boas em melhores. Nossa missão não é reforma moral, mas reforma espiritual.
A política jamais alcançará esse objetivo. O estado não possui o equipamento para produzir mudança duradoura. Apenas o Evangelho fornece uma nova natureza. Os tribunais são incapazes de realizar mudança espiritual.
Um exemplo clássico disso nos últimos dois séculos é o papel que a igreja teve nos anos de Proibição, um movimento contra bebidas alcoólicas. Isso envolveu os esforços de pessoas maravilhosas—muitas mulheres, pastores e líderes cristãos—que conseguiram criminalizar o consumo de bebidas alcoólicas. Contudo, isso serviu apenas como uma oportunidade maravilhosa para o crime organizado, o qual se estabeleceu e colheu milhões de dólares preenchendo o vazio. A população, finalmente, voltou atrás e a igreja saiu perdendo duas vezes.
Pode ser que isto que vou dizer irá chocar você, mas veja bem: o objetivo da igreja nunca foi criminalizar a bebida alcoólica, apesar de que eu ficaria feliz se o governo tomasse tal medida. A missão, energia e investimento da igreja não era, e nem ainda é, remover o mal da sociedade, mas evangelizar a sociedade.
Pense nisto—se:
- o homossexualismo fosse ilegal;
- se aborto fosse crime;
- se relações sexuais fora do casamento fossem inaceitáveis;
- se orações voltassem a ser comuns nas escolas;
- se a Palavra de Deus fosse colocada em repartições públicas.
E daí? As pessoas iriam para o céu? A missão da igreja teria avançado?
Suponha que pudéssemos voltar no tempo—para épocas boas com princípios de moralidade comuns, uma reverência a Deus, verdade absoluta, a um tempo em que as pessoas se envergonhavam do adultério, quando atos sexuais eram aberrações e reservados para dentro do quarto—será que ficaríamos aliviados?
E se conseguíssemos as coisas do nosso jeito em Brasília—os únicos conselhos aceitos seriam os conselhos dos crentes e toda lei aprovada fosse a nosso favor? Será que isso enxugaria o suor de nossa testa?
É possível que a igreja de hoje ficasse aliviada, mas isso apenas porque a igreja em geral esqueceu a natureza de nossa batalha. Trabalhamos por coisas boas, mas pela causa errada.
Isso não significa que não nos importamos com o que a sociedade faz! Tendo em vista nossa liberdade, buscamos influenciá-la contra o mal e nos alegramos quando tribunais elevam a pureza moral. Se você trabalha em repartições do governo, você deve utilizar seu contexto para brilhar como uma luz e influenciar aqueles ao seu redor.
No presente momento, a igreja ainda possui vastos privilégios. Contudo, privilégio não é o mesmo que prerrogativa. Infelizmente, a igreja tem transformado privilégios em propósitos.
Deixe-me lembrá-lo do seguinte: você pode pegar um porco, levá-lo para dentro de casa, dar um banho nele, colocar um laço em seu pescoço e se maravilhar com o quanto ele está cheiroso. Você pode dizer, “Agora sim, Porquinho, é assim que você deve viver!” E o Porquinho ronca de volta concordando com você. Mas, no momento em que você leva o porco para dar uma volta e passa por uma poça de lama, ele vai dar um salto e mergulhar de cabeça na poça, não é?
O problema é que você limpou o exterior, não o interior do porco; você mudou seu ambiente, não sua natureza; você o trouxe para dentro de casa, mas não mudou seu coração.
Esse é o problema com a igreja hoje. Ela caiu no raciocínio de que, se pudermos criminalizar a sodomia, teremos vencido.
Isso depende de sua definição de vitória. Vitória não é mudar o comportamento de nossa cultura, ao menos que tenhamos primeiro mudado sua crença sobre quem Jesus Cristo é e como Ele somente Ele é capaz de efetuar transformação. Transformação espiritual não acontece de fora para dentro, mas de dentro para fora.
A esperança para Brasília, e para a nossa sociedade em geral, é a mesma esperança para aquele seu colega de trabalho sentado ao seu lado. A esperança é o Evangelho salvífico de Jesus Cristo, e a transformação de seu coração por meio da cruz. Em seguida, vêm sua influência pelos seus padrões morais, seu linguajar e objetivos que serão radicalmente revertidos pela renovação de sua mente como resultado do agir da Palavra de Deus que penetra e transforma vidas.
Quando o apóstolo Paulo entrou na Las Vegas de sua época, conhecida como Corinto, a cidade era tão perversa e decadente que, se você quisesse dizer que uma mulher era “fácil,” você dizia que ela era uma “coríntia.” A igreja em Corinto seria composta por ladrões, homossexuais, adúlteros, idólatras e bêbados (1 Coríntios 6).
Paulo nunca deu início a uma campanha para purificar a moralidade da cidade, ele nunca incentivou a sociedade a votar nos seus amigos crentes para ocuparem posições no governo. Sem dúvida, os crentes dariam sua opinião sobre a pornografia, homossexualismo, idolatria e sobre todos os demais pecados que assolavam Corinto. Entretanto, sua missão não era limpar Corinto, mas proclamar o Evangelho às pessoas, as qual, por sua vez, se tornariam novas criaturas em Cristo.
Paulo escreveria a oficiais que serviam na casa de César, mas ele não escreveu sequer uma palavra sobre minar o poder ou influenciar o imperador. Ele não escreveu nenhum documento de conspiração, diferente de Dietrich Bonhoeffer, o qual cometeu o mesmo erro de Pedro e puxou sua espada para assassinar Adolf Hitler junto com outros homens. Paulo não escreveu nem sequer uma palavra sobre reuniões secretas para subverter Roma.
Meu amigo, não vejo nada nas cartas às igrejas do Novo Testamento sobre montar uma guerra cultural.
Esse foi o erro de Pedro. Ele havia decidido que as perspectivas políticas sobre Jesus Cristo tinham ultrapassado os limites. Eles estavam prestes a prender um homem inocente—nada menos que o Deus-Homem. Então Pedro puxou o que? Sua espada! Ele disse, com efeito, “Lutarei contra essa digressão cultural com as mesmas armas que eles usam contra nós.”
Em outras palavras, “Vou combater espada com espada, força política com força política.”
E Pedro derramou sangue. Uma orelha caiu ao chão. Fico só imaginando o silêncio. Daí, Jesus Cristo pega a orelha e cura o homem—parando imediatamente com a dor daquele que tinha vindo lhe causar grande dor. Jesus olhou para Pedro e disse, “Você se esqueceu de que, seu eu quisesse, poderia chamar doze legião de anjos?” (Mateus 26).
Ou seja, “Pedro, se quiséssemos lutar contra eles usando as mesmas armas, eu poderia estalar um dedo e teria ao meu lado 72 mil anjos!”
Quando Paulo escreveu aos romanos, não havia registro de algum crente ocupar o senado romano. Não havia nenhum partido político cristão, nenhum comitê para garantir que os interesses dos crentes seriam analisados; não havia um tribunal especial onde falsas acusações contra os crentes seriam resolvidas. Na verdade, quando os bárbaros saquearam Roma, os romanos decidiram que a culpa era dos crentes e a perseguição intensificou.
Quando Paulo escreveu o livro de Romanos, não vemos nenhuma referência, muito menos encorajamento, para derrubar Nero. Ao contrário, ele escreveu algo que provavelmente deixou os crentes confusos.
Duas declarações de Romanos 13.1
Romanos 13.1 claramente afirma duas coisas.
- Submissão ao governo é ordem de Deus.
Paulo escreve: Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores.
Essa não é uma sugestão; é uma ordem.
Outras passagens lidam sobre o assunto de como reagir ao governo quando ele exige que violemos os princípios de Deus. Daí, dizemos, juntamente com os apóstolos que foram mandados que parassem de espalhar o Evangelho, que não iremos.
- A instituição do governo é criação de Deus.
Paulo continua,
…porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
Mergulharemos mais fundo nesse verso para descobrirmos o que Paulo quer dizer com isso, mas uma coisa é certa: se Paulo está falando sobre Nero, Roma e sua cultura perversa liderada por governantes idólatras, o que isso significa para nós?
Observações em Romanos 13.1
Permita-me fazer seis observações como introdução à passagem de Romanos 13.1.
- O crente deve obedecer a leis civis do governo a despeito da reação desse governo ao Evangelho.
- Não devemos pensar que um governo ou país moralista é necessário para que a igreja cresça.
Quando Paulo escreveu a carta aos Romanos, a cultura se encontrava em um nível alarmante de depravação. Não havia normas sexuais—heterossexualismo era considerado como prática puritana; o imperador publicamente se casou com homens e mulheres, e a pedofilia, adultério e idolatria eram comuns.
Esse foi o século que Cristo determinou como o século no qual começar Sua igreja—e a igreja floresceu.
- A igreja não precisa ter influência e liberdade a fim de ser fiel!
A igreja na China está surpreendendo o mundo livre com seu crescimento tremendo!
- Não recebemos a ordem de lutar contra a imoralidade social ou mesmo esperar que ela diminua; a ordem é para manifestar a pureza.
Você já percebeu que um farol nunca acalmou uma tempestade? Ele nunca muda o curso de um tufão; ele nunca acalma o oceano agitado.
A igreja é um farol. Brilhamos mais forte quando a sociedade fica mais escura.
- Não fomos chamados para confiar em Deus e, ao mesmo tempo, colocar nossas esperanças na reversão dos modismos culturais.
No momento em que passamos a crer nisso, abandonaremos o propósito e a missão da igreja de fazer discípulos. Ao contrário, concentraremos nossos esforços em dar um banho na sociedade, colocar um laço em seu pescoço, tentar convencê-la de que, “Não é melhor assim?”
Se existe um verso que ajuda a restaurar a missão do crente em nossos dias, esse verso é a diretriz de Paulo a Timóteo. Ouça as palavras de Paulo a Timóteo, um jovem pastor que tenta manter a igreja no caminho certo numa época em que a igreja naturalmente se perguntava como viveria em face a um mundo tão perverso:
Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador (1 Timóteo 2.1–3).
Você não verá sugestão alguma de que devemos combater o governo com as mesmas armas que eles utilizam—que devemos combater força com a força, tentar frear a onda de digressão moral com coalizões, boicotes, marchas e coisas do tipo. Nossas armas não são armas deste mundo. Não vemos nas Escrituras a expectativa de controlar o poder político e marcar encontros políticos.
Volte à época do imperador Constantino que fez do Cristianismo a religião oficial do império. Os batismos eram politicamente corretos e todos esperavam que o cidadão se aliasse à igreja. Qual foi o resultado? A igreja ficou tão corrupta quanto o mundo que tentou alcançar.
Deus não chamou a igreja para substituir, consertar ou reavivar o governo. Segundo Romanos 13, como veremos depois mais detalhadamente, Deus institui os governos deste mundo com um propósito e a igreja foi instituída com outro propósito.
Contudo, a verdade é bastante clara em Romanos 13.1: Deus é soberano sobre os governos deste mundo. Jesus Cristo está em controle das nações do mundo—neste exato momento!
Paulo proclamou essa mesma verdade ao pregar aos líderes atenienses como lemos em Atos 17.26:
de um só [Deus] fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação;
Em outras palavras, foi Deus quem criou suas fronteiras, seu poder e a extensão de sua existência como nação.
E isso não mudou no século vinte e um. Deus não está no céu coçando a cabeça para ver o que fará com o futuro do nosso país; Ele não está suando frio com os tumultos no Oriente Médio; Ele não se preocupa com as loucuras que a Rússia é capaz de fazer ou com o crescente antagonismo da China. Ele não fica se perguntando que país fará o que em seguida.
E Deus também não aposta Suas esperanças no Supremo Tribunal Federal para proteger a igreja.
Já nos esquecemos de que Deus é o soberano governante sobre as nações? Ele nunca foi eleito, e Ele não precisará ser reeleito tão cedo!
Nós, que somos cidadãos dos céus, pertencemos à família real de um Rei vindouro.
Em breve aprenderemos em Romanos 13.1 que devemos ser modelos de cidadãos, qualquer que seja o país onde moramos, orando pelos nossos líderes, agindo como sal e luz, brilhando na escuridão e provocando sede por Deus.
De fato, lemos em Filipenses 3.20 que a nossa pátria está nos céus.
No fim, juramos lealdade à pátria celestial.
Isso não significa que você não pode jurar lealdade ao seu país, mas lembre-se apenas de que sua lealdade final é a outro país.
Quando Paulo escreveu aos filipenses dizendo que a pátria deles era no céu, ele usou o termo grego politeuma, que transmite a ideia de cidadania. É dessa palavra que derivamos o termo “política.” Ou seja, nossa política está no céu; pedimos votos a favor do céu pela causa de Deus na terra. Devemos falar e agir como embaixadores de nosso país celestial. Paulo lembrou os Coríntios disso ao escrever em 2 Coríntios 5.20: De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo.
E o conteúdo de nossa mensagem diplomática é: Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.
Paulo nos encorajou a que tenhamos um propósito centrado na obra de redenção. Se corações são transformados pelo Espírito de Deus, então a mentalidade será modificada, os objetivos mudarão, a política será diferente e países podem ser influenciados à mudança também.
A mudança é de dentro para fora!
“Se, de fato, no meio deste mundo tempestuoso, movido pelo inferno enchendo de água a igreja e despedaçando-a por completo… se, de fato, estamos firmes na rocha, então não deveríamos agir como se estivéssemos abraçados ao último pedaço de madeira flutuando à deriva.”
Está na hora de a igreja voltar a ser igreja. Isso não significa que não podemos nos envolver mais em política. Se Deus colocou você nesse campo—assim como fez com Daniel—erga sua voz para a glória de Deus nessa sua administração.
No caso de Daniel, dois reis se prostraram diante da glória do Deus de Israel. Três governos foram profundamente impactados pelo caráter de Daniel. Ele não minou o governo de Dario; ele não conspirou contra Nabucodonosor; ele não fez um levante de hebreus para derrubar Belsazar por haver blasfemado contra as coisas de Deus.
Daniel brilhou! E Deus escolheu abençoar a influência de Daniel, o que incluiu ser lançado aos leões.
Todavia, não ignore o fato de que, durante o tempo de influência piedosa de Daniel, Deus escolheu pôr fim cada um dos reis e seus reinos, até mesmo depois de dois deles haverem confiado no Deus de Daniel.
Na verdade, uma mensagem da profecia de Daniel é a de que todos os reinos deste mundo passarão até que entremos no reino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Portanto, não nos esqueçamos de que nossa batalha não é contra carne e sangue, mas contra os dominadores das trevas; nossa batalha não é cultural, mas espiritual.
No caso de você ainda não ter entendido isso claramente, deixe-me dizer o seguinte como minha sexta observação em Romanos 13.1:
- Deus não nos chamou para salvar o Brasil—da mesma forma como Ele não chamou Paulo para salvar Roma, Martinho Lutero para salvar a Alemanha ou Charles Spurgeon para salvar a Inglaterra. Deus nos chamou para salvar pessoas.
Nossa pátria terrena um dia passará, mas o céu não passará.
A cidade dos homens, conforme Agostinho nos lembrou, um dia será destruída quando Deus recriar um novo céu e uma nova terra, mas a cidade de Deus durará eternamente.
Enquanto isso, nos últimos 2 mil anos, esta é a missão da igreja: entrar na cidade do homem, por quaisquer meios que Deus permitir, e fazer discípulos para a cidade de Deus, batizando-os e ensinando-os a guardar todas as coisas que Cristo Jesus nos ordenou (Mateus 28.19–20). Chegou a hora de a igreja ficar mais uma vez satisfeita em obedecer a essa única comissão de Deus.
Pense nisto: temos armas que o mundo não tem e temos poder que os governos mundiais não conseguem imaginar—temos poder sobre a morte, poder sobre o túmulo e sobre o próprio inferno. Temos, vivendo dentro de nós, aquele que é maior do que o que está no mundo.
Nós estamos firmados na Rocha no meio de uma tempestade. Então, vamos parar de agir como se estivéssemos catando pedaços de madeira para flutuar no caso de a rocha sucumbir. A igreja de Jesus Cristo não está afundando. Apesar de tentarem,
…as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela [a igreja de Jesus Cristo] (Mateus 16.18b).
Somos embaixadores do Rei, enviados para apresentar nosso mundo ao verdadeiro Evangelho, o qual é verdadeiro poder, pois ele é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Romanos 1.16).
Vamos simplesmente voltar a ser igreja!
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 13/11/2005
© Copyright 2005 Stephen Davey
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