
Recusando O Impulso de Brigar
Recusando O Impulso de Brigar
O Fator Graça—Parte 6
Romanos 12.17–21
Introdução
Sem dúvida alguma, a briga de família mais notável na história dos Estados Unidos foi a disputa tensa entre duas famílias: Hatfields e McCoys. Na verdade, até hoje, nos Estados Unidos, a expressão “Hatfields e McCoys” traz a ideia de sangue ruim—disputa, rixa rancor que jamais morrem.
Essa rixa entre os Hatfields e os McCoys foi real. Essas eram duas famílias ricas e influentes donas de fazendas que ficavam na divisa entre dois estados. Uma família morava em um estado e a outra família no outro estado.
Tudo começou em 1878 quando Randolph McCoy acusou Floyd Hatfield de ter roubado um de seus porcos. Essa era uma ofensa séria na época e a questão acabou indo para o tribunal. Os McCoys, contudo, não conseguiram comprovar o crime. Daí, sentimentos ruins brotaram.
Quatro anos depois, em 1882, um dos membros da família, supostamente vítima do roubo do porco, concorreu para uma posição nas eleições. Nos dias das eleições, Ellison Hatfield insultou o candidato. Como retaliação, três filhos do clã McCoy mataram Ellison Hatfield. O patriarca da família, William Hatfield, vingou-se da morte de seu filho matando três jovens rapazes da família McCoy.
A essa altura, a rixa já havia atingido enormes proporções e deixado de ser apenas uma questão entre duas famílias. Na verdade, os governadores dos dois estados envolvidos convocaram a Guarda Nacional para pôr fim à guerra entre os partidários da família Hatfield e os partidários da família McCoy.
Finalmente, oito membros da família Hatfield foram levados a tribunal. Contudo, pelo fato de haver dois estados envolvidos nessa rixa, o caso não pôde ser solucionado pelos fóruns locais.
Por fim, o caso acabou indo para o Superior Tribunal Federal, o qual concedeu a um dos estados o direito de proceder com o processo jurídico. Os oito membros da família Hatfield foram sentenciados por terem matado uma das filhas dos McCoy quando queimaram uma de suas fazendas.
Como resultado desse veredito, um membro da família Hatfield foi enforcado publicamente, algo interessante, uma vez que, a essa altura na história, enforcamentos públicos eram ilegais. Os outros sete condenados foram sentenciados a prisão perpétua.
A rixa lendária entre essas duas famílias é mais do que ficção—é real. Tudo começou com uma acusação e, a partir daí, sentimentos foram feridos, os quais foram seguidos por violações de direitos de propriedade e, por fim, assassinato.
Os Hatfields e McCoys revelam, até os dias de hoje, a habilidade que o coração humano tem de amontoar injúria sobre insulto, até que o problema original acaba sendo esquecido. Tudo começou com o suposto roubo de um porco.
O chefe da família Hatfield poderia ter dito, “Vou dar um de meus porcos à família McCoy para resolver a questão;” ou o chefe da família McCoy poderia ter dito, “Podemos sobreviver com um porco a menos.” Nenhum deles pensou que a animosidade por causa de um porco custaria as vidas de alguns de seus próprios filhos. No fim, doze membros das duas famílias morreram e o ódio fez parte da vida na região por um século.
Como deixarmos algo de lado antes que saia do controle? Como impedir que uma rixa sequer comece?
Sinceramente, as respostas a essas perguntas o protegerão de amargura e de relacionamentos destruídos. A resposta acontece de estar no plano de Deus para nos proteger de nossa própria natureza pecaminosa, a qual acha difícil resistir à retaliação.
Dentro de todos nós existe um desejo ardente de empatar as coisas. Então, como podemos recusar o ímpeto de brigar?
Começando no verso 17 de Romanos 12 e indo até o final do capítulo, Paulo começa a responder a essa pergunta, especificamente da perspectiva de se lidar com os inimigos—pessoas más que nos insultam, ridicularizam e que são, talvez, até hostis. Paulo ensina como a família Hatfield deveria ter tratado a família McCoy e vice-versa.
E a propósito, esse remédio funciona tanto para dentro, como para fora da igreja.
Como Demonstrar Graça a Um Mundo Desprovido da Graça
Podemos intitular esses últimos versos de Romanos 12 da seguinte forma: “Como Demonstrar Graça a Um Mundo Desprovido da Graça.” A primeira coisa que Paulo escreve tem a ver com o alicerce de nossa decisão de ser pessoas da graça. Permita-me compartilhar seis princípios com você.
- Primeiro princípio: estabeleça uma posição inegociável na vida.
Veja o verso 17: Não torneis a ninguém mal por mal.
O advérbio de negação poderia ser traduzido como “nunca, jamais”
Isso é algo inegociável; não há outras opções. A graça jamais retalia. Pessoas da graça não pagam na mesma moeda.
Não seria maravilhoso se Deus tivesse inserido uma exceção? Ao invés de não, talvez, “na maioria das vezes,” ou, “se não envolver dores físicas ou aflições emocionais.” Mas, nunca, jamais?
Meu amigo, se você ignorar essa resolução de Romanos 12.17, se você estiver disposto a negociar esse princípio e se esquecer do resto do capítulo, você jamais desenvolverá o fato graça em sua vida. Esqueça! Buscar oportunidades para retaliar imediatamente impede o crescimento da graça.
Permitir um insulto ou ofensa pessoal ocupar lugar em sua mente com sentimento de vingança é como colocar uma serpente venenosa em seu bolso e carregá-la para onde você for para ser picado vez após vez. Contudo, ignorar a ofensa ou reagir em graça é deixar a serpente no chão onde ela pertence, enquanto você passa por ela e se torna livre dela.
Observe a graça de nosso Senhor que suportou a cruz. De fato, todos devemos nos tornar mais parecidos com Jesus Cristo. Isso deve ocupar a posição de número em sua lista de oração, “Senhor, quer ser mais parecido contigo! A não ser pelos pregos… e a lança… e a traição… e os insultos… e a perda.”
Infelizmente, quando dizemos que desejamos ser mais parecidos com Jesus, queremos, na verdade, ter Suas perfeições, mas não os Seus sofrimentos.
Contudo, Filipenses 2 nos leva diretamente ao coração dos insultos, traições, humilhações e sofrimentos, ao dizer no verso 5: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.
Jamais pague o mal com o mal.
“Ah, mas,” como escreveu um autor a crentes dois séculos atrás:
Você nunca provou do luxo de desfrutar de pensamentos malignos contra aqueles que o insultaram? Você nunca conheceu a fascinação de meditar em sua maldade, indagar sobre sua malícia, imaginar toda sorte de coisas erradas e desagradável sobre eles? Essas coisas o tornaram perverso, é claro, mas é uma perversidade da qual você não consegue abrir mão facilmente.
Não cometa o erro de pensar que, porque você é crente, a graça surge naturalmente ou que deve ser fácil reagir a todos com graça. Haverá momentos em que você não conseguirá agir como um crente. E talvez você não acredite nisto, mas é verdade: há momentos em que você nem sente que é crente!
Leia Romanos 7 novamente.
Mas não se desespere—seus sentimentos acontecem de ser caídos também! Se você vive conforme suas emoções, você se desviará facilmente. Nossas emoções precisam de transformação tanto quanto nossas mentes. Nós nos deparamos realmente com a natureza caída de nossos sentimentos quando somos objeto do mal.
Alguns meses atrás, uma pessoa na igreja me enviou um email com a seguinte história. Ela começa com a pergunta, “Será que sou mesmo um urso polar?”
Um dia, um filhote de urso polar se aproximou de sua mãe que caminhava sobre a neve à beira de um lago trazendo-lhe um peixe na boca. Ele perguntou, “Mãe, sou mesmo um urso polar?”
“Claro que você," disse ela com um sorriso.
“Certo,” disse o filhote; e depois saiu. Um pouco depois, ele achou seu pai próximo a um iceberg.
“Papai, sou mesmo um urso polar?”
“Claro que sim, filho!” disse o pai, o qual ficou se perguntando por que seu filho faria essa pergunta tola.
No dia seguinte, o filhote saiu com a mesma história, fazendo a mesma pergunta vez após vez.
“Você e a mamãe são ursos polares? Você é um? É? Então, quer dizer que, por causa disso, eu sou um urso polar também? Tipo, isso faz de mim cem por cento urso polar?”
Finalmente, seus pais não conseguiam mais suportar. “Filho,” eles rosnaram, “você está nos deixando doidos com essa pergunta. Você é um urso polar. Por que você fica perguntando isso?”
O filhote olhou para eles e confessou, “Porque—estou congelando!”
O filhote pensou, “Acho que não sou um urso polar porque não me encaixo bem nesse ambiente!”
Talvez você andou indo ao Pai celestial, na vida real, e feito a pergunta, “Sou mesmo Teu filho? Como posso ser Teu filho e, ao mesmo tempo, sentir que não me encaixo nessa vida, nesse chamado da graça? Como posso nutrir ressentimentos, desejos de retaliar, ira inchando dentro do meu coração?”
Existem momentos em que você admite, “Sinto-me mais como um Hatfield do que com como um crente.”
Paulo manda a mensagem no verso 17, “Porque você é crente, não ouça seus sentimentos, mas preste atenção na forma como você age.”
Você pode se sentir completamente inadequado para esse negócio chamado graça; talvez o sentimento que possui é de pagar mal com mal.
Paulo diz, “Aja graciosamente, até mesmo quando você não sente graça nenhuma.”
Isto é algo inegociável: Não torneis a ninguém mal por mal.
Ponto final!
E isso é apenas o começo.
- O segundo princípio é: desenvolva um estilo de vida puro.
Paulo escreve mais adiante no verso 17: esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens;
O verbo traduzido como esforçai-vos é o termo composto “pro,” que significa “antes,” e “noeo,” que significa, “pensar.” Poderíamos traduzir o verso da seguinte forma:
Pense antes; pense adiantado.
No que devemos pensar? Devemos pensar no bem, “kalos,” aquilo que é puro, honroso e bom.
Paulo usou esse termo com bastante frequência. Ele mandou Timóteo instruir as pessoas ricas a que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir (1 Timóteo 6.18).
Ele também mandou Tito se tornar pessoalmente, padrão de boas obras (Tito 2.7).
Em certa ocasião, ao se referir ao dinheiro que estava manuseando, Paulo disse,
pois o que nos preocupa é procedermos honestamente, não só perante o Senhor, como também diante dos homens (2 Coríntios 8.21).
Em Romanos 12.17, Paulo desafia o crente a pensar antecipadamente na maneira certa de viver, enquanto, ao mesmo tempo, vive em uma cultura que não sabe mais o que é correto.
Em nossa cultura, não há aplauso para bondade moral. Na verdade, estamos agora condenando a pureza moral e aplaudindo a depravação moral.
Ano passado em nossa cidade, alunos de ensino fundamental e médio foram encorajados a passar um dia inteiro em silêncio em honra àqueles que escolheram o estilo de vida homossexual.
Vivemos em uma sociedade em que o vício em jogo é aceitável e as pessoas apostam nas loterias.
Vivemos em uma sociedade na qual relação sexual antes e fora do casamento é considerada algo “seguro.”
O que está certo e o que está errado?
Vivemos em uma sociedade que não crê mais na bondade moral dos mandamentos de Deus.
Em um estudo realizado incluindo milhares de pessoas de várias camadas da sociedade, apenas 40% dos entrevistados disseram que criam cinco dos mandamentos.
Você, como crente, precisa levantar de sua cama de manhã e passar um tempo pensando antecipadamente, “O que é certo?”
A propósito, quando Paulo manda fazer o bem perante os homens, ele não quer dizer o bem aos olhos dos homens. Devemos fazer o bem perante os homens, ou seja, sem nos importar com quem está vendo!
Entenda bem que o fator graça envolve, “não somente ser espiritual, mas ser ético.”
Não se engane—um crente verdadeiramente espiritual é um crente ético. Se você é crente e deseja crescer em Cristo, não aceite desculpas por haver colado na sua prova; não dê espaço para engano em sua declaração de imposto de renda.
“Faça o que é certo—diante de todos os homens.” Essa é outra maneira de Paulo nos lembrar, “Faça o que é certo—as pessoas estão observando.”
Não retalie.
Faça o que é certo.
- O terceiro princípio é: manifeste o desejo pela paz.
Paulo escreve no verso 18: se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.
Gosto demais do realismo de Paulo. Ele diz: tende paz com todos os homens.
Contudo, Paulo nos fornece duas condições bem reais na vida. Deixe-me destacá-las para você.
- A primeira condição é, se possível.
Por que Paulo escreveu isso? Porque nem sempre é possível!
Eu sei disso porque, toda vez que prego, faço novos inimigos. Na verdade, é possível que eu tenha menos paz com você agora do que tive quinze minutos atrás.
Jesus Cristo disse que a Sua verdade não traria paz em todo tempo, mas a espada; ela não criaria unidade entre todos, mas divisão entre muitos.
Praticamente em todas as cidades que visitou, Paulo gerou motim.
Às vezes, a paz não é possível!
- A segunda condição que Paulo adiciona é, quanto depender de vós.
Por que Paulo diz isso? Porque nem sempre depende de você.
Talvez você esteja lidando com um vizinho irascível, um parente teimoso ou um colega de trabalho injusto. Um relacionamento pacífico é uma via de mão dupla. Paulo está simplesmente nos dizendo que devemos nos certificar de que nossa faixa está livre.
Devemos fazer de tudo para que não sejamos aquele que nutre rancor, amargura ou me recusa perdoar.
Paulo diz, “Se for possível, e se a bola estiver com você, não hesite—ofereça a paz!”
E isso é difícil, não é? É mais fácil regurgitar a ofensa—colocar a serpente em seu bolso. Um autor colocou isso da seguinte forma, “colocar em um caldeirão no forno e ficar checando de vez em quando… para que possa periodicamente mexer novamente.”
Você acaba sendo o perdedor na história.
Li sobre um casal que estava brigando e cada um decidiu dar um gelo no outro—ficar em silêncio. Depois de uma semana sem se falarem, o marido percebeu que precisava da ajuda de sua esposa para chegar ao aeroporto a tempo para de um voo. Sem querer ser o primeiro a restaurar a paz e a quebrar o silêncio, ele escreveu um bilhete e o entregou a ela. Ele dizia, “Por favor, leve-me para o aeroporto às 5 horas da manhã.”
Na manhã seguinte, o homem acordou e viu que sua esposa não estava mais deitada; já era 7:30 e seu voo tinha partido há muito tempo. Ele estava prestes a procurar sua esposa e exigir uma explicação quando se virou e viu um bilhete ao lado da cama que dizia, “5 horas. Acorda!”
Não retalie.
Faça o que é certo.
Não demore para oferecer a paz.
- O quarto princípio da graça para um mundo desprovido de graça é o seguinte: não se esqueça da profecia futura.
Paulo escreve no verso 19:
não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.
O julgamento de Deus está vindo para todos os descrentes.
O apóstolo Paulo já nos ensinou que a ira de Deus está sendo reservada, literalmente, amontoando, pecado após pecado.
Deus poderia julgar o pecador imediatamente, mas, conforme Paulo já escreveu em Romanos 2.4, Deus é longânimo. Sua longanimidade significa que ele “retarda, segura” o julgamento.
Um dos presentes da graça para a humanidade descrente é que Deus não mata o ímpio à primeira blasfêmia que profere. Contudo, a humanidade fez o cálculo errado, concluindo que, porque o julgamento de Deus ainda não veio, então ele jamais virá.
Pedro escreveu em 2 Pedro 3.3–4:
…nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.
Até mesmo hoje, o descrente diz, “Ah, com certeza Deus não irá julgar o mundo; é claro que Ele não mandará ninguém para o inferno. Não imagino que Deus fará as coisas que a sua Bíblia diz que fará.”
Em sua arrogância, a humanidade crê que é mais sábia do que Deus, que sabe mais do que Deus. É esse o motivo por que Paulo diz que o mundo descrente “ignora a paciência de Deus.”
Mas o que tudo isso tem a ver com Romanos 12.19? Tudo, conforme Paulo! Ele evidentemente pensou havia uma conexão significante entre tratar seus inimigos com graça e o término da graça de Deus um dia.
Ele escreve no verso 19: “Não se vinguem. Deixe isso com Deus quando Ele trouxer o julgamento.”
Essa profecia se cumprirá; Deus retribuirá. O verbo retribuirei é interessante. Ele significa pagar pessoalmente e com precisão.
A propósito, a vingança de Deus não é uma vendeta pessoal—é um veredito judicial. Ele julgará o mundo correta e cuidadosamente.
Haverá um julgamento para os crentes—o tribunal de Cristo (2 Coríntios 5). Esse julgamento não tem como propósito determinar se o crente irá ou não para o céu, mas recompensar o crente pela forma como viveu à luz do céu.
Haverá um julgamento completamente diferente para os descrentes, o chamado Grande Trono Branco (Apocalipse 20). Os livros de suas obras serão abertos, não para ser se serão lançados no inferno, mas para que entendam por que.
Nesse terrível julgamento, toda boca será fechada; não haverá desculpas; nenhum álibi; nenhuma defesa; nem sequer uma oração.
No verso 19, Paulo diz que eles serão um dia julgados e condenados à eternidade no inferno e, à luz dessa profecia assustadora, não devemos tentar fazer com que nossos inimigos paguem pelo que fizeram a nós. Um dia eles pagarão de uma forma como você jamais imagina.
Isso deve provocar em nós não uma atitude de vingança, mas de compaixão.
É de se esperar, portanto, que Paulo descreveria no texto a demonstração da graça.
- O quinto princípio é: demonstre atos específicos de compaixão.
Paulo escreve no verso 20:
Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.
Agora sim! Agora podemos colocar em prática a nossa vingança—colocar brasa quente na cabeça do inimigo.
Contudo, isso não faria sentido. Se você der comida e água para ele, como isso colocará brasas em sua cabeça?
As primeiras duas ações são entendidas claramente—comida e água para seu inimigo. A terceira frase é mais difícil de entender porque nós não carregamos brasas em nossa cabeça—mas eles carregavam.
Até mesmo uma geração atrás, as pessoas sabiam muito bem o valor de uma brasa viva. Você jamais deixava seu fogo apagar, ao menos que quisesse depois trabalhar dobrado para começar o fogo novamente para em seguida trabalhar a fim de finalmente chegar ao ponto de ter uma camada de brasa viva que poderia facilmente controlar em seu fogão.
Nos tempos bíblicos, isso era ainda mais importante, uma vez que não existiam fósforos. Se um indivíduo não mantivesse o fogo de sua lareira sempre aceso, ele não poderia cozinhar ou manter seu lar aquecido. Essa poderia ser uma situação desesperadora. Então, ele teria que ir ao vizinho e pedir algumas brasas de seu fogo. Seu vizinho colocaria algumas brasas em uma vasilha e, como era costume, esse indivíduo equilibraria a vasilha sobre sua cabeça e carregaria essas brasas para sua casa.
Agora, diferente de nossos dias, os vizinhos não moravam necessariamente um ao lado do outro. Se o vizinho não fosse muito amistoso, ele talvez daria algumas brasas. No verso 20, Paulo se refere a colocar brasas sobre a cabeça ou, em outras palavras, a dar a ele uma quantidade suficiente para garantir que, se esse for caminhar uma longa distância, ele chegará em casa com as brasas ainda acesas.
Então, Paulo está dizendo que, se você der comida e água para seu inimigo, você agirá como o vizinho bondoso que dá ao seu amigo desesperado uma quantidade boa de brasa para que possa cozinhar sua comida e ficar aquecido.
Não ignore o ensino. Paulo está dizendo, com efeito, que devemos ter compaixão de nosso inimigo que um dia estará diante de Deus e será condenado. Você está dando comida a alguém que um dia estará faminto; você está dando água a alguém que um dia terá sede e jamais poderá beber novamente. Você mostra graça a alguém que um dia verá o término da graça eternamente.
- O ato final da graça a um mundo desprovido de graça é: dependa diariamente do poder de Deus.
Veja o verso 21: Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Esses dois imperativos poderiam ser traduzidos, “Não permita que o mal conquiste uma vitória após outra sobre você, mas, em uma batalha após outra, conquiste a vitória sobre o mal.”
É uma batalha de cada vez; a conquista é uma vitória de cada vez.
A palavra vence ´s o termo grego “nikao,” a qual transliterada é a famosa marca esportiva, “Nike.” O verbo “nikao” significa “vencer.”
Para nós, essa palavra se tornou sinônimo de esporte; para Paulo, ela era sinônimo da graça.
É assim que você vence na vida! Ferir seu inimigo leva você à derrota; vingar-se de seu inimigo não empata o jogo; agir em graça para com seu inimigo significa que você venceu.
Conclusão
Você precisará dessa graça para recusar o ímpeto de brigar—para não viver naquela região em meio à rixa entre os Hatfields e os McCoys que durou uma geração, onde todos saíram perdendo.
Acredite nisso ou não, cento e vinte e cinco anos depois do sumiço daquele porco, os descendentes dos Hatfields e McCoys se reuniram para assinar um tratado oficial de paz. Sinceramente, eles estavam cansados de servir de provérbio para rixas e brigas. Apesar de o tratado ter sido simbólico, os governadores dos estados envolvidos estavam presentes quando as famílias se encontraram para assiná-lo.
Ouça às palavras desse tratado, assinado pelos Hatfields e McCoys em 4 de junho de 2003:
Por meio deste, declaramos formalmente um fim oficial a todas as hostilidades de implicações, inferências e as reais entre as famílias, agora e para todo sempre. Rogamos pela graça e pelo amor de Deus…
Ao ler esse tratado, achei interessante ver uma referência a Deus embutida nele. E isso foi bem colocado. A graça de Deus foi a resposta. A rixa terminou com essas palavras.
Se você não quer viver em rixa e contenda, você precisa não somente receber a graça de Deus, mas precisa distribuir a graça de Deus livre e repetidamente.
Como?
- Não retalie.
- Faça o que é certo.
- Não demore em oferecer a paz.
- Não se esqueça do futuro.
- Demonstre atos de compaixão.
- Dependa de Deus—uma conquista de cada vez.
Essas seis decisões nos impedirão de entrar para os clãs dos Hatfields e McCoys.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 02/10/2005
© Copyright 2005 Stephen Davey
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