
A Fina Arte da Vida Piedosa
A Fina Arte da Vida Piedosa
O Fator Graça—Parte 3
Romanos 12.12–13
Introdução
Uma revista de psicologia fez uma pesquisa com seus assinantes, pedindo que eles respondessem dizendo as maneiras como eles encontravam felicidade e o que eles consideravam ser felicidade. Assinantes ao redor de todo país responderam, fornecendo pensamentos reveladores. Os assinantes mais pobres na balança econômica afirmaram que encontrariam a felicidade no dia em que enriquecessem. Na verdade, a maior esperança estava ligada a loteria. Por outro lado, os assinantes mais ricos admitiram que eles também não eram felizes, apesar de tudo o que precisavam para suprir suas necessidades e lhes fornecer lazer.
Eu tenho a cópia de um bilhete escrito por um executivo rico, a qual escreveu antes de tirar sua própria vida alguns anos atrás. Semana passada, seu recado foi impresso no jornal que leio. Ele escreveu, “Estou entediado e cansado de tratar a vida como um jogo; estou cansado de acumular coisas e cansado de viver comigo mesmo.”
Ele tinha tudo, menos felicidade.
A partir dos resultados dessa pesquisa, os editores da revista de psicologia reconheceram o que esse homem admitiu tragicamente.
Nessa pesquisa, os editores perceberam que geografia e clima não estão ligados à felicidades. As pessoas são infelizes tanto no Sul como no Norte. Não há um caminho consistente à felicidade; na verdade, a maioria das pessoas que responderam à pesquisa estava convencida de que não era genuinamente feliz e não sabia como encontrar a felicidade.
Contudo, não é na busca pela felicidade, mas na busca pela santidade que encontraremos a vida verdadeira, a liberdade genuína e a felicidade autêntica. Se você busca a piedade, você encontrará a felicidade ao longo do caminho. Por quê? Porque a descoberta da piedade é uma descoberta mais profunda do caráter de Deus.
Jonathan Edwards escreveu:
A verdadeira felicidade com a qual nossas almas se satisfazem é o deleite em Deus… Pais e mães, maridos, esposas, filhos ou a companhia de amigos terrenos… não passam de raios isolados, mas Deus é o sol. Esses são apenas riachos, mas Deus é a fonte. Esses não passam de gotas, mas Deus é o oceano.
Meu amigo, vida genuína, liberdade verdadeira e felicidade autêntica não são encontradas ao buscarmos essas coisas; elas se encontram na busca por Deus. Os que realmente buscam Deus buscam Seu caráter. Isso é piedade.
Como a piedade se manifesta? Como a medimos? Será que existem instruções que nos ajudam nessa jornada?
Sim!
Hoje chegamos a Romanos 12.10. Vamos voltar um pouco em nossa leitura e começar com os pensamentos delineados no verso 9: O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem.
Apegai-vos significa, “estar colado às coisas boas.” Continue nos versos 10 e 11:
Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;
Agora, acompanhe os versos 12 e 13:
regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;
Nesses versos, encontramos várias qualidades da vida do crente. Podemos chamá-las de “A Arte da Vida Piedosa.” Vamos observá-las mais de perto.
A Fina Arte da Vida Piedosa
Regozijar-se na esperança
- Veja novamente a primeira dessas artes no verso 12 de Romanos 12:
regozijai-vos na esperança…
Essa é a arte de alinhar suas emoções com suas convicções. Em relação àquilo que você aguarda com confiança—regozije-se! Isso é nada mais do que viver em um constante estado de otimismo espiritual.
Por quê? Porque nossa teologia se fundamenta nas promessas de Deus. Temos:
- uma viva esperança (1 Pedro 1.3);
- uma esperança na morte (1 Coríntios 15.55);
- uma bendita esperança (1 Coríntios 15.51–52);
- uma esperança eterna (Tito 3.7).
Um tempo atrás, um astronauta estava preso ao assento de sua cápsula, pronto para decolar, quando um repórter de rádio o entrevistou.
“Você está preocupado?” perguntou o repórter.
O astronauta respondeu, “Como você se sentiria se estivesse sentado dentro de uma cápsula com 150 mil peças, cada uma delas financiada pela pessoa que teve o menor lance?”
Nossa fé não foi construída pelo Criador do universo? Nossa esperança não está edificada sobre a Rocha?
Estamos presos pela nossa fé ao propósito imutável de Deus. E estamos prontos para o lançamento, a qualquer momento, direto para a cidade de Deus e a glória do céu.
Que noiva caminha para seu noivo no altar com um semblante triste? Isso provavelmente virá depois.
Acontece que estamos vestindo os mantos da noiva de Cristo; caminhamos pelo corredor da história em direção ao nosso Noivo—com o qual jamais nos decepcionaremos.
Temos alegria porque Cristo vive em nós, mesmo agora, o qual é a “esperança da glória” (Colossenses 1.27).
Quando Paulo nos manda regozijar em nossa esperança, ele simplesmente quer dizer que devemos nos comportar como se nossa fé fosse verdadeira!
Essa é a arte de desenvolver emoções que correspondem às nossas convicções.
Paciência na tribulação
- Note, contudo, que otimismo espiritual não exclui realismo espiritual. As próprias palavras de Paulo em Romanos 12.12b são:
…sede pacientes na tribulação…
Ninguém joga pétalas de rosas no corredor da vida. A palavra tribulação se refere a provações de todos os tipos.
Na época da escrita dessa carta, a igreja em Jerusalém estava sofrendo uma grande fome. Para piorar ainda mais as coisas, crentes haviam sido deserdados de suas famílias, inclusive o próprio Paulo.
Paulo, o realista, escreveria em seu diário:
Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos (2 Coríntios 4.8–9).
Regozijar-se na esperança é otimismo espiritual; perseverar na tribulação é uma determinação espiritual e mental.
Eu defino essa arte como correr uma corrida sem importar com qual frequência ou de que forma a linha de chegada é movida para mais distante. Você pensava que a próxima seguinte traria alívio, mas não trouxe. Você pensava que o problema seria resolvido, mas não foi. Você pensava que o diagnóstico médico seria positivo, mas não foi.
Perceba que Paulo não diz, “pacientes se houver tribulação,” mas sede pacientes na tribulação.
Em lugar algum o Novo Testamento promete que o crente não experimentará tribulação, ou “thlipsis” no grego, que significa, “pressão, problema, provação.” Acontece que isso faz parte da vida e da arte da busca pela vida piedosa.
Você não pode escolher se irá ou não sofrer; nem pode escolher como irá sofrer, quando irá sofrer e por quanto tempo irá sofrer.
Todavia, você pode escolher perseverar, suportar. A palavra grega para pacientes significa “permanecer debaixo de ou continuar sob.”
Em outras palavras, a arte da paciência é mais do simplesmente aguentar. Essa é a atitude de continuar, permanecer e, por fim, vencer as provações ao se tornar melhor por causa delas.
Entretanto, um problema é que o crente em geral foi ensinado que sua crença em Deus fornece uma vacina contra o sofrimento. A maioria dos crentes espera passar pela vida ileso, sem ferimento algum… e gritamos se somos ridicularizados, zombados ou ignorados como se se tivéssemos sido alvos de alguma ofensa inesperada.
Pastores em geral têm sido carregados pela onda atual do ajuste. Eles fazem de tudo para não serem vistos como antiquados ou intolerantes.
Ouvi um pastor famoso sendo entrevistado e lhe perguntaram, “Você acredita que o homossexualismo é pecado?”
Ele baixou a cabeça, gaguejou um pouco e disse, “Sabe, creio que existem muitos tipos de pecado no mundo. Orgulho é um deles…”
Ele recusou totalmente responder a pergunta.
Outro (suposto) pastor evangélico e bem conhecido, escritor de livros, foi perguntado em um programa de televisão, “Você acredita no inferno?”
Ele respondeu, “Sabe, prefiro não falar sobre isso… gosto de focar no lado positivo e falar sobre Jesus.”
Como podemos falar sobre Jesus sem falar sobre o que Ele fez? Ele veio nos resgatar do inferno!
Podemos falar sobre Jesus sem falar sobre coisas que ele disse em diversas ocasiões. Por exemplo, em Mateus 23.15, Jesus condena os religiosos, piedosos e hipócritas de Seus dias, dizendo:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!
Ou seja, “Seus discípulos têm probabilidade dobrada de morrer e ir para o inferno por causa de sua hipocrisia.”
Mais adiante, na mesma passagem, no verso 33, Cristo disse: Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?
O crente de hoje jamais falaria com tanta intolerância assim.
Diante de tanto terrorismo no mundo efetuado por grupos radicais islâmicos, já vi muitos pastores e líderes evangélicos sendo encurralados em entrevistas diante da pergunta, “Você crê que os muçulmanos irão para o inferno se não receberem a Jesus?”
Ainda não ouvi nem sequer um respondendo, “Creio sim. E é por esse motivo que nos dedicamos à obra missionária. Cremos que Jesus Cristo é o caminho, e a verdade, e a vida.”
Jesus Cristo sabia muito bem que estava sendo totalmente politicamente incorreto ao dizer, …ninguém vem ao Pai a não ser por mim (João 14.6).
Você quer pressão em seu trabalho, ridicularização na faculdade, aflição em sua família? Você deseja ser rejeitado para um emprego ou deixado de lado no círculo de amigos?
Essas perguntas são outra forma de dizer, “Você deseja buscar a piedade?”
Paulo escreveu a Timóteo, seu jovem pupilo em 2 Timóteo 3.12: Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.
Então, Paulo escreve à igreja de Roma—supondo que aqueles crentes queriam buscar uma vida santa—não para lhe dizer que podem sofrer aflição e provação, mas para lhes dizer o que fazer por causa delas! Paulo diz, “Em relação às provações—sejam pacientes!”
Em outras palavras, “Continuem nelas; permaneçam sob elas; aceitem-nas; não fujam delas; não desistam; esperem por elas. Vocês estão se tornando participantes dos sofrimentos de Cristo. Vocês não são os únicos com cicatrizes—seu Salvador, na verdade, escolheu permanecer com cinco cicatrizes por toda eternidade.”
Perseverantes da oração
- Imediatamente, surge a pergunta, “Mas como conseguiremos passar por tudo isso?” Paulo logo adiciona em seguida a última frase do verso 12:
…na oração, perseverantes.
Esse não é um simples ato de orar, mas uma vida de oração.
A palavra traduzida como perseverantes significa, “agarrar-se firmemente a; dar atenção a; ser fiel em.”
Paulo está dizendo, “Em relação à oração—incessante.”
Essa é uma exortação fascinante, pois é muito prática!
Nosso problema não é que oramos pouco, mas que não oramos. Quando oramos, nos cansamos facilmente; parece haver pouco fruto; as respostas não vêm logo.
O reformador Martinho Lutero escreveu em seu comentário em Romanos, “Não existe obra tão difícil quanto orar a Deus.”
É por isso que Paulo não nos exorta a ser mais eloquentes ou a demorar mais em nossas orações. Na realidade, ele nem sequer se refere ao ato da oração, mas a atitude da oração. Perseverar em oração, ser devotado à oração não é um exercício de cinco ou sessenta minutos, mas um estilo de vida.
Paulo diz, “Andem pela vida em uma conversa constante com Deus.”
Essa é a arte de desenvolver um estilo de vida de comunicação constante com Deus.
Não precisa ser algo eloquente. Deus não está contando as referências bíblicas. Oração é uma conversa com Deus.
Lembro-me da história que li sobre D. L. Moody, o grande evangelista e líder da igreja nos anos de 1800, que foi um trabalhador incrível e pioneiro em muitos ministérios. Em certa ocasião, ele estava viajando com alguns colegas e já estava tarde da noite quando finalmente concluíram suas tarefas no ministério. Um homem escreveu que viu Moody rolando em sua cama e dizendo em voz alta, “Senhor, estou cansado. Amém.” E dormiu.
Um tempo atrás, li sobre um crente que tinha vivido uma vida rica para Deus e conhecido por seu relacionamento próximo com o Senhor. Ele estava deitado no leito de hospital morrendo de câncer quando o capelão do hospital veio visitá-lo. O capelão viu, ao lado de sua cama, uma cadeira vazia. Ele comentou com o idoso, “Ah, vejo que você tem um visitante já.”
O idoso respondeu, “Ah não, faz tempo que não recebo visitas. Mas veja bem, quando me converti, cedo em minha vida, um amigo me disse que oração era como uma conversa com seu melhor amigo. Quando ouvi isso, decidi que todos os dias puxaria uma cadeira para próximo de mim, onde quer que estivesse e quando pudesse, e convidaria Cristo para se sentar nela para conversarmos.”
Li um relato fornecido pela filha desse homem. Ela escreveu sobre a morte de seu pai:
Meu parecia contente demais em seu leito de hospital que eu o deixei sozinho por várias horas. Quanto voltei, sabia que havia partido. Ele tinha ido para estar com seu Senhor. Mas a coisa interessante foi que sua cabeça não estava apoiada sobre o travesseiro. Seu corpo tinha se virado e sua cabeça estava no assento da cadeira ao lado… como se estivesse no colo do próprio Cristo.
Você não gostaria de morrer assim?
O apóstolo Paulo não pergunta se você deseja morrer assim; ele pergunta se você viverá assim!
Em relação à oração—persevere como se a conversa jamais terminasse!
A busca pela vida piedosa é a arte de desenvolver um estilo de vida de comunicação constante com Cristo.
Contribuir com as necessidades dos santos
- Em quarto lugar, a busca pela vida piedosa é desenvolver a arte de uma mão aberta e um coração aberto. Paulo escreve no verso 13 de Romanos 12:
compartilhai as necessidades dos santos…
Em relação às necessidades dos santos—contribua!
É muito interessante que a palavra compartilhai vem da palavra grega “koinoneo.” O substantivo forma a famosa palavra “koinonia,” que significa “comunhão.”
Falamos sobre “koinonia” na igreja primitiva—a comunhão que os crentes desfrutavam. Paulo fala sobre a comunhão em relação a suprir as necessidades de outros crentes.
Quando a palavra necessidades aparece, geralmente se refere a coisas que são supridas por meio da contribuição financeira. Algumas semanas atrás, recebi uma carta de um presidiário que ouve as nossas mensagens do programa de rádio Sabedoria para o Coração. Ele escreveu:
Não recebo dinheiro na prisão, então não posso contribuir para ajudar de alguma forma, mas ganho selos postais. Vou começar a enviar uma porção de meus selos semanais para ajudá-los a semear a Palavra.
Ele está desenvolvendo a arte de uma mão e um coração abertos.
Esses são os piedosos que acontecem de conhecer o significado de ter comunhão financeira.
A busca pela piedade exige que desenvolvamos a arte de uma mão aberta e de um coração aberto.
Praticar a hospitalidade
- Existe mais uma arte na vida piedosa. A última parte do verso 13 diz:
…praticai a hospitalidade;
O Cristianismo é não somente a religião do coração e da mão abertos, mas da porta aberta!
Alguém disse, “Hospitalidade é a arte de fazer com que as pessoas se sintam em casa quando você deseja que elas estejam!”
Hospitalidade bíblica é bem diferente. Hospitalidade bíblica é desenvolver a arte de fazer com que as pessoas sintam que a sua casa é a casa delas.
Precisamos entender algo sobre a geração de Paulo. Os crentes não tinham casas, mensageiros viajavam de igreja a igreja; exilados vagueavam pelas cidades. Na verdade, nosso Senhor Jesus não possuía Seu próprio lar, mas dependia da hospitalidade de outros para um teto e uma cama.
As pousadas nos dias de Paulo eram poucas e longe umas das outras, além de geralmente serem administradas por criminosos. Ficar em uma pousada significava arriscar sua vida, isso sem mencionar sua saúde. Registros indicam que as camas eram infestadas com piolho e o costume era servir comida ruim nas pousadas romanas. Era nas pousadas que os criminosos planejavam sua próxima série de crimes. Elas eram o último lugar onde você gostaria de se hospedar.
A solução era simples. Paulo diz, “Pratiquem a hospitalidade.”
A propósito, as palavras hospitalidade e “hotel” vêm da mesma raiz. “Hostel” e “hospital” também. Na verdade, foi a igreja cristã que desenvolveu os hospitais como uma forma mais avançada de suprir as necessidades de outros que careciam de ajuda especializada.
Paulo desafia os crentes romanos primitivos a “praticar o hábito de abrir as portas de seu lar a pessoas em necessidade.”
Hospitalidade é o termo composto “philoxenia,” que significa, “amor pelos estranhos.” Em outras palavras, convidar para seu lar alguém que você não conhece. Já que essa é a marca do crente piedoso, é estranho compararmos essa hospitalidade com a hospitalidade de nossos dias, a qual reservamos para pessoas que conhecemos e gostamos, não é verdade?
Mas não é disso que Paulo está falando. Hospitalidade é a demonstração de ajuda aos estranhos.
Na nossa igreja local, por exemplo, podemos fazer isso ao receber calorosamente estranhos que chegam para visitar nossa família na fé.
Jamais me esquecerei do dia em que eu e minha esposa visitamos a Primeira Igreja Batista de Dallas, nos Estados Unidos. Eu estava no seminário e fomos a um culto nessa igreja pela manhã. Logo que terminou o culto, um casal de cabelos grisalhos sentado à nossa frente se virou, sorriu e disse, “Por favor, venham jantar conosco hoje à noite.”
Não sabíamos o que dizer! Nós tínhamos familiares nos visitando aquele domingo à tarde e não podemos ir. Mas, até hoje, me arrependo de não ter aceitado aquele convite. Conversamos com eles um pouco e fizemos algumas perguntas, como, “Com que frequência vocês praticam esse hábito incomum de convidar pessoas para jantar em sua casa?”
Eles disseram, “Todos os domingos. Buscamos especialmente visitantes. Já temos comida extra preparada para nossos visitantes.”
Quando foi a última vez que você convidou alguém para jantar ou almoçar em sua casa após o culto? Por que não começar essa prática? Lembre-se, você não está tentando impressionar ninguém. Seus talheres e mesa não são importantes, nem a condição da sua casa. O que importa é a condição do seu coração.
John Piper desafiou recentemente sua igreja com essa mesma passagem. Ele escreveu:
Cumprimentem e recebam calorosamente as pessoas à [esta igreja]. Convide-as para a Escola Dominical. Mostre-as onde fica o berçário. Deixe-as enxergar a hospitalidade de Deus em seus sorrisos.
O contexto dessa passagem pode indicar mostrar hospitalidade a estranhos na comunidade cristã; ou seja, abrir seu lar a crentes que perderam seus lares.
No século primeiro, isso era bastante comum. Muitos crentes eram exilados; pastores e evangelistas como Paulo viajavam de uma cidade a outra, e dependiam inteiramente dos lates de crentes para sustento.
Você já praticou a hospitalidade para com outro crentes?
Lembro-me de ser profundamente impactado após dar uma aula a alguns alunos em um seminário em Chennai, Índia. O calor era insuportável, pois estávamos em pleno verão. Quando eu estava saindo do prédio, uma mulher indiana que havia estado na aula estava na calçada segurando um guarda-chuvas aberto. Ela sorriu e me pediu para ir ao seu lar conhecer seu marido. Ela segurou a sombrinha aberta sobre nossas cabeças enquanto caminhamos—o que soube depois ser uma prática semelhante ao lava-pés. Ela me conduziu ao apartamento deles, que não passava de um quadrado de cimento—piso, paredes e teto de cimento. Sentei-me numa cadeira e desfrutei da comunhão desse casal cheio do amor de Cristo por alguém que tinham acabado de conhecer.
Um pouco depois, visitei uma igreja pequena em uma das vilas. Quando cheguei, não havia cadeira alguma no auditório, simplesmente porque as pessoas se sentavam em seus tapetes ou mantos. Mas havia três cadeiras à frente colocadas para mim e mais dois homens. As pessoas, de todas as idades, se reuniram e se sentaram enquanto compartilhávamos a mensagem. Em seguida, eles foram falar com os tesoureiros, os quais compraram para nós garrafas de Coca-Cola. Vou dizer uma coisa: poucas coisas são tão difíceis de beber quanto Coca-Cola quente, especialmente para mim que gosto de tudo com bastante gelo. Mas foi difícil de beber não porque a Coca-Cola estava quente, mas porque eu estava bebendo algo que as crianças ao meu redor jamais tinham experimentado. Era apenas para os visitantes de honra. Que hospitalidade!
Em outra ocasião, encontrei-me sentado em uma cabana escura na África—paredes de bloco e teto de palha—enquanto a esposa do líder da igreja me trouxe uma xícara de lata com chá doce: folhas fervidas com açúcar, água e leite. Que hospitalidade! Nunca bebi algo de um utensílio tão nobre quanto aquela xícara de lata.
Quatro universitários me convidaram para seu alojamento. Eles queriam preparar uma refeição especial para mim—carne de veado. No início, pensei que estivessem brincando, mas estavam falando sério. Eu jamais tinha experimentado carne de caça antes. Eles mesmo haviam caçado, tratado e cozinhado a carne para eu comer. Sentamos e tivemos um banquete esplêndido, compartilhando amor por estranhos que acontecem de pertencer à mesma família.
Pratique a hospitalidade.
Isso não significa que você tem tudo pronto. Pratos descartáveis já bastam; e podemos comer com talheres de plástico também!
Entretenimento e hospitalidade são duas coisas diferentes. Entretenimento foca a atenção nos anfitriões—o que eles planejaram e o que estão servindo. Hospitalidade foca no hóspede—quem ele é e do que precisa.
Uma das marcas do crente que está crescendo na fé é um desejo de entreter menos e compartilhar mais do amor por Cristo e Sua igreja!
Conclusão
Você está em uma busca acelerada pela piedade? É assim que você descobre se está—você está desenvolvendo as seguintes artes:
- otimismo espiritual—desenvolvendo a arte de alinhar suas emoções com suas convicções;
- determinação mental—desenvolvendo a arte de correr sua corrida sem importar com a frequência com que a linha de chegada é movida para mais longe;
- devoção pessoal—desenvolvendo a arte de um estilo de vida de comunicação constante com Cristo;
- generosidade financeira—desenvolvendo a arte de uma mão e um coração abertos;
- disponibilidade física—desenvolvendo a arte de fazer com que as pessoas sintam que seu lar pertence a elas também.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 11/09/2005
© Copyright 2005 Stephen Davey
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