Princípios do Quebra-Cabeça

Princípios do Quebra-Cabeça

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Princípios do Quebra-Cabeça

O Criador Divino: Encontrando Seu Lugar no Corpo de Cristo—Parte 2

Romanos 12.4–6

Introdução

Uma das maiores descobertas da vida cristã é a descoberta daquilo que realmente importa. Na verdade, no caso de você ainda não ter entendido isso, você acontece de estar vivendo no planeta terra por determinação divina. Se você pensa que está aqui apenas para…

  • passar na escola;
  • conseguir um bom emprego e pagar suas contas;
  • talvez se casar;
  • de alguma maneira prover para sua família;
  • colocar seus filhos na faculdade;
  • economizar o máximo possível para poder se aposentar;
  • esperar pelo arrebatamento ou pela morte,

…então a vida gira em torno de você, não é verdade?

Ao mesmo tempo, o comércio nos bombardeia mais e mais com coisas que devemos possuir a fim de podermos viver. Televisão e rádio defendem persistentemente uma mensagem de individualismo, a mensagem de que a vida revolve em torno das suas necessidades, de seus desejos e vontades, e de seu mundo. Seus colegas definem a vida por aquilo que você dirige, onde mora, para onde viaja e no que investe. Contudo, apesar de tudo isso fazer parte da natureza de nossa cultura, a humanidade descobre que essas coisas realmente não importam.

A questão é, “O que importa?”

Convido-o de volta ao nosso quebra-cabeça para extrairmos de lá mais instrução do apóstolo Paulo sobre como montá-lo.

Em nosso último estudo, mal abrimos a caixa de Romanos 12 para olhar as peças. Apenas começamos a observar o processo necessário para montá-lo. Esse quebra-cabeça é chamado de vida da igreja do Novo Testamento.

Não demorou muito para entendermos um projeto divino não somente para a igreja, mas para nossas próprias vidas também. E o projeto de Deus não tem nada a ver com o que temos, que carro dirigimos ou onde moramos; ele tem tudo a ver com quem somos e com o que Deus já nos concedeu.

Em Romanos 12.3, Paulo nos informa que não podemos descobrir nosso lugar na família sem que haja uma mudança radical de pensamento. Ele sugere que você não conseguirá se encaixar no quebra-cabeça sem humildade. Veja o verso 3. Paulo escreve:

Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém…

Em outras palavras, não ande por aí com uma atitude de superioridade; não podemos ter a mentalidade de que somos mais importantes do que as demais peças do quebra-cabeça.

Li uma notícia interessante outro dia no jornal. Violinistas de uma orquestra alemã deram início a um processo jurídico para receberem um aumento de salário maior do que o recebido pelos outros membros da orquestra que tocam flauta, oboé e trombone. O motivo? Os dezesseis violinistas determinaram que tocam muito mais notas por concerto do que seus colegas e, portanto, merecem receber mais dinheiro. O diretor da Orquestra Beethoven em Boon, Alemanha, argumentou dizendo que eles não merecem um melhor pagamento, já que todos entendem que, mesmo que toque mais notas que os demais, cada nota é necessária para se tocar a música que o compositor criou.

Que ilustração clássica da atitude destrutiva do sentimento de superioridade. Você imagina como o resto da orquestra se sentiu em relação aos violinistas? A amizade desceu pelo ralo. Não há dúvida alguma de que essa orquestra terá dificuldades em tocar com o fervor e do compositor e como ele projetou.

Da mesma maneira na igreja, ninguém é mais importante. Pare de contar as notas—simplesmente seguimos o Maestro. Semelhantemente, nós não nos orgulhamos ou gloriamos em nosso lugar no quebra-cabeça—simplesmente nos rendemos diante do Criador.

Então, antes sequer de começarmos a montar esse quebra-cabeça, Paulo nos adverte claramente que precisaremos de um ajuste de atitude antes de começarmos!

“Princípios do Quebra-Cabeça”
O Plano de Deus para A Igreja

Existe mais coisa que Paulo deseja que entendamos. Nos próximos três versos de Romanos 12, ele apresenta o que resumirei na forma de três princípios. Esse é o plano de Deus para a igreja do século primeiro e do século vinte e um.

  • Primeiro, mantenha o princípio da unidade.

Paulo escreve em Romanos 12.4a–5a:

Porque assim como num só corpo temos muitos membros… assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo…

Deus não repete certas coisas por falta de vocabulário. Ele insere duas vezes nesses versos a frase um só corpo.

A igreja universal, não importa o continente no qual esteja ou a qual geração pertença nessa grande dispensação da graça—que já tem durado dois mil anos—é apenas um corpo, uma noiva de Cristo.

A igreja local, a qual também é criada por Cristo e responsável por funcionar em submissão a Cristo e alcançar o mundo, é singular em sua personalidade e oportunidade como Deus determina.

Para estudos futuros, você pode analisar Apocalipse 2 e 3 a fim de entender a verdade sobre o ministério singular e a personalidade individual de igrejas locais. Elas tinham o dever de amar um ao outro, aproveitar as oportunidades para o ministério, buscar a pureza, defender a fé e servir a Cristo em seu mundo particular. A todo custo, manter o princípio da unidade na igreja local.

Paulo destacaria esse princípio muitas vezes em suas cartas a igrejas da Ásia Menor. Ao Colossenses ele escreveu:

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos (Colossenses 3.12–15).

Ao Efésios:

Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Efésios 4.1–3).

O escritor de Hebreus desafiou a igreja a colocar sua unidade na verdade e no amor como ênfase maior! Ele escreveu em Hebreus 10.24:

Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.

Como? Continue no verso 25:

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.

Todos devemos contribuir com o amor e unidade da igreja ao nutrirmos o hábito de congregar juntos. É na assembleia que praticamos a unidade! Ninguém está isento dessa obrigação.

Li um autor que escreveu com humor dizendo que algumas pessoas da igreja possuem uma alegria tão profunda que nunca sobe à superfície!

Alguém pode dizer, “Nossa, aquele é um crente sério!” Mas pode estar querendo dizer, “Eita, que crente irascível!”

Isso me lembra do pastor H. A. Ironside que pastoreou a Igreja Moody anos atrás e foi um grande escritor. Certa vez ele admitiu que orava todos os dias, “Senhor, não deixe que eu me torne um velho irascível.”

Dons espirituais são formas de promovermos alegria, bênção e unidade no corpo. Eles não são brinquedos para nos divertirmos; não são tesouros pessoais para guardar para nós mesmos; não são armas com as quais guerreamos contra nossos irmãos—os dons são ferramentas usadas para construir a unidade do corpo.

Deixe-me admitir uma coisa. A verdade é que, naturalmente, somos facciosos. Nós nos separamos com muita facilidade; gostamos de fofocar; temos a predisposição de pensar o mal do outro.

À parte da obra de Cristo em nosso meio, jamais permaneceremos juntos; nenhuma igreja duraria. Unidade é como louça chinesa: é algo bonito, mas frágil; precisa ser protegido e reforçado.

É por isso que Paulo lança esse desafio ao tratar com a igreja. Ele nos manda fazer nossa parte, como peças de um quebra-cabeça, para manter o princípio da unidade.

Isso me conduz ao segundo princípio.

  • Segundo, fortaleça o princípio da família.

Acho interessante que apesar de Paulo já ter destacado o fato de que somos membros do corpo de Cristo, ele repete essa verdade de maneira ainda mais desafiadora. Na verdade, é fácil ignorarmos isso. Observe a frase na última parte do verso 5 de Romanos 12: e membros uns dos outros.

É fácil ignorar porque é difícil aceitar, não é? Uma coisa é dizer, “Pertenço a Jesus Cristo,” mas é outra cosia dizer, “Pertenço a você.” Uma coisa é dizer, “Sou da família de Deus pela fé em Cristo, mas outra coisa bem diferente dizer, “Sou membro da sua família também.” Contudo, é exatamente isso o que Paulo diz aqui.

Se você perguntar a um crente qualquer qual é sua lista de prioridades, ele provavelmente dirá:

  • Deus;
  • minha família;
  • minha carreira profissional.

E depois eles olham para você como se fossem alguma coisa.

Quanto mais velho fico, mais corajoso me torno e pergunto, “Que família? Temos:

  • Deus primeiro,
  • depois sua família,
  • e, por fim, sua carreira profissional.

O que está faltando?”

Suponho que com “família” você esteja se referindo aos membros de sua família imediata. Então, onde fica sua família espiritual? Eles estão nessa lista?

No livro de Efésios, Paulo ensina claramente a responsabilidade e prioridade da família de sangue. O marido e a esposa devem refletir a verdade de Cristo por Sua igreja, e os filhos devem honrar seus pais—tudo isso é glorificar a Deus.

No livro de Romanos, Paulo ensina o relacionamento e a prioridade da família espiritual, a igreja. Com o mesmo fervor, eles devem servir uns aos outros, edificar uns aos outros e instruir uns aos outros na fé.

Em Efésios existe a prioridade do relacionamento biológico; em Romanos existe a prioridade do relacionamento espiritual.

E você já parou para pensar que a família espiritual viverá além da biológica? Na verdade, quando você deixar o planeta terra, como noiva de Cristo, seu marido será Jesus Cristo. O Filho de Deus, seu Noivo, já tem um lugar reparado, um lugar para você na casa do Pai.

Mulheres, isso significa que o marido que você tem hoje não será o marido que terá por toda a eternidade. E aí, ficou aliviada?

Você é noiva de Cristo. Isso significa que, dessa vez, seremos todos parentes pela fé no Noivo.

Portanto, não devemos ficar surpresos ao vermos Paulo nos mandando nos relacionar uns com os outros como membros da mesma família. Ele deu a Timóteo o seguinte conselho:

Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza.

Será que essa mentalidade revolucionaria a forma como agimos na igreja? Isso transformaria a maneira como você trata homens mais novos que estão cheios de dúvidas; a maneira como trata uma jovem em seu namoro; a maneira como trata senhoras idosas e ouve os senhores.

Essa é a foto na caixa do quebra-cabeça; é assim que devemos viver. Devemos:

  • buscar o princípio da unidade;
  • e fortalecer o princípio da família.
  • O terceiro princípio é o desafio de Paulo de reconhecer o princípio da diversidade.

Não me refiro a diversidade doutrinária, mas diversidade prática dentro do corpo. Paulo escreveu em Romanos 6.12: tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada.

Se o primeiro princípio já foi difícil de engolir, esse então descerá apenas se misturado com uma boa dose de açúcar, exatamente como bebo meu café. Eu não gosto muito de café, mas gosto de uma bebida quente que me ajuda a ficar acordado. Então, misturo café com outras coisas que me ajudam a engoli-lo. Para mim, café é basicamente sobremesa em uma xícara.

O gosto da diversidade é provavelmente forte demais para muitos crentes. Nossa tendência é evitar pessoas que não são como nós. Naturalmente andamos com pessoas que gostam das mesmas coisas, possuem os mesmo interesses, encontram-se em situação parecida na vida e chegam às mesmas conclusões.

Daí, vamos à igreja e geralmente cometemos o grave erro de pensar que “igreja” significa que todos somos conformados uns aos outros. É por isso que você entra em uma igreja hoje e todos têm a mesma aparência, se vestem parecido, falam parecido, leem os mesmos livros, assistem aos mesmo programas, ouvem o mesmo gênero musical, etc. Igrejas tendem a se dividir por causa dessas coisas.

A maioria das igrejas hoje afirma que operar em unidade é praticar essas coisas. Meu amigo, existe uma vasta diferença entre unidade e uniformidade. Uniformidade proíbe diversidade; unidade, como descobriremos nessa passagem, reconhece o princípio da diversidade.

E não estou falando sobre doutrina, mas função!

Deus propositadamente escolheu não nos criar da mesma forma que a Fiat fabrica seus carros. Somos diferentes e únicos, feitos com características e habilidades distintas.

Querer que alguém seja como você é descreditar a sabedoria de Deus, já que foi Ele quem o criou. Se você é um Fiat Palio, então seja um Fiat Palio. Você muito provavelmente terá alguns problemas, então, seja paciente. Se você é um Chevrolet Cruze, não fique orgulhoso. Existe lugar na garagem para todos.

Perceba como Paulo fala isso na última parte do verso 4 e na primeira parte do verso 6:

…mas nem todos os membros têm a mesma função… tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada…

A propósito, isso não significa que alguns possuem mais graça do que outros. Paulo diz que, por causa da graça de Deus, todos recebemos nossos dons únicos e singulares

Deus soberanamente concedeu a você e eu o equipamento para servi-lO e servir Sua igreja. Na verdade, o Novo Testamento nos diz que cada membro da Triunidade está envolvido ao conceder dons espirituais aos crentes. Foi:

  • O Deus Pai em Romanos 12;
  • O Deus Filho em Efésios 4;
  • O Deus Espírito em 1 Coríntios 12.

Pedro escreveu da seguinte maneira:

Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus (1 Pedro 4.10).

Pense nisto! Ficamos estonteados de pensar que Deus sempre soube, da eternidade passada, que você não somente se tornaria um membro da Noiva, mas que contribuiria para o corpo.

Deixe-me tornar isso ainda mais pessoal. Antes do princípio do mundo, Deus sabia o que sua igreja, nesta geração, na sua cidade precisaria e escolheu você e deu dons para somar à foto do quebra-cabeça de Sua graça.

Lembro-me do pequeno menino Jamie Scott. Ele se alistou para fazer parte de uma peça em sua escola. Ele estava decidido em seu coração que queria ser um dos personagens nessa peça, mas sua mãe estava convencida do contrário. Ele tinha uma personalidade tímida, às vezes ficando reservado e calado. Sua mãe temeu que ele ficaria arrasado ao saber que não havia sido escolhido para representar um dos personagens na peça. No dia em que as crianças receberam seus papéis, a mãe de Jamie foi buscá-lo na escola e levou um amiguinho seu para animá-lo, caso estivesse triste demais. Quando Jamie viu sua mãe, ele correu para ela com olhos brilhando de alegria e disse, “Mamãe, fui escolhido para bater palmas e aplaudir!”

Ah, como seria bom se tivéssemos essa mesma alegria naquilo que Deus nos escolheu para fazer. Por quê? Porque antes de descobrir qual personagem será no corpo, Paulo deseja que entendamos que todos nós fomos escolhidos para bater palmas e aplaudir.

Conclusão

Todos somos membros uns dos outros. Isso é algo que realmente importa—acima de tudo neste mundo.

A fim de que essa perspectiva seja verdade na família de sua igreja, você precisa:

  • reconhecer o princípio da diversidade;
  • reforçar o princípio da família;
  • buscar o princípio da unidade.

Tudo isso é uma parte do plano de Deus enquanto nós, juntos, revelamos ao nosso mundo a imagem do quebra-cabeça da família de Deus—a igreja viva, serva, diversificada e unida de Jesus Cristo. Daí, revelaremos ao mundo a imagem da graça de Deus.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 01/05/2005

© Copyright 2005 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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