
Frustração e a Soberania de Deus
Frustração e a Soberania de Deus
Afeições de um Homem Piedoso – Parte 4
Romanos 1.13
Introdução
Em um episódio de uma tirinha de comédia, uma mulher está sentada à uma mesa escrevendo:
Nº 9 – ser mais bondoso para com as outras pessoas;
Nº 10 – comer somente comidas saudáveis;
Nº 11 – parar de ser insistente;
Nº 12 – diminuir a quantidade de doces;
Nº 13 – criticar menos as outras pessoas...
O marido dela entra e se senta ao lado dela enquanto ela continua escrevendo. Daí ele pergunta: “Resolução de Ano Novo?”
Ela responde: “Chegou aquela época do ano novamente!”
Ele olha sobre os ombros dela, lê a lista e diz: “Estou impressionado. Esses são alvos muito bons mesmo. Mas você acho que conseguirá guardar cada um deles?”
Ela então replica: “Por que eu deveria? Eles não são para mim, são para você!”
E ela entrega a lista para ele.
Não seria algo interessante escrever resoluções para outras pessoas? Talvez esse seria um mundo perfeito. O problema é que escrevemos resoluções para nós mesmos e estamos longe de ser perfeitos.
No livro de Provérbios, capítulo 4, verso 26, Salomão escreveu o seguinte sob direção do Espírito Santo:
Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam retos.
O termo hebraico para “pondera” sugere a ideia de limpar o caminho para que você chegue ao seu destino. Em outras palavras, certifique-se de que você tem feito o possível para continuar progredindo. Outra nuança desse verbo é que ele também é usado para medir a distância do seu passo de forma que você chegue ao destino no tempo marcado. Portanto, “pondera a vereda” significa, “pense nele cuidadosamente; retire os destroços; calcule a distância.”
Um dicionário define “resolução” como “tomar uma decisão firme.”
Agora, pode ser até que eu tenha feito uma resolução de ano novo para comer mais salada e menos chocolate. Eu não disse que fiz; eu disse que pode ser que eu tenha feito.
Minha esposa e nossas duas filhas foram passar uns dias na casa da minha sogra. Como nossos dois filhos já estão em aula, eles ficaram comigo.
Minha esposa está com medo que, já que eu estou responsável pelo café da manhã e jantar, é possível que todos iremos acabar, em algum momento, com disenteria. Então ela diligentemente preparou tudo antes de ir embora. Ela colocou os potes na geladeira com bilhetes explicando o que tem neles, coisas como “Bastante frango,” “Comer feijão antes do sábado,” e “Não esqueçam da salada.” Ela pensou em tudo, desde a salada até a carne. Já faz três dias que ela foi e a única coisa que acabou foi leite e cereal. O refrigerante também está acabando.
Eu creio que um dos maiores indicadores de caráter se encontra enterrado na nossa lista de resolução, sua lista de objetivos, as coisas que motivam seus sonhos. Essa não é uma lista que surge em um momento e logo desaparece, mas são decisões firmes que direcionam nossas vidas.
Revisão
Eu tenho falado e continuarei a falar especificamente aos homens em nossa série de estudos em Romanos 1. A verdade, contudo, não se limita a gênero ou idade.
Até este ponto, temos observado na vida de Paulo que as afeições de um homem piedoso determinam seus desejos e anseios. Ele luta para se ajoelhar e orar por aqueles sob sua influência. Em nosso estudo anterior, descobrimos, por meio da carta de Paulo aos crentes romanos, que o homem piedoso busca dar os melhores presentes de sua vida. Esses são presentes que apoiam a causa e o nome de Cristo, presentes que fortalecem a caminhada espiritual de outros e presentes que aumentam a fé de outros. O homem piedoso não anseia muito por coisas de Deus, mas anseia pelo próprio Deus. Esse desejo o leva a desenvolver uma grande afeição pelos propósitos de Deus e pelo povo de Deus. Até agora, já vimos isso tudo nas palavras afetuosas de Paulo aos crentes que viviam em Roma, Itália.
Um Vislumbre do Coração: Motivações Piedosas
Agora, no verso seguinte de nossa exposição de Romanos 1, descobriremos, na verdade, uma decisão firme de Paulo. Poderíamos chamar isso de uma resolução que marcou o pensamento, a oração e os planos de Paulo. É um verso que revela o coração de Paulo e suas motivações piedosas. Veja o verso 13: Porque não quero, irmãos, que ignoreis.
A propósito, Paulo usou essa frase muitas vezes em suas cartas a fim de enfatizar algo que ele estava prestes a escrever. Ele estava dizendo, com efeito: “Não quero que vocês sejam ignorantes,” ou, “Não quero que fiquem sem o conhecimento,” ou “Aqui está algo muito importante do qual vocês precisam estar cientes.” Paulo usou essa frase em:
- 1 Coríntios 12.1 ao explicar como os dons espirituais deveriam contribuir para a edificação do corpo de Cristo;
- 2 Coríntios 1.8 para revelar sua luta na Ásia e como Deus poupara sua vida;
- 2 Coríntios 2.11 ao alertar os crentes sobre as astúcias de Satanás;
- 1 Tessalonicenses 4.13 para apresentar a verdade doutrinaria sobre o arrebatamento da igreja.
E agora, em Romanos 1.13, Paulo diz: “Vejam bem, existe algo muito importante para mim que eu desejo que vocês saibam;” e ele diz:
Porque não quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora, impedido), para conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também entre os outros gentios.
Dois princípios para a vida
Dois princípios para a vida emergem do verso 13:
- Primeiro, o desejo profundo de Paulo s sua afeição piedosa por contato pessoal;
- Segundo, a determinação piedosa, firme e transformadora na vida de Paulo de exercer um impacto permanente nas vidas das pessoas.
Talvez você ainda se lembre do verso 11, onde Paulo disse:
Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom spiritual…
E até mesmo antes, nos versos 9 e 10, a afeição e devoção de Paulo aos crentes de Roma ficaram evidentes ao escrever:
Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós em todas as minhas orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos.
“Paulo, o que você realmente deseja fazer com sua vida?”
“Ah, quero estar pessoalmente envolvido no ensino e liderança dos crentes romanos e desejo exercer uma influência duradoura em suas vidas para a glória de Deus.”
Meus amigos, essas são as afeições de um homem piedoso.
O princípio do contato pessoal
- Vamos retornar ao primeiro desejo de Paulo, que é o princípio do contato pessoal.
Ele escreve no verso 13:
…muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora, impedido)…
Acho interessante que Paulo não disse: “Ouçam bem, gostaria de ir a Roma, mas aqui vai minha carta. Ela já será de grande ajuda. Então, leiam esta carta e sigam suas instruções.”
Não! Paulo queria um contato pessoal face a face com seus filhos espirituais. Ele sabia que sua vida adicionaria em muito ao conteúdo da carta.
Um dos ingredientes perdidos hoje com homens desenvolvendo relacionamentos com suas espoas e filhos é o tempo pessoal e troca de experiência de vida.
Em nosso encontro anterior, compartilhei uma estatística alarmante de que os pais em média passam trinta e sete segundos por dia interagindo com seus filhos de maneira pessoal. Esses trinta e sete segundos não incluem sentar ao lado deles no carro a caminho da igreja, sentar ao lado deles no sofá para assistir televisão, sentar ao lado deles no carro ao leva-los para a escola, ou sentar al lado deles à mesa para uma refeição. Esses são trinta e sete segundos de investimento em suas vidas face a face, um a um.
Um dos presbíteros de nossa igreja me disse que, quando ele e sua família chegaram em casa depois do culto domingo passado, a filha dele de sete anos de idade que havia ouvido a estatística durante a pregação se virou para ele e disse: “Muito bem, papai, chegou a hora dos meus trinta e sete segundos.”
Saiba que você não pode comprar contato pessoal; você não pode se substituir por bens materiais; você não pode dizer: “Aqui está seu pirulito, seu mel; pode ir agora!”
Jamais me esquecerei da vez em que duas menininhas desceram do ônibus escolar em um parque e vieram correndo para os balanços onde eu estava empurrando minha filha. As duas vieram, cada uma começou a se balançar e, uma delas olhou para a outra, elas perguntaram à minha filha: “Você não está sozinha?”
Fico me perguntando se o pai dela nunca perceberá antes de ela já ter crescido e ido embora. Trinta e sete segundos, ou menos, jamais serão suficientes.
Não é algo fascinante que Deus não proclamou o evangelho por meio de uma série de declarações no céu dizendo: “Pronto, leiam isso e vocês entenderão!”?
Deus não enviou somente verdades proposicionais. Ele enviou uma Pessoa até nós, uma Pessoa que era a Verdade. E o Salvador veio não somente para nos dizer como viver, mas para nos mostrar como viver. Deus não enviou palavras, Ele enviou a Palavra viva! Conforme João 1.14 diz:
E o Verbo se faz carne e habitou entre nós... e vimos a sua glória...
Paulo diz, com efeito: “Não quero simplesmente enviar uma carta para vocês. Desejo vê-los e acontece que essa é uma decisão firme que eu fiz; quero ir até Roma.”
Mas qual era a motivação de Paulo para ir? Por que arriscar passar por tribulações para ir até Roma? Por que se esforçar para isso?
Motivações carnais para servir a Deus
Existem, a propósito, algumas motivações carnais para servir a Deus.
- Alguns servem a Deus por causa da família.
Eles são pressionados e manipulados a fazer algo que eles prefeririam não fazer porque a família os observa de perto. Talvez você frequente uma igreja por esse mesmo motivo.
- Alguns servem a Deus porque os amigos também servem.
A fim de serem aceitos por aqueles que eles admiram e amam, eles se juntam ao time e cumprem seu papel. Não existe nenhuma motivação interior para a glória de Deus; simplesmente isso é o que todos em sua vida parecem estar fazendo.
- Outros tentar parecer religiosos para obter lucro financeiro.
Existem homens mortos em púlpitos hoje. Eles se submetem ao seu papel porque é um bom emprego e tem um bom seguro desemprego e, além disso, sentem-se bem com a ideia de estarem ajudando outras pessoas. Se você liga a televisão, verá outros vendedores religiosos que fazem tráfico de religião, vendendo as coisas de Deus. Pedro disse que os falsos mestres transformariam o evangelho de Deus em um produto de mercado. Em outras palavras, pague dinheiro a eles e veja as bênçãos descerem sobre sua vida; veja como você recuperará sua boa saúde; veja seus débitos sumirem. Jesus é o produto que eles vendem e eles enriquecem vendendo-O a seguidores ingênuos que estão sendo enganados.
- Alguns tentam viver para Deus por causa do perdão.
Eles tentam guardar uma lista de “sim” e “não” na esperança de balancear para que suas vidas com boas ações pesem mais que seus pecados. Eles frequentemente viram uma nova página em suas vidas a fim de merecer o perdão de Deus.
- Outros servem a Deus por medo.
- Ainda outros tentam viver para Deus por causa da fama.
Ir á igreja é algo bom para sua reputação; é bom para os negócios. As pessoas o admiram porque você vai à igreja.
Todas essas coisas são motivações carnais para viver para Jesus Cristo e servir outros. Paulo diz: “Minha motivação para servir a Deus indo até os crentes em Roma não é fama, medo, perdão, amigos ou família. Minha motivação é fruto, fruto espiritual!”
O princípio do impacto permanente
- A segunda motivação é o princípio do impacto permanente.
Na última parte do verso 13 Paulo diz:
…me propus ir ter convosco… para conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também entre os outros gentios.
O termo “fruto” aparece em várias ocasiões nos escritos de Paulo. Ele escreveu em Gálatas 5.22 e 23:
Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio; contra essas coisas não há lei.
Essas são características desenvolvidas na vida do crente que é submisso ao Espírito Santo.
Paulo também escreveu em Romanos 16.5 sobre certo homem chamado Epêneto, primícias ou primeiro fruto da Ásia.
Então, para Paulo, a palavra “fruto” se refere não somente às qualidades adicionadas ao caráter de uma pessoa pelo Espírito Santo, mas também a alguém que foi adicionado à igreja pelo Salvador. Ou seja:
- Redenção por meio do Salvador produz fruto. Santificação por meio do Espírito produz fruto;
- O fruto da redenção se relaciona a quem você é. O fruto da santificação se relaciona a como você vive.
- Por meio da redenção você se torna um filho de Deus. Por meio da santificação você se comporta como um filho de Deus.
Então, a motivação de Paulo para ir até Roma era para ver essas duas coisas acontecerem. Por um lado, para ver alguns crentes romanos desenvolverem o fruto do Espírito; e por outro lado, ver pessoas virem à fé em Jesus Cristo como Salvador pessoal.
Homens, vocês revolucionarão suas vidas se puserem em pratica esses dois princípios:
- O princípio do contato pessoa; e
- O princípio do impacto permanente.
Isso significa ansiar, fazer uma resolução firme para ver pessoas em seu mundo desenvolver o fruto do Espírito e ver pessoas em seu mundo que não conhecem a Cristo colocarem sua fé no Salvador por causa de seu bom testemunho.
A maioria dos pais fica feliz em ver que seus filhos têm um bom boletim, não se metem em problemas e não envergonham a família. Para esses pais, isso já é suficiente. Quantos homens desejarão e orarão para que sua família e amigos desenvolvam o fruto do Espírito e um fervor para alcançar o mundo perdido para Cristo?
Um Vislumbre dos Bastidores: Intenções Frustradas
Esse era o desejo de Paulo. E jamais pensaríamos que Paulo se frustrou em sua vida se ele não tivesse inserido uma pequena frase que, até o momento, temos ignorado. Veja novamente o verso 13:
Porque não quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora, impedido)…
Em outras palavras, Paulo informa a igreja que ele colocou em seu calendário várias vezes essa viagem a Roma. Contudo, por várias vezes, ele teve que mudar seu curso.
Podemos quase ouvi-lo dizendo: “Aí vai – aconteceu mais uma vez! Eu estava com planos de navegar para Roma este mês e algo aconteceu. Parece que sempre tem alguma coisa para me atrapalhar. Anseio muito pelo dia quando poderei vê-los. Tenho nada mais que intenções piedosas. Deus conhece o meu coração. Meus sonhos iriam apenas honrá-lO se Ele apenas permitisse que eu viajasse!”
Agora, sabemos o que Paulo, a essa altura, não sabia. Ele não irá a Roma como um pioneiro pregador; ele chegará, anos depois, como um prisioneiro. Ele não irá para pessoalmente edificar a igreja; ele irá a Roma em cadeias. Ele simplesmente ainda não sabe disso.
Se você pudesse puxar Paulo de lado e dizer a ele: “E aí, Paulo, me diga como vai ser quando você chegar em Roma.”
Ele diria o que ele disse no verso 13: “Ah, veja bem, não consigo ver a hora de colher almas. Fico imaginando evangelizar no palácio de Nero onde poucos crentes já estão preparados e prontos. Não vejo a hora de ensinar os santos. Já fiz isso em Corinto em Éfeso – dia e noite. Imagino a igreja se reunindo, judeus e gentios juntos, aprendendo nas Escrituras sobre o Salvador Jesus Cristo. Ministrar em Roma será algo inesquecível, se eu conseguir chegar lá. Toda a vez que eu planejo viajar para Roma, outra coisa acontece. Toda vez sou impedido. Desejo muito ir. Quem sabe em breve conseguirei.”
Deixe-me mostrar a você outra coisa. Vá para o capítulo 15 e veja os versos 22 a 24:
Essa foi a razão por que também, muitas vezes, me senti impedido de visitar-vos. Mas, agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem…
Espere aí, será que lemos direito? Leia o verso 23 novamente e continue ao verso 24:
Mas, agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem, estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia.
Pule até o verso 28:
Tendo, pois, concluído isto e havendo-lhes consignado este fruto, passando por vós, irei à Espanha.
“Diga-me, Paulo: o que você, o grande apóstolo, vê Deus preparando você para realizar?”
“Bom, vejo Deus me preparando o caminho para alcançar um território ainda não trilhado antes – ir para a Espanha e levar o evangelho aonde ele nunca chegou. Assim que eu tiver terminado de levar essa ajuda financeira aos irmãos de Jerusalém, navegarei para Roma e de lá para a Espanha!”
Por que Paulo tanto desejou ir para a Espanha? Talvez porque a Espanha tenha produzido homens como Lucan, o poeta, e Quintiliano, o grande professor romano de oratória, e Sêneca, o brilhante filósofo e primeiro-ministro do Império Romano. Talvez Paulo pensasse a respeito desse país que estava produzindo grandes mentes em sua geração: “E se o evangelho alcançasse o solo espanhol?”
Ou talvez porque a Espanha fosse considerada, nos dias de Paulo, ser o fim do mundo. Na verdade, o Império Romano havia em anos recentes conquistado território na Espanha. Paulo queria levar o evangelho aos confins da terra.
Contudo, ele jamais chegaria à Espanha. O livro de Atos nos informa que as coisas não saíram do jeito que Paulo havia planejado. Ele conseguiu entregar o dinheiro à igreja em Jerusalém, mas quando ele foi ao templo, ele foi reconhecido e uma multidão o agarrou e o espancou. Ele escapou com a ajuda de soldados romanos.
Ali começou uma série de julgamentos diante das autoridades romanas, bem como judaicas. Finalmente, depois de ter sido acusado de profanar o templo, algo considerado crime passível de morte, ele apelou a César e foi conduzido a Roma. Em sua viagem, o navio naufragou por causa de uma tempestade, ele foi lançado em uma ilha, mas Paulo, por fim, chegou a Roma preso. A vida foi um pouco diferente do que Paulo tinha planejado.
Se eu tivesse pedido a você um ano atrás, ou dez anos atrás, para me dizer como sua vida seria, você talvez tivesse dito: “Bom, os meus planos são os seguintes...”. Contudo, por mais piedosos que fossem, eles não se concretizaram.
Quais foram seus planos no dia do seu casamento e como eles mudaram? Quando você trouxe do hospital aquele bebê em seus braços, as coisas saíram como você planejara? Quando você chegou àquela universidade, quando você começou sua carreira profissional, quando você se alistou nas Forças Armadas, quando você se converteu, você provavelmente disse: “Deixe-me explicar para você o que irá acontecer!”
Contudo, ocorreram coisas que estavam além do seu controle. Pessoas mudam e circunstâncias que você jamais imaginou, aconteceram. Você nunca conseguiu chegar à Espanha.
Lições de Deus em Meio às Frustrações
Quero compartilhar com você quatro coisas que Deus deseja nos ensinar. Essas não são lições apenas para homens a quem Deus deseja transformar em homens piedoso; elas também são válidas para mulheres e jovens. Em meio às intenções frustradas, o que Deus deseja fazer em sua vida?
Deus deseja desenvolver sua confiança na soberania dEle
- Primeiro, Deus deseja desenvolver sua confiança na soberania dEle.
Por mais importante que fosse o apóstolo Paulo, e por mais piedoso que ele fosse, ele era tão ignorante em relação ao que Deus havia planejado para ele como você hoje. Deus está trabalhando e Seus planos e propósitos serão concretizados. Mesmo em meio ao caos, Ele ordena que o caos realize Seu propósito final. Mesmo quando as coisas estão se desmoronando, Ele soberanamente orquestra a maneira como as coisas desmoronam para que elas no fim cumpram Seus desígnios.
Você pode dizer: “Eu não entendo.”
Muitas vezes nós não entendemos. Quando você diz que Deus é soberano, contudo, você está dizendo que Deus não precisa se explicar.
Você pode dizer: “Mas eu simplesmente quero que meus sonhos se realizem. Minhas intenções são piedosas; por que eu não posso chegar lá?”
Para nós, a chegada é tudo. Para Deus, a jornada é tudo.
Deus deseja aprofundar seu conhecimento a respeito da graça dEle
- Segundo, Deus deseja aprofundar seu conhecimento a respeito da graça dEle.
Dificilmente acertamos o alvo. Mas, quando admitimos nossa fraqueza, quando reconhecemos nossa falta de capacidade, quando temos um vislumbre de nossa total inabilidade, então estaremos prontos para ter um vislumbre da graça de Deus agindo em nossas vidas.
Deus deseja prepara você para algo diferente
- Terceiro, quando suas melhores intenções são frustradas, pode ser que Deus deseje prepará-lo para algo diferente.
Quem imaginaria que Deus não queria um missionário na Espanha? Ao invés disso, Deus preferiu ter um mártir em Roma. Não podemos entender. Não temos que entender. Devemos, todavia, continuar seguindo Senhor, mesmo quando não entendemos onde e como e por que.
Deus deseja desenvolver seu caráter em face às frustrações
- Finalmente, Deus deseja desenvolver seu caráter em face às frustrações.
Recentemente, eu terminei um volume da biografia do missionário William Carey. Ele foi o fundador das missões modernas e deu sua vida ao Senhor na Índia.
William Carey também publicou os primeiros livros sobre ciência e história natural em toda a Índia. Ele introduziu o motor a vapor na Índia; ele foi o primeiro a fazer papel para a nação e depois construiu a maior imprensa do país. Ele escreveu músicas evangélicas no idioma bengali; escreveu também o primeiro dicionário sânscrito e até ou traduziu ou publicou a Bíblia em quarenta idiomas indianos diferentes. Ele também foi o pioneiro da igreja protestante na Índia.
Em torno de 1823, quando o trabalho de tradução e impressão estava no auge, um incêndio devastador destruiu o salão onde ficava instalada sua imprensa. Durante o dia, a sala da editora, que tinha cerca de sessenta metros de comprimento e quinze de largura, havia abrigado pelo menos vinte membros da equipe que trabalhavam em diferentes traduções, bem como outros colaboradores como compositores, escritores e outros. O fogo violento destruiu os manuscritos de William Carey, juntamente com outras dez traduções da Bíblia. Seu projeto do dicionário em sânscrito havia virado cinzas. Grande quantidade de papel, materiais em hebraico, grego e inglês, bem como dicionários, gramáticas e livros de contabilidade da propriedade foram perdidos.
Posteriormente, William Carey escreveu as seguintes palavras:
Em uma breve noite, o trabalho de anos foi consumido. Quão inescrutáveis são os caminhos de Deus. O Senhor havia me humilhado para que eu olhasse para Ele com mais simplicidade.
Frustrado? Deve ter sido quase que insuportável. Mas havia uma firme confiança na soberania de Deus.
Será que eu acho que Paulo chegou ao final de sua vida com alguns arrependimentos? Será que ele disse: “Sabe, nunca tive o ministério em Roma como desejei... e nunca consegui chegar até a Espanha.”
Será que Paulo ficou amargurado com Deus por recusar lhe conceder um dos maiores anseios de sua vida? Será que Paulo considerou sua vida incompleta?
Não. Em sua última carta, a segunda carta a Timóteo, ele escreveu no capítulo 4, verso 7: completei a carreira, guardeia fé.
Meus amigos, esse homem piedoso, que nos fornece um modelo de um homem piedoso, fez uma firme resolução. Não foi uma resolução de navegar para Roma ou chegar à Espanha, mas de seguir o Salvador. Ele aprendeu que, quando o assunto é planos e resoluções, a chegada não é tão importante quanto a jornada.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 14/01/2001
© Copyright 2001 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
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