Qual É A Sua Motivação?

Qual É A Sua Motivação?

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Qual É A Sua Motivação?

Tornando-se Inconformado—Parte 2

Romanos 12.1b

Introdução

Deixe-me fazer uma pergunta: você já foi motivado por medo extremo para fazer alguma coisa?

Ainda me lembro de quando tinha uns nove ou dez anos de idade me envolver em uma briga com um vizinho que era maios velho e bem maior do que eu. Eu não sei de onde surgiu aquela audácia, mas cerrei o punho e dei um murro nele. Ele ficou com olho roxo por umas duas semanas. O problema era que ele ainda estava vivo. Depois que se recuperou, ele começou a me perseguir e eu sabia que, se ele me pegasse, não continuaria vivo por muito tempo. Ainda lembro de um dia estar correndo fugindo dele e pular a cerca dos fundos sem nem sequer tocar nela; já ele teve que parar e subir nela para poder pulá-la. E eu sobrevivi para contar a história e pregar essa mensagem para você.

Você, alguma vez em sua vida, já foi motivado pelo medo? E que tal a motivação da vingança? Esta última aprendemos em nossos primeiros anos de vida também.

Essa semana eu li uma história engraçada da mãe de Jeremias que correu para o quarto quando ouviu seu filho de seis anos de idade gritando em dor. Ao entrar, deparou-se com a irmã de dois anos puxando o cabelo de Jeremias. Cuidadosamente, ela retirou cada dedinho da filha dos cabelos de Jeremias e disse a ele, “Meu filho, ela não entende o que está fazendo… ela não sabe que isso dói… não fique bravo com ela… ela não sabe como isso machuca.”

A mamãe mal tinha saído do quarto quando a filha começou a gritar. Ela voltou correndo e perguntou, “O que foi dessa vez?”

Jeremias respondeu, “Agora ela sabe como dói.”

A maioria de nós cresceu com a motivação comum de comer o que estava no nosso prato porque… era bom para nós, não é verdade?

“Coma a alface, verdura é saudável.” Ou, “Coma essa berinjela… existem muitas crianças morrendo de fome no mundo.”

Eu ficaria mais do que feliz em empacotar as berinjelas e mandar para elas.

Ao amadurecer, incentivos e motivações mudam.

Certa vez, Napoleão brincou dizendo que seus soldados ficavam motivados para arriscar suas vidas em troca de bugigangas. Ele estava se referindo a medalhas que lhes dava status e prestígio entre os demais militares.

O mundo é movido por motivações diversas, tais como: fama, poder, prazer, dinheiro, popularidade, segurança, status ou conforto. Esse tipo de coisa serve de combustível para o motor do sistema mundial.

Meu amigo, a tragédia na sociedade não é o fracasso do mundo, mas seu sucesso em conseguir aquilo que realmente não importa, que é sem valor!

Jesus Cristo perguntou em Mateus 16.26:

Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?

O que separa o crente do mundo não é o fato de o crente nunca conseguir fala, fortuna, poder ou conforto.

Estou lendo a biografia de S. Truett Cathy, o fundador de uma rede de restaurantes que, segundo sua história, é um crente fiel e acontece de ser também incrivelmente rico.

E eu o ajudei a enriquecer!

O apóstolo Paulo disse que sabia como experimentar tanto a abundância como a escassez (Filipenses 4.12).

Espiritualidade não é sinônimo nem de riqueza, nem pobreza. Aquele que ensina isso é um falso mestre.

A diferença entre o crente e o resto do mundo não são posses externas, mas a motivação interna! Qual é a sua motivação?

Em um de seus livros, o teólogo J. I. Packer escreveu:

O mundo secular jamais entende a motivação do crente. Ao ser perguntado a respeito da motivação cristã, o descrente afirma que o Cristianismo é praticado com propósitos egoístas, ou pela necessidade de uma muleta, ou ainda por uma questão de identidade social. Sem dúvida alguma, todas essas motivações podem ser vistas em membros de igrejas. Mas a força propulsora de um viver cristão autêntico é, e deve sempre ser, não a esperança do lucro, mas o coração de gratidão.

É exatamente esse o princípio que Paulo desejar ensinar. Nos primeiros onze capítulos de Romanos, ele definiu o Cristianismo. Agora, ele descreve o Cristianismo.

Logo no início do capítulo 12, Paulo revela a motivação para a conduta cristã. Veja Romanos 12.1a:

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus…

Deixe-me ampliar esse verso com uma paráfrase a fim de enfatizar os tempos verbais e as nuanças transmitidas pelo vocabulário que Paulo escolhe. Ele escreve:

Eu imploro e rogo a vocês, irmãos, à luz de, por causa de, pelo fato de terem se tornado recipientes das grandes misericórdias de Deus, ofereçam a si mesmos como presentes ousados, constantes e diários a Deus.

A propósito, caso você não tenha percebido, antes de Deus pedir que façamos algo para Ele, Ele pede que nos entreguemos totalmente a Ele.

Lembre-se, Paulo escreve aos irmãos. Ou seja, ele desafia o crente a uma vida de submissão; a decidir diariamente viver aquilo que você crê; a não somente professar o Cristianismo, mas demonstrar o Cristianismo.

Quatro Palavras que Descrevem Uma Vida de Sacrifício a Deus

Existem quatro palavras nas quais ponderei enquanto meditava em Romanos 12.1. Essas são quatro palavras que descrevem o pedido de Paulo para que crente viva uma vida de sacrifício a Deus. Elas são:

  • disponibilidade;
  • totalidade;
  • aceitabilidade;
  • humildade.

Disponibilidade e Totalidade

“Disponibilidade” é a ideia embutida no verso “apresenteis:” que apresenteis o vosso corpo.

“Totalidade” está no fato de Paulo não nos pedir a fazer somente uma apresentação verbal. Ele escreve: que apresenteis o vosso corpo.

Por que ele fala de forma tão específica assim? Porque o Espírito Santa sabe que cada um de nós tem o mesmo problema: temos dificuldades em entregar nosso corpo a Deus.

Agora, lembre-se de nosso estudo anterior. O termo corpo inclui tudo a nosso respeito:

  • nossas emoções dentro de nosso corpo—não queremos que Deus controle nossas emoções;
  • nossos planos dentro de nossa mente—não queremos submeter nossos planos a Deus;
  • nossa vontade dentro de nosso espírito—não queremos render nossa vontade a Deus.

Deus diz, “Entregue-me toda sua vida.”

Nós dizemos, “Senhor, Te entrego algumas áreas de minha vida.”

É mais fácil entregar algumas coisas a Deus do que nos entregar a Deus.

É mais fácil voluntariar algumas horas da semana para fazer alguma obra de caridade do que entregar totalmente a Deus nossa agenda.

Quando a bandeja de ofertas passa em nossa frente, pensamos, “Darei a Deus um dinheiro; acho que já será o suficiente.”

O crente em geral de alguma forma caiu no pensamento errado de que é possível comprar nossa saída da Grande Comissão.

Em Romanos 12.1, Deus não chama uma instituição, mas um indivíduo a uma vida fervorosa de submissão a Deus.

Paulo emprega a expressão sacrifício vivo. Ao lerem essa expressão, os crentes romanos gentios e judeus pensariam imediatamente no sistema de sacrifícios do Antigo Testamento.

Na Antiga Aliança, o sistema do templo era de sangue e morte. Diariamente, semanalmente, mensalmente, anualmente e em ocasiões especiais, os altares do templo transbordavam com sangue dos sacrifícios de feras e pássaros. O templo era um grande matadouro.

Quando o sacerdote terminava seu serviço, seu manto estava respingado com sangue. Havia sangue em seu rosto, em sua barba, mãos, braços e pés; suas sandálias ficavam oleosas de tanto sangue.

Nenhum animal era sacrificado apenas pela metade; nenhum deles recebia do sacerdote a garantia, “Veja, não se preocupe, quando isso acabar, vou pegar suas orelhas e colocá-las novamente no pasto; vou deixar suas pernas de fora do altar e depois colocá-las próximas à cerca onde você costumava pastar.”

O sacrifício era usado em sua totalidade.

Agora, Paulo utiliza essa mesma linguagem para falar do crente do Novo Testamento. Contudo, nessa analogia, você não traz mais um sacrifício, você se torna o sacrifício, um sacrifício vivo—seus olhos, ouvidos, mãos, pés e todas as partes e funções de seu corpo; sua mente, emoções, vontade, os quais sentem, sonham, regozijam-se, sofrem e planejam.

Será que estamos disponíveis? Em seguida, será que seremos gastos em nossa totalidade?

O pastor de jovens de nossa igreja escreveu recentemente uma carta a eles contendo verdades interessantes e até humoradas. Ele escreveu, “A maioria dos crentes deseja servir a Deus na posição de conselheiro.”

O Senhor ainda não criou essa posição de conselheiro e nos convidar para ocupá-la. Paulo escreveu em Romanos 11.34:

Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?

Aceitabilidade

Além de disponibilidade e totalidade, ainda temos a palavra “aceitabilidade.”

Que tipo de sacrifício Deus exige de nós? Paulo descreve com as palavras vivo, santo.

Esse tipo de sacrifício é aceitável a Deus.

  • um sacrifício vivo está ligado à totalidade de sua vida;
  • um sacrifício vivo está ligado a pureza de vida.

Esse é o sacrifício aceitável a Deus, Paulo escreve no verso 1.

Será que uma noiva a caminho do altar se preocupa com seu cabelo? Será que ela pisaria em uma poça d’água sem se preocupar com o seu vestido?

Será que traremos um cordeiro impuro para o altar? Será que apresentaremos fruto podre a Deus ou farinha com verme?

Será que Deus se importa?

Será que nós, a noiva de Cristo, andaremos pela vida em direção ao casamento com o Cordeiro arrastando nosso vestido nas poças do pecado? Será que nos importaremos com isso?

A motivação para um viver santo é a gratidão. Veja quem é o nosso Noivo! Olhe para Ele! Como diz a letra de um hino:

Coroai-o com muitas coroas, o Cordeiro sobre o trono.

Ouvi! Como o hino celestial afoga toda a música menos a sua própria.

Desperta, minh’alma, e cante sobre Ele que morreu por Ti.

E aclamai-O como teu Rei por toda eternidade.

Essa música não começa no céu somente; ela começa aqui embaixo.

Coroai-O Senhor do amor; vede Suas mãos e lado,

Aquelas feridas, apesar de visíveis, glorificadas em beleza…

Todos salve o Redentor, salve! Porque morreste por mim,

Teu louvor e glória não cessarão por toda eternidade.

Como não sermos gratos a Deus? De pensar que somos tanto a noiva e o presente de casamento—oferecendo nossa gratidão fervorosa, tudo o que temos e somos ao nosso Parente Redentor.

Humildade ou Espírito Ensinável

Agora, Paulo resume sua analogia do sacrifício ao fazer mais uma declaração com mais uma palavra. Disponibilidade, totalidade, aceitabilidade e, por fim, “humildade.”

Paulo escreve no verso 1,

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

Culto Racional

Na língua grega, existem duas palavras que compõem a expressão culto racionallogiken latreian.

Racional—lógico, sensível

A primeira palavra, logiken, origina o nosso termo “lógico,” significando, “sensível, racional.” De forma bem simples, Paulo diz, “Usem a cabeça.”

A coisa mais racional que você, crente, pode fazer, à luz do que Deus realizou por você—por causa do que Ele tem feito por você e ainda fará, à luz de Sua glória, esplendor, graça misericórdia, amor e tudo mais que você aprendeu sobre Deus nos primeiros onze capítulos de Romanos—é usar a sua cabeça!

“O conselho mais sábio que posso dar a você,” Paulo escreve, “é que você se torne um sacrifício vivo e santo a Deus.”

A coisa mais inteligente, sábia e intelectualmente brilhante é dizer, “Eis-me aqui, Senhor!”

No caso do crente, fazer outra coisa qualquer é tolice; um compromisso parcial é irracional. Conhecemos a Deus, sabemos o que o futuro reserva e o que será.

Então, qual é a sua motivação? Pelo que você é fervoroso?

Outro dia eu estava na fila em um restaurante. Um homem de uns sessenta anos à minha frente começou a expressar sua frustração por haver desperdiçado a oportunidade de investir nas ações daquele restaurante. Ele disse, “Você sabia que se eu tivesse investido hoje eu seria um homem muito rico?”

Ele explicou como aquela empresa havia valorizado bastante. Obviamente, ele ficara incomodado com aquilo. Fiquei pensando, “Por que esse cara vem para este restaurante se fica tão incomodado assim como o que aconteceu?” Quando eu vou para lá, a única coisa que tenho em mente é a comida boa que servem.

Paulo diz, “Deixe-me dar um conselho a você: disponibilidade, totalidade e aceitabilidade a Deus é toda a fortuna que você precisa.”

O avô de John MacArthur, se me lembro corretamente, foi um pastor. Ele tinha, escrito em sua Bíblia, um poema que passou de geração a geração. Esse poema fala do crente que se coloca no Bema de Cristo, que é o local de recompensa por uma vida de submissão. Ele diz:

Quando estiver de pé diante do trono de julgamento de Cristo, e Ele me mostrar Seu plano, e me mostrar que fui um empecilho para Ele aqui e atrapalhei ali, não cedi minha vontade, será que haverá tristeza nos olhos do meu Salvador, tristeza apesar de ainda me amar? Ele me faria rico, mas estou eu aqui, pobre, perdi tudo, menos a Sua graça, enquanto a memória corre como uma presa, descendo um caminho que não posso trilhar novamente. Então, meu coração desolado quase se partirá em lágrimas que não posso derramar. Cobrirei meu rosto com minhas mãos vazias; baixarei minha cabeça desprovida de uma coroa.

Como viver uma vida recompensadora? Paulo nos fornece seu conselho. Em Romanos 12.1, ele escreve: esse é o seu culto racional e lógico.

Culto—atos de adoração

A primeira palavra significa “lógico;” a segunda palavra, latreian, se refere a uma vida de devoção e atos de adoração.

O que são atos de adoração? Paulo escreveu em 1 Coríntios 10.31:

Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.

Em outras palavras, verdadeira adoração é uma oferta a Deus em nossa rotina do dia-a-dia.

Não existe uma divisão entre vida santa e vida secular. Tudo, todas as áreas e detalhes, é sua oferta a Deus.

Li a história de um pastor que estava ouvindo dois membros da igreja conversando sobre a compra de uma casa. Um perguntou ao outro, “Quem construiu aquela casa?”

Quando ele respondeu dizendo o nome do construtor, o homem disse ao seu amigo, “Ah, então você não precisa se preocupar quanto à qualidade da construção… aquele homem é crente e ele coloca o Cristianismo dele em todas as casas que constrói.”

A. W. Tozer coloca isso da seguinte forma, “O trabalho feito por um adorador de Deus terá a eternidade estampada por todo lado.”

Não importa o que seja, tudo é um ato de adoração proveniente de um coração grato a Deus.

Esta é a nossa motivação: disponibilidade, totalidade, aceitabilidade e humildade.

Portanto, irmãos, eu rogo a vocês à luz de, porque nos tornamos recipientes das grandes misericórdias de Deus, apresentem-se corajosa, contínua, diária e decisivamente como um presente a Deus.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 06/03/2005

© Copyright 2005 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

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