Lutando para Se Ajoelhar

Lutando para Se Ajoelhar

by Stephen Davey Ref: Romans 1–16

Lutando para Se Ajoelhar

Afeições de um Homem Piedoso – Parte 2

Romanos 1.9–10

Introdução

Ultimamente, eu tenho pregado uma série de mensagens para homens. A reação de vários homens tem sido encorajadora e tocante.

Um homem chegou para mim brincando e disse: “Sabe, percebi no decorrer dos anos que você pega mais pesado e é maus duro com os homens do que com as mulheres.”

Ele está provavelmente certo. Eu creio que a responsabilidade fundamental para liderar a igreja, o lar, o casamento e a família é a responsabilidade do pastorado e todo homem, de alguma forma, é um pastor.

Outro homem me enviou algumas coisas engraçadas sobre mulheres e casamento. A princípio eu pensei que elas seriam insensíveis demais para repetir. Mas após o outro comentário que acabei de fazer, acho que posso arriscar balancear as coisas entre homens e mulheres lendo uma dessas coisas engraçadas.

Um cara disse: “Eu me casei com a Senhora Certa. Só não sabia que seu primeiro nome era Sempre.”

“A última discussão que tive com minha esposa foi minha culpa,” disse um homem.

“Ah é, por quê?”

“Bom, ela me perguntou se havia algo de interessante na TV. Eu respondi: ‘Não, só poeira mesmo.’”

Acho que está bom, não é?

Comecei a falar diretamente com os homens de nossa congregação em uma série de mensagens intitulada “As Afeições de um Homem Piedoso.” Todavia, as verdades de Romanos 1 certamente se aplicam a todos os crentes. Elas são, creio eu, qualidades que todas as mulheres devem orar para que seus maridos venham possuir; elas são características que cada filha deve buscar em seu futuro marido; e elas são qualidades que cada filho deve ansiar um dia possuir.

Quando Paulo escreveu aos crentes que moravam em Roma, Itália, começando no capítulo 1 verso 8, dentre várias outras verdades maravilhosas, vemos um toque pessoal do apóstolo Paulo. Esse é o homem que nos surpreende com sinceridade ao escrever em 1 Coríntios 4.16:

Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores.

Ele podia dizer isso, não porque fosse perfeito, mas porque estava progredindo em sua caminhada e estava um pouco mais à frente que os demais.

Nos versos que estamos prestes a observar hoje em Romanos 1, descobriremos várias coisas a respeito de Paulo. Quais eram seus pensamentos? Quais eram seus anseios? Qual atividade ele realizava com mais fervor? O que determinava suas afeições na vida?

Também descobriremos um modelo para cada homem. Esse modelo é de um homem que não estava atrás do púlpito, nem detrás de uma escrivaninha na universidade, nem diante de uma plateia pública fazendo algum discurso bem elaborado, mas um homem que estava de joelhos.

E.M. Bounds nasceu em 1835. Certa vez, esse advogado serviu como capelão durante os anos da Guerra Civil nos Estados Unidos no final do século 19. Ele passou os últimos anos de sua vida orando e escrevendo. Seus escritos seriam ignorados por muitos anos após sua morte, mas suas palavras são tão verdadeiras hoje como foram em qualquer outro momento da história moderna. Ele escreveu:

Estamos sempre nos esticando, se não até nos prejudicando, para criar novos métodos, novos planos, novas organizações para fazer com que a igreja avance... mas enquanto a igreja busca métodos melhores, Deus anseia por homens melhores. O que a igreja precisa hoje não é de mais maquinário, nem novas organizações ou novas metodologias, mas de homens que o Espírito Santo possa usar – homens poderosos em oração. O Espírito Santo não age por meio de métodos, mas por meio de homens. Ele não habita em maquinários, mas em homes. Ele não unge planos, mas homens – homens de oração.

O Quarto de Oração do Apóstolo Paulo

Convido você a entrar comigo no quarto de oração do apóstolo Paulo e descobrir quais são as afeições de um homem verdadeiramente piedoso. Vamos começar lendo os versos 8 a 10 de Romanos 1:

Primeiramente, dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé. Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós em todas as minhas orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos.

Enquanto Paulo passa por sua lista de oração, é impossível não notar vários elementos a respeito de seu caráter.

A devoção piedosa de Paulo

  • Primeiro, observe a devoção piedosa de Paulo.

Devoção é o mesmo que uma aliança sagrada, uma reverência. Paulo escreve no verso 9: Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito.

Eu creio que Paulo usa as palavras “em meu espírito” a fim de transmitir a intensidade de sua devoção a Deus. Ele diz, com efeito: “Eu sirvo a Deus com todo o meu ser;” ou, “com todo o meu coração.” Essa é uma expressão que revela profunda emoção.

Adicione-se a isso ainda o fato de a palavra “sirvo” é o termo grego “latreuo,” que geralmente é traduzido como “adorar.” Ele combina as noções de devoção e ação. Adorar é viver para Deus e servir a Deus é adorar a Deus.

Nessa frase, Paulo está dizendo: “Minha vida inteira, meu ser, meu trabalho, meu serviço é devotado à honra e glória de Deus.”

Você pode dizer: “Bom, Paulo tem que dizer isso. Tipo, ele é um apóstolo e apóstolos devem viver dessa maneira.”

Seria muito bom poder concordar com você porque, assim, todos nós estaríamos isentos dessa responsabilidade. Contudo, existe um verso problemático ao qual me referi no início de nosso estudo, onde Paulo diz: “Sejam meus imitadores! Vivam como eu vivo! Estou mostrando apara vocês como caminhar; portanto, andem como eu ando!”

Vida piedosa não é esporte, é trabalho. Não é algo que você faz apenas quando sente vontade de fazer, ou quando tem tempo livre, ou se você é naturalmente bom. Paulo disse a Timóteo em1 Timóteo 4.7: “...exercita-te na piedade...”. Ele diz que devemos nos exercitar ou treinar. O termo “exercita-te” é a palavra “gymnazo,” de onde derivamos nosso termo “ginásio.” Em outras palavras, “Timóteo, entre no ginásio do Espírito e malhe na Palavra de Deus. E se você não produzir suor espiritual, então você provavelmente não está malhando duro o suficiente.”

Um pouco mais adiante no mesmo parágrafo, Paulo diz a Timóteo que a piedade é algo pelo qual lutamos e labutamos. O termo “labor” vem do grego “agonizar.” Portanto, Paulo fala de conquistar a piedade usando palavras como “agonizar” e “exercitar,” assim como um atleta treinava e se esforçava para fazer sua corrida. De fato, Paulo usa essa mesma analogia em 1 Coríntios 9.

Eu já ouvi pessoas dizerem: “Eu não leio a Bíblia porque ela é muito difícil de entender,” ou, “Não oro como deveria porque nunca foi algo fácil para mim,” ou, “Gostaria muito de poder decorar versos da Bíblia, mas isso toma muito tempo.” Essas pessoas nunca entenderam que vida cristã bem-sucedida requer suor espiritual.

J. Sidlow Baxter foi um pastor no início dos anos de 1900. Num dado momento em seu andar e progresso em Cristo, ele fez uma inspeção em seu próprio coração. Ele descobriu que uma parte dele queria orar, e outra parte não. A parte que queria orar era sua vontade e intelecto; a parte que não queria era a de suas emoções. Ele escreveu sobre como lutou muito a fim de conseguir vitória pessoal.

Como nunca antes, eu e minha vontade ficamos face a face. Fiz uma pergunta bastante direta à minha vontade: “Vontade, você está pronta para uma hora de oração?”

A Vontade respondeu: “Aqui estou, e estou pronta, caso você também esteja.”

Então, a Vontade e eu demos os braços e fomos para uma hora de oração. De uma só vez, todas as emoções começaram a nos puxar para o outro lado a protestar: “Nós não iremos.”

Percebi a Vontade hesitando um pouco e perguntei: “Vontade, você consegue aguentar um pouco ainda?”

A Vontade respondeu: “Consigo, se você conseguir.”

Então a Vontade foi e nos ajoelhamos para orar, arrastando conosco aquelas emoções turbulentas que se retorciam. O tempo inteiro foi uma grande luta. Em um dado momento, quando a Vontade e eu estávamos no meio de uma intercessão concentrada, de repente vi que uma daquelas emoções traidoras havia armado uma cilada e capturado minha imaginação, conduzindo-a para os esportes; e fiz de tudo para conseguir arrastar aquele cafajeste de volta. Um pouco depois, vi que outra das emoções tinha escapado com alguns pensamentos desprevenidos. Ao final daquela hora, se você me perguntasse, “Você teve um bom tempo em oração?” minha resposta seria: “Não, foi uma hora de constante luta contra emoções opostas e imaginação  negligente do início ao fim.”

Bom, essa luta continuou por algum tempo. E se você me perguntasse: “Você teve um bom tempo em oração?” Eu então teria que confessar: “Não, às vezes, o céu parece ser de bronze e Deus bastante distante, e o Senhor Jesus estranhamente indiferente, e a oração realizando nada.”

Contudo, algo estava acontecendo. Uma coisa é certa, a Vontade e eu estávamos aos poucos ensinando a Emoção que somos completamente independentes dela. Também, em uma dada manhã, pouco antes de a Vontade e eu irmos para nosso tempo de oração, ouvi uma das emoções cochichando com  outra: “Pessoal, não desperdice seu tempo. Eles irão de qualquer forma.”

Aquela manhã, pela primeira vez, apesar de as emoções não estarem cooperando umas com as outras, pelo menos estavam caladas, o que permitiu que a Vontade e eu continuássemos orando sem qualquer distração. Daí, algumas semanas depois, o que você acha que aconteceu? Durante um de nossos momentos de oração, quando a Vontade e eu não estávamos nem mais pensando nas emoções, uma das emoções mais fortes de repente se levantou e gritou alto: “Aleluia!” Com isso, as outras emoções responderam: “Amém.”

E pela primeira vez, todo o meu ser – intelecto, emoções e vontade – estava unido em uma operação coordenada de oração.

Meus amigos, uma vida piedosa nunca é uma coincidência!

As afeições de um homem piedoso por uma vida piedosa o impulsiona a persistir em uma vida longa de devoção para constantemente batalhar contra a carne; lutar e agonizar na busca pela pureza em cada âmbito de seu ser; para resistir a filosofia do sistema deste mundo até que corpo, alma e espírito cooperem para uma vida santa e verdadeira para Cristo e Sua igreja. Ou seja, um homem santo não surge do nada!

Você gostaria de se ajoelhar e implorar a Deus para transformá-lo em um homem santo? Se sim, prepare-se para, em algum momento, proferir palavras estranhas como estas: “Estou completamente devotado a Deus com todo o meu coração.”

Observe a oração piedosa de Paulo

  • A segunda coisa a observar em Paulo no verso 9 é sua oração piedosa.

Digo as palavras “oração piedosa” propositadamente, porque é perfeitamente possível orar de forma impiedosa.

Tiago capítulo 4 nos conta como, ao repreender os crentes por pedirem a Deus por coisas com motivos interesseiros a fim de terem vidas mais fáceis, e mais conforto e mais bens materiais. Ele escreve no verso 3:

pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.

Note como Paulo orou na última parte do verso 9:

Porque Deus… é minha testemunha de como incessantemente faço menção de [mim mesmo] em todas as minhas orações

“Ah, e como eu tenho problemas. Recentemente, eu descobri que havia uma conspiração para me assassinar.”

E realmente houve.

“Eu já tinha problema suficiente com a lei. Na verdade, ainda estou com machucados da última surra. Não passa nem sequer um dia sem que eu ore por mim mesmo e eu gostaria que vocês, em Roma, fizessem o mesmo e orassem por mim.”

Não, acho que li errado o verso 9:

Porque Deus… é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós em todas as minhas orações…

Paulo escreveu aos crentes de Éfeso no capítulo 3, vero 14:

Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai

Mas Paulo, o que o leva a dobrar os joelhos dessa maneira? Continue nos versos 16 a 19 para descobrir:

para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor,  a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.

Na maioria das vezes, quando me ponho de joelhos, eu peço para que Deus realize essas coisas ao meu favor; Paulo se ajoelha e ora para que Deus realize essas coisas a favor de outras pessoas.

Paulo escreveu em Filipenses 1.8-11:

Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus. E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.

Você notou a primeira frase? Paulo escreveu: “Eu anseio para que todos vocês coloquem suas afeições em Cristo Jesus. E eu oro...”.

Em outras palavras, as afeições de um homem piedoso por Jesus Cristo produzem nele um anseio que o conduz a se envolver em oração altruístas e piedosa a favor do bem-estar espiritual e físico de outras pessoas. As afeições de um homem piedoso são reveladas no fato que ele não:

  • Vive para si mesmo;
  • Pensa em si mesmo;
  • Fala de si mesmo;
  • Investe dinheiro em si mesmo;
  • Ora por si mesmo; nem
  • Serve a si mesmo.

Você pode dizer: “Ah, não faça isso. Espere aí, quem você pensa que eu sou?” E vou ser ainda mais ousado aqui e adicionar outra coisa à lista. O homem piedoso não:

  • Vive para si mesmo, e nem para sua família;
  • Pensa em si mesmo, e nem em sua família;
  • Fala de si mesmo, e nem de sua família;
  • Investe dinheiro em si mesmo, e nem sua família;
  • Ora por si mesmo, e nem por sua família;
  • Serve a si mesmo, e nem a sua família.

Tiago escreveu no capítulo 1, verso 27:

A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.

Em outras palavras, você pratica a piedade ao servir, cuidar e se preocupar com pessoas que não tem nenhum relacionamento om você e nem podem retribuir nada. Cuidar e orar e investir em pessoas que estão fora de sua inclinação natural e esfera familiar de cuidado e oração e preocupação, às vezes é o melhor termômetro para medir a verdadeira piedade.

Você já parou para pensar que Paulo, em Romanos 1, está preocupado e desejando e constantemente orando por pessoas que ele nunca conheceu?

  • No verso 9: “...de como incessantemente faço menção de vós…”;
  • No verso 10a: “…em todas as minhas orações, suplicando…”; e pelo o que ele suplica?
  • No verso 10b: “...suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de visitar-vos…”.

Observe o planejamento piedoso de Paulo

  • Já descobrimos a devoção piedosa de Paulo e sua oração piedosa. Agora, no verso 10, iremos descobrir o planejamento piedoso de Paulo.

Como gosto da sinceridade de Paulo. Ele escreve na segunda parte do verso 10: pela vontade de Deus.

Foi impossível não me recordar do modelo de oração que o Senhor ensinou. Esse modelo está registrado em Mateus 6, verso 10:

venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;

Nós não oramos para que a nossa vontade seja feita no céu; oramos para que a vontade de Deus seja feita na terra.

Paulo diz: “Tenho ansiado e orado. Gostaria muito de poder ir até Roma, mas irei apenas se for da vontade de Deus.”

Meu amigo, o que em sua vida, neste dia, exige direção e liderança divinas antes que você dê o próximo passo? O que em sua vida você fará ou não fará, dependendo da direção dada por Deus? Colocando de outra maneira, existe algo em sua vida que você pensa em fazer que Deus não quer que você faça? Ou existe algo que você não está fazendo, mas que Deus seria honrado se você fizesse?

A vida de Paulo era guiada pela vontade de Deus e seus planos eram banhados em oração. Sua vida era governada pela submissão à liderança de seu Senhor soberano, conforme ele disse: pela vontade de Deus.

Temos a ideia que Paulo deseja muito fazer algo, mas esperou em oração para que a mão de Deus mostrasse o caminho.

Martinho Lutero, o reformador e mentor espiritual da igreja no início dos anos de 1500, geralmente tinha alunos à mesa para refeições. Em certa ocasião enquanto comiam, Lutero notou seu cachorro, que estava sentado no chão próximo a ele, observando-o com a boca aberta e totalmente inerte, com um olhar de “pidão.” Lutero comentou: “Ah, se eu pudesse orar com o mesmo olhar que esse cachorro tem ao ver a carne no meu prato! Todos os seus pensamentos se concentram nesse pedaço de comida. Ele não pensa em mais nada, não deseja mais nada, não espera por mais nada.”

Que analogia maravilhosa de um home piedoso que espera no Deus vivo e verdadeiro. Vemos Paulo como esse homem que se ajoelha e ora e espera, e ora de novo e espera mais uma vez pelas bênçãos e prazer de Deus em sua vida e nas vidas de todos os que chama pelo nome de Cristo.

Conclusão

Que grande mentor Paulo era e ainda é; que exemplo de um homem piedoso que tinha suas afeições nas coisas certas.

Gostaria de ler algumas páginas de um capítulo de um livro que fala sobre um home piedoso ensinando a piedade ao seu filho já adulto. O título do capítulo é: “Obrigado por me Ensinar o Valor da Humildade.”

Esta imagem de meu pai que estou prestes a compartilhar com você foi tirada no outono de sua vida. Final do outono. A mudança de cores nas folhas do outono marca o ápice da estação. Assim como uma árvore robusta, as cores verdadeiras de meu pai ficaram mais vibrantes no fim de sua vida. Na noite anterior antes de eu assumir meu posto no senado em 1995, meu pai ajuntou alguns poucos amigos e familiares para jantar. Ao ver um piano no canto da sala, meu pai disse: “John, por que você não toca piano para nós?”

“Certo, pai. Pode escolher a música. Toco o que o senhor quiser.”

E ele escolheu sua música predileta.

Após a música, retirei minhas mãos vagarosamente das teclas do piano e, pensando em voz alta, eu disse: “Estamos todos aqui tento um tempo muito bom juntos, mas gostaria mesmo é de estar em um culto de dedicação (antes de cada inauguração minha como governador, vários amigos meus se juntavam para um culto a meu pedido e convidávamos Deus para estar presente tanto nas festividades de inauguração, como em minha administração).

Um grande amigo meu disse: “Podemos organizar um culto de dedicação, John.”

Conforme a sugestão dele, nos reunimos na manhã seguinte em uma casa mantida por um grupo de amigos par o propósito específico de reunir membros do Congresso para crescimento espiritual.

Começamos com uma conversa informal e depois cantamos um ou dois hinos. Naquele tempo, não sabia quão fraco meu pai estava. Ele tinha perdido peso no decorrer dos meses de novembro e dezembro e havia dito a um conhecido dele: “Estou pendurado por um fio; e é um fio muito fino, mas ainda vou ver meu filho John se tornar senador.”

Enquanto conversávamos, a voz firme de meu pai chamou a atenção de todos. “John,” disse meu pai, “por favor, ouça atentamente.” Meus filhos e eu fixamos os olhos nele.

“O espírito de Washington é arrogância,” disse meu pai, “e o espírito de Cristo é humildade. Revista-se do espírito de Cristo. Nada de valor duradouro foi conquistado com arrogância.”

De repente, toda a sala se calou. Não houve conversa, nem gracejo, nem cochicho. Foi um momento profundo. E todos ali estavam cientes disso.

Por alguns minutos, conversamos cobre as palavras ditas por meu pai. Depois, pedi que alguém orasse.

Ajoelhei-me diante do sofá no qual meu pai estava sentado. Todos se colocaram de pé ao meu redor, colocando suas mãos sobre minha cabeça, ombro e costas. Todos estavam de pé quando vi meu pai balançando os braços na tentativa de se levantar daquele sofá acolchoado. Com o coração já prejudicado, operando com menos de um terço de sua capacidade, ele estava gastando cada pedaço de energia que tinha, mas não estava fazendo muito progresso.

Eu me senti muito mal. Sabendo que ele não tinha a força necessária, disse: “Pai, você não precisa lutar desse jeito para ficar de pé aqui com meus amigos.”

“John,” meu pai respondeu, “não estou lutando para ficar de pé; estou lutando para me ajoelhar.”

Algumas declarações são tão profundas que até demoram um tempo para penetrar; outras acertam você com a força de uma explosão nuclear.

Aquelas palavras me levaram de volta às manhãs antigas quando eu era criança e me juntava a ele de joelhos, orando para que fizéssemos coisas nobres. Agora, ainda de joelhos, ele estava me levando lá mais uma vez.

Na noite seguinte após meu juramente como senador, minha esposa e eu fomos acordados com um barulho na grade de nosso apartamento em Washington. Era meu amigo. Ele veio me informar a respeito da morte de meu pai. Daí, ele me disse o seguinte:

“Ontem, teu pai me puxou de lado e me disse: ‘Quero que você se certifique que, quando John começar seu ofício de senador, você irá orar com ele, convidando a presença de Deus dentro daquelas salas.’

“Eu olhei para o seu pai e disse: ‘Nós faremos isso. E, na verdade, iremos chamar você e colocá-lo no telefone para que possa se juntar a nós para a consagração.’”

“Seu pai me agarrou pelo braço e disse: ‘Você não está me entendendo. Não estarei mais aqui para falar com vocês pelo telefone.’”

“Ele sabia o que estava se aproximando, John. Ele sabia muito bem.”

Meu pai tinha pouca energia restante nos últimos dias de sua vida. E ele escolheu passar seus últimos dias transmitindo para mim seu mais profundo entendimento a respeito da vida. Seu coração fez um esforço final e valoroso; depois disso, ele partiu.

Adeus, papai.

Obrigado pelas lições.

E obrigado por lutar para se ajoelhar.

Eu ainda estou lutando para aprender.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 17/12/2000

© Copyright 2000 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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