Julgando Jezabel

Julgando Jezabel

Series: Apocalipse
Ref: Revelation 1–22

Julgando Jezabel

Uma Encomenda Especial—Parte 7

Apocalipse 2.18–29

Introdução

Assim como um professor faz com os trabalhos e provas de seus alunos, Jesus Cristo começou um processo de avaliação de Sua igreja—corrigindo seus trabalhos, observando como ela faz seus testes, julgando sua atitude e observando seu espírito. Ele está enviando relatórios para a liderança da igreja e a igreja inteira lerá esses relatórios.

Acho interessante o fato de que o relatório mais longo de Cristo é enviado à menor igreja, localizada em um lugar relativamente insignificante no mapa do Império Romano.

Plínio o Presbítero, que viveu no século primeiro, fez referência a “Tiatira e outras comunidades sem importância.”

Contudo, nessa carta à igreja de Tiatira em Apocalipse 2, são reveladas algumas das verdades mais importantes.

Rigorosas? Sim! Dogmáticas? Sem dúvida!

Ao mesmo tempo, essas são verdades que não somente poderão resgatar essa igreja distraída, mas também libertar igrejas hoje que se curvam diante de noções politicamente corretas de nossa cultura. O dogmatismo da palavra de Cristo também resgatará a igreja da condição atual da religiosidade que inibe a vitalidade da igreja.

Jesus Cristo diz em Apocalipse 2.18:

Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido:

Novamente, o Senhor escolhe uma das descrições a Seu respeito encontradas em Apocalipse 1 e reapresenta uma ou duas mais delas que se encaixam com a igreja específica para a qual envia a carta. Ele diz:

...que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido

Em outras palavras, Seus pés são vermelhos como uma fornalha. Essas descrições são tanto confortadoras como aterrorizantes.

A igreja de Éfeso estava caminhando para distante de seu relacionamento de amor com Cristo, e Cristo então se apresenta dizendo em Apocalipse 2.1, “Eu caminho em seu meio.”

A igreja de Esmirna estava encarando perseguições severas e a morte, então Jesus Cristo disse no início da carta em Apocalipse 2.8, “Eu também morri, mas tenho o poder sobre a morte e voltei à vida.”

À igreja de Pérgamo que não conseguia discernir o bem e o mal, mas combinava os dois como fazem bons flexitarianos, Jesus Cristo se apresenta em Apocalipse 2.12 como Aquele cuja palavra é uma espada de dois gumes; ou seja, “capaz de cortar a máscara da igreja, discernindo os pensamentos e propósitos do coração.”

Agora, à igreja de Tiatira, que não queria disciplinar pecadores não arrependidos em seu meio e remover os pródigos da igreja, Jesus Cristo diz, “Estou vindo com olhos como chama de fogo e com os pés vermelhos terríveis do julgamento.”

 

Elogio de Cristo à Igreja de Tiatira

Primeiro, contudo, como sempre, o Supremo Pastor gracioso começa com um elogio ao louvar a igreja de Tiatira por aquilo digno de louvor. Mais provavelmente, como Jesus sugere no final da carta, esses elogios dizem respeito somente àqueles na igreja que ainda estavam permanecendo na verdade.

Em Apocalipse 2.19, Jesus Cristo louva os fiéis por seis características. Eles os elogia:

  • Por obras ou labor;
  • Amor ou “agape;’
  • Serviço, do termo grego diakonia, do qual derivamos a palavra “diácono.” Tudo indica que o rebanho não havia deixado o serviço somente nas mãos dos servos, mas servia a igreja;
  • Perseverar sob dificuldade ou perseverança paciente—temos algumas dicas do que os crentes estavam enfrentando, mas Cristo sabia exatamente no que eles perseveravam e os louva por isso;
  • Não esmorecerem em seus esforços em fazer tudo o que acabei de citar—diferente de Éfeso, os crentes de Tiatira, como vemos em Apocalipse 2.19, realizavam obras mais numerosas do que as primeiras; ou seja, em ritmo mais acelerado do que nos primeiros dias.

Essa igreja era ocupada, amorosa, compromissada, fiel, paciente no sofrimento e buscava realizar coisas ainda maiores para Deus do que antes.

Eu li que uma igreja em média tem doze anos bons antes de entrar em declínio, antes de começar a diminuir seu ministério de evangelismo, cair o número de conversões a Cristo, batismos, discipulado, crescimento, novos membros, novas ideias, novos projetos e perder seu espírito de expectativa. Depois de doze anos, as igrejas em geral caem em apatia e esquecimento espiritual.

Esse não era o caso, porém, com a igreja de Tiatira. Essa igreja tinha pelo menos sessenta anos e ainda estava progredindo! Contudo, sabendo disso ou não, ela estava em grande perigo.

Críticas de Cristo à Igreja de Tiatira

Agora, lemos as críticas, a avaliação negativa do Senhor à igreja de Tiatira. Veja Apocalipse 2.20:

Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.

Possivelmente mais do que qualquer outra igreja mencionada até agora, essa tentação teria sido especialmente difícil para os crentes de Tiatira lutarem.

Pela história, sabemos que essa cidade era um centro comercial e associações comerciais, as quais incluíam tecelões de lã, linho, mantos e tecidos, couro, curtidores de couro, oleiros e até mesmo daqueles que trabalhavam tingindo tecidos. Lídia, por exemplo, mencionada em Atos 16.14, era uma vendedora de tecido de púrpura natural de Tiatira.

Púrpura era algo extremamente caro e provinha de duas fontes: da raiz da garança que crescia na região de Tiatira, e de uma concha chamada murex. A partir dessa pequena concha podia-se extrair uma gota de tintura.

O processo era caro e o produto caríssimo de se adquirir. Esse era um dos motivos porque a púrpura estava geralmente associada com os mantos dos imperadores.

Na verdade, você pode se recordar de que, quando os soldados ridicularizaram Cristo quando batiam nEle e zombavam dEle antes da crucificação, eles colocaram sobre Ele um manto de púrpura, zombando dEle porque dizia ser rei (Marcos 15.17–18).

Tiatira era conhecida por produzir tecido de púrpura. Essa cidade era movimentada com suas atividades e negócios.

Baseado em inscrições escavadas na antiga Tiatira, arqueólogos concluíram que Tiatira concentrava mais associações comerciais do que qualquer outra cidade de seu tamanho em toda Ásia.

Isso gerou um problema para a igreja. O desafio em tudo isso era o de que cada profissão tinha um deus ou deusa. Se os negócios prosperavam, o crédito era do seu deus; se o negócio minguava, os mercadores oravam ao deus de sua profissão.

As associações geralmente realizavam festas juntas, oferecendo libações ao seu deus antes e depois da refeição. Uma libação era como dar graças antes de comer, fazer uma oração de ação de graças ao padroeiro ou padroeira.

Se desejassem prosperar em seu mundo, os crentes tinham que pertencer a alguma associação. Eles tinham que comprometer seus valores e afrouxar as coisas. Esse comprometimento poderia levar a corrupção carnal.

Também sabemos que, ao final dessas festas de associações, nas quais esperava-se que os mercadores participassem como uma declaração de sua identidade e lealdade à sua profissão, o povo se deleitava em práticas pagãs do templo. Na maioria das vezes, essas práticas incluíam atos sexuais com prostitutas do templo sob o pretexto de honrar a bênção do deus.

Podemos, então, já imaginar a pergunta, “O que o crente deve fazer? Como conseguiremos sobreviver em nossa profissão se não participamos dessas festas? Estamos destinados a pobreza e perda.”

A propósito, esse é um momento propício para nos relembrar de que nossos empregos demandam não nossas almas, mas nossas habilidades. Uma coisa é oferecer à nossa profissão um trabalho duro, mas não devemos oferece-la nossa adoração. Podemos ser tão idólatras em nossos negócios como esses crentes de Tiatira.

Contudo, para esses crentes, a pergunta permanecia, “O crente pode participar da festa do ídolo ou até mesmo da imoralidade do templo e ser um crente verdadeiro?”

Evidentemente, havia na assembleia uma mulher influente e provavelmente próspera que ofereceu uma solução para esse problema. Aparentemente, ela defendia que a resposta era, “Claro que sim, você pode fazer tudo isso e ainda ser um bom crente.”

Em Apocalipse 2.20, o Senhor chama essa mulher de “Jezabel.” A implicação é a de que ela era judia.

Jezabel pode ter sido seu nome verdadeiro, mas isso é improvável, já que Jezabel era tão popular entre os judeus como Judas é entre os cristãos. Mais possivelmente, o Senhor fala figurativamente ao chama-la de Jezabel porque ela fazia a mesma coisa na igreja que Jezabel fizera em Israel no passado.

Na verdade, o teólogo Moffat traduziu essa frase no verso 20 como, “aquela Jezabel de uma mulher.”

Volte para 1 Reis 16 e leia o registro de Jezabel, a mulher do rei Acabe de Israel. Ela era uma idólatra com a qual Acabe jamais deveria ter se casado. Ela introduziu seus deuses no templo, sendo Baal o principal deles. Baal era o deus da fertilidade e a adoração a esse deus envolvia imitar suas práticas sexuais com as deusas. Eles criam que isso, supostamente, trazia a primavera sobre a terra junto com todas as outras coisas boas.

Então, na adoração a Baal, seus seguidores imitavam seu comportamento sexual ao se envolverem sexualmente com as prostitutas do templo em atos chamados de adoração. Isso parece ser uma religião inventada pelo homem, não é?

Por fim, Deus julgou os profetas de Jezabel quando Elias convocou todos para uma competição de fogo. Talvez você se lembre desse acontecido em 1 Reis 18 quando todos os profetas de Baal edificaram um altar e oraram o dia inteiro para que descesse fogo do céu, algo que nunca aconteceu. Elias sugeriu que Baal talvez não estivesse recebendo as mensagens porque estava de férias. Eles clamaram ainda mais alto. Finalmente, chegou a vez de Elias e fogo desceu do céu e consumiu a oferta. Os profetas de Baal foram executados e, depois, Jezabel foi executada sob ordens do profeta Jeú, conforme 2 Reis 9.

Jezabel conseguiu combinar adoração com imoralidade, negócios com idolatria e comprometimento. Ela havia convidado o pecado para entrar na assembleia sob o pretexto da “tolerância.”

Jesus Cristo disse a essa igreja,

Tenho, porém, contra ti o tolerares [essa mulher!]... (Apocalipse 2.20a).

O que os irmãos dessa igreja de Tiatira deveriam fazer? Eles deveriam se arrepender de sua tolerância, e julgar o pecado e o pecador não arrependido dentro da igreja.

Na verdade, existe uma referência implícita aqui a Deus agindo através de Elias com fogo na vinda de Cristo com olhos e pés como de fogo. Deus age através dos crentes que, assim como Elias, condenam o pecado e excluem pecadores não arrependidos da assembleia.

Seis Perigos Quando Se Recusa Lidar com o Pecado

Vamos analisar esse texto e observar os perigos que espreitavam essa assembleia, bem como todas as igrejas até hoje que se recusam agir com a autoridade de Cristo ao remover a imoralidade, a idolatria e o pecado da igreja. Existem seis perigos.

  • Primeiro, sem disciplina, a igreja estará encorajando o engano do pecado na mente do pecador.

Em outras palavras, quando não é advertido e julgado pelo pecado, o pecador pensa que faz, na verdade, a vontade de Deus. Veja Apocalipse 2.20:

...a si mesma se declara profetiza...

Ou seja, ela afirma, ou talvez mesmo acredite, estar falando da parte de Deus, quando, na realidade, profere a mentira de Satanás. Ela não representa a Palavra de Deus. Cada convertido que ela ganha, cada pessoa que vem à igreja e diz, “Você é tão sábia. Estou realmente vivendo a vida agora que relaxei um pouco as coisas!” somente a engana mais a crer que está correta, enquanto ela mesma está sendo afastada para mais distante da verdade.

Indivíduos já chegaram para mim e disseram, “Pastor, desde que deixei minha esposa e me juntei com essa outra mulher, tenho desfrutado de um relacionamento com Deus como nunca antes. Ela é a melhor coisa já aconteceu em minha vida.” Ou, “Agora que saí da igreja e deixei Deus de lado, estou mais feliz do que nunca.” A verdade é, todavia, que essas pessoas estão envolvidas e embaraçadas em seus próprios pecados (Gálatas 6.1).

A coisa mais amorosa a se fazer com essas pessoas não é ignorar seus pecados, mas adverti-las. Conforme lemos em 2 Timóteo 2.25–26:

disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.

O fogo do julgamento de Deus está vindo—Cristo adverte a igreja de Tiatira, assim como Ele antes advertira os profetas de Baal por meio de Elias. Aquele com olhos e pés de fogo está vindo.

Se você ouvisse um barulho às 2 da manhã, se levantasse, olhasse pela janela e visse as árvores ao seu redor pegando fogo. O vento está levando o fogo em direção à casa do vizinho onde ele dorme tranquilamente. O que você faria?

Você ficaria ali de pé pensando, “Será que eles não preferem ser deixados em paz? Eles devem estar dormindo profundamente agora. Além disso, se os acordar, eles terão que sair correndo de pijamas e isso pode ser meio vergonhoso; talvez fiquem incomodados com os caminhões dos bombeiros e câmeras filmando o desastre. É o seguinte, não vou incomodá-los!”?

Será que essa seria a coisa amorosa a se fazer? De jeito nenhum! A coisa mais amorosa seria correr, derrubar a porta e gritar, “Fogo!” e acordar todos na casa.

Confrontar o pecador na igreja é um ato de amor do corpo que busca despertar o crente em pecado que está enganado pelo prazer mortal do pecado; essa é uma tentativa amorosa, dura e preocupada de resgatar alguém antes que o fogo do julgamento o alcance.

Se isso não for feito, o engano contínuo e agravante na mente e coração do pecador é apenas encorajado.

  • O segundo perigo que surge quando se recusa julgar Jezabel é que a igreja, na verdade, serve de plateia para o falso ensino.

Apocalipse 2.20 indica que Jezabel ensina na assembleia.

John MacArthur destaca de forma interessante que a igreja já havia pecado ao permitir que uma mulher assumisse a posição de autoridade e ensino na igreja sobre homens e mulheres. Essa é uma violação de 1 Timóteo 2.12, onde Paulo claramente ordena que mulheres não exerçam autoridade na igreja ao ensinar os homens.

A propósito, essa não é uma regra intolerante, alguma relíquia do passado quando homens arrastavam mulheres pelos cabelos. Esse é o projeto e a ordem de Deus na igreja. Essa ordem não ensina que o homem é mais valioso do que a mulher ou é superior a ela, pois o Evangelho nos tornou igualmente herdeiros da herança de Cristo.

Essa ordem está ligada à ordem e função do lar e da igreja. Da mesma forma como o homem é responsável como o líder do lar (Efésios 5.23), eles também devem ser os mestres e a autoridade na igreja (1 Timóteo 3.4–5).

Permita-me inserir um comentário sobre esse assunto. Baseado no que tenho lido e ouvido sobre a questão do papel do homem e da mulher na igreja, creio que, nos próximos anos, a igreja se dividirá, ou perderá sua identidade, por causa desse assunto.

Haverá igrejas que permitirão mulheres pregar e ensinar homens, e haverá outras que não permitirão isso. Contudo, entenda bem essa realidade, a questão mais importante que está em jogo é a seguinte: igrejas que aceitam o claro ensino das Escrituras quanto às linhas de autoridade e posição de autoridade na igreja, e igreja que evitam essa verdade ou a negam por completo.

Talvez os crentes de Tiatira estivessem mais abertos a mulheres ensinando, dizendo que falavam da parte de Deus simplesmente porque havia um famoso oráculo na cidade—um santuário famoso de videntes administrado por profetizas poderosas e influentes.

Podemos imaginar pessoas se convertendo desse ambiente e indo à igreja; e adivinha o que? Havia uma mulher influente e obviamente talentosa ensinando na igreja.

Muito provavelmente, essa mulher ensinava um dualismo popular na antiguidade que tem sido ressuscitado com novas roupagens desde então. Esse dualismo ensinava simplesmente que Deus salvava o espírito e que o corpo não importava. Em outras palavras, o espírito é eterno e o corpo temporário; portanto, podemos fazer o que quisermos com o corpo porque o espírito permanece imaculado.

Certamente, existem sementes de verdade nisso, pois pecamos diariamente, mas nosso espírito está seguro em Cristo.

Contudo, nos entregamos ao pecado? Iremos nos deleitar no pecado? Dizemos que não importa o que fazemos com nosso corpo porque nosso espírito foi salvo pela graça por meio da fé em Cristo? Paulo respondeu essa pergunta em Romanos 6.1–2:

...Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?

João também escreveu em 1 João 3.8:

Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio...

Note que o verso não diz, “aquele que peca,” mas aquele que pratica o pecado, ou seja, aquele que crê que pode praticar o pecado e viver em pecado sem se arrepender ou sentir remorso ou culpa. João escreve que essa pessoa não é crente. Ele ainda diz no verso seguinte:

Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado... (1 João 3.9a).

Jezabel dizia, “Peque à vontade! Pratique tudo o que você desejar! Deleite-se na imoralidade, faça de tudo em suas festas de associações de trabalhadores! Participe das orgias no templo! Seu espírito está seguro; então não se preocupe com seu corpo.”

Essa parecia ser uma verdade profunda—que grande solução para o problema e pressão. Mas Apocalipse 2.24 nos informa que isso não passava de uma terrível mentira de Satanás emanando das profundezas do inferno.

Pelo fato de essa igreja se recusar julgar Jezabel, eles a deixaram, acima de tudo, continuar em seu engano e, segundo, eles deram a ela uma plateia cativa para ensinar na assembleia. Vamos ver o terceiro perigo decorrente disso.

  • Essa igreja permitia um pecador impenitente influenciar e promover pecado nas vidas de outros.

O nosso Senhor fala em Apocalipse 2.20b sobre Jezabel,

...que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos...

Você consegue imaginar um pecado mais grave do que esse? Você imagina que o fogo do julgamento será mais severo para um homem ou mulher que se levanta na igreja ou ministério e desvia o rebanho da verdade e o conduz à prática do pecado?

Jesus Cristo advertiu em Mateus 18.6:

Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.

Não sei o que era uma pedra de moinho, mas parece ser pesada. Fico com a ideia de que ele não subiria à superfície com uma dessas amarrada ao pescoço.

Jezabel seduzia os servos de Deus.

João escreve em Apocalipse 2.20b,

...Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.

Jezabel conduzia esses servos a praticar a imoralidade e a comer nos templos dos ídolos. Essas foram exatamente as práticas que o concílio da igreja primitiva registrado em Atos 15 exigiu que a igreja evitasse. Os apóstolos mandaram os cristãos abandonarem qualquer tipo de imoralidade, além de qualquer associação com ídolos em festas nos templos—ou comidas oferecidas a ídolos.

Não é surpresa alguma que Jezabel se encontrava em sério perigo de incorrer no julgamento de Deus. Veja Apocalipse 2.21, onde Cristo diz,

Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.

Ao ignorar sua responsabilidade de julgar o pecado e excluir da assembleia o pecador não arrependido, essa igreja não somente permitiu que essa mulher continuasse na autodestruição de seu engano, mas deu a ela uma plateia de alunos e a deixou exercer influência irrestrita sobre outros para que pecassem. Havia ainda um quarto perigo.

  • A igreja, na realidade, ajudou iludir o pecador a crer que ela havia escapado de colher as consequências.

Isso, porém, era mera ilusão. Veja Apocalipse 2.22:

Eis que a prostro de cama...

Creio que a expressão prostro de cama não capta a ideia original. A palavra para cama é kline e pode ser traduzida como “divã de banquete.”

Creio que o Senhor nos diz que ela será afligida durante uma festa proibida. Essa é a ironia de seu fim.

Essa mulher não pode evitar o julgamento de Deus. Apesar de a igreja ter permanecido em silêncio e tolerar seu pecado, no fim, ela enfrentará o fogo de Deus durante um ato de sua imoralidade e idolatria.

Assim como a Jezabel do Antigo Testamento, essa Jezabel também é uma descrente cujo prazer é tentar o crente e desviá-lo de seu caminho. Ela endureceu seu coração, não quer se arrepender e será castigada.

Se essa fosse a única consequência, ela serviria somente como uma advertência dura para o resto da igreja. Contudo, existe um quinto perigo que é a consequência da apatia e tolerância dessa igreja ao pecado.

  • Quinto, as vidas de crentes mais fracos seriam não somente devastadas, mas se encontrariam em grande perigo de uma morte prematura.

Veja Apocalipse 2.22b:

...bem como em grande tribulação os que com ela adulteram...

Não se trata aqui da grande tribulação que será mencionada no decorrer de Apocalipse, mas de provações e problemas.

Na verdade, Cristo continua dizendo em Apocalipse 2.22b–23a,

...caso não se arrependam das obras que ela incita... matarei os seus filhos...

A expressão seus filhos concorda gramaticalmente com Jezabel, ou seja, “os filhos dela.” Essa não é uma referência aos filhos biológicos dos seguidores de Jezabel, mas aos próprios seguidores de Jezabel—aos filhos espirituais de Jezabel.

Ainda existe esperança para seus filhos, ou seja, esses seguidores de seu falso ensino podem se arrepender no futuro. Talvez eles voltarão ao juízo ao verem Jezabel morrer.

Contudo, se não se arrependerem, eles também morrerão prematuramente.

Além de outros atos proibidos, esses seguidores pecaram contra a Ceia do Senhor ao participarem dessa ordenança enquanto praticavam a imoralidade. Paulo escreve em 1 Coríntios 11.28–30:

Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.

Imagine isso. Paulo diz, “Alguns membros de sua igreja em Corinto morreram—um ato final de disciplina—não por que eram descrentes como Jezabel, mas porque eram crentes vivendo em pecado sem arrependimento que envergonharam o nome de Cristo e Sua igreja.”

João também escreve sobre o crente que peca para a morte em 1 João 5.16. Esse crente não se arrepende e Cristo o leva para o lar mais cedo, ao invés de permitir que ele cause mais vergonha para o nome do Senhor e para a assembleia dos crentes.

Esses pecadores estarão entre aqueles diante do Senhor no Bema de Cristo salvos como que através do fogo, conforme Paulo escreve em 1 Coríntios 3.13–15—e de mãos vazias diante de Cristo. João escreve em 2 João 8 que esses perdem não a salvação, mas seu galardão.

Então, quando a igreja se recusa lidar com o pecado e com o pecador não arrependido o preço é alto, não é? O corpo:

  • Encoraja o engano do pecado na mente do pecador;
  • Fornece uma plateia para o falso ensino;
  • Permite que um pecador impenitente influencie e promova o pecado na vida de outros;
  • Ilude o pecador a pensar que escapou das consequências; e
  • Coloca a vida de crentes mais fracos em grande risco e possível morte.
  • Finalmente, a igreja se torna um exemplo do desprazer de Deus.

Isso somente já deveria ser o bastante para não tolerarmos o pecado. Jesus Cristo diz a esses crentes de Tiatira em Apocalipse 2.23:

...e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras.

Você imagina uma igreja querendo ter essa reputação? Todas as demais igrejas a conhecerão por causa do que aconteceu em seu meio—todos os funerais que começaram a ser realizados do lado de fora da cidade de Tiatira—que Cristo possui olhos com fogo santo e pés que se apressarão a julgar o pecado.

Nenhuma igreja deseja isso. É triste, mas a maioria das igrejas possui a reputação de não tratar o pecado em seu meio.

Lembro-me de quando disciplinamos dois homens em nossa igreja que haviam escolhido abertamente um estilo de vida imoral. Depois de nossa decisão, recebi ligações e e-mails de vários pastores da região; eles foram à nossa igreja para indagar o porquê. Na verdade, recebemos perguntas não só de pessoas de nosso país, mas também de outros países nos dizendo, “Ouvimos o que aconteceu—como vocês fizeram isso? Como vocês lidam com pecado na igreja? Como vocês disciplinam e por quê?”

Houve tantos pedidos por um material sobre disciplina eclesiástica que a liderança de nossa igreja me deu um mês de férias do púlpito para preparar um livreto sobre o que a Bíblia ensina sobre disciplina. Desde então, o livreto foi publicado e temos dado milhares de cópias para pastores e igrejas.

O que essa reação deixou claro? Que a igreja de hoje não está julgando Jezabel. A reputação da igreja em geral é a de que nós toleramos o pecado. E esse não é um problema recente—a igreja de Tiatira tolerou o pecado mais de dois mil anos atrás. A pressão era grande; sua sobrevivência estava em jogo; uma mulher rica, de influência, talentosa no ensino e com percepção extraordinária parecia ter a resposta.

Desafio de Cristo à Igreja de Tiatira

Agora, como era Seu costume em Suas cartas, o Senhor termina com um desafio ao corpo de crentes em Tiatira. Cristo promete coisas maravilhosas àqueles que se arrependerem de seu pecado de seguir o ensino dessa mulher e àqueles que jamais a seguiram.

Apocalipse 2.26–27 fala de seu futuro governo no reino milenar:

Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro;

Essa é uma referência clara ao reino messiânico—o reino de mil anos sobre a terra, não a um novo céu e nova terra.

Não haverá necessidade de cetro de ferro no estado eterno; nem haverá nações rebeldes a reduzir a pedaços como objetos de barro depois que o novo céu e a nova terra forem criados. Então essa é uma referência às pessoas que sobreviverem à tribulação e participarem do reino de Cristo quando Ele retornar com Sua noiva para estabelecer o reino literal a partir de Jerusalém. Ali, Ele se sentará no trono de Davi em cumprimento das profecias do Antigo Testamento que ainda não foram cumpridas. Nós reinaremos com Ele.

Não é coincidência que Jesus Cristo encoraja essa igreja a julgar Jezabel em seu meio ao lembra-la de que, um dia, eles julgarão as nações do mundo.

Apocalipse 2.28 fornece a promessa final e maravilhosa:

...dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã.

Essa pode ser nada mais do que a promessa da presença do próprio Jesus Cristo.

Mais adiante nesse livro profético, em Apocalipse 22.6, Jesus Cristo é chamado de a brilhante estrela da manhã.

Durante um ano, viajei para vários lugares do país representando minha faculdade evangélica em escolas e igrejas. Minha namorada, a qual se tornou minha esposa, escrevia cartas para mim. Como gostava daquelas cartas! Ela colocava um pouco de seu perfume no envelope. Tenho certeza que isso me ajudava nas pregações.

Contudo, quando eu voltava para a faculdade, as cartas deixavam de ser necessárias. Na verdade, jamais diria que ela não precisava me ver no jantar, mas que poderia somente escrever uma carta—era muito melhor estar com ela. Preferia cheirar o perfume que estava nela do que o perfume no envelope, não é verdade?

É algo maravilhoso recebermos uma carta de nosso amado Senhor, todavia, um dia essas cartas serão deixadas de lado porque O teremos conosco—Ele que é a nossa brilhante estrela da manhã.

Não fazemos ideia da glória e da responsabilidade de reinar com Cristo na terra por mil anos. Não conseguimos imaginar.

Contudo, isso irá acontecer. Sua palavra se tornará realidade. Paulo escreveu em 1 Coríntios 6.2:

Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo?…

Conclusão

Permita-me mencionar a você duas lições finais para terminarmos nossa meditação.

  • Grandes pecados podem surgir em pequenas igrejas.

Essa igreja de Tiatira se tornou a notícia do dia por causa de sua tolerância ao pecado.

  • Os efeitos do pecado de uma pessoa podem destruir a eficácia de uma igreja inteira.

Você, em sua igreja local com seus irmãos, forma um corpo.

Se eu furar meu dedo em um prego e não tratar a ferida apropriadamente, ela poderá custar minha vida.

Ninguém na igreja é insignificante ao ministério e reputação da igreja. Na verdade, onde quer que você trabalhe ou viva, a reputação de sua igreja corresponde à sua reputação. A sua igreja local inteira é:

  • Um bando de hipócritas, se você é um;
  • Mentirosa, cobiçosa e briguenta, se você é essas coisas;
  • Desonesta e rancorosa, se você é;
  • Pessoas honestas de integridade, se você é;
  • Puras e bondosas, se você é;
  • Conhecida por colocar Cristo e Seu reino em primeiro lugar, se você é conhecido pelo mesmo motivo.

Então, essa carta termina com uma pergunta pessoal, “Você está ouvindo?”

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

Faça a seguinte oração:

Pai, para nós, crentes, que vivemos em uma cultura imersa no pecado, dizer “Não” à imoralidade e recusar nos divertir com a multidão ou assumir a postura politicamente correta de nossos dias pode significar perder o emprego, não ser promovido ou ser ridicularizado e caluniado.

Preferimos desagradar homens do que desagradar a Ti; preferimos ser ridicularizados pelo mundo do que rejeitados por Ti; preferimos perder amigos do que perder a Tua amizade.

Ajude-nos, como aqueles em Tiatira, a “guardar tudo até o fim”—guardar o nosso testemunho para Ti, sabendo que o julgamento um dia virá e todos nós, contigo, julgaremos as nações da terra.

Ajude-nos, Espírito de Deus, a defender a Tua verdade—a Tua verdade severa, dogmática, inflexível, libertadora e redentora. E ajude-nos a proclamar essa verdade em amor, até mesmo hoje, oferecendo comunhão aos que se arrependerem.

Meu amigo, isso serve como advertência da Palavra de Deus para você?

Crente, você está arriscando uma morte prematura? Você vive uma vida que Cristo não recompensará? Você segue a influência de alguém que o encoraja a pecar e você sabe que isso é errado?

Deixe-me encorajá-lo a responder a esse desafio com arrependimento. Olhe para onde você está indo; volte. Cristo tem dado tempo para você se arrepender, assim como Ele fez com os crentes de Tiatira. Ore para que Cristo perdoe o pecado que você tanto ama; o estilo de vida que tem vivido; a reputação que tem construído. Diga, “Senhor, tenho ouvidos para ouvir. Perdoe-me por me desviar e viver em pecado. Arrependo-me desse pecado e purifica-me agora.”

Talvez você esteja aterrorizado diante do pensamento do julgamento vindouro de Cristo porque você não é salvo, nunca nasceu de novo. Esse não é um motivo inapropriado para se render ao Rei conquistador. Paulo pregou aos descrentes em Atenas e disse no final de seu sermão,

Deus... notifica aos homens que todos... se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça... (Atos 17.30–31).

Certifique-se de que seus passos foram corrigidos antes de você dar mais um passo adiante.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 03/03/2008

© Copyright 2008 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

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