
Adeus à Esperança
Adeus à Esperança
O Inferno é Real?—Parte 3
Apocalipse 20.14–15
Introdução
O historiador Martin Marty afirmou: “O inferno desapareceu e ninguém percebeu.” Um artigo recente de jornal disse: “Hoje, ‘inferno’ se tornou o palavrão na teologia.” Em outras palavras, pessoas boas não proferem essa palavra porque ela é grosseira e mal-educada. Um professor da Universidade de Harvard, Estados Unidos, escreveu: “Creio que não há mais futuro... para o inferno.”
Evidentemente, o inferno está além dos limites e é algo dissonante para o mundo, bem como para a igreja evangélica em geral.
Um teólogo evangélico fez o seguinte desafio para o crente:
Se formos às Escrituras com a mente já decidida, esperando ouvir delas apenas um eco de nossos próprios pensamentos e nunca o trovejar dos pensamentos de Deus, então, Ele nunca falará e apenas confirmaremos nossas próprias [conclusões]. Temos que deixar a palavra de Deus nos confrontar, nos incomodar e subjugar nossos pensamentos e comportamentos.
A pergunta não é: “O que pensamos? O que dizemos? O que a maioria das pessoas que frequentam igrejas pensa?” A pergunta é: “O que Deus diz—o que ele revelou sua palavra?”
No princípio do seu ministério, o famoso evangelista chamado Vance Havner pastoreou uma igreja do interior. Um agricultor que frequentava a igreja não gostava de suas pregações sobre o inferno. Num domingo, esse homem perguntou ao pastor: “Por que você não prega sobre Jesus, o homem manso e humilde?” Havner replicou: “Foi Ele quem me deu a informação sobre o inferno.”
Meu amigo, a verdade chocante é a de que quase todas as referências ao julgamento eterno no inferno que encontramos no Novo Testamento saíram dos lábios de Jesus Cristo. A sugestão é a de que esse é um lugar tão terrível que nem um ser humano é capaz de descrevê-lo, mas somente o Criador desse lugar—O próprio Deus.
Segundo a Bíblia, existe um julgamento iminente e uma prisão eterna no lago de fogo.
Todavia, isso não acontecerá antes do julgamento final. Temos testemunhado esse julgamento por meio da visão do apóstolo João. Abra sua Bíblia em Apocalipse 20, o que é, sem dúvida, um dos parágrafos mais ignorados na Bíblia—versos 11–15.
Esbocei nosso estudo em quatro partes.
Um Cenário Inesquecível
Primeiro, vimos o cenário inesquecível de Apocalipse 20.11:
Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.
Em outras palavras, a verdade de 2 Pedro 3.10 se tornará realidade após o reino milenar quando a Terra e o universo forem violentamente destruídos. Eles serão queimados com uma catástrofe por fogo, a fim de abrir espaço para a criação do novo céu e da nova terra. Aprenderemos mais sobre isso em Apocalipse 21.
Entre a destruição do universo criado e criação de um novo universo, esse cenário inesquecível do verso 11 acontece. Esse é um tribunal no qual o Juiz se senta para pronunciar a Sua sentença.
Esse é o momento terrível quando os descrentes serão confrontados com a verdade que negaram e rejeitaram. Toda a humanidade descrente comparecerá diante de Deus, sem defesa e sem advogado, porque negou o Evangelho que viu e ouviu—o Evangelho da consciência, o Evangelho da criação e o Evangelho de Cristo. Todos os descrentes estarão diante da presença de Deus e Ele não será um grande terapeuta cósmico ou um amigo, mas um santo e justo Juiz (Romanos 3.19).
Uma Intimação Inevitável
Em seguida, vimos a intimação inevitável de Apocalipse 20.12a:
Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono...
Ou seja, vemos aqui os poderosos e influentes da terra ao lado de pessoas simples e insignificantes na terra, mas orgulhosas demais para reconhecer seu Criador no céu.
Esses foram intimados—cada um individualmente—para que o registro de suas vidas fosse examinado conforme um padrão irrefutável.
Um Padrão Irrefutável
Em Apocalipse 20.12b, vemos esse padrão irrefutável:
...Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.
Lemos que se abriram livros. Em nosso estudo anterior, vimos que isso pode incluir o livro da lei de Deus gravado no coração os pecadores, silenciosamente testemunhando-lhes de sua culpa, a qual eles suprimem ao silenciar sua consciência.
Agora, essas pessoas comparecem diante do trono para ver e ouvir o registro desses livros—o livro das Escrituras, o livro das palavras, o livro das obras e o livro dos segredos.
Em nosso último encontro, disse que o propósito desses livros não é determinar qual será o destino eterno dos descrentes, mas determinar o grau de julgamento eterno. Todos sofrerão no inferno, mas nem todos sofrerão no mesmo nível.
A Bíblia ensina que haverá graus de julgamento no inferno. Na verdade, o próprio Jesus Cristo ensinou essa verdade. O Evangelho de Mateus registra que, quando Jesus enviou os discípulos para pegar, Ele disse:
Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade (Mateus 10.14–15).
Ele também advertiu o povo contra os escribas, os quais...
…gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças; e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes… estes sofrerão juízo muito mais severo (Marcos 12.38–40).
No Evangelho de Lucas, o Senhor fez uma distinção entre os julgamentos dos dois servos:
Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites... (Lucas 12.47–48).
Em outras palavras, ambos os servos pecaram contra seu senhor, mas eles serão julgados conforme aquilo que sabiam sobre a vontade de seu senhor. Ambos serão punidos por haverem pecado contra seu mestre, mas não serão punidos no mesmo nível.
Um estudioso bíblico colocou isso da seguinte forma: “Todos os descrentes serão miseráveis no inferno, mas não igualmente miseráveis.”
Eu já ouvi pessoas perguntando: “Como Deus pode enviar para o inferno pagãos que jamais ouviram sobre Jesus Cristo?”
Já respondi essa pergunta com detalhes em nosso estudo anterior. Os descrentes em todas as partes do mundo negaram alguma medida de verdade, mesmo que não tenham tido acesso suficiente à verdade para salvação—a verdade sobre Jesus Cristo e a salvação em Cristo somente. Contudo, conforme aprendemos, Deus revelará no julgamento do grande trono branco que cada descrente condenado ao inferno conheceu algum tipo de verdade e a negou. O descrente negou a verdade da consciência e verdade da criação.
Quando as pessoas me perguntam: “Como Deus pode enviar para o inferno alguém que nunca ouviu o evangelho?” Eu sempre respondo com outra pergunta: “Independente do que os pagãos tenham feito com a verdade que ouviram, o que você fez com a verdade que você ouviu?”
O fato de que haverá graus de punição no inferno é um tremendo alerta àqueles que estão cercados com a verdade do Evangelho.
M. R. DeHaan escreveu: “Inferno para o pagão que jamais ouviu a palavra de Deus será como um céu comparado ao que ele será para aqueles que ouviram o Evangelho e o rejeitaram.”
Em outras palavras, aqueles que tiveram maior oportunidade de crer no Evangelho de Jesus Cristo e o rejeitaram sofrerão maior punição no inferno.
Agora, eu pergunto: essa pessoa é você? Você já teve dezenas de oportunidades de crer e mesmo assim, no oculto de seu coração, recusou entregar sua vida Jesus Cristo?
Existe um julgamento vindouro e, no caso daqueles que rejeitaram Cristo, grandes tormentos do inferno o aguardam.
Um dos funcionários de nossa igreja me enviou o link para um website chamado, “O Desafio da Blasfêmia.” Esse website encoraja as pessoas a negar publicamente e em voz alta a existência do Espírito Santo. A pressuposição incorreta é a de que é possível cometer um pecado imperdoável—mas Jesus Cristo morreu na cruz para pagar a penalidade por todos os pecados, e não somente por 99,9% dos pecados.
Os criadores do website pressupõem corretamente que negar a existência do Espírito Santo acabará os enviando para o inferno, no qual eles não creem.
Se alguém deseja aceitar o desafio desse website, a única coisa que precisa fazer é gravar em vídeo sua rejeição de Deus, do Espírito e de qualquer outra coisa que deseja blasfemar, e enviar o vídeo ao website para que as outras pessoas possam vê-lo.
Eu assisti a alguns desses vídeos—a maioria deles de adolescentes e jovens que aceitaram o “Desafio da Blasfêmia.” Um desses jovens ficou de pé em frente a uma igreja para negar a existência de Deus e depois gritou para câmera: “Não estou com medo.”
Essas pessoas se orgulharam de sua blasfêmia. Não consigo imaginar a grandeza de sua condenação quando Deus, o Juiz, ler para eles suas próprias declarações registradas no livro das obras.
Uma vez que ouviram o Evangelho e o rejeitaram abertamente, o sofrimento desses blasfemos será muito maior do que conseguimos imaginar.
Este é um cenário inesquecível. Existe uma intimação inevitável para os descrentes de todas as épocas. Existe um padrão irrefutável quando os livros são abertos e suas obras, segredos, palavras e pensamentos são julgados à luz da santidade de Deus.
Uma Sentença Imperdoável
Na quarta e última parte de nossa exposição desse parágrafo em Apocalipse 20, João nos mostra o pronunciamento terrível de uma sentença imperdoável. Deus o Filho abre mais um livro. Veja o meio do verso 12:
...Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto...
Pule para o verso 15:
E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.
Após apresentar a evidência, Deus o Filho—a quem o Pai confiou o direito de julgar o mundo (João 5.17i, 22)—abre mais um volume; esse é o registro do céu.
A propósito, esse não é um livro de membresia em alguma igreja. Ninguém dirá: “Ei, espera um pouco, sou batista e fui batizado,” ou, “sou católico e fiz catecismo.”
Deus nunca disse: “Creia na igreja e será salvo.”
O público original de João entendeu perfeitamente ao que ele estava se referindo. Na época, todo rei e governante tinha um livro dos cidadãos ainda vivos debaixo de seu controle.
Se o nome de alguém não estava no livro do rei, essa pessoa não fazia parte de seu reino. Essa era outra maneira de dizer que ele não era o seu rei.
O apóstolo Paulo se refere aos crentes como cidadãos do céu. Ele escreveu aos Efésios:
Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus (Efésios 2.19).
Ele ainda repetiu a mesma ideia aos Filipenses:
Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Filipenses 3.20).
Isso significa que somos forasteiros em nosso mundo. Fomos colocados em nosso país temporariamente; pertencemos eternamente ao futuro país. Temos um documento que nos permite trabalhar e viver dentro dessas fronteiras, mas a nossa cidadania está em outro lugar. Temos um passaporte que um dia não será renovado aqui. Como crentes, estamos saindo de nosso lar temporário e indo em direção ao nosso lar permanente.
O livro da vida é o livro dos cidadãos do céu.
João escreve que Deus o Filho abre esse livro, sugerindo que o tribunal pode vê-lo. Todas as pessoas diante dele são convidadas a ler um livro. Jesus Cristo faz isso não para lhes mostrar quais nomes estão ali escritos, mas para mostrar que seus nomes não estão escritos no livro.
A pessoa pode pensar: “Meu nome deveria estar aqui entre estes outros dois. Aqui estão os nomes da minha avó e do meu pai. Daí, o livro pula uma geração—é aqui onde meu nome deveria estar, mas não está.”
Se fosse dizer a verdade, cada um diria: “Eu sabia que meu nome não estava escrito porque não tive nenhum interesse que Tu fosses meu Rei, nem interesse de pertencer ao Teu reino. Meu interesse estava em meu próprio reino. Inventei um deus conforme bem desejei e tive mais interesse nos reinos da terra.”
No caso daqueles cujos nomes não estão escritos neste livro, Cristo anuncia uma sentença eterna imperdoável. A sentença é a de um banimento da presença do Rei e de Seu reino. Veja Apocalipse 20.15:
E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.
Agora, essa verdade é tão clara, tão terrivelmente inegável que as pessoas tentam todas as manobras possíveis para manipular a verdade do inferno e transformá-la em algo mais confortável, em algo menos severo e menos eterno.
Veja o que João escreve na última parte do verso 14:
...Esta é a segunda morte, o lago de fogo.
Essa frase originou uma de duas manobras populares que busca evitar a verdade do inferno.
- O Aniquilacionismo.
Essa é a crença do aniquilacionismo. Conforme essa perspectiva, as almas dos condenados não são eternas, mas serão aniquiladas nas chamas do inferno em algum momento. Dependendo da gravidade dos seus pecados, seu tempo no inferno será mais longo ou mais curto, mas a alma de cada pessoa não redimida enviada para o inferno cessará de existir.
João chamou o lago de fogo de segunda morte, então isso significa “deixar de existir.”
Entretanto, a Bíblia fala de dois tipos diferentes de morte—a física e a espiritual.
A palavra grega para morte é thanatos, que significa “separação.” Thanatos se refere à separação da parte material da imaterial—da parte física da espiritual.
Em outras palavras, a morte ocorre quando a alma é separada do corpo. A alma não deixa de desistir.
Essa separação é temporária. Ela permanece até a ressurreição do corpo, o qual é reunido com alma e espírito. Agora, esse corpo é imortalizado. Quer seja de um crente ou de um descrente, o corpo está preparado para durar eternamente no céu ou no inferno. Morte não significa cessação de existência, mas separação.
Na primeira morte, existe a separação da alma do corpo. Na segunda morte, sobre a qual João fala a respeito dos descrentes, existe a separação da alma do homem de seu Deus.
Portanto, a pergunta que devemos fazer não é: “A pessoa deixa de existir?” mas: “Onde a pessoa existirá por toda eternidade?”
Clark Pinnock é um dos principais proponentes do aniquilacionismo. Sua passagem bíblica predileta é Mateus 10.28, onde Jesus disse:
Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
Esse verso parece ensinar a doutrina do aniquilacionismo.
O problema é que o verbo perecer na língua grega é apollymi, o qual não significa “aniquilar,” mas “entregar.” De fato, o Senhor usou esse verbo várias vezes e ele sempre significa “entregar para miséria,” e não “deixar de existir.”
No inferno, nem o corpo nem a alma é extinto. Ambos sofrem agonia, avareza, lascívia, dor, ódio, blasfêmia, solidão, raiva, desespero e medo mentais e físicos, além dia sensação de estar sendo queimado pelas chamas do lago de fogo.
O aniquilacionismo diz: “De jeito nenhum! Ninguém vive eternamente no inferno—eles serão extintos.”
Em um de seus sermões, Jesus Cristo disse que o perdido irá para o lago de fogo eterno (Mateus 25). Em seguida, ele adicionou:
E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna (Mateus 25.46).
A palavra grega traduzida como eterno é aionion, que significa “eterno, sem fim.”
A palavra que Jesus Cristo emprega para nos dizer que o inferno é eterno é a mesma que usa para falar que o céu é eterno.
Nunca ouvi alguém dizendo: “Creio que passaremos um tempo no céu, mas depois cessaremos desistir. O céu é temporário.”
Meu amigo, você não precisa temer que o céu durará apenas pouco tempo e depois Deus mudará de ideia. O céu é eterno.
A pessoa que pensa que irá para o inferno, mas que depois irá para o céu, está mal informada. Ela não conseguirá passar do inferno para o céu. O inferno também é eterno.
Vamos observar rapidamente mais uma manobra popular que busca evitar a verdade desconfortável a respeito do inferno.
- O Universalismo.
Aniquilacionismo e universalismo são dois “ismos” que produzem falsa esperança nas pessoas e enganam corações.
O aniquilacionismo diz que ninguém viverá eternamente no inferno; ou universalismo diz que todos viverão no céu para sempre.
Conforme o universalismo, não importa de onde a pessoa tenha vindo, todos os caminhos conduzem a Deus. Isso é verdade, desde que a pessoa seja sincera.
Não é surpresa alguma que Apocalipse 20.11–15 é uma das passagens menos conhecidas em nossos dias, ou talvez mais ignoradas propositadamente. Nesse texto, diante do trono de julgamento soberano de Deus, existem milhões e milhões de pessoas—não redimidas de toda a história humana—que compareceram a este tribunal para ouvir a sentença imperdoável de sua condenação. E elas serão lançadas no lago de fogo.
A Bíblia se refere a dois lugares de tormento temporário para as almas dos descrentes e os demônios.
Um desses lugares, no Antigo Testamento, é o Sheol. Essa palavra é traduzida como “túmulo,” e outras vezes como “inferno,” apesar de esta última ser uma tradução inapropriada. No Novo Testamento, a palavra equivalente a Sheol é Hades. Esse é o local onde as almas de todos os não redimidos aguardam seu julgamento final.
Outra palavra que fala do mesmo lugar onde os demônios estão encarcerados é tártaros, onde eles também esperam seu julgamento final. Esse pode ser um local temporário ou permanente; ele não é mencionado outra vez.
Esses são lugares que representam o túmulo, o submundo e o local de tormento.
João diz no verso 14:
...a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo...
Em outras palavras, neste momento o local de tormento temporário deixa desistir, já que todos os não redimidos são lançados no local de tormento permanente. Esse é o lugar propriamente entendido como lago de fogo.
Não sabemos quando o lago de fogo foi criado. Ele não é mencionado no registro da criação em Gênesis 1, mas sabemos que foi criado primeiramente para o diabo e seus anjos. Nem sabemos onde ele fica.
Poderíamos passar mais uma pregação descrevendo esse lugar com base em várias passagens da Bíblia. O lago de fogo é:
- um local de isolamento (Mateus 22.13);
- um local de pranto, choro e ranger de dentes (Lucas 13.28);
- um lugar onde o verme nunca morre (Marcos 9.44);
- um lugar onde o fogo nunca se apaga (Mateus 5.22);
- um lugar de sede, dor e remorso atormentadores (Lucas 16);
- uma fornalha de fogo (Mateus 13.42);
- um local de completa escuridão (Judas 13);
- um local onde não há descanso, nem de dia nem de noite (Apocalipse 14.11).
Você pode dizer que essas são figuras de linguagem—uma fornalha de fogo e um lugar de ranger de dentes.
Contudo, aqui vai uma aula de português para você: uma figura de linguagem não é uma licença para modificar o pensamento que ela expressa; uma figura de linguagem não passa de uma tentativa de declarar por meio do uso de palavras aquilo que palavras não conseguem descrever.
É impossível descrever os horrores do inferno.
O inferno é o fim de toda esperança. Quando ainda vivos, seus habitantes recusaram resolver sua situação fora do tribunal, recusaram a oferta do Juiz—o pagamento que Ele mesmo fez pelos seus pecados. Agora, aquele que antes foi o Salvador se transformou no Juiz.
Esse é um adeus à misericórdia, ao amor e à esperança. Nunca mais haverá o brilho do sol, risadas, beleza e alegria. Esse é um adeus à voz de Deus e ao convite da graça.
Conclusão
A exposição desse parágrafo de Apocalipse 20 pode produzir cinco efeitos em nós hoje. Vamos observar primeiramente os possíveis efeitos no descrente.
- Apatia
Essa não passa de apenas mais uma vez que a pessoa ouve sobre o inferno e mais uma vez que ela sai sem ter sido transformada e sem demonstrar qualquer preocupação.
- Argumentação—quem Deus pensa que é?
Um homem disse certa vez: “Se Deus manda pessoas para o inferno, então prefiro adorar outro deus.”
Li sobre outra pessoa que disse: “Se Deus julga pessoas e as manda para o inferno, irei para o inferno e O afrontarei de lá.”
Quanta tolice, quanta cegueira espiritual!
- Aceitação
Minha oração é que, ao invés de as duas primeiras possibilidades, o Espírito de Deus conduza o pecador a aceitação.
Como o carcereiro de Filipos que veio tremendo a Paulo disse: “O que devo fazer para ser salvo?” E Paulo respondeu: “Creia no Senhor Jesus” (Atos 16.30–31).
Crer no Senhor Jesus significa colocar fé nEle somente, reconhecer que Ele é o Mestre soberano, Deus em carne, o Messias vivo.
Aceite-o hoje.
No caso do descrente, esse estudo pode conduzir a apatia, a uma maior argumentação contra Deus ou a aceitação.
No caso do crente, oro para que esse estudo produza dois efeitos.
- Animação
Como crentes, nós temos muito trabalho a fazer. Deus nos comissionou para espalhar a palavra. Existe um Deus e Ele ou será o nosso Salvador, ou um dia o nosso Juiz.
C. S. Lewis escreveu que devemos sempre nos lembrar que as pessoas com as quais conversamos, trabalhamos e vivemos são imortais. Um dia, elas serão imortais em horror ou em esplendor. Não existem pessoas ordinárias; somos todos imortais.
- Apreciação e Reverência
No Evangelho de Lucas, os discípulos são enviados em um ministério de pregação no qual realizam coisas maravilhosas, incluindo expulsar demônios. Eles voltam bastante animados com os resultados de seu ministério maravilhoso e Jesus lhes diz:
...alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus (Lucas 10.20).
Em outras palavras, Jesus tinha a perspectiva da eternidade e disse: “Vejam bem, se desejam ficar animados com algo realmente grandioso e maravilhoso, muito além do que qualquer coisa que consigam realizar para a glória e para o evangelho de Deus, alegrem-se simplesmente porque seus nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro.”
Crente, alegre-se porque seu nome está escrito no Livro da Vida do Cordeiro.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 14/03/2010
© Copyright 2010 Stephen Davey
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