
A Fragrância Esmagada dos Seguidores de Cristo
A Fragrância Esmagada dos Seguidores de Cristo
Uma Encomenda Especial—Parte 5
Apocalipse 2.8–11
Introdução
No decorrer das últimas semanas, tenho recebido vários e-mails e mensagens sobre a perseguição no mundo contra os crentes. Este e-mail foi de um missionário na Índia:
Escrevo esta carta com urgência para requisitar que todos vocês, por favor, orem pelos plantadores de igrejas no estado de Orissa.
Um de nossos missionários em Orissa nos ligou ontem de manhã para dizer que sete de nossas igrejas foram saqueadas e queimadas naquele distrito. Os missionários na região receberam ameaças de morte e foram forçados a deixar suas vilas. Cultos nas igrejas tornaram-se proibidos e os crentes ali não podem mais se reunir. Existe muita violência e motins acontecendo.
As ameaças têm aumentado e se agravando em violência. Nossos pastores sofrem atentados de movimentos anticristãos e os privilégios de crentes são removidos, de forma que são forçados a deixar suas casas e aldeias. Simplesmente precisamos de suas orações!
Em seguida, o mesmo missionário enviou este segundo e-mail:
Queridos amigos, escrevo este e-mail com sentimentos misturados, tanto de alegria como de tristeza. O motivo da alegria é saber que 157 mil pessoas responderam ao Evangelho e 196 novas igrejas foram fundadas no ano passado [2007]—graças ao Senhor!
Minha tristeza se dá por causa da dor, surras e ameaças que nossos missionários sofrem neste momento em Orissa. Mas agradecemos a Deus pela esperança em Cristo e nos unimos ao apóstolo Paulo, dizendo, perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo (2 Coríntios 4.9–10).
Enquanto escrevia esta carta, recebi uma ligação urgente de um pastor que disse que dois caminhões cheios de pessoas chegaram para destruir o templo de nossa igreja.
Sabemos que a perseguição apenas aumentará, mas também sabemos que redundará na conversão de milhares e no estabelecimento de centenas de igrejas como temos testemunhado neste ano.
Este é o momento para desenvolvermos homens e mulheres que sabem que não estão sozinhos e não podem sucumbir em meio à perseguição, a qual Cristo disse que experimentaríamos, mas que todos nós nos regozijemos na aflição porque experimentamos o poder de Cristo.
Semana passada, recebi um e-mail de um pastor amigo meu que lidera uma igreja entre o povo Pokot no Quênia, mais especificamente na região de Kapenguria. O pastor, Chumum, relata a violência crescente e como escapou da morte certa. A destruição de igrejas e assassinatos realizados por grupos anticristãos somente se agravam.
Nosso parceiro no Quênia, o pastor Inez, e uma agência missionária estão em sérias dificuldades. Na verdade, uma das igrejas construídas pela agência missionária e pelo nosso missionário foi totalmente queimada.
Um de nossos missionários nas regiões do Oriente Médio nos enviou vários e-mails no mês passado mostrando o fim da paz para as igrejas na Argélia. A perseguição nas mãos dos muçulmanos somente aumenta. O governo da Argélia e a imprensa estão pressionando crentes a pararem de evangelizar. Projetos de lei recomendam criminalizar a conversão ao Cristianismo. As autoridades buscam desculpas para poderem fechar igrejas protestantes que pregam o Evangelho. Líderes de igrejas estão a caminho de prisões.
Viaje para a Nigéria, onde, conforme vi nos noticiários semana passada, cristãos têm sido assassinados nas mãos de muçulmanos extremistas. O dono de uma livraria em Gaza morreu com tiros e facadas. Ele também servia como líder de jovens na Igreja Batista de Gaza e havia recebido várias ameaças. Ele deixou para trás uma esposa grávida e dois filhos pequenos.
Eu poderia continuar compartilhando mais notícias sobre a igreja sofredora e perseguida.
Meu amigo, segundo os dados de uma organização chamada Boletim Internacional de Pesquisa Missionária, 480 cristãos são martirizados em algum lugar no mundo por causa de Cristo todos os dias.
Quando eu tiver terminado esta mensagem, quase vinte pessoas terão entrado no céu porque se recusaram abandonar a fé em Cristo.
Todavia, essa foi exatamente a promessa de Cristo. Em João 15.18, Jesus prometeu o seguinte:
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.
Nos bastidores, é Satanás, o maior anticristo, que odeia a igreja. Ele sabe que cristãos um dia ocuparão a sala do trono que ele tanto desejou.
Nós reinaremos com Cristo sobre o universo e Satanás anseia por essa glória. Mas quando ressurgirmos entronizados nos lugares celestiais com Cristo, Satanás experimentará mais uma queda. Ele já foi lançado do céu para a terra (Isaías 14); no futuro, ele será lançado da terra para dentro do abismo por mil anos (Apocalipse 20.3); finalmente, após ser solto por pouco tempo, ele será jogado no lago de fogo (Apocalipse 20.10).
Satanás sabe muito bem de sua infinita queda e sabe da ascensão do crente para glória infinita. E como ele odeia os cristãos; como ele odeia a noiva de Cristo que reinará com Ele eternamente.
Então, por vinte e um séculos, Satanás tem atacado e esquematizado contra a igreja, tramado e assassinado cristãos, humilhado, caluniado, frustrado e até torturado a igreja. Se o crente entrará na glória que ele tanto cobiça, até onde Satanás sabe o crente entrará nessa glória tendo sofrido o máximo de sofrimento que ele puder infligir no cristão.
Contudo, Deus usa tal sofrimento para edificar o crente e ser glorificado, e até mesmo para avançar a causa da igreja.
Satanás finda ferindo si mesmo, pois a perseguição não erradica a igreja, ela espalha a igreja. O sofrimento não paralisa a igreja, mas purifica e promove a igreja, e propaga o Evangelho da igreja ao mundo, o qual se pergunta como a igreja sofre tanto e ainda consegue cantar e falar de Cristo.
Tertuliano, um pai da igreja que viveu em meio a grande perseguição, disse, “O sangue dos mártires é a semente da igreja.”
Em outras palavras, quando o sangue de um cristão é derramado, ele parece florescer novos cristãos e novas igrejas. Isso é verdade no século vinte em lugares como Orissa, Índia, Argélia, Rússia e África, e também foi verdade no século primeiro.
Esmague a vida de um crente e uma doce fragrância sobe que simplesmente atrai pessoas a Cristo (2 Coríntios 2.14).
Agora, das sete igrejas mencionadas em Apocalipse 2 e 3 que recebem uma carta especial de Cristo, apenas duas delas não ouvem uma crítica da boca de seu Senhor. A próxima igreja que estamos prestes a estudar é uma delas. Não é surpresa alguma que essa igreja estava sofrendo.
Vamos abrir juntos essa carta em Apocalipse 2.8–11:
Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver: Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.
Louvores de Cristo à Igreja Sofredora de Esmirna
Nessa carta, nosso Senhor louva essa igreja em Esmirna em pelo menos quatro áreas.
- Primeiro, Jesus diz, “Sei que vocês estão suportando grande pressão.”
Veja novamente Apocalipse 2.9a:
Conheço a tua tribulação...
A palavra tribulação é o grego thlipsis, que significa “problema ou pressão.”
Esse termo grego era usado na época para se referir a um homem torturado à morte ao ser esmagado lentamente quando uma pedra enorme era lançada sobre ele.
Jesus Cristo diz, “Sei que vocês estão sendo esmagados pelas pressões em sua vida.”
Como era a vida em Esmirna que estava gerando tanta pressão?
Sem dúvida alguma, a pressão na igreja de Esmirna era dupla:
- O ódio que eles suportavam por parte dos judeus que moravam na cidade, o qual observaremos depois;
- E a predominância da adoração a César.
O grande Império Romano havia trazido a paz aos seus cidadãos. O cidadão podia conduzir seus negócios, providenciar para sua família, enviar suas cartas e viajar com segurança graças à forte mão de Roma. Os mares haviam sido limpos de seus piratas, as estradas romanas pavimentadas sem bandidos e o povo não vivia mais debaixo de barbarismo.
Não foi difícil transformar patriotismo e lealdade a Roma em uma forma de adoração. Isso deu à luz a adoração da Dea Roma, ou a deusa Roma.
A princípio, essa adoração era espontânea e voluntária, mas, com o passar do tempo, surgiu a crença de que havia, de fato, uma pessoa que incorporava o espírito de Roma e essa pessoa era o imperador. Nele estava encarnado o espírito da Dea Roma.
No início, adoração ao imperador era algo aceito, mas depois foi transformado em algo oficial e o imperador passou a ser visto como a encarnação da divindade.
Não é algo incrível isso? Como o inimigo da igreja move a humanidade de maneira tão semelhante ao Evangelho para criar suas falsas religiões.
Para piorar as coisas ainda mais, próximo do final do século primeiro, Domiciano, o imperador romano da época, fez da adoração a César algo obrigatório. Uma vez por ano, os cidadãos de Roma deveriam queimar incenso a César. Esse não era exatamente um ato de adoração, mas um ato de lealdade e exercício de boa cidadania.
Qualquer pessoa que se recusasse queimar incenso a César era considerada criminosa. Por outro lado, os que queimavam incenso a César recebiam um certificado dos sacerdotes. Baseado em registros históricos, temos o conteúdo desses certificados, os quais diziam simplesmente, “Nós, os representantes do imperador, testemunhamos você sacrificando.” Os sacerdotes assinavam e datavam o certificado. Daí, o povo voltava a adoração e sacrifício do deus de sua escolha.
Você vê algum problema nisso?
Nenhum idólatra veria problema em oferecer incenso e declarar que César era Senhor; ele era apenas mais um dentre muitos deuses—grande coisa.
Contudo, o cristão não deveria fazer isso; ele não poderia comprometer sua fé nesse ato que levava somente dois minutos. Os cristãos não deveriam atribuir a nenhum outro homem o nome de seu Messias—Ele somente era Senhor.
As palavras de Paulo vêm à mente quando ele escreveu em 1 Coríntios 8.6:
todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.
Sem esse certificado, a qualquer momento poderiam surgir perseguição, aprisionamento e sofrimento.
Agravando ainda mais a situação, Esmirna era tão dedicada à adoração a César que essa foi a primeira cidade a construir um templo à Dea Roma, a deusa de Roma. No ano 26 d.C., Esmirna competiu com seis outras cidades proeminentes pelo direito de edificar o templo ao deus Tibério, o imperador da época, e Esmirna venceu.
Portanto, fazer parte da igreja em Esmirna era o mesmo que sacrificar sua vida. Os crentes nunca sabiam quando a pedra enorme cairia sobre eles, e viviam sob a constante expectativa de uma morte esmagadora e torturante a qualquer momento.
Achei interessante descobrir que a palavra grega para Esmirna significa “mirra.” Mirra era uma especiaria cheirosa usada como perfume. Ela era obtida quando a árvore de mirra cheia de flores era esmagada. A resina viscosa e perfumada era recolhida e depois usada como perfume. Mirra também era usada no preparo de defuntos para sepultamento.
Quando os magos visitaram Jesus Cristo, eles Lhe trouxeram presentes simbólicos:
- Ouro—um presente reservado para a realeza;
- Incenso—usado pelos sacerdotes do Antigo Testamento como parte de seu serviço sacerdotal de intercessão;
- Mirra—um perfume adocicado usado para embalsamar os mortos.
O presente de mirra foi um símbolo da morte do próprio Cristo—o Salvador sofredor que morreria pelos pecados do mundo.
Agora, Jesus Cristo diz aos crentes vivendo na cidade da mirra, “Sei muito bem o que significa viver debaixo de uma sentença de morte; entendo perfeitamente isso que vocês estão encarando.”
Não fazemos ideia do impacto nas vidas desses crentes ao ouvirem seu Salvador dizendo, “Conheço a sua tribulação; sei a pressão do desespero e da morte—Eu transpirei gotas de sangue por isso! Eu sei!”
Quando passamos por alguma hora tenebrosa de provação, é bastante encorajador ter um amigo próximo que diz, “Eu sei; eu entendo—já passei por isso.”
- “Já tive essa doença—sei o que você está encarando.”
- “Sei muito bem o que é perder um relacionamento por causa de convicção pessoal.”
- “Sei o que é não ser promovido por ser honesto e íntegro.”
- “Sei o sentimento de ter que enterrar um filho.”
- “Sei como é ser abandonado pela família.”
Ouça o que Jesus Cristo nos diz, “Conheço o fardo no seu coração e espírito. Talvez nenhuma pedra gigante tenha sido lançada em sua cabeça; talvez você não tenha problemas com adoração a César em sua sociedade, mas carrega dentro do peito uma pedra enorme e um peso tremendo—sei o que é isso.”
Como é encorajador para o crente que sofre saber que Jesus Cristo sabe.
Isso é muito parecido com nossos filhos. Quando se machucam, eles correm para a mãe. Eles querem o colo da mãe, mas, muito mais do que isso, eles querem saber que a mamãe sabe e que a mamãe se importa. Não sei como eram as coisas com seus filhos, mas meus filhos corriam para a mãe quando se machucavam, e corriam para mim quando precisavam de dinheiro. Eles queriam que a mãe soubesse.
Até mesmo no último Natal quando nossos filhos já jovens estavam em casa, nossa filha adoeceu durante uma noite. Era em torna das 3 da manhã e ela veio à nossa cama para dizer que estava doente. Eu não precisava saber, mas a mãe se preocupou. Às 3 da manhã, nossos filhos sabem que ela age mais parecido com Jesus do que eu. Eles querem que ela saiba.
Jesus Cristo diz ao cristão sofredor em Esmirna, “Sei que você está experimentando grande pressão.”
- Segundo, Jesus garante, “Sei que vocês estão passando por profunda pobreza.”
Jesus diz em Apocalipse 2.9:
Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico)...
Ele diz, “Vocês são pobres.”
Sem dúvida alguma, essa pobreza era devida ao fato de seus empregos, lares e sustento poderem ser retirados. Muitos dos crentes de Esmirna provavelmente suportaram atos semelhantes aos que os judeus sofreram na Europa nazista. Suas casas foram vandalizadas em plena luz do dia; suas lojas foram arrombadas e roubadas; eles foram deixados desamparados e em pobreza.
Jesus Cristo ainda adiciona o pensamento, mas tu és rico.
Será que Cristo é simplesmente otimista? Deixe-me explicar isso para você com um exemplo.
Suponha que você seja uma pessoa muito pobre. Alguns devem estar pensando, “Não preciso de muita imaginação.” Mas suponha que você não tenha um centavo em sua conta; não tem dinheiro para ônibus, gasolina, comida, para pagar a água e a luz, nem mesmo para pagar seu aluguel.
Contudo, suponha que eu seja um milionário. Eu venho até você e digo, “Veja bem, José, você não vai acreditar nisto. Enquanto analisava a árvore genealógica da minha família, descobri que o seu bisavô era sobrinho do meu tataravô. Então, somos primos bem distantes. Como é meu costume, dou a cada membro de minha família um milhão de minha fortuna. Então aqui está seu cheque de um milhão de reais.”
Eu entrego o cheque para você.
Agora, o que você faz? Vai correndo ao banco.
Mas, antes de você chegar ao banco, deixe-me perguntar, “Você é rico ou pobre?”
Lembre-se que você ainda não depositou esse dinheiro em sua conta; está apenas a caminho do banco a toda pressa.
Você responde, “Sou rico!”
Você ligaria para sua esposa e familiares no caminho e gritaria, “Estou rico! Estamos ricos!”
É mesmo? Tudo o que você tem em sua mão é um pedaço de papel. Ah, mas você sabe que a assinatura é verdadeira e que esse pedaço de papel é corroborado pela riqueza de seu dono. Você é parente dele e ele prometeu dar a cada membro de sua família um milhão de reais.
Você está rico. Mesmo enquanto dirige sua lata-velha para o banco e vai vestindo suas roupas esfarrapadas, com seu estômago roncando porque já faz um dia que não come nada—você está rico.
Meu amigo, você tem um cheque com seu nome escrito e as riquezas do céu são sua herança.
Você pode até estar pobre a caminho do banco, mas, ao mesmo tempo, você possui as riquezas de Deus em Cristo Jesus—Sua herança, Sua justiça, Seu reino, Seu trono, Seu esplendor, Seu novo céu e nova terra—tudo prometido a você e aos que pertencem à família do Pai de Cristo.
O escritor de Hebreus disse o seguinte sobre crentes como aqueles que moravam em Esmirna,
...aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável (Hebreus 10.34).
Não demorará muito até que todos nós cheguemos ao banco.
Jesus Cristo diz à igreja em Esmirna, “Eu sei muito bem que você tem passado por grande pressão; sei que você se encontra em profunda pobreza.” Daí, Ele faz mais um elogio.
- Terceiro, Jesus diz, “Eu sei que vocês estão suportando provocação injusta.”
Veja ainda em Apocalipse 2.9. Cristo diz:
Conheço… a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.
Em outras palavras, essas pessoas não representam uma sinagoga de Deus, mas, na realidade, uma sinagoga que realiza a vontade de Satanás.
Os crentes estavam suportando ataques maliciosos por parte desses judeus que se recusavam seguir a Cristo. Registros históricos nos fornecem os detalhes dessas acusações caluniadoras:
- Pelo fato de os cristãos se recusarem adorar os deuses e visitar os templos, eles eram acusados de serem ateus e infiéis.
- Outra provocação séria era a de que já que os cristãos celebravam a ceia e conversavam sobre participar da carne e do sangue, eles eram acusados de canibalismo; eles eram acusados de matarem e comerem membros de sua própria comunidade em rituais macabros que, é claro, horrorizavam as mentes dos cidadãos romanos.
- Além disso, uma vez que os cristãos falavam sobre o amor uns para com os outros e de serem membros uns dos outros, surgiu a acusação de que os cristãos, na verdade, participavam de orgias sexuais dentro da comunidade da fé.
Toda essa calúnia energizou muito da perseguição contra os cristãos primitivos.
Finalmente, o Senhor informa os crentes de Esmirna quanto ao seu futuro.
- Quarto, Jesus diz, “Eu sei que alguns de vocês serão presos.”
Veja Apocalipse 2.10:
Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias...
Em outras palavras, “Piorando ainda mais as coisas, alguns de vocês serão separados de suas famílias; alguns maridos e pais serão aprisionados e famílias já pobres terão que sobreviver sem vocês.”
Que golpe duro esse seria.
Assim como alguns pastores e crentes da Albânia e do Uzbequistão sobre os quais li essa semana. Eles aguardam suas sentenças simplesmente porque se recusaram abandonar e deixar de propagar o Evangelho.
Agora, o que João quer dizer com tereis tribulações de dez dias?
Alguns crêem que essa é uma expressão idiomática que se refere a um curto período de tempo.
Eu creio que se refere aos dez editos de perseguição contra os cristãos que serão promulgados por dez imperadores romanos. O primeiro deles entrou em exercício com Nero no ano 54 d.C., e o último edito foi promulgado por Diocleciano em 284 d.C. Esses foram dez editos esmagadores que produziram sofrimento e dificuldade incalculáveis para o cristão. Por trás deles estava o diabo, o deus deste século que,
...cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus (2 Coríntios 4.4).
Esse é aquele que sempre atacará a igreja. Mas Cristo prometeu em Mateus 16.18, as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela.
O Desafio de Cristo à Igreja Sofredora de Esmirna
Perceba, agora, o desafio do Senhor a essa igreja de Esmirna. Veja Apocalipse 2.10b:
...Sê fiel até à morte...
G. Campbell Morgan, um pastor e escritor de um século atrás, destacou que a palavra fiel vem da mesma raiz da palavra que significa “ser convencido;” ser convencido do poder, da graça, da vontade e do plano de Deus.
Em outras palavras, permaneça convicto, mesmo em face à morte, de que vale a pena seguir a Cristo e siga a Cristo fielmente.
Poucos anos atrás, o ministério A Voz dos Mártires divulgou ao mundo ocidental uma fé em Cristo como de uma criança no coração da China comunista.
Oficiais chineses arrombaram as portas de uma igreja clandestina durante um culto no qual trinta crianças estavam tendo aula de Escola Dominical. Eles colocaram as crianças em uma van e as levaram para a delegacia. Seus pais foram atrás delas. Apesar de isso ter aterrorizado as crianças, uma delas começou a cantar. Logo a van se encheu com canções sobre Jesus.
Ao chegarem à delegacia, as crianças marcharam corajosamente para um interrogatório ainda cantando ao Senhor. Os policiais chineses tentaram forçar as crianças a escrever, “Não creio em Jesus,” dizendo-lhes que deveriam escrever 100 vezes antes de serem liberadas para voltarem para casa. Ao invés disso, as crianças escreveram, “Creio em Jesus hoje; crerei nEle amanhã; crerei em Jesus para sempre.”
Os policiais ficaram furiosos com a coragem e fé dessas crianças. Eles convocaram seus pais para a sala de interrogatório e os ameaçaram. Alguns deles negaram a Cristo, pegaram seus filhos e saíram dali. Outros se recusaram. Uma viúva crente se recusou fortemente a negar a Cristo quando foi trazida para a delegacia para buscar seus filhos gêmeos. Os policiais a ameaçaram dizendo, “Se você não negar a Jesus, não deixaremos seus dois filhos ir.”
Ela replicou com um senso de humor, “Então acho que você terá que ficar com eles porque, sem Jesus, não poderei cria-los.”
Sem mais saber o que fazer, e sem esperarem esse tipo de resistência, os policiais simplesmente disseram aos pais presentes, “Peguem seus filhos e vão embora daqui.”
Esse é o desafio do Senhor.
A Recompensa de Cristo à Igreja Sofredora de Esmirna
O Senhor faz não somente um desafio, mas lembra a igreja de Esmirna de uma parte de sua recompensa. Jesus promete em Apocalipse 2.10b:
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida...
A palavra usada nesse verso para coroa não é diadema, que era uma coroa de reis, mas stephanos, uma coroa de vencedor. O termo seria melhor traduzido como “guirlanda.” Ele era:
- Dado aos atletas que venciam uma competição—essa era a versão deles do ouro olímpico;
- Dado aos que serviam a cidade fielmente, promovendo o avanço da sociedade como um bom cidadão;
- E vestido em casamentos e outras ocasiões festivas de grande alegria.
Então:
- Cristo lembra esses crentes sofredores e pobres de que um dia virá quando receberão a guirlanda como atletas vitoriosos que correm sua corrida e completam o trajeto.
- Cristo lhes dará essa coroa especial, e a nós também, quando celebrarmos as bodas do casamento da noiva com o nosso Parente-Resgatador.
- E Cristo também nos dará a guirlanda como bons cidadãos que avançaram a causa da cidade eterna de Deus.
A nossa presente tribulação é, de fato, leve, quando comparada ao eterno peso de glória além de toda comparação (2 Coríntios 4.17, paráfrase).
Essa é a recompensa dada pelo Senhor aos crentes de Esmirna.
A Confiança em Cristo da Igreja Sofredora de Esmirna
Agora perceba a confiança em Cristo que essa igreja de Esmirna tem. A carta termina em Apocalipse 2.11:
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.
É interessante que essa carta começou com uma referência à vitória sobre a morte e termina, agora, com o crente vencendo a morte. E isso é bastante apropriado, não é verdade, já que foi escrita a crentes que sofrerão a morte de mártires.
A frase O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte refere-se à separação eterna de Deus no lago de fogo.
Assim como a primeira morte não extingue o espírito—na verdade, ficamos mais vivos do que nunca após a morte física—da mesma forma, após a segunda morte, os que forem condenados ao inferno permanecerão mais vivos do que nunca antes.
Como escapar da segunda morte? Pela fé em Cristo somente. É necessário nascer de novo, conforme Cristo disse a Nicodemos em João 3.3–6.
Se você nasceu fisicamente e espiritualmente pela fé, você morrerá apenas uma vez.
Contudo, se você nunca nasceu de novo ao colocar sua fé em Cristo somente como seu Salvador, você morrerá a qualquer momento e, por fim, será julgado, conforme Apocalipse 20, e experimentará a morte eterna.
Em outras palavras, se você nasceu duas vezes, morrerá apenas uma vez; se nasceu apenas uma vez, você morrerá duas vezes.
Como sabemos que seremos salvos eternamente? Esta é a nossa certeza no Senhor, conforme diz Apocalipse 2.8b: Ele esteve morto e tornou a viver.
Você pode ser esmagado, mas o esmagamento de sua vida emite um aroma doce da fragrância da fé e confiança nAquele que ressuscitou dos mortos.
Conclusão
Permita-me compartilhar um último pensamento com você.
Policarpo foi o líder da igreja de Esmirna cinquenta e cinco anos depois de João ter escrito essa carta. Ele havia sido um discípulo do próprio João.
Houve um festival na cidade de Esmirna e a agitação por causa da glória de Roma foi estupenda. Alguém sugeriu que pegassem Policarpo e o forçassem a declarar sua lealdade a César.
Ele foi trazido à arena e lhe deram a ordem de confessar que César era senhor; caso contrário, morreria. Líderes judaicos lideravam a turba caluniando seu nome. Eles gritavam, “Esse é o mestre da Ásia, o pais dos cristãos, o destruidor dos deuses que ensina muitos a não sacrificar, nem adorar.”
Deram uma escolha a Policarpo: sacrificar a César ou morrer queimado. Temos sua resposta imortal registrada e guardada no decorrer dos séculos. Policarpo disse para a massa em silêncio, “Oitenta e seis anos servi a Cristo e Ele nunca me fez dano algum. Como blasfemaria contra o meu Rei e Salvador? Não temo o fogo que queima apenas por uma hora e logo se apaga... por que demoram? Venham, façam sua vontade.”
Em questão de minutos, ele foi queimado à morte e as palavras de Cristo se tornaram realidade para ele: ele recebeu a coroa da vida.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 10/02/2008
© Copyright 2008 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
Add a Comment