A Perseverança do Salvador

A Perseverança do Salvador

Series: Apocalipse
Ref: Revelation 1–22

A Perseverança do Salvador

Uma Prévia das Coisas Por Vir—Parte 5

Apocalipse 14.12–13

Introdução

Recentemente, um jornal publicou a entrevista com um homem famoso e bilionário dos Estados Unidos. Esse indivíduo é o maior dono de terras ao redor do país com mais de 600 mil hectares em seu nome. O entrevistador extravasou o fato de que, por trás de toda sua riqueza e conquista, existe o desejo interior por qualquer coisa que promova paz, harmonia e compreensão.

Próximo do fim do artigo, esse bilionário respondeu a perguntas específicas sobre salvação pessoal. Ele disse: “Sabe... quase todas as religiões falam de um salvador vindouro. [Mas], quando você se olha no espelho pela manhã colocando maquiagem ou se barbeando, você vê o salvador. Ninguém mais irá salvá-lo, a não ser você mesmo.”

A priori, você pode pensar: “Mas como alguém fala uma coisa dessas? Você é o seu próprio salvador?!”

Praticamente esperamos um trovão do céu e um raio caindo sobre essa pessoa.

A verdade é, por mais dramático que isso soe, que o cerne do que esse homem afirmou é a crença fundamental de basicamente todas as religiões do planeta—você realmente é seu próprio salvador. O âmago de sua declaração é, na verdade, uma parte do engano depravado de nossa natureza caída.

Sinceramente, o elemento mais sério do comentário desse homem não é o de ele ser seu próprio salvador, mas que ele pensa que pode ser; é o fato de ele pensar que é qualificado para salvar a si mesmo e é capaz dessa proeza.

Isso, a propósito, é algo bastante conveniente porque, assim, o ser humano se livra de Deus—não precisamos dEle. Um relacionamento pessoal com um salvador deixa de ser necessário porque deixamos nosso currículo para a posição de Messias e fomos contratados. As coisas são do jeito que queremos porque, afinal, somos o mestre de nosso destino.

Esse é um dos motivos porque pegamos um jornal ou revista e lemos as declarações mais esquisitas sobre espiritualidade da boca de pessoas sinceras. Essas são pessoas sinceras que não possuem alicerce algum para crer no que creem, a não ser o alicerce que esse bilionário tem. Ele afirmou em sua entrevista: “Eu somente faço o que eu faço porque eu creio ser certo.”

Em outras palavras, “Eu não preciso de Deus, igreja ou outra coisa que não posso controlar.”

Pouco tempo atrás, um artigo relatou que 100 mil pessoas vivendo no Reino Unido baixaram da internet um “certificado de des-batismo” para renunciar sua fé cristã.

Essa iniciativa online foi lançada por um grupo chamado Sociedade Secular Nacional, a qual disse produzir, “um certificado em pergaminho [que vendemos por] três libras.”

Esse movimento está pegando fogo. Certificados de des-batismo estão virando moda em regiões católicas do Reino Unido, Espanha e Itália. Mais de mil pessoas por mês que batizaram seus bebês estão na fila, pagando suas taxas e conseguindo seu certificado de des-batismo.

Em outras palavras, “Não quero ter algo a ver com Deus ou religião que não posso controlar.”

Apesar de essa ser uma notícia alarmante, apenas uma minoria quer esse certificado. A grande maioria da população mundial deseja engordar sua bagagem espiritual com qualquer coisa que os conecte a Deus—não remover. “Vamos nos precaver. Batismo, claro... rezas, por que não?... Nada disso nos prejudicará. É melhor termos cuidado. Talvez exista um Deus por aí e não queremos ofender o Todo-poderoso. Então, no caso de Ele estar lá em cima nos ouvindo, apesar de eu não me preocupar com Ele, nem com igreja, existe uma solução—uma solução cibernética.”

Ouça bem o que um periódico relatou alguns dias atrás:

Para aqueles sem tempo para orar, mas que não querem abandonar a religião por completo, [existe a solução de] terceirizar a oração. [Uma organização protestante permite que seus usuários] se inscrevam e que os computadores da organização recitem orações por eles usando uma programa de computador. Assinantes protestantes podem pagar U$ 3,95 por mês para que um computador recite a oração do Pai Nosso todos os dias em seu lugar.

O site ainda exorta de forma ousada: “Mostre para Deus que você é um assinante sério de [um pacote de oração]—[até] mesmo católicos [podem comprar] o pacote completo do Rosário [por] U$ 50.” Já que a organização é protestante, católicos pagam mais caro. Além disso, “o site possui orações para muçulmanos também, [com] a garantia de direcioná-las devidamente a Mecca.”

Acredito que, se a pessoa tiver alguma dúvida ainda, ela pode comprar os três pacotes e se prevenir de todas as formas!

Não é surpresa alguma que o mundo está repleto de enganadores e trapaceiros religiosos. As pessoas possuem a intuição incutida por Deus de que Ele existe (Romanos 1). Todavia, um dos motivos por que existem tantos atalhos e confusão é que, apesar de muitas pessoas quererem se precaver espiritualmente, elas não desejam ter nenhum compromisso espiritual.

E isso é verdade mesmo entre aqueles que dizem ter feito um compromisso. Mais da metade dos entrevistados numa pesquisa recente disse crer em Deus, mas apenas uma pequena porção desses crê que a Bíblia tem autoridade sobre suas vidas.

A maioria das pessoas na sua e na minha igreja crê que Deus fornece a resposta em Sua Palavra. Nós nos reunimos semanalmente para ajustar nossos relógios conforme o horário celestial, calibrar nossa perspectiva segundo a sabedoria de Deus e revigorar nossas mentes com a verdade revelada de Deus.

Então, como a Bíblia descreve a pessoa que realmente pertence a Deus?

Uma das definições mais claras de um crente genuíno provém do contexto da Tribulação que temos estudado. Um mensageiro angelical comissionado por Deus proclama a definição. Abra sua Bíblia em Apocalipse 14.

Agora, lembre-se que esse anjo anuncia essa mensagem num período em que a maioria do mundo crerá no mesmo deus e todos o adorarão! O problema é que estarão adorando o deus que conhecemos como Anticristo.

Para os que o adoram, tendo aceitado sua marca na mão ou testa—que totaliza 666—o anjo não possui uma mensagem positiva. No caso deles, sua idolatria e incredulidade os conduzirão à ira de Deus sobre suas vidas no inferno. Seu sofrimento será pessoal, terrível, doloroso e eterno.

Entretanto, o anjo encoraja os que estão no planeta Terra com uma mensagem.

O Anjo Mensageiro do Encorajamento de Deus aos Santos

Vamos continuar a mensagem desse anjo em Apocalipse 14.12–13:

Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.

Permita-me fazer algumas observações sobre a mensagem desse anjo que vai chegando ao fim. Três palavras formam o esboço que guia nosso raciocínio.

  • A primeira palavra é perseverança.

Esse anjo diz, com efeito, que aqueles que se rendem e adoram o Anticristo serão destruídos, mas os santos, isto é, os crentes verdadeiros, perseverarão.

Aqui está a perseverança dos santos...

Essa frase revela a verdade maravilhosa de que crentes genuínos jamais precisarão temer que perderão sua salvação ou se perderão após terem sido salvos. Salvação genuína não pode ser perdida.

Alguns dizem que a própria presença da frase a perseverança dos santos indica que o oposto é uma possibilidade—ou seja, que alguns santos podem não perseverar.

Todavia, esse não é o caso, necessariamente. Quando a Bíblia diz que o céu é eterno, isso não significa automaticamente que existe a possibilidade de ele ser temporário. Quando ela diz que Jesus Cristo é o único caminho ao Pai, isso não significa que Ele pode não ser.

A Perseverança dos Santos é uma doutrina maravilhosa e confortadora que reforça todos os versos das Escrituras que dizem que Deus jamais perderá os Seus (João 18.9).

Da perspectiva de Deus, a “perseverança dos santos” significa que Deus não perderá nenhum de Seus filhos.

Da perspectiva do crente, a “perseverança dos santos” significa que o crente genuíno perseverará em seu relacionamento com Cristo até o fim.

Da perspectiva de Deus, Deus não abandonará Seus filhos; da perspectiva do crente, eles não abandonarão Deus.

E o que dizer daqueles que se desviam? Esses são aqueles cuja semente caiu no chão, eles a receberam e ela parecia estar criando raiz. Contudo,

...eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam (Marcos 4.17).

Hebreus 6 trata do mesmo assunto; essas pessoas tinham aparência de salvas; pareciam ter interesse e até ter sido iluminadas; elas provaram das coisas de Deus, mas, assim como Cristo que provou a morte, a experiência foi apenas temporária. Elas até se envolveram de alguma maneira com as coisas de Deus, mas abandonaram o Evangelho e endureceram seus corações. Nada mais pode lhes ser dado ou ensinado—elas não têm interesse. Mesmo que Cristo fosse crucificado novamente, nada disso faria diferença.

Assim como Judas, esses estavam associados a Cristo, mas não creram nEle como seu Salvador. Judas, como você se lembra, surpreendeu todos. Quando Jesus anunciou no cenáculo que um deles O trairia, os discípulos não olharam para Judas e disseram: “Eu sabia!” Não. Eles disseram:

...Acaso sou eu, Senhor? (Mateus 26.22).

Charles Templeton, ex-companheiro de Billy Graham, afastou-se de Deus. Ele praticamente disse: “Não creio em mais nada dessas coisas.” Seu último livro publicado teve por título Adeus a Deus e como subtítulo: Meus Motivos para Rejeitar a Fé Cristã.

Isso significa que Templeton perdeu sua salvação? Não. Significa que ele nunca havia sido salvo. Lembre-se do que Jesus disse em Mateus 7.22–23:

Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci…

Perceba que Jesus não disse: “Eu os conheci no passado, mas não mais. Tivemos um relacionamento, mas não depois daquilo que você fez. Vocês eram da família de Deus, até que se rebelaram e nunca mais oraram pedindo salvação.” Não. Jesus disse: nunca vos conheci.

Em sua teologia sistemática, Wayne Grudem escreveu:

O propósito [da frase “perseverança dos santos”] não é preocupar os que confiam em Cristo com a possibilidade de que, no futuro, poderão cair; ao contrário, [ela pode] alertar os que estão pensando em se desviar de que, caso tomem essa decisão, isso será um indicador muito forte de que eles nunca sequer foram salvos.

Agora, cuidado crente; cuidado, igreja. Não pegue seu relógio e diga: “Um, parece que ele foi removido desse cargo... vou dar dois dias para ele se arrepender. Um, ela já faltou dois domingos...”

“Ele fez o que? Ela disse o que? É, nunca achei que eles fossem salvos mesmo.”

Não conseguimos nossa salvação por sermos isentos de pecado, e não podemos perde-la porque pecamos.

Paulo pregou a doutrina da graça abundante e as pessoas se alvoroçaram dizendo: “Se você ficar pregando esse Evangelho da graça, estará encorajando todos a pecarem à vontade.”

Não. A graça na vida de um crente genuíno não produz pecaminosidade, mas gratidão.

Na verdade, você irá pecar após a salvação. Você já descobriu isso? Já estudou a batalha pessoal de Paulo em Romanos 7?

Algumas pessoas acreditam que precisamos ser salvos várias vezes seguidas. Meu amigo, compare Escritura com Escritura. Veja, por exemplo, 1 João 2.1:

Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis...

Ou seja, “Escrevo isso para que vocês aprendam a dizer ‘não’ ao pecado e cresçam na semelhança de Cristo.” Daí, ele adiciona:

...Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo;

Se... alguém pecar—lembre-se que temos um Advogado, Jesus Cristo, o qual nunca peca e está em nosso lugar como Salvador.

Meu amigo, a “perseverança dos santos” é, no fim, a perseverança de nosso Salvador gracioso. Paulo escreveu em Romanos 8.1:

...nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.

Jesus Cristo—Ele nos protege, intercede por nós, nos guia, nos segura firme em Suas mãos, nos instrui, nos capacita, nos disciplina, nos direciona e completará a boa obra em nós até ao dia em que O veremos (Filipenses 1.6).

A perseverança dos santos não é para a nossa glória; a perseverança dos santos é a perseverança do Salvador.

Existe outra palavra além de perseverança em Apocalipse 14.12.

  • A segunda palavra é obediência.

É aqui que as coisas ficam mais pessoais. João escreve:

Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus...

Em outras palavras, o crente verdadeiro é aquele que guarda os mandamentos de Deus.

Agora, alguns adicionam no final as palavras “sem falhar.” Essas palavras não estão no texto.

Para o crente genuíno, os mandamentos de Deus são o seu desejo; ele quer obedecer a Deus e fica perturbado quando O desobedece.

A diferença entre um crente verdadeiro e um crente falso não é que o verdadeiro nunca peca e que o falso sempre peca. A diferença é que ambos pecam, mas o crente verdadeiro é o único que fica perturbado com o pecado, incomodado com sua pecaminosidade, que agoniza por causa de seu fracasso, entristecido porque prejudicou sua comunhão com Deus, seu Pai, e Cristo, seu Senhor. O crente falso não se incomoda com o pecado, apenas com as consequências que podem atrapalhá-lo.

Agora, não vamos nos dispensar tão rapidamente assim. Apesar de obediência não ser uma condição para a salvação, a obediência é uma evidência de salvação.

Deixe-me colocar da seguinte forma: se você fosse preso por ser um cristão, haveria evidência suficiente para incriminá-lo num tribunal?

Qualquer pessoa que não deseja obedecer a Deus, nem se importa com o que Deus diz necessita urgentemente ouvir o alerta desse anjo.

Concordo com um autor que disse: “Obediência e fé genuína se interpretam mutuamente; obediência envolve fé e fé envolve obediência. Fé e obediência não são dois estágios separados da experiência cristã.”

Paulo escreveu em Efésios 2.10:

Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.

Apesar de fé genuína não ser resultado de obras, fé genuína realiza obras. O crente genuíno vive com um sentimento diário de seu fracasso em guardar os mandamentos, mas, mesmo assim, eles são seu anseio todos os dias.

Veja como William Carey lamentou o constante fracasso de seu coração e desejo por Cristo. Suas palavras lembram bastante Romanos 7. Ele escreveu em 1793: “Tenho motivo para lamentar por causa de uma alma árida e fico, às vezes, muito desencorajado porque, se sou tão morto, como posso ser útil entre os [perdidos]?”

Em 22 de janeiro de 1794, Carey escreveu em seu diário: “Oxalá eu tivesse mais de Deus em minha alma e sentisse mais submissão a Ele; isso me colocaria acima de todas as demais coisas.”

Posteriormente, ele adoeceu tão profundamente que sua equipe missionária pensou que iria morrer. Na verdade, Carey tinha terminado a revisão de uma tradução da Bíblia para bengali e todos pensavam que o trabalho estava finalizado. No mesmo ano, Carey escreveu: “Minha alma é uma floresta quando deveria ser um jardim. Mal sei dizer se tenho a graça de Deus ou não; como ajudarei a Índia com pouquíssima piedade dentro de mim?”

Vários anos depois, ele agonizou diante do Senhor, dizendo: “Meu crime é a tolice espiritual. Sou, talvez, a criatura mais inconsistente e fria a possuir a graça de Deus. Não tenho amor. Ó, Deus, me transforme num crente verdadeiro! Se Deus me usar, ninguém precisa se desesperar.”

Você consegue imaginar o que os pastores que o apoiavam pensaram? Esse tipo de conversa não ajuda a levantar sustento para o campo missionário!

Quando você pecou, se sentiu assim? Quando se afastou da comunhão com o Senhor, você se perguntou como poderia pertencer a Ele?

Espero que sim—essa é uma evidência de que anseia pela aprovação de Deus e, como resultado, repreende severamente a si mesmo por seu fracasso. É como Paulo, que disse, Desventurado homem que sou! (Romanos 7.24).

Será que você precisa nascer de novo a essa altura? Não. Na verdade, a agonia que sentiu por sua inconsistência e pecado é uma das evidências de que você é verdadeiramente convertido.

  • A terceira palavra é confiança.

Outra marca do crente genuíno é que ele confia apenas no seu Salvador para salvação. João escreve:

Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus...

No contexto imediato, isso significa que os santos recusam colocar sua fé no Anticristo ou em si mesmos, como fez o bilionário que mencionei antes. Eles não se consideram salvador de si mesmos.

Essa fé, a propósito, não é uma crença vazia, mas uma lealdade ativa.

Já conheci pessoas que não tinham nada a ver com Jesus Cristo, mas criam estar a caminho do céu porque tinham feito uma oração numa cruzada evangelística anos antes, ou foram até a frente durante um culto, se tornaram membros de uma igreja e foram batizados. É aqui, talvez, que segurança eterna transmite uma versão diluída de perseverança, obediência e lealdade.

Creio em segurança eterna; é impossível ser chamado pelo Pai, ter nascido de novo da morte espiritual, ser selado pelo Espírito, ser perdoado dos pecados—passados, presentes e futuros—e, depois, perder a salvação ou, pior ainda, decidir devolvê-la. Aquele que deseja devolvê-la nunca a recebeu de fato.

Meu temor é que, ao pregar segurança eterna, a igreja esteja dizendo às pessoas que, se fizeram aquela oração no passado e foram batizadas, não importa o tipo de vida que levem após tal oração, nada importa.

Entenda bem que existe uma diferença em dizer que o crente não pode perder sua salvação por causa de pecado e dizer que pecadores não arrependidos que não se preocupam com Cristo, Sua Palavra, igreja ou vontade não precisam duvidar de sua salvação porque: “Lembre-se, você fez aquela oração na frente da igreja toda, ou diante da televisão e ainda foi batizado depois.”

A salvação genuína é uma lealdade presente e ativa à obra e ao sacrifício de Cristo na cruz.

Os que abandonam Cristo e vivem no mesmo estilo de vida que viveram antes de virem a Cristo não estão seguros eternamente; eles estão enganados eternamente.

É por isso que Paulo mandou os crentes de Corinto examinarem a si mesmos para ver se estavam ou não na fé (2 Coríntios 13.5).

Isso não significa que o crente não escorrega, desobedece seu Senhor ou até mesmo se desvia por um tempo—os discípulos fizeram isso. Entretanto, o indivíduo que diz ter sido crente, mas que agora está feliz reunido com o mundo, a carne e o diabo jamais foi a Cristo de fato. Aquele que diz: “Eu tive fé em Cristo no passado, mas não creio mais nEle hoje,” nunca foi um crente verdadeiro.

Jamais me esquecerei de uma ilustração disso que vi por experiência própria quando ainda estava na faculdade. Eu caminhava na calçada do centro da cidade para a faculdade onde estudava. Nesse dia, um homem mal vestido me parou e perguntou: “Ei, você tem um trocado?”

Respondi: “Sou universitário, aluno naquela faculdade evangélica,” que é outra forma de dizer: “Não tenho nada.”

Ele perguntou: “Você está dizendo que não tem nenhum trocado sequer?”

Eu disse: “Veja bem, não tenho dinheiro algum, mas tenho algo que durará muito mais do que mero trocado.”

Ele pareceu estar interessado; então, continuei. Após compartilhar com ele o Evangelho, perguntei se ele queria entregar sua vida a Jesus Cristo e receber o perdão e a vida eterna. Lágrimas encheram seus olhos e, para minha surpresa, ele disse: “Sim.”

Ali mesmo, no meio da calçada no centro da cidade, nos ajoelhamos juntos e ele fez uma oração gloriosa de salvação. Fiquei ansioso para voltar ao meu dormitório e espalhar a notícia de que estava acontecendo um Grande Avivamento. O homem enxugou as lágrimas e disse: “Você tem um trocado?”

Respondi: “Não tenho trocado algum, mas deixe-me leva-lo a um local onde lhe darão comida e um lugar para ficar até você conseguir recomeçar sua vida.”

Seu semblante se transformou e ele disse: “Você está me dizendo que não tem nem mesmo um trocado?”

Eu disse: “Ouça bem, senhor, como disse antes, não tenho nem uma moeda aqui comigo.”

Depois disso, ele começou a me xingar com toda espécie de palavrões. Daí, saiu andando irado, soltando fumaça pelos ouvidos.

Fiquei surpreso. Acho que não era nenhum Grande Avivamento.

Nessa ocasião, testemunhei a grande diferença entre conversão baseada na lealdade a alguém que não é Cristo e abandono escancarado de Cristo. Contudo, já vi muitas pessoas nas quais a diferença entre oração e apostasia é pequena.

Quantas pessoas não vão à igreja por um tempo, participam das atividades, mas que, no fim, desejam apenas um local para socializar, conhecer possíveis clientes, buscar afirmação, querendo ser servido ou até à procura de um cônjuge; depois que encontra um, logo abandona suas afeições religiosas. Alguns vão à igreja em busca de respeito ou porque parece ser algo bom diante das pessoas de sua convivência.

E Jesus Cristo? Ele nunca foi a atração principal; Seu nome foi invocado apenas porque, no momento, trazia algumas vantagens. Sua única atração era aquilo que o nome de Jesus Cristo poderia lhes proporcionar, ou o que a igreja fornecia.

Isso não é lealdade ativa ao objeto de fé—o Senhor Jesus Cristo.

Talvez o anjo esteja advertindo você hoje.

Em Apocalipse 14, João sugere também que essa pessoa não troca sua fé em Cristo por outra coisa ou pessoa. Cristo permanece o objeto de sua fé para a salvação até o fim.

Você consegue imaginar o desafio e o encorajamento que isso será para os santos na Tribulação que receberam a Cristo depois do arrebatamento e que experimentam, agora, os dias terríveis de perseguição e martírio?

Não haverá vantagem alguma em ser cristão na Terra nesses dias. Esses santos morrerão em sua fé; sua lealdade ao Senhor é a causa de sua morte.

Todavia, sua fé genuína será revelada em sua resolução de não abandonar Cristo como seu Senhor e Salvador.

Agora, para eles, e para cada um de nós, o que acontece em seguida é uma promessa celestial eterna.

O Amém do Espírito

Essa promessa é dupla. Os santos recebem a promessa de um descanso e recompensa em Apocalipse 14.13:

Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.

  • Existe uma promessa de descanso!

Existe uma promessa de descanso do labor. A palavra fadigas é o grego kopon, que descreve um serviço duro, pesado e extenuante. Esse é um serviço, não para se conseguir entrada no céu, mas para a glória de Cristo e do reino vindouro sobre a Terra.

A propósito, essa palavra não significa término de atividade. Ainda serviremos a Cristo no Reino com os dons que recebemos agora.

O termo é usado em referência a irritação e problema. Descansaremos de irritações e dificuldades que empesteiam nossa natureza caída quando tentamos servir a Cristo. Não precisaremos mais lutar contra nossa carne indisciplinada por causa das tarefas diárias, as quais sabemos que poderíamos fazer melhor e mais.

Esse tipo de serviço terminará para sempre quando servirmos a Cristo com corpos e mentes glorificados, sem os empecilhos de nossa natureza caída que será arrancada de nós.

  • Existe a promessa de uma recompensa!

João escreve no verso 13b:

...pois as suas obras os acompanham.

Estar na presença do Senhor, servi-lo no Reino e participar do novo céu e nova terra já serão recompensas o suficiente.

O que mais queremos?

Você consegue imaginar a graça de Deus neste verso?

Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos (Hebreus 6.10).

Que grande graça!

A perseverança dos santos é, no fim, a perseverança do Salvador.

As recompensas dos santos são, na verdade, a recompensa da obra do Salvador através de nós. É de se esperar que as devolveremos a Ele.

Estou convencido de que, naquele dia, apenas choraremos diante das verdades que nos cercam em Sua presença—quando compreendermos o significado eterno de termos sido salvos da ira de Deus para sempre, de termos sido salvos para adorar e servir a Deus para sempre.

Fomos salvos de algum lugar tenebroso; quando fomos salvos por um Alguém maravilhoso; que nos salvou para um lugar glorioso.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 19/04/2009

© Copyright 2009 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

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