Doce com Gosto de Amargo

Doce com Gosto de Amargo

Series: Apocalipse
Ref: Revelation 1–22

Doce com Gosto de Amargo

As Trombetas de Sete Arcanjos—Parte 4

Apocalipse 10.1–11

Introdução

Se voltasse à época do ano de 1665, você se veria vivendo em meio a um pesadelo. A terrível peste bubônica havia abraçado cidades inteiras com seus braços invisíveis; na verdade, até mesmo países. Seis mil pessoas morriam todos os dias com essa praga.

Em cidades modernas como Londres, as pessoas nem sequer saíam de casa no ápice da peste bubônica. Acreditava-se que a doença se espalhava pela cidade por meio do ar. Eles não sabiam a respeito de organismos microscópicos espalhados por pulgas, os quais eram carregados por ratos, gatos e cachorros.

Já que as pessoas pensavam que o inimigo era o ar puro—espalhando essa doença de algum lugar—elas se trancaram em casa e queimavam poções cheirosas para espantar o ar fresco. A Faculdade de Médicos até recomendou que armas e canhões fossem disparados no ar, pensando que isso manteria o ar mortal à distância.

Enquanto isso, o povo selava as entradas de ar pelas chaminés. Consequentemente, os cômodos ficavam cinzas com fumaça, e as pessoas permaneciam ali dentro de casa com olhos ardendo e pulmões congestionados. Todos estavam convencidos, ou pelo menos esperavam, que estavam além do alcance da praga mortífera.

Infelizmente, milhões morreram quando a praga entrou nessas casas fechadas.

Que grande ilustração isso é do coração da humanidade pecadora e descrente para com o julgamento vindouro de Deus.

Talvez se alguém se trancar com sua própria religião, queimar algumas velas cheirosas, fizer algumas rezas e orações, ou der um pouco de dinheiro para o mendigo na rua; ou ainda aparecer na igreja de vez em quando, ou mesmo buscar ser o mais sincero possível conseguirá escapar do julgamento de Deus e do predestinado encontro diante de Seu trono.

Meu amigo, é impossível se trancar e se proteger da consumação final do plano de Deus, não somente para o planeta, mas para cada indivíduo em particular.

Quando chegamos em Apocalipse 10, o tempo está acabando para as pessoas na Terra! Após o término dos julgamentos das seis primeiras trombetas, metade da população do planeta terá sido dizimada.

É quase chegada a hora de ser soada a sétima e última trombeta de julgamento. Contida nessa sétima trombeta estão sete taças que derramarão um julgamento final, uma batalha final e a segunda vinda de Cristo.

Estamos, agora, próximos do fim dos últimos três anos e meio da Tribulação. Todavia, antes de essa trombeta ser tocada pelo sétimo arcanjo, existe uma pausa.

O Anjo Forte

Vamos continuar lendo o registro de João em Apocalipse 10.1a:

Vi outro anjo forte descendo do céu...

A essa altura, já reconhecemos o papel proeminente dos anjos em Apocalipse. Eles estão envolvidos em servir, adorar, louvar a Deus, proclamar mensagens, anunciar julgamentos, pronunciar destruição e muito mais.

Existe, na verdade, um anjo que terá até o privilégio de jogar Satanás no abismo. Satanás ficará ali confinado por mil anos enquanto Cristo reina na Terra no Reino Milenar.

Baseado no nosso estudo em Apocalipse até agora, tenho o sentimento de que os anjos anseiam grandemente por esse momento. Creio que eles aguardam ansiosamente servir na consumação das eras quando Deus derrama o julgamento final e completo sobre os que zombam do seu Criador e sobre os anjos caídos que O traíram e lutaram contra Ele, Sua obra, e Seu povo por mil anos.

Nesse verso, João nos apresenta a outro anjo bom com uma missão especial.

Existem aqueles que acreditam que esse anjo é o próprio Jesus Cristo. Sem dúvidas, no Antigo Testamento, Cristo geralmente aparecia como o “Anjo do Senhor” naquilo que os teólogos chamam de “Cristofanias”—manifestações do Cristo pré-encarnado. Contudo, após a encarnação, não há registro algum de Cristo aparecendo como anjo novamente.

Adicione-se a isso, ainda, o argumento de que o Senhor jamais é chamado de “anjo” no livro de Apocalipse, ou mesmo no Novo Testamento todo.

Além disso, logo veremos que o apóstolo João não adorará esse anjo.

O motivo principal por que creio que esse anjo não é Jesus Cristo é a língua grega. João escreve:

Vi outro anjo forte...

Em outras palavras, esse anjo é da mesma essência que os outros arcanjos que já apareceram e tocaram suas trombetas.

O aparecimento desse anjo, na verdade, se encaixa bem com a descrição do anjo Gabriel em Daniel 12. Mais provavelmente, esse anjo é outro arcanjo—uma patente elevada de anjos especiais usados por Deus para proclamar mensagens à humanidade.

Então, antes do ressoar da sétima trombeta, esse anjo um tanto maravilhoso desce do céu e faz um anúncio.

O Aparecimento do Anjo

Perceba seis características incríveis que João descreve em relação a esse anjo.

  • Primeiro, o anjo está envolto em nuvem, v.1.

As nuvens são veículos comuns nos quais seres celestiais sobem e descem. Mas, conforme esse verso, as nuvens parecem ser uma roupa, cobrindo, provavelmente, grande parte de seu corpo.

  • Segundo, João escreve que o anjo tem um arco-íris por cima de sua cabeça, v. 1.

A palavra grega para arco-íris é iris. Os gregos a utilizavam para se referir às cores brilhantes em na cauda de penas coloridas de um pavão. A palavra também se refere ao círculo colorido em torno do olho humano.

Os gregos haviam criado em seu panteão uma deusa chamada Íris, a qual personificava o arco-íris e servia como mensageira para os outros deuses.

Isso tem um fundo de verdade, apesar de corrompido pela idolatria. Sabemos pelas Escrituras que o arco-íris foi, de fato, uma mensagem do Deus vivo e verdadeiro—uma mensagem que dura até os nossos dias. A mensagem transmitida pelo arco-íris e dada a Noé foi a de que jamais haveria outro dilúvio universal (Gênesis 9.11–17).

A cabeça desse anjo é rodeada de cores maravilhosas. A palavra usada nesse verso para o arco-íris é a mesma empregada no capítulo 4 para falar do arco-íris que rodeava o trono de Deus. Isso indica que esse anjo representa a autoridade e o trono de Deus, e que a mensagem que traz provém de Deus.

  • Terceiro, o rosto do anjo era como o sol, v. 1.

O anjo era, simplesmente, brilhante e brilhoso. Ele é como os anjos que apareceram junto ao túmulo de Cristo para anunciar a Sua ressurreição—eles brilhavam com grande resplendor (Lucas 24.4).

  • Quarto, as pernas do anjo eram como colunas de fogo.

Isso sugere que o anúncio do anjo tem algo a ver com mais julgamento de Deus sobre a Terra.

  • Quinto, e mais importante, o anjo tinha na mão um livrinho aberto, v. 2.

O termo grego para livrinho é raro, aparecendo apenas aqui em Apocalipse 10. Esse não é o mesmo livro que Jesus já abriu nos capítulos 5 e 6. Contudo, seria correto dizer que esse livrinho contém uma pequena parte dos julgamentos ainda por vir.

Esse é um biblaridion, que significa “um livro muito pequeno.”

Esse é o livreto da revelação de Deus a João.

A propósito, a nossa palavra “Bíblia” vem do grego biblion que simplesmente significa “livro.” Nós colocamos a palavra “santa” ao lado de “Bíblia” porque o apóstolo Paulo se referiu às Escrituras como “santas” (2 Timóteo 3.15). “Santa” significa separada, distinta de outros livros já escritos.

Por que isso é verdade a respeito da Bíblia? Porque, diferente dos demais livros, Deus é o seu autor. É-nos dito que Toda escritura é inspirada por Deus, ou “soprada por Deus” (2 Timóteo 3.16).

Esse anjo segura em sua mão um biblaridion, não a Bíblia, mas simplesmente um livrinho.

  • A sexta e última descrição desse anjo diz respeito a sua estatura.

Lemos no verso 2:

...Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra,

A aparência desse anjo a João era enorme, já que seus pés alcançavam uma distância incrível—um pé no mar e outro em terra seca.

Não há motivo para não entender isso de forma literal, o que ainda deixa espaço para o uso de simbolismos. Podemos reconhecer facilmente que a postura do anjo simboliza sua autoridade e que sua mensagem de Deus era universal.

Veja o verso 3a:

e bradou em grande voz, como ruge um leão...

Agora, isso não significa que ele não comunica a verdade, mas que sua voz reverberou como o rugido de um leão.

Veja os versos 3b–4:

...e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes. Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.

Vamos fazer uma pausa e vou fornecer a você uma visão panorâmica do que está acontecendo aqui.

O anjo desce numa nuvem, coloca um pé em chamas sobre o mar e outro sobre a terra seca e grita algo em voz tão alta que reverbera por todo o planeta. Em seguida, sete trovões trovejam.

No decorrer do livro de Apocalipse, trovões se referem à voz do julgamento de Deus. Davi também falou da glória de Deus trovejando (Salmo 29.3), e Jó escreveu sobre a voz de Deus trovejando de formas maravilhosas (Jó 37.5).

Sete trovões sugerem a revelação total e completa de todos os detalhes de julgamentos ainda para acontecer.

O som emitido não é um barulho alto qualquer, pois João se prepara para escrever o que o trovão diz. Veja novamente no verso 4 que João diz: “Eu já ia escrever quando Deus me mandou selar e guardar.”

Em outras palavras, Deus diz: “João, não revele a ninguém o que você ouviu. Mantenha isso em segredo.”

Esse é um dos textos mais claros que já encontrei que revelam a verdade de algo que constantemente digo às pessoas: a revelação de Deus não é exaustiva, ela é suficiente. Ou seja, o que temos na Bíblia não é tudo o que gostaríamos de saber, mas é tudo o que precisamos saber.

João escreveu antes no seu registro do Evangelho sobre a vida de Cristo:

Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos (João 21.25).

Em outras palavras, não temos nem mesmo uma fração do que Jesus Cristo ensinou e realizou enquanto esteve na Terra.

Você não gostaria de ter um pouco mais de informação? Mais um verso; algo mais sobre Sua infância; mais um milagre; mais um sermão ou dois; talvez uma resposta à pergunta de alguém que nos levaria a dizer: “É essa a pergunta que tenho feito há anos!”

Não temos um registro exaustivo, mas um registro suficiente; não sabemos tudo o que gostaríamos de saber, mas recebemos tudo o que precisávamos.

Você consegue viver com isso? Você consegue viver com o fato que Deus escolheu guardar algumas coisas para Si mesmo; que existem coisas secretas que pertencem a Ele somente; que Ele escolheu reter informação e não revela-la a nós? Você consegue viver com isso?

Dizer, “Deus sabe a resposta” não é necessariamente uma saída de preguiçoso. Essa pode muito bem ser sua maior declaração de fé. Contudo, que isso não seja marca de sua falta de interesse pelas coisas de Deus.

Não use essa frase como o universitário que estava fazendo sua prova final. Ele não tinha estudado e, quando viu a prova, percebeu que estava em problema. Ele não sabia a resposta para nem mesmo uma das perguntas. Então, ele escolheu apelar para a misericórdia de seu professor e escreveu na parte de cima de sua prova: “Só Deus sabe as respostas para essas perguntas.” Quando recebeu a prova corrigida, o professor tinha escrito em letras grandes: “Deus recebe 10 e você 0. Feliz Natal!”

Não evitamos os desafios da vida sacudindo os ombros e dizendo: “Deus sabe,” mas podemos dizer isso com sinceridade e confiar em Deus com fé.

Talvez isso se relacione a você agora—o lugar onde está morando sem uma resposta ou explicação; algum dilema atual em sua experiência pessoal que permanece sem explicação. Dizer “Deus sabe” é a crença que prova fé e confiança nEle.

“João, guarde isso em segredo. Ninguém saberá disso até que Eu explique depois. Eles terão que apenas continuar confiando que revelei apenas o que precisam saber.”

Veja, agora, o que o anjo faz em seguida nos versos 5–6a:

Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos...

Essa é a evidência mais forte para sabermos que esse anjo não é Cristo. O anjo jura dizer a verdade e ele faz o juramento na autoridade e pessoa de Deus.

A propósito, essa é a origem para o costume de se fazer juramento colocando a mão sobre a Bíblia e erguendo a mão direita em juramento de “dizer a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade.”

O que João registra é um dos momentos mais solenes na história do mundo.

Imagine esse anjo—em sua mão está a revelação de Deus. Sua mão direita erguida ao céu, jurando que suas palavras são verdadeiras. E em qual verdade é baseado o seu juramento? Veja o verso 6:

...o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe...

Em outras palavras, o juramento desse anjo é baseado na criação literal do mundo e tudo o que nele existe.

Qual é a importância de se crer no Criacionismo teísta? Meu amigo, ele é o defensor da verdade da Palavra de Deus.

Ele também justifica o julgamento de Deus. Já que Ele é o Criador de todas as coisas, Ele possui a prerrogativa para destruir todas as coisas e substitui-las por Sua nova criação conforme Lhe agradar.

Contudo, se Deus não criou todas as coisas, Ele precisaria da permissão de alguém para destruí-lo—a não ser que Ele seja uma pessoa mal-educada.

Não, essa é a criação de Deus. Nesse verso, João divide o universo em três partes: os céus, a terra e o mar. Daí, ele repete três vezes uma expressão por questão de ênfase, para que não haja sombra de dúvida:

...e o que nele há... e o que nela há... e o que nele há... (ARC).

Outro dia, almocei com alguns professores do nosso seminário e com um consultor de instituições evangélicas. Esse consultor comentou que uma faculdade em particular que antes fora evangélica, agora adotou a perspectiva de que os onze primeiros capítulos de Gênesis não são fatos literais e históricos. Ou seja, essa instituição nega a criação literal para favorecer alguma forma de evolucionismo.

O problema que essa faculdade criou para si mesma é que, agora, todas as demais passagens da Bíblia que apoiam o criacionismo precisam ser eliminadas também. Se, de fato, a historicidade dos primeiros onze capítulos da Bíblia é negada, então os últimos onze capítulos da Bíblia também precisam ser negados, pois eles confirmam a realidade de uma criação literal.

Esse anjo faz um juramento sobre a verdade de Deus ser o Criador de tudo o que está nos céus, na terra e no mar, e que tudo originou com a obra criativa da mão de Deus.

Acho interessante que as maiores religiões do mundo que não seguem as Escrituras literalmente, inteiramente ou solenemente adotam alguma forma de evolucionismo. O Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo, Animismo, Islamismo, Judaísmo, Catolicismo e Protestantismo Liberal deixam espaço para algum tipo de evolucionismo.

Na época em que Paulo pregava o Evangelho, o Budismo já havia chegado ao mundo do Mediterrâneo. Então, o que Paulo prega ao proclamar o Evangelho?

Nós... vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles (Atos 14.15).

Uma mensagem bastante semelhante à de João em Apocalipse 10.

A verdade do Evangelho não é verdade sem um Deus vivo e criador de tudo o que existe.

Além disso, esse livro de Apocalipse não é verdade sem um Deus criador, pois vemos no capítulo 10 uma referência a uma criação literal e veremos outra criação literal no capítulo 21!

Um exige outro. Ou seja, se Deus não criou o primeiro universo, como Ele conseguirá criar um novo? Como esperaremos chegar lá?

Você deseja ser ressuscitado e planeja ir para o céu que Deus criou para você, não é? Se Deus é incapaz de criar, Ele não poderá recriar, e Ele certamente não poderá ressuscitar ninguém.

Tudo o que cremos depende da realidade de nosso Deus ser o Criador de tudo o que existe (Apocalipse 10.6).

O Anúncio do Anjo

Observe, agora, o anúncio do anjo. Ouça o conteúdo da mensagem desse anjo em Apocalipse 10.6b–7:

…já não haverá demora, mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.

Em outras palavras, não haverá mais demora no agir de Deus em Seu programa para o reino. O sétimo anjo está prestes a soar a trombeta e todos os julgamentos proclamados pelos profetas concernente ao Dia do Senhor—esse tempo de grande julgamento—serão cumpridos.

A palavra mistério aparece com frequência nas Escrituras. Ela se refere a verdade divinamente revelada e que esteve antes encoberta, a qual é tão profunda que permanece um mistério a seu respeito.

No Novo Testamento, lemos sobre:

  • O mistério do reino, Marcos 4;
  • O mistério da cegueira de Israel, Romanos 11;
  • O mistério do arrebatamento, 1 Coríntios 15;
  • O mistério de Cristo e a igreja, Efésios 5;
  • O mistério da encarnação, 1 Timóteo 3;
  • O mistério do desenrolar do julgamento de Deus profetizado pelos profetas antigos, Apocalipse 10.7.

Um autor escreveu:

Para os que crerem em Cristo durante a Tribulação—vivendo num mundo dominado por demônios, assassinato, imoralidade sexual, abuso de drogas, roubos e desastres naturais sem paralelos—a promessa desse verso de que o plano glorioso de Deus prossegue conforme o planejado e a promessa do reino está próxima, quando a Terra será cheia do conhecimento da glória do Senhor como as águas cobrem o mar (Habacuque 2.14), trarão grande conforto e esperança em meio ao julgamento da Terra.

Agora algo estranho acontece e desejo mencioná-lo rapidamente. Vimos o aparecimento do anjo; ouvimos o anúncio do anjo; agora vamos observar a aplicação do apóstolo.

A Aplicação do Apóstolo

Veja Apocalipse 10.8–10:

A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel. Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.

É algo fascinante que João, agora, passa a ser uma lição para todos nós.

Toda a Palavra de Deus é doce, doce como o mel. Contudo, quando sua verdade é entendida e digerida, ela pode trazer lágrimas, tristeza, incômodo e desconforto amargos por causa de sua mensagem.

João come a revelação do julgamento vindouro de Deus. As palavras de Deus são doce para ele, mas a verdade lhe causa tristeza amarga.

Essa ideia também foi interpretada por Ezequiel quando ele comeu uma porção da revelação de Deus e proclamou Sua mensagem ao povo de Israel. Ezequiel registrou:

...Eu o comi [o livro], e na boca me era doce como o mel (Ezequiel 3.3).

Agora, precisamos entender que esse conceito não era estranho para o mundo antigo como é para nós hoje.

No mundo judaico antigo, um garoto aprendia o alfabeto motivado pelo fato de que escreveria com uma mistura caseira feita de farinha e mel. Ao pronunciar as letras corretamente, as quais tinha escrito em sua tábua de ardósia, ele poderia lamber as letras como recompensa.

Até os dias de hoje, falamos sobre “devorar um livro” ou “digerir” alguma verdade.

Então, João come o livro, o qual se tornará uma ilustração dessa verdade doce e amarga do julgamento de Deus.

  • É doce porque é a Palavra de Deus;
  • É amargo porque fala do julgamento de Deus.

Você já descobriu essa verdade em sua vida?

Outro dia, um homem veio a mim em lágrimas dizendo que seu pai havia morrido recentemente sem ter aceitado a Cristo. Suas lágrimas não eram porque achava que Deus não era bom ou que Sua Palavra não era a verdade, mas por causa do doce e amargo sabor que veio do conhecimento do que a Palavra de Deus revela a respeito da condição eterna de seu pai.

Às vezes, a Palavra de Deus se torna um grande fardo; ela exige obediência, algo que é difícil; ela fala sobre provações e tribulações e elas nunca são doce, mas dolorosas.

Pela fé, aceitamos tanto o mel como o amargo; tanto o doce como o azedo; tanto o aspecto agradável como o doloroso de todas as demandas da Palavra de Deus.

A igreja é geralmente representada por pastores e mestres que não querem anunciar a notícia amarga do julgamento de Deus. Eles aparecem em programas de televisão e recusam falar sobre o julgamento vindouro, o inferno ou desse dia vindouro de ira que temos estudado até agora.

Deus sabia que haveria a tentação, até mesmo para os que realmente O conhecem, de resistir ao anúncio amargo, à natureza ofensiva do Evangelho e à verdade do céu e inferno.

Então, Deus lida com essa tentação até mesmo com João nesse verso de Apocalipse 10.11:

Então, me disseram...

Essa é uma referência à voz trovejante de Deus. O verbo está na terceira pessoa do plural com um referente indefinido. Essa é a voz do trovão de Deus do verso 4 falando a João.

Veja o verso 11:

...É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.

Em outras palavras, “João, você tem que proclamar a verdade.”

“Não retenha nada, pois essa atitude não o ajudará e também não ajudará a raça humana. Fale a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade. Ela tem um gosto doce e amargo, mas proclame-a por completo. Obedeça-a—tanto as partes fáceis como as difíceis!”

Em 1955, o famoso pregador Billy Graham estava pregando sobre céu e inferno e o Evangelho de Jesus Cristo ao redor do mundo aos 35 anos de idade; ele já era conhecido mundialmente. Nessa ocasião, ele estava em Londres realizando uma cruzada evangelística no estádio Wembley quando recebeu um convite para ir à Rua Downing, número 10, que era a residência do primeiro ministro da Inglaterra. Ao chegar, Billy Graham foi apresentado a esse homem com aparência cansada, mas com um olhar ainda esperto—era o Sir Winston Churchill. Aquele seria o último ano de Churchill como primeiro ministro após uma carreira ilustre e longa. Com seu charuto ainda apagado na boca, Churchill olhou para o jovem Billy Graham com um olhar penetrante e disse: “Jovem, ouvi bastante coisa sobre essas cruzadas que você está realizando no Wembley. Agora, quero perguntar uma coisa. Você sabe a situação complicada na qual o mundo se encontra. Pessoalmente, não acho que o mundo ainda tem muito tempo.” Ele pausou com hesitação e depois disse: “Você pode dar alguma esperança a este velho?”

Deixe-me ler para você o que aconteceu:

Pareceu a Billy Graham que Churchill estava em busca de esperança não somente para o mundo conturbado, mas para um senhor idoso conturbado. Então, ele pegou o Novo Testamento de bolso que sempre carregava consigo e mostrou ao primeiro ministro que a Bíblia oferece não somente esperança para o mundo no triunfo final de Jesus Cristo, mas esperança para cada ser humano individualmente no plano de salvação. Se Churchill tomou uma decisão ou não, Billy Graham nunca soube.

Nove anos após essa conversa peculiar, Winston Churchill faleceu.

Meu amigo, a única esperança para qualquer pessoa é Jesus Cristo. O que você fez com Ele?

Você será como a mulher que escreveu para mim semana passada? Ela me contou a notícia maravilhosa de que tinha orado com uma amiga, a qual finalmente creu no Evangelho de Cristo e orou para receber o presente da vida eterna.

Oro para que você seja como o homem que se sentou em meu escritório outro dia e recebeu a Cristo como seu Senhor e Salvador.

Meu amigo, não há esperança sem Jesus Cristo. O que você fez com Ele?

 

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 02/112008

© Copyright 2008 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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