Visões Verdadeiras

Visões Verdadeiras

Series: Apocalipse
Ref: Revelation 1–22

Visões Verdadeiras

Os Primeiros Hinos Celestiais—Parte 2

Apocalipse 4.4–11

Introdução

Luís XIV foi um ávido perseguidor da Reforma Protestante na França no século dezessete. Em seu reino, os crentes, também conhecidos como huguenotes, perderam todo seu dinheiro ou morreram junto com pastores protestantes morando no país.

Achei interessante que esse rei, apesar de haver reinado mais do que qualquer outro monarca europeu—pouco mais de dezessete anos—decretou que a palavra “morte” jamais deveria ser pronunciada no seu palácio ou em sua presença.

A atitude da maioria das pessoas para com a vida após a morte corresponde ao nível de esperança que têm após a morte.

Desde a queda do homem no Jardim do Éden, a humanidade está infectada com uma condição terminal chamada mortalidade. Da última vez que vimos, dez de cada dez pessoas morrem.

Quer passemos ou não uma lei proibindo que as pessoas pronunciem a palavra “morte” em nossa presença, não podemos escapar dela. Por mais estranho que pareça, a morte é um fato da vida!

E, a propósito, as estatísticas mundiais revelam que três pessoas morrem a cada segundo; ou seja, 180 pessoas por minuto. Ao final de uma refeição de 30 minutos, 5400 pessoas terão morrido.

Isso significa que todos os dias, por mais assustador que pareça, mais de 250 mil pessoas experimentam vida após a morte.

Segundo o registro bíblico, essas pessoas ou foram para o céu (2 Coríntios 5.8), ou foram para o Hades onde aguardarão seu julgamento final e o lago de fogo eterno (Apocalipse 20.15).

No caso do crente, existe a certeza de nossa esperança firme como uma âncora em Cristo. O autor do livro de Hebreus no lembra de que Jesus Cristo morreu para que destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida (Hebreus 2.14–15);

Nós, os crentes, não tememos a morte. Com certeza, ficamos ansiosos diante do desconhecido e da passagem pela morte—e esse é o motivo porque nos agarramos nas Escrituras.

Davi falou sobre andar pelo vale da sombra da morte (Salmo 23.4a).

Não armamos nossa tenda no vale, apenas passamos por ele. E ele é apenas uma sombra da morte. Não existe sombra sem uma fonte de luz.

Além disso, ninguém é ferido por uma sombra. Sombras não podem nos segurar ou ferir—nem mesmo a sombra da morte.

É por isso que Davi pôde dizer, Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum. Por que? Porque tu estás comigo.

Ou seja, Meu Pastor, minha Fonte de luz caminha comigo pelo vale.”

Aqueles que morrem não estão distantes de Deus—eles nunca estiveram tão perto dEle; nunca estiveram tão seguros.

Então, em relação aos que morreram, nós não os perdemos—certamente é nossa perda que não os temos mais conosco, mas não os perdemos; nós perdemos contato com eles temporariamente.

Agora, pelo fato de eles terem morrido e já que sabemos intuitivamente que existe vida após a morte, conforme vimos em nosso estudo anterior, e porque somos pessoas curiosas e queremos realmente saber mais sobre onde se encontram, nossa curiosidade abre a porta para várias perspectivas interessantes e até para charlatães espalhar seus livros sobre suas supostas experiências e coisas que supostamente viram no céu.

Eu li a entrevista de um homem que foi transportado para o céu por cinco dias. Ele disse que viu Jesus, o qual acontece de estar supervisionando a construção das mansões.

De alguma maneira, Cristo criou o universo e o reino animal, além de Adão e Eva, em seis dias, mas Ele ainda não conseguiu concluir a construção de nossas casas nos últimos dois mil anos—Ele ainda está na construção.

Não, a Bíblia afirma que Cristo subiu e está assentado (Hebreus 10.12). Ele não ascendeu ao céu para vestir um macacão e pegar martelo e pregos.

Em sua visão registrada cerca de 2 mil anos atrás nesse livro de Apocalipse, João verá a cidade celestial já concluída. Não veremos João falando sobre andaimes; Jesus não está analisando a planta da cidade.

Esse indivíduo ainda disse o seguinte: “Tudo o que Deus criou sobre a Terra está no céu—cavalos, gatos e cachorros.”

Foi aí que concluí, sem dúvida alguma, que ele estava enganando as pessoas. Podemos até entender cavalo e cachorro no céu, mas gato?! Isso não pode estar certo!

Outro homem diz haver passeado pelo céu e está espalhando sua história em programas de rádio e publicações carismáticas. Ele disse que Cristo o levou pessoalmente num passeio pelo céu e foi conduzido especificamente por um prédio gigantesco. Dentro desse prédio, como se fosse um enorme depósito, ele viu braços, dedos, pernas e muitas partes do corpo empilhados em um lado. Havia prateleiras cheias de pacotes com olhos—olhos verdes, marrons e azuis. Ele explicou que esse depósito continha todas as partes do corpo humano que pessoas na terra precisavam. Jesus lhe disse, “Essas são bênçãos não pedidas. Esse depósito não deveria estar cheio, mas deveria ser esvaziado todos os dias. Você deve chegar aqui em fé e pegar as partes do corpo necessárias para você e para pessoas pelas quais você [ora].”

Esse homem foi até apresentado a um armário de remédio no céu estocado com fracos de comprimidos rotulados “Paz” e “Overdose do Espírito Santo.”

Ele disse que andou de elevador com o Espírito Santo e que entrou no Rio da Vida com Jesus onde ambos brincaram de guerra de água.

Ainda outro escritor louvado falou que recebeu um passeio no céu no qual o Senhor o conduziu à Sala de Registros onde todas as palavras frívolas estavam registradas e por causa das quais cada crente será julgado—somente para depois verem suas palavras frívolas sendo despejadas dentro do Mar do Esquecimento. Ele também foi levado à Sala do Manto onde viu anjos costurando mantos.

Deixe-me contar sobre mais um. Um homem disse que teve uma experiência de morte. Ele explicou que o sensor principal no crânio de Deus é o do cheiro. Ele aprendeu que o sistema sacrificial foi projetado para satisfazer o nervo do crânio de Deus.

Esse homem continuou dizendo que pegou algumas flores e percebeu que não havia água em seu caule porque Jesus é a água viva.

Esses são apenas alguns, para não mencionar as versões mais recentes de pessoas que foram para o céu e tudo passou a revolver em torno delas mesmas. Todas as pessoas tinham aparência exata como lembravam—até mesmo seus avós não tinham mudado; sua aparência era ainda aquela de que se lembravam.

Eu espero que não!

Por que as pessoas ainda compram essas coisas? Porque sabemos que existe algo depois da morte. E nós, crentes, sabemos que é o céu e estamos curiosos para saber como é o nosso futuro lar.

Não há nada de errado com isso!

O Dr. Charles Ryle, um grande expositor e pastor inglês dos anos de 1800, escreveu as seguintes palavras:

O homem que está prestes a navegar para a Austrália para ali se estabelecer fica naturalmente ansioso para saber algo sobre seu futuro lar, seu clima, seus empregos, seus habitantes, seus jeitos e costumes. Tudo isso é de grande interesse para ele. Você está deixando a sua terra natal e indo passar o resto de sua vida em um novo hemisfério. Seria, de fato, estranho se você não tivesse interesse algum em informações sobre seu novo domicílio. Então, antes de irmos para o nosso lar eterno, deveríamos nos familiarizar com ele.

Felizmente, nós recebemos bastante informação—geralmente negligenciada—na revelação de João. Vamos descobrir seis visões do céu que são autênticas, verdadeiras e realidades do trono de Deus.

Visões Verdadeiras do Céu

Vamos dar continuidade ao nosso estudo em Apocalipse 4, começando no verso 1 para refrescar nossa memória e ler até o verso 4.

Lembre-se que esse verso começa depois do término da era da igreja e depois de a igreja ter sido arrebatada para o céu. A igreja na terra foi o foco nos capítulos 1 a 3, mas a cena agora muda. Deus não está mais falando à igreja na terra; a igreja está prestes a louvar a Deus no céu nos capítulos 4 e 5. Então, podemos interpretar a primeira frase em Apocalipse 4.1 da seguinte forma, “Depois de a cena mudar da terra para o céu.”

Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado;

Então, João é conduzido em espírito e recebe um passeio pelo céu. Continue nos versos 3 e 4:

e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.

  • A primeira das seis visões de João é a da glória de Deus sobre Seu trono.

Essa foi uma luz ofuscante que estudamos em nosso último encontro. Mais adiante, João descreverá mais o trono de Deus.

 

  • A segunda visão de João no verso 4 é da presença de vinte e quatro tronos nos quais se sentam vinte e quatro anciãos.

Ao tentarmos identificar quem são esses vinte e quatro anciãos, é bom sabermos que o número “vinte e quatro” é usado nas Escrituras como um número representativo—um número que representa uma hoste de pessoas.

Por exemplo, existem vinte e quatro oficiais do templo representando as vinte e quatro divisões de sacerdotes do Antigo Testamento—um número que representava milhares de sacerdotes. Havia também vinte e quatro divisões de cantores no templo representando vários corais (1 Crônicas 25).

  • Isso leva alguns a crer que esses vinte e quatro anciãos representam Israel.

O maior obstáculo a essa interpretação é que Israel está prestes a passar por um julgamento nacional e salvação que ocorre durante a tribulação no decorrer de Apocalipse 6–19.

Esses anciãos são homens vitoriosos com coroas; os eventos nos quais Israel é redimido ainda não aconteceram. Israel ainda será recompensado.

  • Outros crêem que os vinte e quatro anciãos representam dois grupos de representantes: os doze apóstolos e os doze filhos de Israel.

A matemática é interessante, mas esse grupo aparece não como uma combinação de dois grupos diferentes, mas como um grupo unificado de mesma natureza.

Além disso, se fossem os doze apóstolos, João teria visto a si mesmo em um dos tronos, mas ele escreve sobre sua visão de uma perspectiva externa.

  • Alguns afirmam que esses anciãos representam crentes que foram martirizados durante a tribulação—os santos da tribulação.

O problema com essa interpretação é que, quando os santos da tribulação aparecem no capítulo 7, os anciãos já estão presentes.

Talvez você esteja pensando, “Mas qual a importância disso?”

Isso importa, como você verá depois; então, seja paciente.

  • Alguns pensam que eles são anjos sentados próximos do trono de Deus destinados a adorá-lO.

Essa até que é uma interpretação interessante e uma que se encaixa no contexto dessa visão celestial.

Contudo, um dos problemas é que anjos jamais são chamados de anciãos ou presbyteroi, “presbíteros.” Esse termo é usado para o líder da igreja do Novo Testamento, geralmente traduzido como “presbítero.”

Paulo escreveu a Timóteo dizendo:

Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino (1 Timóteo 5.17).

No Novo Testamento, esse era o termo para a liderança da igreja. Aqui, no palácio celestial, existem vinte e quatro “presbyteroi” sentados sobre seus tronos.

A propósito, o termo presbyteroi origina nossa palavra “Presbiteriano.”

Isso me lembra da história de uma garotinha que voltava para casa depois da Escola Dominical em sua igreja presbiteriana. Sua mãe lhe perguntou, “E aí, minha filha, aprendeu o que hoje na EBD?” Ela respondeu, “Estudamos Apocalipse e descobrimos que somente vinte e quatro presbiterianos entraram no céu.” Isso é apenas uma brincadeira. Sabemos bem que haverá muitos mais presbiterianos no céu.

Acho que você pode destacar que não há menção alguma a batistas—então pelo menos vinte e quatro presbiterianos entraram no céu. Os batistas devem estar fazendo um “junta de panelas” em algum lugar ali perto.

Outra dificuldade em dizer que esses anciãos são anjos é que os anjos nunca aparecem vestindo um stephanos, coroa de vitorioso.

Nos jogos olímpicos da época, um stephanos era uma coroa dada ao vencedor como uma concessão de honra a ele e ao seu deus.

A cidade de origem do vencedor realizava uma festa de celebração para recebe-lo e, nesse festival, o atleta vitorioso apresentaria sua coroa no templo ao seu deus patrono.

Isso fortalece ainda mais a minha convicção de que esses anciãos ou presbíteros representam a igreja—a igreja arrebatada antes da tribulação, agora louvando a Deus no palácio celestial e diante do trono de Deus.

Perceba bem a letra do hino em Apocalipse 4.11 enquanto esses anciãos cantam:

Tu és digno, Senhor e Deus nosso...

Essa é uma adoração pessoal e que transmite a ideia de posse.

A promessa de Cristo à igreja se concretizou. Ele prometeu em Suas cartas que a igreja seria vestida de mantos brancos (Apocalipse 3.5, 18); que seria recompensada com coroas (stephanos) sobre sua cabeça (Apocalipse 3.11); que se assentaria em tronos—um retrato da igreja vitoriosa conforme prometido em Apocalipse 3.21 e visto novamente em Apocalipse 20.4, que diz:

Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar...

O apóstolo Paulo não deixou dúvida alguma quanto à identidade dessas pessoas. Ele escreveu,

Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo?... (1 Coríntios 6.21).

Esses vinte e quatro anciãos não são anjos, nem os doze apóstolos e doze filhos de Israel, e nem os santos da tribulação. À luz de seus mantos, suas coroas e seus tronos, elementos prometidos especificamente durante a era da igreja aos santos redimidos, e por causa de seu louvor pessoal de seu Senhor e Deus, os vinte e quatro anciãos representam a companhia dos redimidos—você e eu—adorando o Senhor após o arrebatamento da igreja.

  • Agora João muda seu foco de volta ao trono maravilhoso e menciona uma terceira visão, que é o fenômeno em torno do trono de Deus.

Veja Apocalipse 4.5a:

Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões...

A construção do trono, ou ek toy thronoy, nos informa de que esses relâmpagos, vozes e trovões procedem do próprio Deus.

Essas são visões e sons de julgamento, não de graça. Nesse momento, os sons se assemelham às visões e sons no Monte Sinai onde Deus deu a Lei a Moisés. Moisés registrou que o monte ficou coberto de nuvens escuras e raios, e toda a terra tremeu com os trovões.

No final da história humana, o trono de Deus se torna uma arma de guerra.

Não conseguimos imaginar o terror desse trono soberano quando a ira de Deus está prestes a ser despejada sobre a terra.

Não ignore o fato de que os redimidos estão cantando; eles não estão amedrontados diante da ira de Deus porque foram resgatados pela fé em Cristo.

Então, enquanto a terra inteira experimenta a ira de Deus em profundo horror, os descrentes gritam:

…Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro (Apocalipse 6.16).

Ao mesmo tempo, a igreja estará no céu, segura em seu lugar e posição com sua recompensa e seus mantos, exultando em sua adoração ao Deus soberano.

  • João ainda menciona uma quarta visão, que é a do Espírito Santo.

Veja Apocalipse 4.5b:

...e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.

Essa é outra referência ao Espírito Santo já mencionada em Apocalipse 1.4.

Sete é o número da perfeição ou plenitude. Essa é uma alusão ao ministério sétuplo do Espírito Santo que já estudamos anteriormente. Isaías fala desse ministério como sabedoria, entendimento, conselho, força, conhecimento, reverência e divindade (Isaías 11.2).

O Espírito de Deus convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8).

Imagine o horror dessa hora de provação—e do dia final de julgamento no grande trono branco de Apocalipse 20—quando o Espírito Santo onisciente atuar como promotor de justiça. Ele conhece cada pensamento, palavra e obra de cada homem, mulher e jovem.

Já conversei com pessoas que agem como se estar diante de Deus não fosse grande coisa. Penso em Winston Churchill, por exemplo. Li em sua biografia que, quando perguntado se estava pronto para se encontrar com Deus, ele respondeu, “Estou pronto para me encontrar com meu Criador. Se o meu Criador está pronto para me conhecer é outra história.”

Não há desafio humano algum diante desse Juiz todo-poderoso.

O Espírito de Deus conhece cada momento, lugar, pensamento, ato, motivo, obra, resultado e influência duradoura de cada pecado pelo qual o mundo incrédulo será julgado.

Esses são crimes contra um Deus eterno que executará julgamento eterno!

Nessa visão celestial, o Espírito da Perfeição é retratado não como uma língua de fogo, uma vela quente que ilumina ou como um pombo. Agora, Ele é uma tocha de fogo ardente—um símbolo de guerra em Juízes 7 e Naum 2. Ele está pronto para guerrear contra a terra pecadora.

  • João faz uma quinta observação nesse passeio genuíno pelo céu e fala de sua visão de um mar de vidro.

Veja Apocalipse 4.6:

Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal...

Essa é outra ocasião em que falta vocabulário para o apóstolo João conseguir descrever o piso deslumbrante desse palácio maravilhoso. Ele diz simplesmente que o chão brilha como cristal. Refletindo tudo ao seu redor—a glória de Deus, o arco-íris esmeralda, os tronos de ouro, os mantos brancos e as tochas das chamas do Espírito—o piso parecia um vasto mar de vidro.

Um autor chamou minha atenção quando escreveu que um bom arquiteto geralmente coloca uma fonte ou um chafariz na frente de um prédio para dobrar sua beleza ao produzir seu reflexo durante o dia e, à noite, dobrar a quantidade de luz vinda do prédio.

Imagine, agora, como o esplendor de tudo aumentou; tudo é visto em dobro por causa do reflexo no chão. Essa foi uma visão fantástica e leva as hostes celestiais a cantar!

A visão produziu canções. Nessa passagem, temos o gosto do primeiro de cinco hinos entoados no céu. João os ouve pela primeira vez e um hino é entoado pela igreja no céu pela primeira vez.

Agora, João já viu:

  • A glória de Deus;
  • Os vinte e quatro anciãos representando a igreja redimida e arrebatada;
  • Raios piscando cercados pelo brilho de trovões;
  • As tochas acesas do Espírito de Deus;
  • Tudo isso refletido no piso desse palácio que parece um mar de vidro.
  • Perceba, agora, a próxima visão de João: criaturas angelicais esquisitas.

Veja Apocalipse 4.6:

...e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás.

Se você quiser ler a visão que Ezequiel teve desses querubins, ela se encontra no capítulo 1. Apesar de semelhante à de João, a visão de Ezequiel é um pouco diferente; a visão de João também se assemelha à que Ezequiel teve dos serafins no capítulo 6, mas é um pouco diferente.

Mais provavelmente, esses são querubins que conseguem mudar de aparência conforme desejam—assim como vemos anjos assumindo semelhança humana no Novo Testamento.

Os querubins estão entre os seres angelicais mais elevados.

A maioria das pessoas imagina os querubins como bebês pelados voando com asas minúsculas atirando flechas em pessoas para que se apaixonem. Essa imagem pode até vender cartões românticos, mas não funciona no céu.

O cherub ou os cherubim no plural são criaturas majestosas e assombrosas.

  • Foram os querubins com suas espadas flamejantes que impediram Adão e Eva de retornarem ao Jardim do Éden (Gênesis 3.24).
  • As formas angelicais dos querubins foram esculpidas em ouro puro com suas asas tocando uma nas outras e colocadas sobre a tampa da Arca da Aliança no Tabernáculo (Êxodo 26.31).
  • Em fios de ouro, as formas dos querubins foram bordadas no véu do Santo dos Santos (Êxodo 26.1).
  • Imagens de querubins foram esculpidas nas paredes do majestoso templo de Salmão (1 Reis 6.29).
  • Os querubins ficam à disposição das ordens pessoais de Deus, movimentando-se como raios de luz (Ezequiel 1.14).

Seu poder de percepção e sua diligência alerta leva João a descrevê-los como que coberto de olhos de maneira que nada, não importa onde estejam, foge aos seus olhos; eles conseguem enxergar tudo claramente. Isso é algo difícil de imaginar, não é verdade?

O problema que eu tenho com as supostas visões que pessoas têm do céu e que escrevem em livros e contam na televisão, ao contrário das visões de João e de Ezequiel, é que eu consigo entender claramente a visão dessas pessoas. Contudo, as verdadeiras visões da glória de Deus e das criaturas celestiais deixam João sem palavras e nos leva a usar nossa imaginação.

Vamos aumentar ainda mais o mistério dessas criaturas angelicais. Veja Apocalipse 4.7–8:

O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro...

Imagine essa cena estranha. Tudo o que João consegue dizer é, “Eles se parecem com... e eles se assemelham a....”

Eu li mais interpretações sobre essas criaturas do que você deseja ouvir—incluindo uma dizendo que elas representam os quatro Evangelhos ou os quatro pontos do Zodíaco.

O que sabemos ao certo é que elas são seres angelicais exaltados. Eles são diferenciados dos demais anjos um pouco mais adiante possivelmente devido à sua posição exaltada. Sabemos que existe hierarquia entre os anjos, sendo Lúcifer aquele que antes ocupou a posição mais alta entre todos eles (Isaías 14).

Também sabemos que essas criaturas estão bastante envolvidas nos anúncios dos julgamentos da tribulação. Na verdade, eles convocarão os quatro cavaleiros a entrarem em ação (Apocalipse 6.1, 3, 5, 7).

São eles que anunciam o veredito do julgamento de Deus. Em Apocalipse 15, eles entregam aos sete anjos as taças para serem derramadas no planeta.

Não sabemos ao certo por que eles possuem essa aparência, apesar de a maioria dos teólogos evangélicos crer que representam a criação animada:

  • O leão representa as criaturas selvagens;
  • O novilho representa os animais domésticos;
  • O homem representa o pináculo da criação de Deus;
  • A águia representa as criaturas que voam.

Outros entendem esses quatro seres como representação de atributos de Deus:

  • A nobreza e majestade do leão;
  • A força do serviço do novilho;
  • A razão e vontade da humanidade;
  • A rapidez da águia.

O que quer que sejam, João ouve essas criaturas dizendo em Apocalipse 4.8b:

...não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.

Esse hino estimula um hino por parte dos redimidos. Veja Apocalipse 4.9–10:

Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono...

A igreja foi recompensada como prometido, assim como Paulo prometera na sua carta aos Coríntios, e, nesse verso, vemos a igreja depositando suas coroas aos pés do Senhor—já que nossas obras foram, na verdade, Suas boas obras através de nós e Ele é digno de todo o crédito, louvor e glória. E as primeiras palavras do hino dos redimidos são,

Tu és digno, Senhor... (Apocalipse 4.11a).

Digno ou haxios era o termo usado para falar do imperador romano quando marchava de volta para a capital em um desfile triunfal. O povo cantava e celebrava sua dignidade.

A igreja foi conduzida ao céu em uma marcha triunfal e nós também cantamos e celebramos, “Tu, Imperador e Senhor, és digno.”

Por que?

Existem dois motivos para entoar esse hino.

  • Por causa de quem Tu és!

Veja Apocalipse 4.11a:

Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder...

Ele é digno não somente por causa de quem Ele é, mas por um segundo motivo.

  • Por causa daquilo que Tu fizeste!

Continue em Apocalipse 4.11b:

...porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.

  • A glória de Deus é indescritível.
  • O palácio de Deus é inimaginável.
  • A segurança e alegria da igreja são eternamente imutáveis.

Conclusão

Em seu livro sobre o céu, Steve Lawson conta a história de um pastor amigo seu que estava de viagem no exterior. Em sua viagem, ele recebeu um passeio com guia por um enorme templo budista. Enquanto caminhava pelo santuário religioso, ele observou os móveis luxuosos, os detalhes esplêndidos, os materiais caríssimos que haviam sido utilizados para ornamentar o templo. Ele era mais opulento do que qualquer casa de adoração que já tinha visto antes. Ele ficou profundamente admirado.

Voltando-se para o guia, esse pastor perguntou, “Você se importa se eu fizer uma pergunta? Quanto custou para construir esse templo?”

Sentindo-se um pouco insultado, o guia budista parou e respondeu, “Quanto custou?! Que custo? Não pensamos em custo quando o assunto é Buda.” Daí, aproximando-se do pastor, esse budista disse, “Senhor, você precisa entender, não existe nada bom o suficiente para Buda.”

Como isso revela a culpa de muitos que vivem um Cristianismo casual.

Nós conhecemos a verdade e servimos não um homem morto cujos ossos são poeira em um caixão, mas o Senhor vivo soberano de cujo trono emanam raios e trovões, onde criaturas O circundam e Lhe entoam louvores—e onde nós, os redimidos, cantamos que Ele é digno de toda glória e honra e louvor.

Meu amigo, à luz dessa cena que é o nosso futuro, à luz dessas seis visões do apóstolo João, não existe:

  • Sacrifício grande demais a oferecermos a Ele;
  • Decisão alguma a ser feita sem Ele;
  • Nada além do nosso melhor a ser realizado para Ele;
  • Compromisso desperdiçado quando feito com Ele;
  • Serviço algum esquecido por Ele;
  • Adoração perdida quando feita para Ele.

É por esse motivo que os santos, que compreendem plenamente aquele dia futuro, não param de cantar louvores ao seu Senhor.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 13/04/2008

© Copyright 2008 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

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