
Breve... Muito em Breve
Breve... Muito em Breve
Os Primeiros Hinos Celestiais—Parte 1
Apocalipse 4.1–3
Introdução
Em setembro de 2007, um jornal trouxe o resultado de uma pesquisa realizada com aposentados. A pesquisa revelou que a maioria das pessoas de 50 anos para cima acredita em vida após a morte. Essa mesma estatística é verdade para pessoas mais jovens.
De todas as pessoas entrevistadas, 94% disseram crer na existência de um Deus eterno e de um céu eterno. Mais da metade delas disse que sua crença no céu havia aumentado ao envelhecer.
Sem dúvidas, quanto mais velho ficamos, mais pensamos sobre vida após a morte, não é verdade?
Quer jovem ou idoso, crente ou descrente, existe um senso inato de algo além de nós mesmos. Livros e filmes que retratam o tema da vida após a morte chamam bastante atenção, isso para não mencionar livros escritos por pessoas que dizem ter tido uma experiência de morte e voltaram do céu ou do inferno para contar uma história.
De alguma maneira, o sentimento de que viveremos eternamente tem sido parte fundamental em cada civilização na história humana. Até mesmo antropólogos seculares destacaram esse elemento em comum. Um escritor catalogou o seguinte: aborígenes australianos acreditam em uma ilha distante além do horizonte ocidental; os finlandeses do passado acreditavam em uma ilha distante no oriente. Peruanos e polinésios criam que viveriam ou na lua ou no sol após a morte. Índios americanos acreditavam que seus espíritos caçariam os espíritos dos búfalos. As pirâmides do Egito, repletas de seus tesouros, mapas e até servos sacrificados e sepultados juntos com homens ricos e poderosos, servem de testemunho da crença egípcia de que precisariam de servos, dinheiro e direção na vida após a morte.
Até mesmo o filósofo romano pagão do século primeiro, Sêneca, disse certa vez que o último dia de uma pessoa na terra era o início de sua eternidade.
Todas as culturas possuem o testemunho unificado de uma crença em alguma forma de existência consciente após a morte.
Em Eclesiastes 3.11, Salomão explica por que dizendo que Deus implantou a eternidade no coração da humanidade. A pessoa que diz não crer na vida após a morte está detendo a verdade, assim como ela detém a verdade de seu Criador (Romanos 1.18).
Para o crente, um dos maiores deleites do Cristianismo, se não for seu principal distintivo, é a revelação de nosso Senhor concernente a vida após a morte.
Cristo não deixou espaço algum para misticismo ou especulação; Ele não deixou espaço para o medo de um limbo, ou para o medo de que ficaremos flutuando sem fim vagueando pela terra como espíritos sem corpo ou fantasmas. O apóstolo Paulo escreveu em 2 Coríntios 5.8:
Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.
Jesus Cristo, o Deus encarnado, fez uma declaração maravilhosa em João 11.25:
...Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
Essa é uma doutrina singular do Cristianismo.
Muitos seguidores de religiões ou dos “ismos” no mundo crêem que, quando morrerem, voltarão vez após vezes até por fim acertarem tudo, tornando-se, no fim, como Deus, enquanto outros crêem que se tornarão um deus.
O Cristianismo ensina que viveremos com Deus com nossa personalidade única e singular, apesar de recebermos um espírito aperfeiçoado e um corpo glorificado quando entrarmos no novo céu e na nova terra. Não seremos absorvidos na pessoa de Deus; não nos tornaremos um deus; nós reinaremos com Deus.
Essa crença é essencial ao Cristianismo.
Então, descobrimos, no mais interior das catacumbas de Roma, nas tumbas de crentes do século segundo martirizados pela sua fé em Cristo, inscrições que expressam com confiança sua certeza na vida com Deus após a morte. Essas inscrições incluem:
- “Aquele que vive com Deus;”
- “Ele foi levado para seu lar celestial;”
- “Em Cristo, Alexandre não está morto, mas vive.”
Esses crentes primitivos haviam simplesmente crido no registro apostólico.
Como Paulo, o qual escreveu em Filipenses 1.21:
Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.
Por que Paulo? “Porque morrer significa que partirei e” partir e estar com Cristo... é incomparavelmente melhor (Filipenses 1.23).
Paulo escreveu à igreja de Corinto em 2 Coríntios 5.6–8:
Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e não pelo que vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.
Para o crente, a morte é simplesmente a mão que abre a porta para o céu. Esse não é um pensamento mórbido, mas fé fundamentada na certeza.
Amy Carmichael, a missionária famosa que serviu na Índia por muitos anos, viveu como uma semi-inválida até o dia de sua morte em 1951. Ela morreu na Índia, seu país amado. Nos últimos anos de sua vida, ela recebeu a visita de uma amiga idosa que, no decorrer da conversa, disse a Amy, “Sabe, meu médico me disse o seguinte, ‘Nunca se curve rapidamente porque você pode morrer na mesma hora.’”
Amy respondeu piscando um dos olhos, “Como você consegue resistir essa tentação?”
Esse não é um pensamento mórbido e deprimente, mas uma expressão de fé no que Deus nos disse a respeito da vida após a morte.
É de se esperar, portanto, que o apóstolo Paulo, que havia recebido um passeio pelo céu em espírito, disse, “Prefiro estar lá do que aqui.”
Cinquenta anos após João ter escrito o Apocalipse, um homem grego chamado Aristides escreveu uma carta para um amigo e falou com admiração sobre os crentes que viviam em sua cidade. Ele escreveu, “Se um cristão passa deste mundo para o próximo, todos se regozijam e oferecem ação de graças a Deus, e conduzem o corpo ao túmulo com canções de gratidão como se o morto estivesse sendo simplesmente transportado para um lugar próximo.”
Que fé!
Talvez nossa coragem sobre o futuro não é tão grande como deveria ser porque nossa visão do céu é mais fraca do que deveria. Talvez nossa fé para encarar o futuro não é mais profunda porque nosso entendimento do céu é superficial.
O apóstolo Paulo confortou a igreja ao lhes contar sobre o céu (1 Tessalonicenses 4).
O apóstolo Pedro fortaleceu a convicção do crente sofredor ao lembra-lo do céu (1 Pedro 1).
Até mesmo o nosso Senhor confortou Seus discípulos ao lhes contar sobre o céu (João 14).
Será que nós não pensamos, conversamos ou estudamos sobre o céu o bastante?
Será que realmente cremos que em breve, muito em breve, veremos o Rei?
Por esse motivo e muitos outros, estou animado para dar início a uma série de estudos sobre a visão de João que agora nos introduz à sala do trono do céu e ao seu testemunho ocular.
O Término da Era da Igreja
Chegamos a Apocalipse 4.1:
Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.
Note que o verso começa e termina com a construção depois destas coisas. Essa é a construção grega meta tayta, uma frase que aparece frequentemente em Apocalipse para sinalizar para o leitor uma transição para uma nova visão do apóstolo João. Uma nova visão significa uma nova série de eventos.
Anteriormente, nos capítulos 2 e 3, João focalizou nossa atenção no Deus o Filho falando às igrejas na terra. Agora, a cena muda e a igreja fala ao Deus Pai no céu junto com outras criaturas estranhas, conforme veremos mais adiante.
Isso explica a ausência da igreja a partir de Apocalipse 4 até o capítulo 19.
Então, do início da tribulação, quando Deus começa a derramar Seu julgamento e ira sobre a terra, a igreja não aparece em cena até o término da tribulação e as bodas do Cordeiro em Apocalipse 19.
A propósito, isso se encaixa perfeitamente com a promessa de Cristo ao período da igreja que aparece na carta à igreja de Filadélfia. Talvez você se lembre de que Cristo disse em Apocalipse 3.10:
...eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro...
Em outras palavras, teresso ek—“Eu te removerei da provação que cobrirá a terra.”
Essa promessa do Senhor é a mesma que Paulo faz em 1 Tessalonicenses 5.9, porque Deus não nos destinou para a ira.
De forma ainda mais específica, Paulo se refere à ira de Deus em 1 Tessalonicenses 1.10,
e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.
Essa é a promessa para a era da igreja. Desde o século primeiro com as igrejas de Tessalônica e Filadélfia até as igrejas do século vinte e um, vivemos debaixo da promessa de que a ira de Deus jamais será derramada sobre a igreja—nunca.
Essa não pode ser uma referência ao julgamento de Deus no Grande Trono Branco e à sentença de ira eterna de Deus descritos em Apocalipse 20. A igreja jamais teme essa ira.
Na verdade, a igreja nem sequer será julgada no Grande Trono Branco em temor da ira de Deus. Bem diferente disso, estaremos julgando os descrentes que se encontram diante do Trono Branco recebendo o veredito do castigo eterno de Deus (1 Coríntios 6.2).
Então, qual ira de Deus a igreja temeria? De que Deus promete livrar as igrejas de Tessalônica e Filadélfia, literalmente, “removê-las para longe do alcance” de que?
É essa ira de Deus, esse terror vindouro de Deus que cobrirá a terra inteira durante esse período de tribulação universal sobre a terra. A igreja recebe a promessa de que será removida ou arrebatada. Seremos arrebatados para nos encontrar com o Senhor nos ares (1 Tessalonicenses 4.17).
O arrebatamento pré-tribulacionista da igreja é importante se desejamos interpretar literalmente e compreender totalmente o foco predominante da tribulação—ela não serve para preparar a igreja ao purifica-la; a tribulação serve para preparar Israel.
Eu ouço com bastante frequência a ideia de que a igreja precisa passar pela tribulação para ser purificada antes da eternidade. Essa é uma visão trágica que mina nossa posição atual como noiva de Cristo purificada, perdoada, redimida e lavada em sangue.
Além disso, essa interpretação simpatiza com a invenção católica romana do purgatório que não tem suporte bíblico algum. O purgatório não passa de um lugar criado para servir os propósitos religiosos da igreja no qual santos são punidos e purificados pelo fogo do purgatório para depois entrarem no céu sob a ordem de Maria.
Não existe uma purificação “transitória” do crente para torna-lo digno do céu. Não há necessidade disso porque o crente, na verdade, já se tornou digno do céu! Paulo escreveu em Romanos 8.1:
Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
A tribulação não serve para preparar a igreja para seu Noivo; ela serve predominantemente o propósito de preparar Israel para seu Rei; preparar Israel como uma etnia, redimido e receptivo ao seu verdadeiro Messias, para O qual olharão e verão que O traspassaram.
Então, João escreve em Apocalipse 4.1, Depois destas coisas. Ou seja, após a era da igreja ter terminado e a igreja ter sido arrebatada, a tribulação começa; Deus julgará o mundo e, especificamente, Israel, o qual, em sua maioria, será redimido e preparado para a vinda do Senhor.
Isso abre nosso entendimento para ver que o foco da tribulação não é a igreja, mas Israel. Portanto:
- Israel aparece durante a tribulação como uma mulher grávida de um menino (Apocalipse 12);
- Os 144 mil evangelistas selados que ganham milhões para a fé no Filho de Deus de todas as tribos e línguas são evangelistas judeus escolhidos das doze tribos de Israel (Apocalipse 7);
- O foco volta a ser no templo de Deus (Apocalipse 11);
- As duas testemunhas em Apocalipse 11 são crentes judeus;
- Jerusalém é cenário de um grande terremoto (Apocalipse 11);
- O restante da descendência de Israel são judeus perseguidos pelo Anticristo (Apocalipse 12).
O caráter judaico da tribulação presente de Apocalipse 4 a 19 é tão óbvio e forte que alguns críticos de Apocalipse objetam afirmando que o livro não passa de um Judaísmo Cristianizado.
Como vemos, tudo isso se encontra nas três primeiras palavras de Apocalipse 4.1—depois destas coisas.
A Localização do Céu
Após o término da era da igreja, João escreve em Apocalipse 4.1:
...olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu...
Essa porta dará a João acesso para que seja transportado em espírito para dentro do terceiro céu. Ele ouve a voz dizendo em Apocalipse 4.1b:
...Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.
O que significa depois destas coisas? Depois da era da igreja.
Continue em 4.2a:
Imediatamente, eu me achei em espírito...
Ou seja, o corpo de João está na terra, mas seu espírito foi conduzido ao céu.
Isso levanta mais uma pergunta, “Onde fica o céu? Qual é a localização do céu?” A voz disse em Apocalipse 4.1b, Sobe para aqui.
Obviamente, o céu é lá em cima. Estamos começando com a parte mais fácil.
De fato, a palavra hebraica traduzida como céu, shamayim, significa, “altura.” Essa é uma palavra plural que significa “grandes alturas” ou “nas maiores alturas.” O termo grego para “céu,” oyranos, do qual derivamos o nome do planeta Urano, significa “local elevado” ou “local erguido nas alturas.”
Portanto, o céu é um lugar erguido, elevado muito acima dos planetas e de nosso sistema solar; na verdade, eu creio que ele se encontra no ápice do universo criado por Deus.
Lembre-se, em Sua encarnação, Jesus desceu a terra e, quando partiu em Sua ascensão, Ele subiu. Paulo escreveu, de fato, que, na ascensão, Cristo subiu acima de todos os céus (Efésios 4.10). É como se Cristo tivesse ascendido ao ponto mais elevado do universo.
Quando Cristo voltar no final da era da igreja—entre Apocalipse 3 e o começo do que vemos se desenrolar em Apocalipse 4—Ele descerá e a igreja será arrebatada no céu (1 Tessalonicenses 4.16–17).
A Nova Jerusalém de Apocalipse 21 descerá do céu.
Satanás se ensoberbeceu porque seria exaltado e ascenderia ao céu, e ameaçou colocar sue trono no monte e subir ao ponto mais elevado no Norte (Isaías 14.13).
O céu é um lugar real e fica no ponto mais elevado de nosso universo, elevado muito acima dos planetas, além das galáxias e dos sistemas solares que o ser humano já conseguiu descobrir.
João é transportado imediatamente para esse lugar.
Os três céus
Entenda bem que a Bíblia ensina a existência de três céus. Na verdade, Paulo disse especificamente que foi levado ao terceiro céu em 2 Coríntios 12.2. Então, o que são esses três céus?
- O primeiro céu se refere à atmosfera mais inferior que envolve o planeta Terra. Em nossos livros de ciências, esse céu é chamado de troposfera.
Esse é o céu que enxergamos sobre nós no qual as nuvens flutuam e pássaros perseguem uns aos outros. O profeta Isaías se referiu a esse estrato do céu ao escrever, assim como descem a chuva e a neve dos céus (Isaías 55.10).
Davi escreveu que Deus cobre de nuvens os céus, prepara a chuva para a terra (Salmo 147.8a).
Então, o primeiro céu é o ar que respiramos e o firmamento sobre nós colorido em belo azul.
- O segundo céu mencionado na Bíblia está acima do primeiro céu. Esse é o que chamamos de espaço—o local da habitação de todos os planetas, estrelas e bilhões de galáxias, cada uma contendo bilhões de corpos celestiais.
Em Gênesis 1, Deus fala sobre os céus onde haverá luzeiros que farão separação entre dia e noite, uma referência ao sol, lua e estrelas. Lemos em Gênesis 1.17:
E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra.
- O terceiro céu é a residência de Deus e dos exércitos celestiais.
Lemos em textos como Salmo 33.13–14, onde Davi escreve:
O SENHOR olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; do lugar de sua morada, observa todos os moradores da terra,
É para esse céu que João é transportado em espírito.
O céu é um lugar literal; ele não é um delírio de nossa imaginação, uma passagem para algum universo paralelo. O céu é um lugar que descerá no futuro contendo uma cidade com ruas reais, prédios reais, portões reais, locomoção real e pessoas reais. Jesus Cristo disse em João 14.2b–3:
...Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.
Breve, muito em breve iremos para esse lugar.
O crente em geral passou a enxergar o céu como tufos de nuvens sobre as quais nos sentamos e tocamos harpas, ou algum palácio onde ficaremos de pé sem fazer nada nos perguntando o que faremos para não ficar entediados, algo que temos medo de admitir.
O céu é um lugar real; portões, ruas e prédios são literais. Isso não é algo bom demais para ser verdade.
Acima da atmosfera, além da troposfera, além da estratosfera, além da mesosfera e da ionosfera, muito além das galáxias está o trono de Deus, o qual está sentado e é onipresente ao mesmo tempo.
Os anjos voam rapidamente entre o céu e a Terra, viajando a velocidades que nem conseguimos imaginar.
Foi para esse lugar que Cristo ascendeu e o lugar que Ele preparou para Sua noiva.
Ele é real.
“Sobe aqui, João, sobe para o céu!”
O Trono de Deus
Veja Apocalipse 4.2:
Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado;
Veja bem que está óbvio, como veremos mais adiante, que esse é Deus o Pai sentado—diferente de Apocalipse 5 onde vemos o Cordeiro de Deus. Sentado é a postura que descreve a posição de um imperador que reina. Essa é uma referência clara ao poder soberano de Deus que governa diretamente. Ele não está descansando, mas reinando!
O trono de Deus aparecerá várias vezes no decorrer de Apocalipse. Na verdade, poderíamos circular a palavra “trono” que ocorre doze vezes somente no capítulo 4 falando especificamente do trono de Deus.
João vê Deus o Pai sentando no trono, mas Sua imagem é ofuscada pela forte luz que circunda o trono.
Veja Apocalipse 4.3, onde João vê Deus o Pai cercado por algo que tem a aparência de pedra de jaspe e de sardônio.
João não possui vocabulário para descrever a luz brilhante ao redor do trono de Deus, então ele emprega a construção semelhante, no aspecto. Ele tropeça na limitação de sua linguagem. João diz que isso é o mais perto que ele consegue chegar daquilo que ele viu.
Essas duas pedras preciosas são, provavelmente, o diamante. A descrição clara em Apocalipse 21 nos leva a imaginar essa pedra com um brilho do diamante.
Em outras palavras, as facetas brilhosas da glória de Deus são comparadas a um diamante refletindo todas as cores do espectro.
A pedra de sardônico era uma pedra vermelha como o fogo. O nome dessa pedra deu origem ao nome da cidade de Sardes.
É interessante observar que essas duas pedras eram as primeiras e as últimas pedras preciosas no peitoral do sumo sacerdote. Elas representavam o filho primogênito e o filho mais novo de Jacó. É como se elas simbolizassem que, apesar de a ira de Deus estar prestes a ser derramada sobre o planeta Terra primariamente sobre Israel, a aliança de Deus com os filhos de Israel não será erradicada; Ele guardará Suas promessas feitas ao povo de Israel.
João ainda escreve em Apocalipse 4.3:
...há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.
Em outras palavras, a cor do arco-íris ao redor do trono, talvez por causa de todas as demais cores brilhando a partir do trono, é predominantemente verde.
A propósito, apesar de essas descrições serem difíceis de entender ou imaginar em nossas mentes, elas não são meras decorações jogadas no meio da visão.
O arco-íris imediatamente atrairia a atenção do crente à alusão à graça de Deus em Sua promessa a Noé e ao sinal da aliança do arco-íris para toda a humanidade.
No trono de Deus, existe o lembrete maravilhoso de que a misericórdia de Deus é tão grande quanto Sua majestade.
A primeira coisa que cativa a atenção de João é essa luz magnífica e brilhante que emana do trono de Deus.
Meu amigo, o trono de glória de Deus está ativo—neste exato momento. Para o crente, esse é o testemunho do poder e reino de Deus. Seu trono é garantido, permanente, imóvel, eterno, imutável e imparcial!
Não importa o que vejamos na televisão; não importa o que leiamos nos jornais; não importa a tristeza, alegria, medo ou problema—tudo acontece sob a “sombra do trono soberano de Deus.”
Já haviam se passado sessenta anos desde o Pentecoste e a igreja, juntamente com o último apóstolo vivo, poderiam estar se perguntando, “Eu pensava que as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja. Pensei que seríamos um movimento mundial a essa altura. Pensei que influenciaríamos o César e modificaríamos a cultura. Ao invés disso, estamos sendo perseguidos, o imperador silencia nosso testemunho e a sociedade romana está mais corrompida do que nunca.”
Além disso, o último apóstolo vivo que está tendo visões de glória está exilado em uma ilhota—sua voz emudecida.
A mensagem para a igreja é a seguinte: “Não confunda o que você vê com a realidade. Não avalie o poder da igreja baseado na televisão. Não determine a eficácia da igreja e do poder de Deus com base em cosmovisões.”
Deus não está inerte—Ele está ativo. Deus não foi removido do trono—Ele não precisa ser reeleito. Deus não está ausente, não é distante, esquecido ou falto de amor—Ele está revelando e orquestrando os eventos da história humana.
A. W. Tozer escreveu:
A fim de reconquistar seu poder, a igreja precisa enxergar os céus abertos e ter uma visão transformadora de Deus... ao invés de um Deus utilitário que busca popularidade hoje, cujo apelo maior aos homens é Sua capacidade de lhes conceder sucesso. O Deus que precisamos aprender a conhecer é a Majestade nos céus; Ele é o que se assenta sobre a Terra e estende os céus como uma cortina; Aquele que revela Suas hostes estrelares em grande número e chama todas pelo nome pela grandeza de Seu poder.
O céu não é uma ficção e o trono do céu não é um delírio de nossa imaginação usado como muleta para nossas almas sobrecarregadas.
O céu é um lugar real—e Deus está assentado em Seu trono; isso é conforto e certeza verdadeiros para nossa alma sobrecarregada.
Breve, muito em breve, veremos o Rei.
Conclusão
Vou concluir com uma conversa.
O pastor e escritor Mark Buchanan conta sobre uma conversa que teve com um jovem aluno do curso de filosofia e vinte e poucos anos. O pastor havia oficiado uma cerimônia de casamento e, durante a recepção, o aluno lhe perguntou se ele realmente cria em todas as coisas religiosas que havia declamado na igreja.
O pastor escreve:
Eu disse que cria sim. Ele deu um sorriso. Daí lhe perguntei no que ele cria e o jovem respondeu, “Tentei sua religião certa vez. Concluí que ela não passava de um fardo a carregar. Sabe o que descobri? A vida é o motivo de se viver. A vida é sua própria recompensa e explicação. Não preciso de uma miragem para me motivar a continuar. Essa vida já tem prazeres, mistérios e aventuras o suficiente de forma que não preciso de mais nada para justifica-la. A vida é o motivo de viver.”
Eu disse, “Bom; e eu acredito em você. Hoje, aqui e agora mesmo, sinta essa brisa soprando, ouça as pessoas rindo, observe o belo azul do céu. Sim, hoje eu acredito em você. Que filosofia maravilhosa. A vida é o motivo de se viver. Ótimo! Mas penso no homem que conheci fevereiro passado. Seu nome é Richard. Ele tinha 44 anos, mas com uma aparência de 60, tendo vivido nas ruas desde os 12. Ele era um viciado; agora, estava com AIDS.”
O pastor escreve:
Da última vez que vi Richard foi num dia chuvoso de inverno com céu cinza. Comprei uma passagem e o coloquei dentro do ônibus. Seu destino era a casa de sua mãe. Já fazia 15 anos que ele não falava com ela, mas estava na esperança de poder voltar para casa para morrer. Quase de forma incoerente, ele disse, “Preferia jamais ter nascido. Minha vida toda foi um grande erro. Minha vida toda tem sido uma miséria.”
Fico pensando no Richard.
Também penso no Ernie, um homem no caminho do sucesso. Já com seus vinte e poucos anos, ele tinha se tornado vice-presidente de uma empresa nacional. Ele era resoluto, empenhado, muito capacitado e imensamente ambicioso. Além disso, era um ótimo atleta—natural em qualquer esporte. Ele tinha uma bela esposa. Incapazes de ter filhos, adotaram quatro: três da África e um do México. No dia em que a quarta adoção se concretizou, Ernie recebeu o resultado de um exame médico que fizera por causa de algumas tonturas, visão ofuscada e dormência nas mãos. O diagnóstico chegou com notícias devastadoras: Ernie estava com esclerose múltipla.
Penso em Richard e em Ernie e tenho uma pergunta para a sua filosofia: como exatamente explico para eles que a vida é a motivação para se viver?
O jovem aluno de filosofia ficou sem resposta. Ele disse que teria que pensar sobre o assunto e me retornaria com a resposta. Eu lhe dei meu endereço e pedi que me escrevesse quando saísse com alguma coisa. Nunca ouvi uma palavra dele, [e nunca ouvirei...] porque a vida não é a motivação para se viver, mas a eternidade.
A eternidade é a motivação para se viver porque conhecemos o Deus da eternidade que, neste momento, está assentado no Seu trono e esperamos Seu chamado para subirmos!
Breve, muito em breve, veremos nosso Rei.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 06/04/2008
© Copyright 2008 Stephen Davey
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