
A Antiga Revelação
A Antiga Revelação
Uma Encomenda Especial—Parte 1
Apocalipse 1.1–3
Introdução: A Antiga Mentira
Rhonda Byrne é a autora de um livro muito popular intitulado O Segredo. O livro relata o que ela afirma haver descoberto no final do ano de 2004.
Nessa época, tudo na vida de Rhonda havia se desmoronado—física, emocional e financeiramente—e ela se encontrava em “total desespero.” Seu pai havia morrido inesperadamente e ela estava preocupada com sua mãe em profunda tristeza. Ela disse: “Eu chorava, chorava e chorava.”
Foi aí que a filha de Rhonda lhe presenteou com uma cópia do livro A Ciência de Ficar Rico, escrito em 1910 por Wallace D. Wattles. Rhonda conta: “Algo dentro de mim me fez folhear as páginas, uma por uma, e ainda me lembro das lágrimas caindo sobre as páginas enquanto lia. Esse livro me deu um vislumbre de O Segredo. Foi como uma chama em meu coração que, desde então, se transformou em um fogo devastador com o desejo de compartilhar tudo isso com o mundo.” Rhonda afirma ter passado horas rastreando o conceito do Segredo no decorrer da história—desde 3500 a.C. até o presente. Ela diz: “Desde que descobri o Segredo, tudo em minha vida mudou e estou vivendo de fato pela primeira vez.”
Que segredo é esse? O Segredo é a lei da atração, que é o princípio de que coisas semelhantes se atraem. Rhonda o chama de “a lei mais poderosa no universo que nunca para de funcionar.” Ela explica: “O que fazemos é atrair para nossas vidas coisas que desejamos, e isso se baseia no que pensamos e sentimos... esse princípio explica que criamos nossas próprias circunstâncias e pensamentos, e isso significa que nossos pensamentos são as coisas mais poderosas que temos aqui na terra.”
A verdade é que o Segredo é que você não escolhe seguir a Deus; você escolhe reconhecer que é deus—um ser divino, soberano.
“Eva, eu tenho um segredo... coma este fruto e você será como Deus.”
Não fico surpreso ao saber que esse tipo de pensamento tem enganado o mundo. Fico surpreso ao ver que esse é o mesmo conceito corrompido e enganoso dentro do movimento do evangelho da prosperidade. Seus falsos mestres deram uma nova roupagem a essa velha mentira e a apresentam como suposta revelação de Deus. Eles conduzem pessoas a uma crença enganosa e egoísta que corresponde à mentira do inimigo, a qual afirma que as pessoas são deuses e tudo o que dizem pode se materializar. Este é o segredo que as pessoas precisam aprender—elas são um deus e podem criar, com suas palavras e pensamentos, o que bem desejarem.
Permita-me citar as palavras de alguns de seus principais líderes. Creflo Dollar disse:
...tudo se reproduz conforme sua espécie. Cavalos geram cavalos, cachorros geram cachorros e deuses geram deuses!... Vocês não ouviram isso? Cavalos geram cavalos, cachorros geram cachorros e deuses geram deuses!... E Deus gerou mais deuses de carne e deuses de carne geraram mais deuses de carne. E os deuses de carne geraram mais deuses de carne até que o Deus dos deuses de carne apareceu um dia em carne e habitou entre outros deuses de carne para mostrar aos outros deuses de carne como exercer autoridade sobre a carne!... Essa é a história que a igreja deseja esconder de vocês para que não saibam quem são verdadeiramente!
Em outras palavras, esta é a verdade que a igreja esconde: você é um pequeno deus em carne criado por Deus, e você possui o mesmo poder que ele possui para criar seu próprio destino e realidade.
Outro falso mestre, chamado Kenneth Copeland, tem ensinado a mesma ideia há anos. Ele disse um tempo atrás:
Você pode conseguir qualquer coisa que desejar! Na verdade, o que você diz é exatamente o que está conseguindo agora. Se está vivendo em pobreza, mude o que você diz. Isso mudará o que você tem... discipline tudo o que faz e tudo o que diz... Deus será obrigado a suprir suas necessidades.
Ou seja, crie coisas com suas palavras. Você possui o poder de Deus para criar sua própria realidade.
Sinceramente, fiquei maravilhado ao ver milhões de pessoas comprando o livro A Oração de Jabez. Agora você já está achando que estou mexendo com você! A propósito, não acho que o autor desse livreto é um falso mestre—ele não pode ser, já que se formou no mesmo seminário que eu. Quer esse tenha sido seu objetivo ou não, as pessoas foram guiadas pelo seu extinto natural de encontrar um segredo. A oração de Jabez se transformou em palavras mágicas com a garantia de que funcionariam. A implicação sutil foi a de que essa oração, essas palavras em particular, realizaria o que desejássemos.
Meu amigo, não há encantamento algum ou oração especial que garante o que desejamos. Não há segredo que curará suas doenças, trará paz mundial, ou colocará dinheiro em sua conta bancária e um carro novo em sua garagem—ou pelo menos um carro que funcione direito.
O que acho trágico é que a igreja, com bastante frequência, ara o solo do coração das pessoas para receber falsa doutrina. As pessoas acreditam em falsas doutrinas como aquelas disseminadas em Um Curso em Milagres—um livro que continua a ganhar mais e mais seguidores. O livro foi escrito por Helen Schucman, uma professora na universidade americana de Columbia. Segundo ela, uma voz interior começou a lhe dizer que ela receberia um curso em milagres e que deveria colocar tudo em forma escrita. A voz dizia ser Jesus. No decorrer de sete anos, ela escreveu o que ouviu.
Qual é o pensamento central desse ensino de milagres? Todos nós somos divinos—e a propósito, não há pecado ou diabo. O livro de Helen Schucman passou despercebido, até que Marianne Williamson escreveu um livro chamado Um Retorno ao Amor: Reflexões sobre os Princípios de Um Curso de Milagres. Quando Marianne apareceu em um show de televisão americano, a apresentadora Oprah elogiou seu livro e disse aos telespectadores que já havia adquirido mil cópias para distribuir para seus amigos e equipe. As vendas do livro dispararam e esteve entre os mais vendidos por meses.
Esse novo evangelho se tornou comum. Supostas palavras de Jesus nesse material popular são citadas pelas pessoas. Algumas das citações são as seguintes:
- “Um Cristo morto não tem significado.”
- “A jornada para a cruz é uma jornada inútil.”
- “O nome de Jesus Cristo é um símbolo usado em referência aos nomes de muitos deuses aos quais oramos.”
- “Reconhecer Deus é reconhecer si mesmo.”
Isso soa muito parecido de novo com o tentador, não é verdade? Todos esses falsos mestres defendem a mesma mentira: no fundo, você é divino; pode agir como Deus porque é um deus; pode controlar seu corpo e sua conta bancária com seus desejos; você pode determinar seu destino.
“Coma este fruto, Eva... e você será tão sábia quanto Deus.”
Segundo li semana passada, a apresentadora de televisão Oprah lançou um programa de rádio com esse ensino da Nova Era chamado “Um Curso em Milagres.” Nesse programa, Marianne Williamson ensinará uma lição por dia no decorrer do ano, e isso cobrirá as 365 lições do livro Um Curso em Milagres. A lição número 29 declara: “Deus está em tudo aquilo que vejo.” A número 61 faz você repetir: “Eu sou a luz do mundo.” E a lição 70 o faz ir ainda mais além e afirmar: “A minha salvação vem de mim mesmo.”
Um homem chamado Warren Smith combateu esses falsos ensinos em seu livro Reinventando Jesus Cristo. Nesse livro, ele escreveu que muitos escritores, líderes religiosos e celebridades estão abraçando o material Um Curso em Milagres, crendo que seus princípios promoverão um período de unidade global.
Acho interessante que, junto com essa nova era de suposta paz mundial promovida pelo reconhecimento de que todos são deuses, o Deus da Bíblia é removido de cena. Jesus, em sua revelação a Helen Schucman, praticamente eliminou o Jesus Cristo da Bíblia.
E este é exatamente o alvo do diabo, este é o maior objetivo do engano: excluir Cristo da humanidade e roubar o louvor de Cristo.
Esse objetivo é revelado claramente nos escritos de outro proponente de Um Curso em Milagres chamado Neale Walsch. Vários anos atrás, ele escreveu um livro intitulado As Novas Revelações. No livro, ele escreveu as palavras: “A era de um Único Salvador chegou ao fim.” Essa não é uma nova revelação, mas uma antiga mentira!
A Antiga Revelação
Meu amigo, você não é um deus. Fico triste em tirar seu cavalinho da chuva, mas você e eu somos pecadores em necessidade de nosso Único Salvador!
Essa é uma época em nosso mundo bastante apropriada para a igreja aprender junto não uma nova revelação, mas a antiga revelação. Não quero descobrir o poder das minhas palavras—quero conhecer o poder das palavras de Cristo. Você não precisa da palavra de um pregador. Eu e você precisamos da revelação sobre e através de Jesus Cristo—o qual era, e é e sempre será o único Salvador. Precisamos retornar à antiga revelação da Palavra de Deus. Portanto, abra sua Bíblia no livro de Apocalipse. Veja as primeiras quatro palavras do capítulo 1: Revelação de Jesus Cristo.
Meu amigo, enquanto você estiver folheando as páginas de Apocalipse, lendo sobre sinais, cálices, trombetas, ressurreições, julgamentos, guerras e visões, jamais se esqueça de que esse livro:
- é algo sublime—a revelação de Jesus Cristo;
- possui um tema sublime—a pessoa de Jesus Cristo;
- revela um tesouro sublime—a supremacia de Jesus Cristo;
- está alicerçado em sua mais profunda premissa—a soberania de Jesus Cristo.
Acima de tudo, essa é a revelação de Jesus Cristo. Jesus Cristo é tanto a fonte como o grande tema revelado. Essa revelação provém de e é a respeito do nosso Senhor soberano.
Com isso em mente, fiz um esboço geral do livro com Cristo nas divisões principais. Existem quatro seções primárias em nosso estudo pelo livro de Apocalipse. As quatro divisões principais são:
- primeiro—A Soberania de Cristo sobre Sua Igreja;
- segundo—A Severidade de Cristo em Seu Castigo;
- terceiro—A Superioridade de Cristo em Sua Vinda;
- quarto—A Supremacia de Cristo em Sua Nova Criação.
Perguntas Fundamentais sobre Apocalipse
Logo no início dessa revelação—agora com dois mil anos de idade—ela responde sete perguntas fundamentais.
- O que é revelação verdadeira?
A resposta a essa pergunta se encontra no significado do termo. Revelação é o termo grego apokalypsis, do qual derivamos o título do livro “Apocalipse.” A palavra grega significa “descobrir, revelar o que esteve antes encoberto.”
Não é algo irônico que o livro da Bíblia cujo nome significa “revelado e descoberto” é considerado por muitos crentes como o livro mais misterioso e encoberto de todos?
Mas esse livro não é chamado “O Mistério de Jesus Cristo,” ou “A Charada de Jesus Cristo.” Seu nome é “A Revelação de Jesus Cristo,” ou “O Livro Aberto de Jesus Cristo.” Contudo, muito temem abrir e ler esse livro.
Sem dúvida alguma, o maior obstáculo para entendermos o livro de Apocalipse é a abordagem que o intérprete adota. Existem quatro abordagens principais a essa revelação e várias outras secundárias que não mencionarei.
- Primeiro, existe a abordagem preterista para entender Apocalipse.
Segundo essa abordagem, o livro de Apocalipse é um livro de história. Essa perspectiva acredita que os eventos de Apocalipse, com pouquíssimas exceções, já aconteceram. Como resultado, os que sustentam essa visão precisam espiritualizar os eventos da destruição do templo de Jerusalém no ano 70 d.C. como símbolo do retorno de Cristo. O problema com essa ideia é que Cristo nem mesmo apareceu. Além disso, eles não deixam espaço para um cumprimento literal dos julgamentos dos selos, trombetas e taças.
É interessante que essa abordagem ignora a declaração específica dos primeiros versos de Apocalipse, os quais afirmam claramente que esse é um livro de profecia, não de história. Um autor disse que o preterista ergue um pedestal firme, mas não possui escultura alguma para colocar sobre ele quando termina.
- A segunda abordagem para interpretar Apocalipse é a abordagem histórica.
Os que defendem esse método creem que todas as profecias se cumpriram no decorrer dos últimos dois mil anos. Essa abordagem se torna interessante porque precisa encontrar conexões históricas com coisas e acontecimentos, algo que exige bastante imaginação. Eles veem Maomé como a estrela que cai e o rei germânico do Visigodo Alarico I como a primeira trombeta; Elizabete I é a primeira taça, Martinho Lutero é o anjo de Sardis, Adolf Hitler o cavalo vermelho, etc., etc.
- A terceira abordagem é a idealista.
Essa abordagem afirma basicamente que o livro de Apocalipse é um conjunto de ideais relacionados à luta entre o bem e o mal. Esse método alegoriza o livro inteiro, transformando-o em um conflito espiritual em nada relacionado a eventos históricos ou futuros. A tribulação não passa de um conflito interno pessoal com o pecado e a dor; o retorno de Cristo acontece dentro do coração e mente da pessoa.
- A quarta abordagem entende Apocalipse pelo que ele é—a chamada abordagem futurista.
Esse método enxerga Apocalipse como um relato profético de eventos futuros reais, focando especificamente nos momentos finais desta era.
Conforme um autor disse, esse é simplesmente o resultado natural de uma leitura objetiva do livro, enquanto as demais abordagens são forçadas a apelar para a alegorização e espiritualização do texto a fim de sustentar suas interpretações. Interpretamos os profetas literalmente—nós os entendemos pelo que eles são. Portanto, não deveríamos nos surpreender quando fazemos o mesmo com Apocalipse.
Metade do livro de Apocalipse é, na realidade, composto por referências ao Antigo Testamento. O que antes esteve escondido agora é revelado. Vários comentaristas destacam que 278 dos 404 versos em Apocalipse se referem a algo já mencionado no Antigo Testamento.
Um estudioso chamado Williamington catalogou todas as referências. Eu não gostaria de ter que fazer esse serviço; estou feliz que ele fez. Essa lista de referências ao Antigo Testamento encontradas em Apocalipse inclui:
- 13 de Gênesis;
- 27 de Êxodo;
- 4 de Levítico;
- 3 de Números;
- 10 de Deuteronômio;
- 1 de Josué, de Juízes e de 2 Samuel;
- 6 de 1 Reis;
- 1 de 2 Crônicas e de Neemias;
- 43 dos Salmos;
- 2 de Provérbios;
- 79 de Isaías;
- 22 de Jeremias;
- 43 de Ezequiel;
- 53 de Daniel;
- 2 de Oséias;
- 8 de Joel;
- 9 de Amós;
- 1 de Habacuque;
- 2 de Sofonias;
- 15 de Zacarias; e
- 1 de Malaquias.
Metade do problema do intérprete é resolvido quando ele entende as profecias do Antigo Testamento literalmente.
A primeira pergunta é: “O que é o livro de Apocalipse?” Ele é a última palavra da profecia; ele representa a tampa da revelação profética. Vamos observar a segunda pergunta.
- Sobre o que é essa revelação?
João escreve com poucas palavras, Jesus Cristo. Nesse livro, descobriremos o que ele é, o que ele diz e o que ele faz. É para esta antiga revelação que devemos retornar:
- Ele é Jesus Cristo (1.1);
- Ele é o regente dos reis da terra (1.5);
- Ele é o Princípio e o Fim (2.8). Esse é um título de Isaías usado para Yahweh, o Rei de Israel, sendo agora aplicado a Jesus Cristo;
- Ele é o Filho de Deus (2.18);
- Ele é aquele que sonda as mentes e corações (2.23);
- Ele é aquele que possui a chave de Davi (3.7);
- Ele é aquele que abre a porta que não se fecha mais (3.7);
- Ele é o Amém (3.14);
- Ele é a Testemunha fiel e verdadeira (3.14);
- Ele é o Leão da tribo de Judá (5.5);
- Ele é a Raiz de Davi (5.5);
- Ele é o Verdadeiro (6.10);
- Ele é o Santo (6.10);
- Ele é o Senhor (11.18);
- Ele é o Cristo (11.15);
- Ele é o Cordeiro (12.11);
- Ele é o Rei (15.3);
- Ele é a Palavra de Deus (19.13);
- Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores (19.16);
- Ele é o Alfa e o Ômega (21.6);
- Ele é o Primeiro e o Último (22.13);
- Ele é a brilhante estrela da manhã (22.16);
- Ele é o Senhor Jesus (22.20).
Cada título é uma revelação da verdade da redenção.
- Cristo é chamado de Alfa e Ômega, as quais são a primeira e a última letra do alfabeto grego, respectivamente. Elas carregam a sugestão de uma literatura, significando, talvez, que na literatura da revelação, a Bíblia, Cristo é a substância, a verdade desde a primeira letra do alfabeto até a última.
- Ele também é chamado de Princípio e Fim—um título que parece carregar a ideia de história, significando, portanto, que Cristo é o ápice de toda história.
- Jesus Cristo recebe o título de Primeiro e Último, o que parece ser uma referência à criação e ao tempo, de forma que ele está em ambos os lados do tempo, sendo tanto a causa quanto o mantenedor da criação.
- No capítulo 1, ele é chamado de o Primogênito dos mortos—uma referência à sua ressurreição.
- Jesus Cristo é chamado de Cordeiro no capítulo 5, bem como outras 26 vezes no livro—um título que remete à obra da redenção. Ele é o único Salvador.
- Ele é o Leão da tribo de Judá—ou seja, ele procede da linhagem real.
- Ele também é a raiz e a descendência de Davi, significando que ele veio antes e depois de Davi.
- Jesus Cristo é a estrela da manhã no capítulo 22, o que significa que ele inaugurará o dia eterno.
O livro inteiro foi composto para exaltar Jesus Cristo. Esta é a antiga revelação—a verdade de Deus: o carpinteiro de Nazaré é o Rei do mundo; o judeu crucificado é tanto o Cordeiro como o Senhor do universo!
- Quem são os recipientes dessa revelação?
João continua e escreve no verso 1 que essa revelação de Deus é concedida aos seus servos.
A fim de exaltar e glorificar seu Filho ainda mais, o Pai concedeu a um grupo especial de pessoas o privilégio de entender esse livro. João descreve essas pessoas com a palavra servos, a qual é também traduzida como “escravo.”
Eu concordo com um autor que disse que o termo “escravo” não deve ser amenizado para satisfazer nosso gosto. Nos dias de João, era comum uma pessoa se vender à escravidão em um templo pagão para servir um ídolo.
Nos dias do Antigo Testamento, durante as celebrações do Jubileu quando todos os escravos contratados em Israel eram libertados e suas dívidas canceladas, se um escravo amasse seu mestre a ponto de querer permanecer em seu serviço pelo resto de sua vida, ele seria levado à porta do tabernáculo. Ali, sua orelha era furada e recebia uma argola, indicando que ele era um servo que havia escolhido seu mestre por amor e lealdade.
Era isso que estava na mente de Paulo quando ele se referiu a si mesmo como escravo de Jesus Cristo. A revelação de Cristo é revelada aos seus escravos leais e que o amam. O que recusa reconhecer o senhorio de Cristo:
…não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente (1 Coríntios 2.14).
O descrente cético considera Apocalipse como uma compilação de coisas desconexas. Mas o crente, que se escravizou a Cristo voluntariamente por amor e lealdade, entenderá e crerá nas verdades proféticas sobre o futuro do mundo. Vamos responder mais uma pergunta.
- Como a revelação é comunicada?
Veja a última parte do verso 1: enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João.
Você pode pensar: “Isso não é algo perigoso, arriscado? Não fomos advertidos quanto aos evangelhos trazidos por anjos? Seres espirituais se comunicaram com religiões como Islamismo e Mormonismo, e revelaram o Curso de Milagres que promete instaurar uma paz mundial.”
Existem anjos em todo lugar pelo livro. Eles aparecem 71 vezes! Alguém fez a observação de que uma de cada quatro referências a anjos se encontra em Apocalipse. Isso nos conduz à quinta questão que precisa ser feita e respondida.
- Como essa revelação é autenticada?
O verso 2 nos diz que a revelação é autenticada pela palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. Perceba o testemunho triplo:
- Primeiro, ela é autenticada pela palavra de Deus.
Em outras palavras, essa revelação é consistente com o resto das Escrituras. Portanto, compare Escritura com Escritura; permita que a Bíblia explique a própria Bíblia.
- Além disso, existe o testemunho de Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo não advertiu as pessoas contra receber verdades de anjos. Na realidade, ele não disse que um anjo não podia proclamar o Evangelho. Ele disse o seguinte em Gálatas 1.8:
Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.
O que o anjo diz a respeito de Cristo? Muitas religiões ensinam que Cristo é outra pessoa, e não Deus. Elas dizem, “Você é deus... você é o espírito de Jesus.” Autenticamos o testemunho de João com o testemunho das Escrituras e de Cristo.
- A terceira atestação no texto é o testemunho do próprio João—quanto a tudo o que viu.
Se essa revelação estivesse sendo analisada em um tribunal, o advogado da defesa apresentaria o testemunho escrito de Deus o Pai, mencionaria o testemunho verbal de Deus o Filho mostrando como ambos se harmonizavam perfeitamente, e depois convocaria João para testemunhar. Daí, ouviríamos o apóstolo dizendo: “Foi isso o que eu vi!” Veja Apocalipse 1.12–13:
Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro.
Pule para o verso 17:
Quando o vi, caí a seus pés como morto...
Abra agora em Apocalipse 5.1:
Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por for a…
Veja Apocalipse 21.1: Vi novo céu e nova terra.
Quarenta e quatro vezes João diz: “Vi. Posso testificar o testemunho dessa revelação com meus próprios olhos.”
Certas pessoas morreram em um leito de hospital ou acidente e depois reviveram só para contar relatos incríveis daquilo que viram no céu, como no caso de alguns, e no inferno, como no caso de outros. Seus livros voam das estantes de livrarias. Por quê? Porque o testemunho delas não é: “Foi isso o que eu li,” ou “Foi isso o que ouvi.” Seu testemunho, falso ou verdadeiro, se torna mais convincente porque elas dizem: “Foi isso o que eu vi.” Esse é o testemunho mais descritivo e detalhado que existe de uma testemunha ocular sobre o céu, uma testemunha que, com fervor e urgência, diz: “Você precisa saber o que eu vi.”
Permita-me responder mais uma questão. Já respondemos:
- O que é a revelação?
- Sobre o que é a revelação?
- A quem ela foi transmitida?
- Quem transmitiu?
- Como foi autenticada?
- Por que eu deveria estudar essa revelação?
João continua e diz em Apocalipse 1.3:
Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas…
Esse é o único livro na Bíblia que promete bênçãos especiais aos que fazem três coisas.
Bem-aventurados os que lêem. Esse era provavelmente um encorajamento ao lector—o indivíduo na época responsável por ler publicamente na sinagoga ou igreja os escritos sagrados.
Nos dias da igreja primitiva, os números limitados de cópias das Escrituras exigiam que elas fossem lidas publicamente. Isso é bem diferente de nossos dias, já que facilmente encontramos cópias completas da Bíblia.
Em meu escritório, eu tenho uma folha de papel escrita com letras chinesas em linhas bem feitas. Eu ganhei de missionários que servem na China e esse papel é uma página retirada da Bíblia de alguém que foi escrita à mão; é algo especial demais para mim. Uma coisa é certa, isso me constrange enquanto me sento cercado de Bíblias e comentários. Eu tenho 80 comentários somente no livro de Apocalipse, cada um deles contendo o texto bíblico. Enquanto me preparava para essa mensagem, li 60 deles. Aquele crente chinês provavelmente não tem sequer uma cópia completa da Bíblia, e aquilo que ele tem foi escrito o mais rápido que pôde quando tomou emprestada a Bíblia de outra pessoa.
O apóstolo João sabia que essa revelação era algo crítico, e ele adicionou o incentivo das bênçãos de Deus sobre todos aqueles que a lessem em voz alta a outros.
A bênção se estende não somente ao que lê, mas ao que ouve também. E não somente ao que ouve, mas ao que guarda. Veja bem que aquele que guarda as palavras também obedece. Isso ecoa a epístola de Tiago, o qual declarou como abençoado o crente que não somente ouve a palavra, mas a pratica (Tiago 1.25). Deixe-me adicionar mais uma questão.
- Além da bênção pessoal, por que essa revelação é importante?
A última parte do verso 3 adiciona a urgência: pois o tempo está próximo. A palavra traduzida como tempo nesse verso não se refere a um relógio ou calendário. Ela é o termo grego kairos, o qual está relacionado a épocas ou períodos. João diz: “A época está próxima. A próxima grande era na história da redenção de Deus está se aproximando. O retorno de Cristo é iminente.”
A urgência de Apocalipse aponta para o retorno de Cristo. O Salvador ressurreto que apareceu a João é o Soberano que retornará com sua igreja triunfante no final do livro. Tudo aponta para o seu retorno literal.
A era de um único Salvador não chegou ao fim—ela está prestes a começar com mais majestade e poder do que conseguimos imaginar. Jesus Cristo diz:
- Venho sem demora (3.11);
- Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro (22.7);
- E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão... (22.12);
- ...Certamente, venho sem demora (22.20).
E João exclama no final do livro,
Amém! Vem, Senhor Jesus! (22.20).
“Venha, então—estamos aguardando e observando!”
Meu amigo, jamais se esqueça de que houve mais de cem profecias sobre a primeira vinda de Cristo e ninguém entendeu aquela vinda. O povo não entendeu! Existem mais de duzentas profecias sobre o que acontecerá em seguida—e você não vai querer permanecer em ignorância quanto a essa segunda vinda. Não o perca por causa da sua incredulidade.
Como encontrá-lo? Existe uma antiga revelação que o revela. A Bíblia é a resposta, o guia e o mistério revelado. Eu quero essa antiga revelação—a revelação que exalta e glorifica um único Salvador, e você não é esse Salvador! Nem eu. Ele é Jesus Cristo, o qual um dia voltará.
Conclusão
Uma senhora chamada Phoebe Knapp era uma amiga pessoal de Fanny Crosby, a grande compositora de hinos. Phoebe também era uma escritora de hinos, mas geralmente compunha as melodias que Fanny Crosby usava para seus hinos.
Uma das melodias mais famosas de Phoebe foi a que ela compôs para o hino que Fanny Crosby escreveu e que tem por título “Que Segurança, Sou de Jesus.” Ainda mais interessante para mim foi o fato de Phoebe Knapp ter sido a esposa de Joseph Knapp, o fundador de uma empresa de seguros. Phoebe dizia com bastante frequência: “É algo maravilhoso poder ter um seguro para a vida, mas uma coisa muito melhor ter um seguro para a vida no além.”
Essa segurança bendita é encontrada somente quando você volta à antiga revelação que exalta e glorifica o nosso maravilhoso Salvador.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 06/01/2008
© Copyright 2008 Stephen Davey
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