Reagindo Bem à Sujeira da Difamação

Reagindo Bem à Sujeira da Difamação

Ref: Philippians 1–4

Reagindo Bem à Sujeira da Difamação

Avançando—Parte 2

Filipenses 1.15–18

Introdução

Nos períodos das eleições, o número das amadas propagandas eleitorais, discursos e folhetos eleitorais dispara. Aqueles em posição de liderança, quer na igreja ou na sociedade, se simpatizam com candidatos políticos porque entendem como é impossível defender sua reputação.

Em todo período de eleição, cada candidato sente que está nadando contra a maré. Aquelas propagandas de 30 segundos são extremamente eficientes, pois é impossível responder as acusações que candidatos fazem contra seus oponentes. Simplesmente, nenhum deles consegue se defender. Não sei você, mas tenho a impressão de que, quando surgem aquelas propagandas políticas no intervalo de um jogo, por exemplo, elas geralmente vêm para demolir a reputação dos adversários.

Minha reação deve ser semelhante à sua—quando a propaganda termina, eu fico pensando: “Rapaz, que candidato terrível é aquele?”

Em seguida, outro comercial aparece com o outro candidato e o meu pensamento é: “Meu amigo, o primeiro candidato também não é nada bom... que pessoa terrível!”

Na verdade, após assistir a propagandas eleitorais de 30 segundos, fico convencido de que ambos deveriam estar na prisão, presos em algum lugar para sempre. Esperamos esse tipo de atividade em campanhas políticas; quanto mais está em jogo, mais sujeira é jogada nos oponentes.

Partidarismo faz parte do mundo da política e o esperamos em todas as eleições. Agora, o que não esperamos é esse tipo de atitude dentro da igreja. Rivalidade no mundo é uma coisa; rivalidade dentro do Cristianismo é outra.

A verdade é que um espírito partidarista, faccioso e que causa divisão pode ser muito mais devastador dentro da igreja. Uma coisa é certa, brincar de política no corpo de Cristo nunca sai de moda; ou seja, não precisamos esperar dois ou quatro anos para jogar sujeira no outro, solicitar votos ou tentar destruir a reputação de alguém.

Todo tempo parece ser período de jogar sujeira no próximo; a licença é válida para o ano todo. E as coisas podem ficar feias, não somente na política, mas nos bancos das igrejas também.

Esse problema não é novo, nem para políticos, nem para crentes. Na verdade, o apóstolo Paulo está prestes a revelar como os crentes em Roma estavam divididos.

Abra sua Bíblia no livro de Filipenses. Talvez você se lembre que Paulo deu boas notícias—seu aprisionamento em Roma havia, na verdade, contribuído para o progresso do Evangelho. Apesar de as coisas parecerem estar retrocedendo em marcha ré, elas estavam, na verdade, avançando.

Essa é a boa notícia. Agora, Paulo irá anunciar algumas notícias negativas.

Veja Filipenses 1.14–17:

e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus. Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias.

De forma resumida, o problema é o seguinte: a prisão de Paulo em Roma havia gerado divisão, acusações, um espírito partidarista entre muitos crentes em Roma. Na verdade, a situação começou a se transformar numa campanha eleitoral encabeçada por alguns líderes da igreja, muitos dos quais, infelizmente, estavam agindo como políticos candidatos à uma posição no governo.

Entraremos em mais detalhes depois, mas deixe-me alertá-lo do fato de que estarmos prestes a testemunhar Paulo com sujeira no rosto. Paulo terá que responder a algumas acusações, entendimentos errados e a um espírito partidarista e faccioso.

Gostaria de destacar cinco atitudes na reação de Paulo a essa situação. Ele está coberto de lama, mas se tornará um exemplo de uma reação piedosa aos políticos sentados nos bancos da igreja. Iremos descobrir por que devemos imitar Paulo, assim como ele imitou o exemplo de Jesus Cristo.

Cinco Maneiras de Reagir Bem à Sujeira de Falsas Acusações

  • Primeiro, Paulo identifica abertamente o problema.

Por mais difícil que pareça de acreditar, Paulo não foi muito bem recebido em Roma. Se você pensa que Paulo era um herói para todos os crentes na igreja, então precisa entender que isso não passa de fantasia.

Esse missionário veterano e plantador de igreja—o embaixador de Deus aos gentios—era amado por muitos, mas ignorado e até odiado pela maioria.

Aqui no verso 15, Paulo afirma que as igrejas e pastores estão divididos em duas facções. Veja o verso 15 novamente: Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia.

A palavra traduzida como inveja, phthonos, se refere não somente ao desejo de possuir algo que pertence a outra pessoa, mas a desejar até o mal para essa pessoa.

A pregação desses incluía uma propaganda de 30 segundos projetada tanto para arrebanhar seguidores, como para destruir a reputação de Paulo.

João Crisóstomo, um pai da igreja no século quarto, empregou esse mesmo termo para “inveja” em um de seus discursos quando se referiu aos que estavam “tramando uns contra os outros e se alegrando com a desgraça alheia.”

Podemos entender que o mundo faz isso, mas não pessoas que representam Deus, não é?

Deixe-me lembrá-lo dos líderes religiosos dos dias de Jesus. Eles reclamaram e gritaram contra Jesus afirmando que Ele tinha interferido com as tradições, ameaçado destruir o templo e blasfemado contra Deus; então, eles tinham que proteger sua herança, religião e santidade do templo.

O Evangelho de Marcos arranca a máscara desses homens quando nos informa que Pilatos bem percebia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado (Marcos 15.10). Essa é a mesma palavra que Paulo usa aqui. Os líderes religiosos realmente queriam proteger sua área, seus seguidores e sua reputação.

Então, Paulo declara abertamente a verdade de que pastores e igrejas pregam Cristo—isto é, eles conhecem, creem e pregam o Evangelho—com motivos invejosos, egoístas e ambiciosos que criaram antagonismo contra Paulo.

Por mais difícil que pareça de acreditar, Paulo, na melhor das hipóteses, foi ignorado em Roma, e, na pior das hipóteses, foi atacado por outros que criam e pregavam o Evangelho de Cristo.

Mas por que? Porque estavam cheios de inveja. Paulo chegou a Roma e todos haviam estado bem sem ele; além disso, francamente, esses líderes não queriam ver seus seguidores perdendo o interesse neles e seguindo Paulo.

Paulo atribui a esse partido faccioso mais uma característica devastadora. Eles são não somente invejosos, mas Paulo adiciona no verso 15 que pregam por porfia ou rivalidade.

Um autor escreveu que a palavra grega eritheia está ligada a manobras políticas e intrigas eleitorais.

400 anos antes de Paulo empregar essa palavra, Aristóteles a utilizou em sua obra intitulada Política para se referir à busca egoísta de posições políticas por meios injustos.

Em outras palavras, esses pastores, líderes e igrejas pediam votos, atenção e apoio e Paulo estava atrapalhando. Esse é o pior tipo de política dentro da igreja!

E esses homens estavam dispostos a ir longe para proteger suas igrejas de qualquer ideia de lealdade ao apóstolo.

A propósito, isso ajuda a explicar o texto um tanto estranho em 2 Timóteo 1, onde Paulo escreve algo que eu só entendi quando estudei Filipenses 1.

Próximo do final de seu aprisionamento em Roma, Paulo escreve as seguintes palavras tristes:

Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram… Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque, muitas vezes, me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas; antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar (2 Timóteo 1.15–17).

Onesíforo chega a Roma e precisa procurar Paulo diligentemente até encontra-lo. Como assim? Os pastores e igrejas haviam abandonado o apóstolo completamente de maneira que, após poucos anos depois de sua chegada, ninguém nem sequer sabia onde ele estava.

Não é surpresa alguma que Paulo chega ao final de sua carta quando está perto de ser executado e diz: todos me abandonaram (2 Timóteo 4.16). Por que? Inveja e rivalidade. Vemos inveja e rivalidade atuando não na arena política, mas dentro da igreja, jogando um crente contra outro; pior ainda, fazendo com que crentes joguem sujeira nos outros, ou seja, ataquem a reputação de irmãos.

Essa é a primeira facção ou partido.

O segundo partido aparece no verso 15. Esses são os que pregam a Cristo de boa vontade. Isso significa desejar o bem do próximo. Nesse contexto, alguns irmãos desejam o bem de Paulo.

Portanto, vemos aqui uma identificação aberta e honesta de um problema sério: divisão no corpo, política dentro da igreja.

Mas o Espírito de Deus através de Paulo não somente identifica abertamente o problema.

  • Segundo, Paulo ousadamente revela o motivo.

Paulo não somente diz que existe o problema da inveja e da rivalidade, mas diz qual é o motivo por trás dessas coisas. Veja o verso 16 e o início do 17:

estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia...

Paulo deixa claro o seguinte: o problema não é a mensagem, mas o motivo. Todos pregam Cristo, o Evangelho, a fé genuína em Cristo somente. Eles usam os mesmos esboços de pregação e as mesmas Bíblias de estudo. O problema não é a mensagem, mas o motivo.

Paulo nos fornece algumas pistas de por que muitos o excluem do radar com tanta facilidade, nem sequer o visitam, lhe trazem comida, lhe enviam cartões, mas se esquecem dele completamente.

Conforme o verso 16, uns pregam por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho. Ou seja: “Eles sabem que Deus me colocou aqui.”

O verbo traduzido como estar incumbido significa ser designado, destinado para algum lugar. Ou seja, esses crentes simpáticos que amavam Paulo haviam entendido que o apóstolo tinha sido aprisionado porque defendia o Evangelho!

Esse verbo também era empregado no contexto militar para aquele que recebia uma missão especial.

Essa era a atitude de Paulo. E como ele era grato à igreja dos filipenses, seus mantenedores fieis que sabiam que ele havia sido designado por Deus para aprisionamento. Alguns em Roma também entenderam que seu apartamento, cadeias e guarda pretoriana representavam sua sala de aula que Deus havia estabelecido para o aprendizado de Paulo.

Em contraste com essa atitude, havia o partido ambicioso. O verso 17 nos conta que essas pessoas tinham um motivo diferente. O motivo não era amor ao apóstolo, mas, como vemos no verso 17, Paulo diz que eles queriam suscitar tribulação às minhas cadeias.

Essas pessoas buscavam transformar as cadeias de Paulo em algo ainda mais irritante e doloroso. No fundo, o desejo deles era tornar a vida de Paulo ainda mais miserável.

Talvez você esteja se perguntando por que um crente, um pastor, um líder, uma igreja desejaria agravar ainda mais o sofrimento de Paulo? Creio que, quando Paulo revela os motivos, temos algumas pistas quando ao que está acontecendo nos bastidores.

Primeiramente, sabemos com base na história que havia um grande tabu relacionado a prisão; grande parte desse tabu sobrevive até hoje. Um historiador escreveu: “Paulo certamente estava ciente de que seu encarceramento impactava negativamente a sua credibilidade; prisão era um lugar de desonra. Pessoas que conheciam presidiários eram pressionadas para tratarem-nos com repulsa ou abandoná-los completamente.”

Será que esse foi o caso com Paulo? Creio que sim. Isso explica os comentários de Paulo a Timóteo de que, quando Onesíforo descobriu onde ele estava sendo mantido em prisão domiciliar, acorrentado a um soldado romano, Paulo escreveu com muito apreço que Onesíforo não se envergonhou das minhas algemas.

Segundo, lembre-se que esses crentes romanos haviam ouvido certamente sobre somo Deus tinha libertado Paulo e Silas de uma prisão antes; por que não o libertaria mais uma vez? Se Deus tinha libertado Pedro da prisão milagrosamente, tudo indica que Deus não está sendo honrado com a prisão de Paulo.

O motivo real de querer que Paulo sofra na prisão estava baseado na convicção de que as cadeias de Paulo eram consequência de suas próprias ações; Deus jamais permitiria que um de Seus principais embaixadores definhasse numa prisão, ao menos que Paulo realmente tivesse feito algo de errado.

Em seu comentário em Filipenses, John MacArthur fez algo interessante ao imaginar possíveis coisas que as pessoas tenham dito sobre o aprisionamento de Paulo, coisas que as levariam, no fim, a abandoná-lo por completo.

  • Assim como os amigos de Jó, havia pregadores invejosos em Roma afirmando que a prisão de Paulo era uma disciplina do Senhor por causa de algum pecado secreto.
  • Ainda outros pensaram que o Senhor mantivera Paulo na prisão por causa de sua pregação inadequada e enganosa da Palavra de Deus.
  • Outros talvez tenham pensado que Paulo já estava ultrapassado; uma abordagem mais relevante era necessária para alcançar as pessoas modernas de Roma.
  • Outros ainda devem ter argumentado que, se Paulo não tivesse comprometido o Evangelho, mas permanecido fiel à verdade da fé, ele já teria sido martirizado há muito tempo. Então, evidentemente, ele fez alguma espécie de acordo com os romanos para proteger sua própria vida e assegurar um tratamento favorável.
  • Ainda outros devem ter afirmado que Paulo estava preso porque não tinha fé suficiente para conseguir sua liberdade. Obviamente, ele não estava utilizando o poder do Espírito Santo disponível a ele.
  • Alguns teriam dito que o próprio fato de que eles estavam livres para pregar e Paulo estava preso era prova de que Deus havia terminado Sua missão com ele e iria usar os crentes de Roma ao invés de Paulo.

De forma simples, ainda bem que Paulo está preso e nós, que somos importantes para os planos de Deus, podemos continuar a obra.

Os que amavam Paulo, é claro, sabiam que o cenário não era esse. Eles sabiam que o líder do Cristianismo não estava preso por causa de algum pecado secreto, vida impura, falta de fé ou porque Deus havia terminado de usá-lo.

Na verdade, eles sabiam que Paulo havia sido incumbido com a mais difícil de todas as tarefas. O que Deus havia designado para ele exigiria muito mais fé, a vida mais pura e a confiança mais perseverante de que Deus não o abandonaria.

Veja o que Paulo escreveu a Timóteo nesses dias. O apóstolo está preso com algemas em seus punhos e escreve a Timóteo poucos meses antes de sua execução:

Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão (2 Timóteo 4.17).

Essas cadeias não são uma desgraça, mas uma graça... de Deus, para o Seu Evangelho e para a Sua glória.

Paulo abertamente identifica o problema.

Paulo ousadamente revela o motivo.

  • Terceiro, Paulo graciosamente resiste se vingar.

Veja o verso 18:

Todavia, que importa?...

Poderíamos traduzir essa pergunta da seguinte forma: “E daí?” Ou seja, não importa se sou amado ou odiado—essa é a missão que Deus me deu.

Talvez para você, essa é a mensagem que você precisa ouvir de Deus agora mais do que outra qualquer—cadeias, desentendimentos, desonra, abandono e difamação.

Paulo poderia ter escrito um capítulo inteiro repreendendo severamente esses crentes romanos! Mas ele resistiu se defender ou se promover; ele poderia ter exibido a todos o currículo de sua vida. Será que esses crentes de Roma tinham se esquecido da carta que ele tinha escrito e se esquecido de seu passado? Ele poderia tê-los lembrado de tudo isso.

É assim que reagimos se queremos nos envolver numa balbúrdia e desordem política; contudo, Paulo recusa jogar esse jogo.

Pregar Cristo não é uma corrida para caçada espiritual, não é uma competição para ver quem pode conseguir mais delegados no auditório para uma reunião. Paulo recusa jogar o jogo da política pastoral na congregação; não é assim que ele age!

Pensamos que Paulo deveria, sim, ouvir o que essas pessoas dizem sobre ele e seu aprisionamento, já que elas o abandonaram.

Entretanto, veja bem, especialmente vocês que lideram algum ministério na igreja—que se voluntariam, são presbíteros ou diáconos, lideram um estudo bíblico para homens ou mulheres, ou atuam no campo missionário—a questão não é:

  • Se você suportará as críticas;
  • Se ofender e escandalizar com a sujeira que jogam em você;
  • Sentir a dor da perseverança solitária;
  • Ou se será mal entendido por outros.

Não, a questão não é se você passar por essas coisas, mas o que você fará quando elas acontecerem. Como pastor, me pergunto como eu poderia ter perseverado como Charles Spurgeon que pregava aos domingos para 5 mil pessoas em Londres no século 19 e em seguida, cada segunda-feira, recebia uma carta anônima de alguém criticando detalhadamente sua pregação. Não que pregadores e pregações devam estar isentos de críticas válidas e positivas, mas toda segunda?

Gosto da história de D. L. Moody que viveu na mesma época que Spurgeon e pastoreava uma igreja em Chicago, Estados Unidos. Com bastante frequência, ele era objeto de cartas difamadoras e degradantes contendo muitos tipos de acusações. Numa certa ocasião, ele estava sentado no palco da igreja pouco antes de pregar. De repente, um dos recepcionistas da igreja veio até ele e lhe entregou um bilhete dobrado. Moody abriu o papel e o bilhete dizia em letras grandes: “TOLO.” Ele caminhou até o púlpito segurando esse papel e depois disse com um sorriso no rosto: “Acabei de receber um bilhete com a palavra “tolo” escrito nele. Eu geralmente recebo mensagens maliciosas anônimas. Bom, algo estranho aconteceu aqui: o autor da mensagem esqueceu de escrever a mensagem, mas assinou seu nome.^

Talvez essa não seja a melhor ilustração de como não retaliar, mas achei que você fosse gostar da história como eu gostei.

Charles Swindoll escreveu: “O que fazemos quando uma palavra perniciosa é direcionada a nós ou é dita sobre nós? Geralmente gritamos de volta... e ainda mais alto.”

A verdade é que, se Paulo tivesse escolhido retaliar, ele teria mais sujeira para atirar do que seus adversários. Mas Paulo graciosamente recusa retaliar em vingança.

E aqui está o motivo.

  • Em quarto lugar, Paulo sabiamente redireciona sua prioridade.

Veja o verso 18:

Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei.

Em outras palavras, mesmo que eles preguem por motivos injustos, presunção, rivalidade ou competição comigo; ou se pregam Cristo em verdade—ou seja, por entender com amor a minha tarefa na prisão—desde que Cristo esteja sendo pregado, com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei.

A essa altura, à luz do que já sabemos sobre a situação dolorosa de Paulo, podemos até perdoá-lo por um verso ou dois contendo uma autocomiseração, palavras deprimentes, de desencorajamento ou desespero.

Paulo não está sendo um super-homem aqui; ele simplesmente compreendeu o fato de que Deus o designou para aquele apartamento e para aquelas algemas.

Apesar de a igreja como um todo havê-lo abandonado; e apesar de os pastores de líderes em Roma não o visitarem, encorajarem-no e, pior, dizerem a todos que Paulo é antiquado, está cansado e recebendo o que merece, Paulo reage dizendo: “Sei dessas coisas, mas, contanto que estejam pregando o Evangelho de Cristo, isso é o que mais importa.”

Aqui está a diferença: a prioridade dos adversários estava em conseguir seguidores para si mesmos; a prioridade de Paulo estava em conseguir seguidores para Cristo.

Existe ainda mais uma maneira de reagir às ofensas.

  • Paulo intencionalmente elabora sua reação.

Veja a última frase no verso 18. Não a ignore, mas a destaque em sua Bíblia:

...sim, sempre me regozijarei.

Paulo diz: “Caso você esteja se perguntando se leu direito, vou repetir: ‘Desde que Cristo esteja sendo pregado, eu me regozijarei... e vou fazer questão que você entenda... sim, sempre me regozijarei.”

Os linguistas chamam esse verbo de volitivo, que é uma decisão de volição, vontade. E ele está no futuro, indicando que Paulo afirma que essa é a sua resolução não somente para agora enquanto escreve a carta, mas essa é uma decisão que levará consigo pelo futuro. Isso significa que as demais pessoas em Roma estavam lutando de pé, enquanto Paulo lutava de joelhos.

É algo trágico, mas eles não faziam ideia de quem era Paulo. Não como nós sabemos; temos as suas cartas; sabemos até o que ele estava fazendo por meio de sua carta aos Filipenses. A maioria dos crentes de Roma não fazia ideia disso, mas nós temos acesso aos registros de suas visões, missões e viagens. Os crentes romanos pressupunham apenas que Paulo não era mais valioso para a igreja ou nem mesmo para Deus.

Você imagina o que eles deixaram de ganhar? Por mais de 2 anos, o grande apóstolo morou na vizinhança e eles nunca o visitaram, conversaram com ele, perguntaram sobre as doutrinas difíceis de entender, nem receberam entendimento profundo sobre as transições acontecendo na igreja primitiva. Pense no que eles deixaram de ganhar. Ao invés de aproveitarem essa oportunidade de ouro, eles o difamaram e praticamente esqueceram dele. Hoje, o apóstolo Paulo é reverenciado como o maior missionário e defensor da fé na história da igreja.

J. Oswald Sanders escreveu em seu livro clássico intitulado Liderança Espiritual: “As pessoas em geral reconhecem um líder apenas quando ele parte; depois, elas edificam em sua homenagem um monumento com pedras que atiraram nele.”

Quando pessoas lançarem sujeira na sua direção e difamarem sua reputação, não se curve para jogar sujeira de volta em retaliação. Ao invés disso:

  • Identifique o problema.
  • Esclareça os motivos.
  • Recuse retaliar.
  • Redirecione sua prioridade.
  • E escolha, intencionalmente, se regozijar para que, no fim, Jesus Cristo seja glorificado e o Evangelho avance.

 

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Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado dia 09/11/2014

© Copyright 2014 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

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