
Sem Reservas, Recuos ou Remorsos
Sem Reservas, Recuos ou Remorsos
Humildade—Parte 9
Filipenses 2.16–18
Introdução
Em 1904, William Borden concluiu seus estudos do segundo grau. Como herdeiro de um dos principais jornais da cidade de Chicago, ele já era um milionário. Como presente por haver se formado no segundo grau, seus pais lhe deram uma viagem ao redor do mundo.
Sua mãe tinha influenciado profundamente sua vida; ela havia se convertido quando William ainda era um garoto e o levado à igreja no centro da cidade—a famosa Igreja Moody. Na época em que se formou na escola, William já tinha entregue sua vida a Cristo também.
Agora, com 16 anos de idade, viajando pela Ásia, Oriente Médio e Europa, o rapaz sentiu um enorme fardo pelos perdidos. Finalmente, ele escreveu uma carta para seus pais, dizendo: “Decidi investir minha vida na obra missionária.” Na mesma época, ele escreveu duas palavras na capa de trás de sua Bíblia: “Sem reservas.”
Muitos pensaram que isso não passava de uma empolgação de sua mocidade e que sumiria com o tempo. Mas não. Ele começou seus estudos na Universidade de Yale com o desejo de viver abertamente para Jesus Cristo. Por causa de sua dedicação a Cristo, ele acabou se tornando um líder em sua faculdade e de um grupo de crentes. Ele escreveu em seu diário algo simples, mas que definia seu compromisso: “Diga sempre ‘não’ ao ‘eu’ e ‘sim’ para o Senhor.”
Durante seu tempo em Yale, William iniciou um pequeno grupo de oração que posteriormente transformaria a vida naquela faculdade. Seu grupo de estudo bíblico começou um movimento que se espalhou por toda faculdade e, no final de seu primeiro ano, 150 novos alunos estavam se reunindo semanalmente para estudar a Bíblia e orar. Em seu último ano, 1000 dos 1300 universitários de Yale se reuniam para estudos bíblicos e reunião de oração semanais. William também havia traçado uma estratégia com seus colegas para garantir que todos os universitários ouviriam o Evangelho.
Sua ambição nunca diminuiu e ele acabou indo para regiões em outros países que jamais tinham ouvido o Evangelho. Depois que fixou seus olhos no povo Kansu, na China, ele não voltou atrás.
As perguntas que as pessoas lhe faziam sempre giravam em torno de sua influência na sociedade, sua enorme riqueza e sua herança. Entretanto, ele continuou. Após de formar em Yale, William escreveu mais duas palavras na capa de trás de sua Bíblia: “Sem recuo.”
Sem reservas... sem recuo.
Mantendo seu compromisso, William recusou posições prestigiosas e lucrativas que as pessoas lhe ofereceram, inclusive a oferta de assumir os negócios da família. Ao invés disso, ele foi para o seminário. Após completar seus estudos, ele foi para o Egito, a fim de aprender árabe e se preparar para uma vida inteira de ministério entre os muçulmanos na China.
Sem reservas... sem recuo.
Entretanto, ele jamais chegaria à China. Para o choque do mundo ocidental que havia registrado sua decisão de deixar para trás sua herança, riqueza e posição na sociedade, William adoeceu. Enquanto esteve no Egito aprendendo árabe, ele contraiu meningite bacteriana e, dentro de um mês, William morreu—aos 25 anos de idade.
Jornais dos Estados Unidos divulgaram a trágica notícia da morte do formando mais famoso de Yale; muitas pessoas e repórteres especularam o valor de seu sacrifício e o aparente desperdício de uma vida tão promissora.
Como que prevendo a futura confusão, antes de sua morte, William abriu sua Bíblia e no mesmo lugar onde escrevera seus compromissos anteriores, ele adicionou mais duas palavras. Sob as palavras “Sem reservas” e “Sem recuo” ele escreveu: “Sem remorso.”
A propósito, William não escreveu as palavras: “Sem erros... sem fracassos... sem problemas,” mas, “sem remorso.”
Sem dúvidas, havia coisas que ele, assim como qualquer outro crente, gostaria de fazer de outra maneira, mas ele jamais sentiu remorso ou se arrependeu de haver dedicado sua vida a Jesus Cristo.
Quando meu irmão mais novo estava à beira da morte, cerca de um dia antes de morrer com um tumor no cérebro, fui visita-lo no hospital e me sentei ao lado de sua cama; conversamos um pouco sobre o céu. Em seguida, perguntei-lhe se havia algo em sua vida que gostaria de ter feito diferente. Ele pensou por alguns instantes e disse que gostaria de ter sido uma testemunha mais fiel para Cristo.
Achei isso interessante simplesmente porque ele evangelizava todo mundo; já que trabalhava com vendas, ele conversava com muitas pessoas. Ele tinha uma posição elevada no mundo da medicina e se sentava à mesa com grandes empresários e líderes da comunidade médica. Antes das refeições, meu irmão sempre orava, independente de onde estivesse.
Contudo, no fim de sua vida, seu desejo foi o de ter sido uma testemunha mais fiel para Cristo. Mas ele nunca se arrependeu de haver vivido para Cristo.
Ninguém dirá em seu leito de morte:
- Gostaria de ter passado mais horas no trabalho;
- Queria ter conseguido fechar aquele contrato;
- Queria ter jogado mais futebol;
- Queria ter conseguido pagar minha casa;
- Gostaria de ter cuidado melhor do meu quintal e jardim.
Não. Encorajo você a ouvir o que as pessoas que estão à beira da morte têm a dizer sobre as coisas que realmente importam na vida. Sem reservas, sem recuo e sem remorsos em seguir a Cristo.
Sinceramente, a única maneira de viver uma vida sem remorso é:
- Submetendo-se ao Evangelho de Cristo;
- Meditando diariamente na cruz de Cristo;
- Vivendo próximo ao túmulo vazio de Cristo;
- E ansiando pelo retorno glorioso de Cristo.
Estamos prestes a ouvir o apóstolo Paulo já com idade avançada escrevendo em seu diário pessoal como buscava viver uma vida sem reservas, recuo e sem remorso. Encontramos esse tesouro em Filipenses.
Paulo acabou de encorajar os crentes a erguer a palavra da vida diante de seu mundo desesperado e nas trevas do pecado, a parar de murmurar e a brilhar como estrelas no céu escuro, iluminando o caminho a Cristo. Agora, Paulo adiciona um testemunho bastante pessoal sobre sua perspectiva da vida e do ministério. Veja o verso 16:
preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.
Em outras palavras, quero que vocês vivam o Evangelho porque, se o viverem na prática, até onde eu sei, minha vida não terá sido em vão; não haverá sentimento de remorso ou arrependimento por causa de meu ministério no seu meio.
E veja como Paulo descreve sua vida aqui usando três metáforas diferentes.
- Primeiro, Paulo se refere à sua vida e serviço como uma corrida.
É interessante notarmos como Paulo, com bastante frequência, utiliza o mundo dos esportes para ensinar alguma verdade. Aqui, ele emprega o verbo trecho, com o qual os filipenses eram bastante familiarizados.
Em toda cidade grega, inclusive em Filipos, um dos locais mais importantes era o ginásio, o lugar que funcionava como o clube dos intelectuais da cidade. Sócrates, por exemplo, ensinou no ginásio de sua cidade juntamente com outros professores e filósofos de seus dias.
Obviamente, esse também era o local onde eram realizados treinos e eventos atléticos. Sem dúvida alguma, Paulo deve ter visto alguns desses eventos. Em suas cartas, ele se referiu a:
- Luta de boxe (1 Coríntios 9.26);
- Corrida (1 Coríntios 9.27);
- Corredores que se esforçam para cruzar a linha de chegada em primeiro lugar (Filipenses 3.14);
- Juiz que premia o vencedor com uma coroa de flores (2 Timóteo 4.8).
Paulo sabia bem da existência dos Jogos Ístmicos de Corinto que aconteciam anualmente, dos Jogos Pan-Iônicos realizados em Éfeso e, é claro, dos Jogos Olímpicos que aconteciam a cada quatro anos.
As cidades gregas constantemente guerreavam entre si, mas, a cada quatro anos, não importava qual guerra ou disputa estava acontecendo, havia um cessar-fogo por um mês e atletas vinham de todos os lugares para participar das competições esportivas. Filósofos e poetas liam trechos de suas obras mais recentes; escultores vinham a esculpiam imagens dos vencedores.
Depois, todos voltavam à guerra.
Paulo fala de correr de maneira a alcançar o prêmio (1 Coríntios 9); ele escreve aos Gálatas dizendo que queria ter certeza de que não havia corrido em vão (Gálatas 2). Agora, aqui em Filipenses, ele fala mais uma vez de um atleta que dedicou sua vida e energia para se preparar para uma corrida, por mais breve que seja, e esperava que seu esforço não tivesse sido em vão.
Agora, precisamos entender que a vitória nessa corrida não resultava da disciplina de Paulo, mas da fidelidade dos crentes filipenses em brilhar como luzeiros no céu escuro de sua geração, brilhar como a luz do Evangelho de Deus. Paulo escreve: “Vejam bem, se brilharem desse jeito, não terei remorso algum de haver participado dessa corrida.”
Isso revela humildade por parte de Paulo. Mais adiante falaremos disso novamente.
- Contudo, Paulo fala aqui no verso 16 não somente sobre correr em vão, mas ele se refere também a um trabalhador que se esforça inutilmente.
O verbo que Paulo emprega é kopiao que fala de um trabalho duro, intenso, difícil, doloroso e puxado. Esse é um trabalhador que fica exausto porque realiza muito esforço físico, mental ou até mesmo espiritual.
Um estudioso do Novo Testamento escreveu que essas duas imagens—correr e se esforçar—falam de empenho e exaustão, um trabalho suado e cansativo.
E Paulo diz que ele vale a pena—não é em vão ou inútil, desde que os crentes filipenses convivam em unidade e manifestem a luz do Evangelho numa sociedade perdida em trevas.
Veja bem, isto é o oposto do orgulho:
- Um pai orgulhoso deseja ser louvado por haver criado filhos que são civilizados e bem-sucedidos na vida;
- Um empresário orgulhoso deseja receber todo crédito pelo crescimento da empresa;
- Um professor orgulhoso deseja ser honrado pelos seus alunos formandos por haver se esforçado no ensino.
Mas:
- Um pai humilde simplesmente fica feliz ao ver seus filhos andando com o Senhor;
- Um empresário humilde deseja compartilhar o crédito com toda sua equipe;
- Um professor humilde fica alegre em saber que seus alunos se formaram e estão mais preparados para a vida.
Paulo não considera que correu bem sua corrida simplesmente por ser um apóstolo e ter completado o percurso sem cair; imagine as recompensas que ele receberá, não importa o que aconteça com os filipenses!
Não, Paulo não.
Assim como o apóstolo João, sua maior alegria estava em saber que seus filhos espirituais na fé andam na verdade (3 João 4). Tudo girava em torno da missão, em torno do Evangelho.
Paulo manda os crentes filipenses conviverem em unidade com humildade; agora, ele se torna um exemplo de humildade ao dizer que o sucesso dos filipenses em seguir a Cristo faz com que todo esforço, suor e pressão em sua vida realmente valham a pena.
Como Paulo coloca os filipenses antes de suas próprias necessidades? Como alguém pode submeter sua vida a outros dessa maneira? Bom, parte da resposta está no fato de Paulo saber que seu esforço e suor não são o fim da história. Veja o que ele diz antes no verso 16:
preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie...
No Dia de Cristo!
Paulo vivia o hoje à luz do amanhã.
Paulo já usou a expressão o Dia de Cristo em Filipenses: 1.6, 10. Lembre-se que esse dia não é o mesmo que o Dia do Senhor; este último foca no castigo dos incrédulos durante os dias da Tribulação (1 Tessalonicenses 5.2–3; 2 Tessalonicenses 2.1–8). O Dia do Senhor será aquele período após o arrebatamento quando a ira de Deus for derramada sobre a terra enquanto Deus prepara o coração da nação de Israel para receber o Messias em Sua segunda vinda; o Dia do Senhor também se refere ao julgamento imperdoável e terrível sobre o mundo descrente no momento da Tribulação.
Por outro lado, o Dia de Cristo se refere ao Bema de Cristo. Esse será um julgamento para os crentes apenas, não para determinar se irão ou não para o céu, mas para recompensá-los pela maneira útil em que viveram suas vidas a caminho do céu (1 Coríntios 3.8; 2 Coríntios 5.10). Não entramos no céu pelas boas obras (Efésios 2.8–9), mas as obras dos crentes serão avaliadas e recompensadas (1 Coríntios 3.13–15).
Paulo afirma aqui que planeja se gloriar no fato de que seu esforço gerará frutos quando os crentes filipenses demonstrarem a humildade de Cristo e viverem por modo digno do Evangelho. A palavra que Paulo usa aqui traduzida como me glorie pode até ter uma conotação negativa, mas pode ser entendida de forma positiva como o ato de exultar e se regozijar.
Paulo, na verdade, anseia pelo Bema de Cristo—o julgamento dos crentes—que é o Dia de Cristo; e ele espera estar com o coração explodindo de alegria por causa do que Deus lhe permitiu desenvolver nas vidas desses crentes filipenses.
Isso se assemelha à alegria de uma mãe ao ver seu filho ou filha fazendo sua apresentação de piano e tocando bem; ou quando vê seu filho sendo honrado pela escola por seu bom desempenho.
Paulo é como um pai e ele não consegue esperar o momento em que se alegrará quando sua corrida, o trabalho de sua vida inteira, for avaliado.
A glória de Paulo seria encontrada naquele momento do Bema de Cristo; suas cadeias neste momento não importam porque ele sabe que consegue ver a linha de chegada.
Veja bem, Paulo tinha uma vantagem, já que tinha visto o céu, recebido um passeio no início de seu ministério quando Deus o preparava para perseverar o que poucos homens experimentam. Paulo tinha visto a casa do Pai. Agora, ele escreve com essa perspectiva e nos encoraja após ter contemplado as glórias celestiais, após ter ouvido as hostes no céu torcendo por pecadores que creram e por aqueles chegando em segurança ao lar de alegria e descanso em Cristo.
Apesar de não fazermos ideia de como isso seja, sabemos que os anjos se alegram com a salvação de um pecador (Lucas 15.10); você imagina a euforia e a celebração quando um pecador redimido entre no céu? Deixe-me contar uma história para você que ilustra um pouco do que nos aguarda naquele dia de Cristo Jesus.
Por dois anos, Rick Hanson, um atleta paraplégico, saiu com sua cadeira de rodas ao redor do mundo a fim de estimular uma consciência para pesquisas sobre a coluna vertebral.
Sua jornada foi terrível. Existem fotos dele em todo tipo de clima: calor insuportável, chuva torrencial, nevascas, ventos fortes; e também em todo tipo de terreno: desertos, florestas, fazendas e estradas em montanhas.
As fotos mostravam esse atleta com a cabeça erguida, seu pescoço com músculos esticados, seus braços retos com músculos doloridos, seus punhos como pedras enquanto subia estradas em montanhas e passava com sua cadeira de rodas por estradas em cidades cujos cidadãos eram ignorantes ou indiferentes quanto à sua causa. Quilômetro após quilômetro; mãos calejadas; pernas feridas e costas com bolhas. No dia 23 de maio de 1987, Rick começou a jornada de volta para casa.
Quando ele estava ainda distante, muitos quilômetros de sua cidade, Vancouver, no Canadá, as pessoas se reuniram para recebe-lo. Ao se aproximar mais e mais, as multidões foram ficando mais e mais numerosas, milhares e depois dezenas de milhares. Elas torceram, aplaudiram e choraram; depois, jogaram flores.
Rick foi com sua cadeira de rodas a um estádio onde havia capacidade para milhares de pessoas. Ali dentro o aguardavam dignitários nacionais e internacionais, estrelas da música e do cinema, equipes de televisão, família, amigos, e todos sortudos que conseguiram um ingresso. As ruas ao redor do estádio estavam cheias de pessoas; helicópteros sobrevoavam o estádio; carros e motos da polícia o escoltavam.
Logo depois, outros atletas paraplégicos se juntaram a ele, seguindo-o como uma legião de carruagens. Além do estrondo das pessoas ao seu redor, um rugido alto subia do estádio, como uma tempestade se formando.
Ele passou pelos portões e entrou na pista de corrida do estádio; dezenas de milhares de pessoas enlouqueceram; elas pulavam, dançavam, soavam trombetas, apitos, aplausos e gritos de bem-vindo e de triunfo. Foi uma loucura; a celebração foi incrível.
Isso ilustra de forma limitada aquele momento em que seremos recebidos com alegria e graça eterna quando nossa fé for, finalmente, trocada por vista.
E é por isso que Paulo pode adicionar, com a mesma alegria, outra imagem.
- Ele não somente não possui remorso como corredor e como trabalhador, veja que Paulo também não tem remorso como um sacrifício.
Veja os versos 17 e 18:
Entretanto, mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me e, com todos vós, me congratulo. Assim, vós também, pela mesma razão, alegrai-vos e congratulai-vos comigo.
Paulo diz: “Mesmo que eu tenha que entregar minha vida, ou seja, se minha corrida tiver terminado e meu serviço concluído—mesmo assim, alegro-me.”
Paulo já pegou uma imagem do ginásio e outra de um local de construção; agora, ele pega uma imagem do sistema sacrificial.
O mundo incrédulo sem dúvidas entendia as libações—o ato de derramar um pouco de bebida como agradecimento a algum deus ou deusa. Paulo, porém, tem algo mais significante em mente aqui.
O sistema sacrificial do Antigo Testamento poderia ser dividido em duas categorias: os sacrifícios sem aroma e os sacrifícios com aroma.
Os sacrifícios sem aroma estavam ligados a culpa, corrupção e impureza do pecado. Eles apontavam para o sacrifício de Cristo e Sua expiação pela culpa.
Os sacrifícios de aroma suave apontavam para o amor de Cristo—sacrifícios de louvor e adoração pelo perdão resultante do sacrifício de sangue do animal. O valor da oferta estava no sangue e no sacrifício de um animal inocente.
Mas Deus também instituiu certos sacrifícios que deveriam incluir o derramamento de um pouco de vinho sobre o altar. Essa oferta de libação servia para introduzir um aroma suave e doce, e acabava se transformando numa oferta adicional, representando ação de graças.
A propósito, recebemos a ordem de fazer a mesma coisa na presente dispensação por meio de nossos lábios. O autor de Hebreus escreveu: Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome (Hebreus 13.15).
O que Paulo tem em mente aqui é o efeito do vinho que fazia com que o sacrifício pegasse fogo por um momento com uma chama rápida; em seguida, uma fumaça doce subia pelo ar.
Mais uma vez, a humildade de Paulo aqui é impressionante. Ele praticamente diz no verso 17 que o sacrifício e serviço dos filipenses é a parte mais importante da oferta da fé deles a Deus; esse é o sacrifício principal no altar. E Paulo diz basicamente: “Minha vida é apenas uma libação sobre o seu sacrifício; ou seja, mesmo que eu perca minha vida, ela não terá sido desperdiçada; não haverá remorsos porque será como um pouco de vinho sobre a sua oferta, para produzir uma chama e depois subir a Deus como uma fumaça de aroma suave.”
Vocês, filipenses, são a oferta principal—o sacrifício de sua fé pelo seu serviço; eu já estou contente demais em ser uma oferta pequena adicionada à de vocês, produzindo rapidamente uma chama para a glória de Deus.”
E Paulo continua: “Então, alegrem-se comigo; eu me alegro em vocês. Vamos compartilhar juntos dessa alegria.”
Essa é a forma de se viver sem reservas, sem recuos e sem remorsos.
Conclusão
Permita-me concluir nossa mensagem com alguns princípios.
- Primeiro, viver sem remorso significa ajudar outros em suas realizações espirituais.
Como isso é diferente do orgulho deste mundo e da devoção da humanidade à satisfação e às conquistas pessoais.
Um musicista famoso foi entrevistado e lhe perguntaram sobre o que pensava da vida. Ele disse: “Sabe, eu fiz uma oração silenciosa [pouco tempo atrás] ao Grande Espírito e pedi que eu seja digno de mais tempo porque ainda há muita coisa a ser feita.” Quando lhe perguntaram o que ainda restava a ser feito, ele respondeu: “Alegria... desfrutar da terra, a qual é um local incrível de se estar.”
Uma coisa é enviar uma mensagem de texto e depois se arrepender; como é algo trágico chegar ao final da vida e a única esperança a se ter é passar mais um tempo para desfrutar da terra e se devotar a si mesmo.
Para Paulo, um dos grandes prêmios na vida era saber que seus esforços, de alguma maneira, foram usados por Deus para conduzir outros a conhecer, servir e amar Jesus Cristo.
Paulo, o que você gostaria de fazer se soubesse que a hora está chegando? “Ah, ficaria feliz demais em acender a chama do sacrifício daqueles crentes filipenses, cujas vidas tenho ajudado a servir e sacrificar para Cristo.”
Nenhum remorso nisso!
Viver sem remorso significa ajudar outros em suas realizações espirituais.
- Segundo, viver sem remorso significa ansiar pelo aplauso de Cristo.
Deixar tudo de lado para receber a aprovação de Cristo, diante do qual um dia todos nós compareceremos.
E Paulo diz a esses crentes de Filipos: “Ficarei feliz e me gloriarei no fato de Cristo ter sido glorificado em vocês; minha maior glória e alegria estarão em receber a aprovação do Salvador, diante do qual comparecerei.”
J. C. Ryle, o famoso pastor e escritor que viveu dois séculos atrás, disse que quando acordava toda manhã, ainda na cama, imaginava sua cama como um altar. Em seguida, ele se dedicava toda manhã como um sacrifício vivo a Deus.
Assim como Paulo, sem reservas, deixando tudo de lado a fim de ter o prazer e receber a recompensa das mãos de Cristo.
Sem reservas, sem recuo, sem remorso.
E você não precisa estar no ministério a fim de experimentar esse tipo de vida; ela pode ser uma realidade nas ruas movimentadas de Filipos, no corre-corre do dia-a-dia em sua rotina de trabalho ou estudos. É uma vida que Paulo descreveu nesses versos como uma de integridade e pureza, uma vida que se agarra e ergue a palavra da vida diante de outras pessoas. Ela brilha; para alguns, é como uma chama que sobe por um instante; para outros, é uma vida de uma corrida longa, trabalhando com esforço, como uma estrela que brilha no céu, noite após noite seguindo o curso que Deus lhe determinou; sem barulho, sem ostentação, sem alarido.
De qualquer maneira, é um sacrifício à graça e glória de Deus; e com o sacrifício, vem a garantia de ser uma vida não sem fracassos, confissão ou dificuldade, mas uma vida sem reservas, recuos e remorsos.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado dia 26/04/2015
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