
Sangue, Suor e Lágrimas
Sangue, Suor e Lágrimas
Neemias 2.11–20
Introdução
No dia 10 de maio de 1940, Winston Churchill foi eleito Primeiro Ministro do Parlamento da Inglaterra. Não demoraria muito até que Churchill tivesse em suas mãos a responsabilidade de manter seu país em ordem em face à fúria do Terceiro Reich e diante de Adolf Hitler que estava direcionando sua ira contra a Inglaterra. Mas a Inglaterra, sob a direção de Churchill, não se renderia. Mesmo durante os dias mais sombrios da Segunda Guerra Mundial, quando bombas de Hitler eram despejadas em várias cidades da Inglaterra, Churchill era escutado nas rádios, divulgando sua resoluta resistência de não se render às forças nazistas e ainda incentivando o povo britânico a lutar.
James Montgomery Boice, em seu livro Neemias, Aprendendo a Liderar, cita um discurso de Winston Churchill que, durante a guerra mundial, declarava:
Não fracassaremos. Iremos até o fim. Lutaremos na França; lutaremos com maior confiança e maior força no ar; defenderemos nossa ilha, qualquer que seja o custo; lutaremos nas praias; lutaremos em terra; lutaremos nas plantações e nas ruas; lutaremos nas montanhas; jamais iremos desistir... Não tenho nada a oferecer além do meu próprio sangue, trabalho, lágrimas e suor. E se o Império Britânico e seu povo sobreviverem por mais mil anos, os homens ainda dirão: Esse foi o seu momento mais nobre.
E assim foi.
Em nosso estudo no livro de Neemias, capítulo 2, vemos que, no mesmo estilo, Neemias e seu povo estão se aproximando de seu momento mais nobre.
Até o momento, a batalha tem sido nas regiões invisíveis. Neemias vem, em agonias, batalhando com o Senhor em oração por mais de quatro meses e acabou de ver o milagre da transformação do coração do rei tornando em seu favor.
Agora, contudo, a batalha é tão real quanto as bombas nazistas. A guerra não será mais no gabinete de oração; ela será travada em ambiente aberto onde todos podem ver e ouvir.
A mensagem de Neemias será semelhante à de Churchill; uma diferença é que ela foi dada cerca de 2100 anos antes. Ele se recusará a se entregar aos inimigos e prometerá ao povo a vitória final. Mas, nos próximos dias, ele também pedirá que eles deem do seu sangue, suor e lágrimas. Eles descobrirão a verdade dolorosa e profunda de que não existe oportunidade sem oposição.
Oportunidade:
Não Precisa Fazer Nada! Fique Só Olhando
Vamos, agora, para os versos 9 a 12 do capítulo 2 de Neemias e se junte comigo nesse drama que começa a se intensificar no texto.
Então, fui aos governadores dalém do Eufrates e lhes entreguei as cartas do rei; ora, o rei tinha enviado comigo oficiais do exército e cavaleiros. Disto ficaram sabendo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita; e muito lhes desagradou que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel. Cheguei a Jerusalém, onde estive três dias. Então, à noite me levantei, e uns poucos homens, comigo; não declarei a ninguém o que o meu Deus me pusera no coração para eu fazer em Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão o que eu montava.
Três dias de “inatividade” silenciosa
Não era exatamente isso o que esperávamos ler. Neemias tinha a permissão do rei. Ele tem o suporte financeiro que precisa. Mas, por três dias, ele não diz a ninguém em Jerusalém o porquê de ter vindo à cidade.
Eu imaginava que Neemias fosse montar suas oficina, descarregar seu material, pegar suas ferramentas, contratar pedreiros, trazer o equipamento pesado, fazer entrevistas com empreiteiros e contratar alguém para fazer as plantas. “Vamos construir uns muros aqui! Qual o problema, Neemias? Estamos perdendo tempo, cara! Vamos começar isso logo.”
Você já ficou impaciente com a construção de algum projeto? Talvez você tenha que pensar mais detalhadamente para responder isso. Mas, podemos também perguntar: “Que tipo de projeto em sua vida está andando mais devagar e demorando mais do que você gostaria que demorasse?”
Imagine ser um israelita. Eles, na verdade, tiveram que esperar mais de cem anos! Eu teria desistido. Eu tenho dificuldade em esperar um ano.
A verdade é que eles também tinham perdido as esperanças. Eles já tinham se acostumado com sua história cheia de fracassos e derrotas que eles nem imaginavam mais que alguém tentaria construir os muros da cidade novamente.
Daí, o homem com o plano e a autorização para reconstruir finalmente chega. Se eu fosse Neemias, eu teria entrado na cidade gritando: “O rei está do nosso lado. Vamos reconstruir os muros da cidade!” Mas, isso teria sido um erro.
Solidão (verso 12)
Esse homem chegou na cidade e, por três dias, não fez nada. Veja novamente o verso 12, que diz:
...não declarei a ninguém o que o meu Deus me pusera no coração para eu fazer em Jerusalém...
Isso não significa que Neemias não estava fazendo nada. Foram três dias de espera; sem dúvidas, três dias de oração. Provavelmente, ele passou três dias conversando com as pessoas da cidade sobre a comunidade e talvez até conhecendo os oficiais locais. Também imagino que Neemias estava analisando a situação espiritual do povo, ao mesmo tempo em que analisava a situação material dos muros.
Levantamento (versos 13 a 16)
Daí, sem nenhuma explicação para nós, os leitores, ele se levanta numa noite e, com alguns homens armados, sai, disfarçadamente sob a luz da lua, para dar uma olhada mais de perto em volta da cidade. Veja os versos 13 a 16.
De noite, saí pela Porta do Vale, para o lado da Fonte do Dragão e para a Porta do Monturo e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam assolados, cujas portas tinham sido consumidas pelo fogo. Passei à Porta da Fonte e ao açude do rei; mas não havia lugar por onde passasse o animal que eu montava. Subi à noite pelo ribeiro e contemplei ainda os muros; voltei, entrei pela Porta do Vale e tornei para casa. Não sabiam os magistrados aonde eu fora nem o que fazia, pois até aqui não havia eu declarado coisa alguma, nem aos judeus, nem aos sacerdotes, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra.
Essa é a famosa caminhada noturna de Neemias. Mas não é verdade, ainda hoje, que, enquanto as pessoas estão dormindo, os líderes estão acordados? Eu garanto a você que, no momento que você aceita o desafio de servir a outros, no momento que você toma sobre si a responsabilidade de reconstruir o seu mundo, você terá noites em claro. Foi isso o que Oswald Sanders chamou de “o preço da liderança.”
A cidade dorme enquanto um homem incomodado inspeciona os estragos. O verso 13 nos diz que ele “contemplou” os muros. Esse é um termo hebraico que pode ser traduzido como “observou cuidadosamente.” É um verbo também utilizado pelos médicos para descrever o estudo de uma ferida a fim de determinar não somente o estrago feito por ela, mas a ação necessária para curar o ferimento.
Agora, se tivéssemos um mapa de Jerusalém, veríamos, a partir da porta mencionada por Neemias, que ele estava observando a parte sul da cidade totalmente destruída. Ele não viu todo o muro da cidade, mas viu o suficiente para formular um plano.
Entre os versos 16 e 17, algum tempo se passa. Não sabemos ao certo quanto tempo, mas talvez seja o tempo suficiente para anunciar uma reunião.
Faça Alguma Coisa!
Não Fique Aí Só Olhando!
Depois de ter juntado o povo de Jerusalém – os sacerdotes, nobres e oficiais – Neemias anuncia suas intenções. Continue nos versos 17 e 18.
Então, lhes disse: Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém assolada, e as suas portas, queimadas; vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser opróbrio. E lhes declarei como a boa mão do meu Deus estivera comigo e também as palavras que o rei me falara. Então, disseram: Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra.
Agora, se você é como eu, você, talvez, esteja um pouco surpreso que, depois de um discurso tão curto, o texto nos diz que o povo reagiu dizendo: “Vamos nos levantar e reedificar esses muros!”
À primeira vista, ou até mesmo depois de duas ou três observadas mais cuidadosas, os versos 17 e 18 parecem não incluir um discurso motivacional de Neemias grande o suficiente para convencer todo mundo a arriscar suas vidas para fazer algo muito difícil que ele mesmo jamais havia se disposto a fazer.
Quatro chaves para a causa
Apesar disso, existem volumes escritos sobre suas palavras. Neemias possui vários componentes-chave em seu discurso. Enquanto buscava dissecar esse texto, lendo-o várias e várias vezes, creio que encontrei quatro ingredientes fundamentais distintos que tornam o discurso de Neemias bastante motivador.
Uma atitude honesta (verso 17a)
- O primeiro ingrediente fundamental chamaremos de uma atitude honesta. Veja novamente a primeira parte do verso 17.
Então, lhes disse: Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém assolada, e as suas portas, queimadas...
A honestidade de Neemias é revigorante. Ele não ameniza a situação. Ele não começa seu discurso motivacional ignorando o problema e dizendo algo como: “Eu vi os muros e a situação não é tão ruim assim.”
É isso o que chamo de um otimista. Agora, não desejo criar nenhum problema conjugal com essa pergunta, mas: “Você acha que o seu cônjuge é uma pessoa otimista?”
O otimista é uma pessoa que vive numa boa, não é? Pelo menos isso é melhor do que ser um pessimista, não é?
Alguém escreveu: “O pessimista é a pessoa que navega pela vida, mas que passa o tempo todo mareada, com enjoo.”
Gosto muito de uma história contida no livro de Charles Swindoll A Lenda do Carro de Boi Atrasado. Na história, um homem tenta fingir ser otimista numa situação totalmente pessimista.
Era uma vez um fazendeiro que estava sempre otimista – raramente desencorajado com a vida. E ele tinha um vizinho que era totalmente o contrário. Todo melancólico e deprimido, ele se levantava todas as manhãs bastante carrancudo.
O fazendeiro otimista se levantava e via o sol pela manhã e gritava de seu trator: “Que sol maravilhoso e que céu limpo!”
O vizinho carrancudo respondia: “É... esse sol provavelmente vai ressecar a plantação.”
Quando o tempo começava a fechar e a tão desejada chuva caía, o fazendeiro otimista sorria para seu vizinho do outro lado do cercado e dizia: “Que maravilha – Deus está dando água para o milharal beber!” De novo, a mesma resposta negativa ecoava de seu vizinho: “Hum, mas se demorar para passar, vai alagar toda a plantação.”
Um dia, o fazendeiro quis testar ao máximo o seu vizinho pessimista. Ele comprou o cão de caça mais inteligente e caro que pôde encontrar. E o treinou para fazer coisas que outros cachorros não faziam. Esse cachorro realizava façanhas de admirar e alegrar qualquer pessoa – por certo, até mesmo o vizinho pessimista.
Daí, o fazendeiro convidou seu vizinho para ir caçar com ele. Entraram num barco e se posicionaram à espreita de patos. Ambos os homens atiraram e conseguiram matar vários patos que acabaram caindo dentro d’água. “Vai pegá-los,” disse o dono ao seu cachorro. O cachorro pulou de dentro do barco, correu sobre a água até o lugar onde os patos estavam flutuando e agarrou todos com a boca. Daí, voltou correndo sobre a água e pulou para dentro do barco de novo. “E aí, o que que você acha?” perguntou o otimista. Sem nenhum sorriso no rosto, o pessimista respondeu: “Hum, estou vendo que ele não sabe nadar, não é?”
Todos nós provavelmente dizemos: “Não sou pessimista, mas também não sou otimista, sou realista.” Não é verdade? Somos todos realistas! Sinceramente, todos gostaríamos de pensar que encontramos o equilíbrio desses dois extremos.
Mas Neemias era realista! Nós podemos chamá-lo de um verdadeiro realista. Ele não ignorou o problema, mas viu o potencial.
Ele imediatamente ganha o respeito do povo ao verbalizar seu entendimento da situação complicada. Veja as palavras duras que ele usa: “Miséria... assolada... queimada.”
Uma identidade humilde (verso 17a)
- Ele não para por aí. Neemias continua e, em segundo lugar, ele humildemente se identifica com aqueles homens.
Note novamente o verso 17 e se prepare para circular três palavras.
Então, lhes disse: Estais vendo a miséria em que ESTAMOS, Jerusalém assolada, e as suas portas, queimadas; vinde, pois, REEDIFIQUEMOS os muros de Jerusalém e DEIXEMOS de ser opróbrio.
Ele não disse: “Rapaz, vocês estão numa situação complicada! O que vocês precisam fazer é reconstruir os muros de Jerusalém para que vocês não sejam mais julgados.” Não! Ele disse: “Estamos... Reedifiquemos... Deixemos!” Se você quer desencorajar alguém que já está com a vida complicada, diga: “Nossa, sua situação está difícil.” Funciona toda vez!
Mas, se você deseja encorajar as pessoas, comece dizendo: “Nossa, realmente nossa situação é difícil. Como podemos juntos sair dessa?”
Um convite honroso (verso 17b)
- O terceiro ingrediente fundamental é o convite honroso de Neemias.
Ele não diz: “Ouçam, vamos fazer essa reconstrução para ficarmos com os muros arrumados e apresentáveis,” ou, “Vamos reconstruir os muros da cidade para que possamos dormir à noite sem medo de invasores,” ou, “Vamos reconstruir nossos muros para que sejam como os das cidades vizinhas.”
Tudo isso seria verdade – mas não seria algo honroso. Ele diz no verso 17b:
...vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser opróbrio.
A palavra “opróbrio” significa “falar mal sobre o caráter de alguém.” Ou seja, “Vamos reconstruir os muros para que o povo de Deus represente o Deus vivo, a fim de que os povos ao nosso redor não falem mal de nosso caráter, que é uma reflexão do nosso Deus.”
Dois tipos de motivação
Um comentarista bíblico sugere, com bastante discernimento, que existem dois tipos de motivação na vida: extrínseca e intrínseca.
Extrínseca
Deixe-me ilustrar a diferença.
“Quero que você vá lá fora cortar a grama.”
“Por que?”
“Porque ela está muito alta!”
Ele não é motivado.
“Ouça, vá lá fora e corte a grama porque existem criaturas estranhas se movendo na nossa floresta.”
Ele não é motivado.
“Filho, vá lá fora cortar a grama porque, se você for, dou um dinheiro para você.”
Zoooooooom!
Essa é a motivação extrínseca.
Intrínseca
A motivação intrínseca é quando você faz algo sem receber nada em troca, a não ser o conhecimento de que você fez a coisa certa. E, podemos ir mais além e dizer que, quando faz a coisa certa, você glorifica e honra o Deus que diz representar.
Será que o seu patrão vai pagar pela sua honestidade? Será que seus colegas da faculdade vão louvá-lo por sua pureza? Aa premiações do Oscar nunca são dadas baseadas em caráter. Mas você vive de tal forma para não ser uma reprovação diante das pessoas, o que, em última análise, serve de reprovação a Deus. Você é intrinsecamente motivado a honrar a Deus. E esse é o tipo de motivação que Neemias usou aqui.
Um testemunho cheio de esperança (verso 18)
- Existe mais um elemento no discurso de Neemias. Em quarto lugar, ele inclui um testemunho cheio de esperança.
Veja novamente o verso 18a.
E lhes declarei como a boa mão do meu Deus estivera comigo e também as palavras que o rei me falara
Você imagina como aqueles homens devem ter prestado atenção em cada palavra da história de Neemias? Pelo que tudo indica, Neemias contou a eles os mínimos detalhes – como Deus o preparou pela oração durante quatro meses, sua tristeza diante do rei e sobre a resposta pessoal do rei. Deus tem sido bondoso para com ele e, agora, isso envolve toda a Jerusalém!
“Deus está aqui conosco,” declarou Neemias. “Deus preparou o caminho. Ele mudou o coração do rei. Ele supriu nossas necessidades financeiras. Ele não esqueceu de ti, ó Jerusalém!”
Para os que trabalham ministrando a outras pessoas – quer seja ensinando numa sala de aula, auxiliando no ministério com crianças, ensinando adolescentes, recepcionando visitantes na sua igreja, orando, servindo como missionário na comunidade ou outro país ou qualquer outra área de ministério – a essa altura, você já deve ter descoberto que uma das coisas mais desencorajadoras no ministério é que você nunca termina. E, por causa disso, você começa a se perguntar se Deus está realmente realizando alguma coisa através dos esforços de suas mãos e orações.
Recentemente, recebi uma carta de uma irmã que deixou a nossa igreja porque se mudou para outro estado. E foi esta a recordação que ela levou de nossa igreja:
Uma das coisas que mais aprecio é de como nossa igreja tem sempre enfatizado e focado, desde reuniões de adolescentes até as reuniões no salão enorme da igreja, na grandeza de Deus.
Eu já li isso várias vezes. Ela acredita que nós focamos na grandeza de Deus. E continua dizendo:
Outra coisa que gosto é de como a igreja enfatiza missões. Não importa quais tenham sido nossas lutas financeiras do passado, especialmente quando estávamos levantando fundos para a construção do templo, nunca paramos de ajudar os missionários. Acho isso muito bom.
Eu sei que jamais conseguirei expressar minha total gratidão pela forma como nossa igreja impactou minha vida. Mas, quero que você saiba que é por causa dessa igreja que sou crente hoje e me preparando para a obra missionária.
Acho que a melhor coisa que posso dizer é: obrigada por tudo. Tenha um ótimo dia.
Essa moça começou a frequentar nossa igreja quando tinha onze anos de idade. Ainda existem pessoas em nossa igreja que foram suas professoras na Escola Dominical. Você já tentou ensinar crianças de onze anos? Há pessoas que trabalham com os adolescentes, disciplinam, ensinam; existem os pais que ficam em oração e ensinam, e oram e direcionam. Existe o departamento de missões que realiza planos e estratégias. E existe o pastor que prega. Houve momentos em que pensávamos que nada estava sendo realizado.
Mas não existe nada mais encorajador que o testemunho pessoal que nos lembra que Deus tem trabalhado e ainda está trabalhando através de nós. Como não deve ter sido encorajador para o povo de Jerusalém ouvir esse homem dizendo: “Eu sei que, já por vários anos, vocês têm vivido com esses muros caídos. Vocês pensam que Deus nem nota mais isso. Mas quero que vocês saibam que Deus se tornou favorável a mim. Ele tem trabalhado em minha vida e está, agora, trabalhando no meio de vocês.”
Isso explica por que eles declaram em uníssono no verso 18b:
...Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra.
Oposição: Problema no Oriente Médio Não é Algo Novo!
Aqui seria um momento maravilhoso para o livro de Neemias terminar – mas ele continua. Existe a pequena palavra “porém” que muda o céu azul para uma tempestade.
Três inimigos da causa (verso 19a)
Veja o verso 19 para descobrir a oposição.
Porém Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, quando o souberam, zombaram de nós, e nos desprezaram, e disseram: Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?
Havia três inimigos dessa causa:
- Sambalate que governava a Samaria;
- Tobias que reinava no reino de Amon;
- Gesém, e seus filhos, que reinava nas nações da Arábia.
Esses são inimigos poderosos de Deus e do povo de Deus.
Meus amigos, quando decidimos construir qualquer coisa para a glória de Deus, quer seja um lar piedoso, uma mente pura ou um caráter honesto; quando decidimos honrar e glorificar a Deus, tudo o que se opõe a Deus se vira contra nós também. Não existe nenhuma oportunidade do céu sem oposição do inferno.
Se você acha que andar com Cristo é um caminho coberto de flores... você precisa pensar de novo. Jesus Cristo deixou bem claro que o objeto que seria colocado no pescoço dos discípulos não seria um colar de flores, mas uma cruz. Verifique isso em Mateus 16, verso 24.
Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
Cristianismo nem sempre é cheio de bênçãos, doçuras e triunfos. Às vezes envolve sangue, suor e lágrimas.
Duas formas de oposição (verso 19b)
Os inimigos de Neemias se opuseram à obra de duas formas:
- Primeiro, pela ridicularização pública.
O texto diz no verso 19b:
...zombaram de nós, e nos desprezaram...
- Segundo, pela intimidação.
O verso continua dizendo:
...Que é isso que fazeis?...
A ridicularização pública tinha o objetivo de produzir vergonha. Intimidação era para gerar medo. O medo e a vergonha têm operado juntos e impedindo os crentes de fazer ou falar algo para e por Deus. Talvez iria funcionar aqui também.
A resposta de Neemias (verso 20)
Então, Neemias responde no verso 20.
Então, lhes respondi: o Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós, seus servos, nos disporemos e reedificaremos; vós, todavia, não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.
A resposta de Neemias contém seis partes:
- Esta é uma obra de Deus;
- Nós somos servos de Deus;
- Esta obra será realizada pelo poder de Deus (que coragem! Mas ele não para aí);
- Vocês não têm parte nenhuma aqui (literalmente, “propriedade”);
- Vocês não têm nenhum direito (ou seja, nenhuma autoridade sobre Jerusalém; também pode significar que eles não tinham o direito de exigir impostos dos cidadãos de Jerusalém);
- Vocês não têm nenhum memorial (essa é uma implicação religiosa que significava: “vocês não tem nenhum lugar de adoração dentro da comunidade de crentes de Jerusalém”).
Aplicação: Evitando a Queda no Desencorajamento
Deixe-me sugerir três formas de evitar a queda no desencorajamento.
- Primeiro, lembre-se da verdade que a vontade de Deus nem sempre é fácil, mas não é impossível.
- Segundo, descanse no fato que Deus jamais enviará você para fazer algo sem suprir as forças para o serviço.
Jack Handey escreveu em seu livro Memórias Vagas:
Existia esse cara na escola que gostava de mandar que eu desse meu dinheiro do lanche para ele. Já que eu era menor do que ele, eu dava o meu dinheiro. Então, decidi encará-lo. Comecei a fazer aulas de karatê. Mas, daí, o professor de karatê me disse que eu devia a ele 15 reais por cada aula. Então, voltei a pagar o cara na escola. Muitas pessoas acham que é muito mais fácil pagar o cara do que aprender como derrotá-lo.
Deus nunca nos manda viver para a sua glória sem nos ajudar a vencer os obstáculos que enfrentamos.
Você diz: “Não consigo amar meu cônjuge.”
Sim, você consegue.
“Não consigo evangelizar meus parentes e familiares.”
Sim, você consegue.
“Não consigo manter a pureza no meu ambiente de universidade.”
Sim, você consegue.
Paulo, em Filipenses 4, verso 13, disse: “Posso” algumas coisas. Quer dizer... disse algo errado? Deixe-me tentar de novo:
Posso TODAS AS COISAS...
Como?
...naquele que me fortalece.
Imagine como Neemias não deve ter se sentido ao caminhar pela cidade naquela noite. Pedras enormes caídas pelo chão, empilhadas em montões. Havia, em sua frente, um século acumulado de ervas e mato, como também de madeira podre e portões despedaçados. Se eu, ou você, estivesse no lugar de Neemias, teria pego o primeiro camelo de volta à Pérsia.
Ah, mas ele sabia que a boa mão de Deus era com ele, fortalecendo-o para aquela tarefa.
- A terceira maneira de evitarmos a queda no desencorajamento é alegrando-nos no princípio de que oposição significa simplesmente que existe uma oportunidade real à frente.
Não existe oportunidade sem oposição. Então, receba não somente as oportunidades, mas também os obstáculos.
Sabe aquele momento mais difícil que você experimentou? Ao recusar se render, você pode dizer, olhando para trás, que aquele foi seu momento mais nobre. Aquela hora mais difícil foi sua hora mais excelente!
Daí, ao recusar nos render como discípulos de Cristo, permanecemos, como 1 Coríntios 15, verso 58 diz:
...firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.
Nosso trabalho não é vão. É uma tarefa que envolve sangue, suor e lágrimas. Mas, apesar de tudo, dizemos, ainda hoje, “Levantemo-nos e edifiquemos!”
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 26/03/2000
© Copyright 2000 Stephen Davey
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