Bem-Aventurados os Que Choram

Mateus 5:4

A Ilusão da Felicidade

Há algum tempo, li sobre um piloto de avião comercial que estava sobrevoando um vale com um belo rio serpenteando por ele. Ele olhava pela janela com tanta atenção que seu copiloto perguntou: "O que você está olhando?"

Ele respondeu: "Você está vendo aquele rio lá embaixo? Eu costumava morar em uma daquelas casas à beira da água. Quando criança, sentava-me em um tronco ao lado do rio para pescar. Sempre que um avião passava, eu olhava para cima e desejava estar voando. Agora, sempre que sobrevoo essa região, olho para baixo e desejo estar pescando."

Nos dias de Cristo, a ilha grega de Chipre era um dos destinos favoritos para retiros pessoais. Nos dias de hoje, é considerada um refúgio de luxo onde os ricos e famosos ancoram seus iates e aproveitam o sol.

A ilha era chamada de "ilha makarios", ou "ilha feliz". O motivo desse nome era a crença de que aqueles que viviam em Chipre possuíam tudo o que era necessário para a felicidade: recursos naturais, água fresca, árvores frutíferas, vida selvagem e belas flores por toda parte.

A ilha era essencialmente autossuficiente - quem vivia lá não precisava ir a outro lugar para encontrar o que necessitava.

Viver em Chipre era garantia de felicidade.

Os gregos naturalmente assumiam que, se pudessem viver onde nunca precisassem de nada ou de ninguém, e onde tudo para sustentar a vida estivesse à disposição, então seriam verdadeiramente felizes.

No entanto, todos acabam reconhecendo que essa definição de felicidade é falha. Não importa onde moramos, gostaríamos de morar em outro lugar - ou pelo menos ter mais um armário; ou talvez cem metros quadrados a mais; ou uma varanda; ou um quintal maior. Não importa qual carro dirigimos, gostaríamos de dirigir outro; não importa onde trabalhamos, gostaríamos de trabalhar em outro lugar - com um chefe mais simpático e alguns dias extras de férias... Se tivéssemos tudo isso, e mais um pouco, seríamos realmente felizes.

Você já percebeu que esse tipo de felicidade gira em torno do eu, do meu e do meu? Esse síndrome poderia ser chamado de "Eu-atitudes".

Eu-Atitudes vs. Bem-Aventuranças

Em Mateus 5, Jesus Cristo inverte completamente essa forma de pensar. Ele anuncia a surpreendente verdade de que pessoas felizes são, na verdade, aquelas que estão falidas, desvalorizadas, perseguidas, difamadas, necessitadas, chorosas, abatidas e arrependidas.

A verdade é que aquilo que sustenta nossa vida - a busca pelo prazer, diversão e entretenimento, emoção, tempo, energia, dinheiro, carreira - são todas expressões da nossa carne decaída, em sintonia com a cegueira do mundo em relação àquilo que Jesus Cristo afirmou ser a verdadeira e genuína satisfação.

Em Mateus 5:3, Jesus já havia declarado que não são os bem relacionados e espiritualmente perfeitos que encontram a felicidade, mas sim os espiritualmente falidos: "Felizes são os mendigos".

Agora Ele acrescenta os de coração partido a essa lista:

"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados" (Mateus 5:4).

Essa é uma abordagem inovadora - mais uma reveladora e desconfortável inversão da verdadeira felicidade.

Felizes os que choram

A língua grega tem nove verbos diferentes para expressar a ideia de tristeza e sofrimento, o que é um forte indício de que Deus espera que a humanidade experimente angústia e dor.

Paulo nos diz que toda a criação está literalmente gemendo de dor e aguardando a redenção final (Romanos 8:22).

Cristo foi chamado de "Homem de Dores" - literalmente, um homem de dores e profundamente familiarizado com a tristeza (Isaías 53:3).

Mourning Biblical

A Bíblia fala de vários tipos de luto ou tristeza, e o restante do capítulo explora como Jesus transforma o choro em consolo para aqueles que buscam a Ele.

Essa promessa é real e eficaz, trazendo esperança para todos aqueles que choram sobre o pecado e encontram em Cristo a única fonte de perdão e renovação.

"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados." (Mateus 5:4).