
A Autoridade Final
A Autoridade Final
Marcos 1.21–45
Introdução
Continuamos nosso estudo no “Evangelho das Ações.” Concluiremos, hoje, o capítulo 1. O restante do capítulo apresenta o tópico da “autoridade.” Veja, por exemplo:
- 1.22: Maravilhavam-se... porque os ensinava como quem tem autoridade;
- 1.27: Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade.
De fato, o restante do capítulo apresenta a verdade de que Jesus Cristo é a autoridade final. E Marcos fornece algumas ilustrações da autoridade de Jesus em vários quesitos.
A Autoridade de Jesus como Mestre
Primeiramente, vemos a autoridade de Jesus como mestre. Tudo começa em Marcos 1.21:
Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar na sinagoga.
Agora, entenda bem que, nessa região, havia aproximadamente 450 sinagogas. Conforme prescrevia a Lei, os judeus tinham que estabelecer uma sinagoga para cada dez famílias que seguiam Yahweh. Em certo sentido, então, uma sinagoga era composta de pelo menos dez famílias com um sacerdote para supervisioná-los, o qual também era chamado de ministro da sinagoga.
Uma vez que fora projetada para ser uma ferramenta de ensino na sociedade, não se realizava sacrifícios nas sinagogas. Era ali que as crianças eram catequizadas e os adultos ensinados a adorar aos sábados. O púlpito era basicamente aberto a qualquer um que estivesse disposto a ensinar; essa era uma instituição de leigos.
Então, se você chegasse a uma determinada sinagoga num sábado e tivesse algo para falar baseado em seus estudos da Lei, poderia compartilhar o que tinha aprendido. É por isso que, quando estudamos a vida de Jesus e do apóstolo Paulo, os encontramos constantemente ensinando numa sinagoga. Não era necessário fazer reserva; era só chegar e ensinar os adultos ali presentes.
Esse sistema apresenta uma excelente oportunidade para Jesus proclamar a promessa do reino. Os púlpitos estavam abertos para Ele e Cristo tomou vantagem disso. Aqui está Ele em Cafarnaum, ensinando numa das sinagogas. Lemos no verso 22:
Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
O evangelista Lucas fornece mais detalhes desse acontecido no capítulo 4 de seu Evangelho. Ele nos informa que, nesse sábado, o Senhor pregou em Isaías 61 (Lucas 4.17).
O Senhor foi ao púlpito e o ministro da sinagoga Lhe deu o rolo de Isaías. Conforme o costume, entre 1 e 3 versos eram lidos e alguém ali de pé interpretaria o texto. Já que o idioma comum da época era o grego, o intérprete traduziria o texto do hebraico para o grego. É possível que o próprio Senhor Jesus tenha traduzido o texto. Então, Jesus se levanta e lê Isaías 61.1, que diz:
O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados;
Imagine isto: Jesus lê o profeta Isaías e fala sobre Si mesmo! Antes de Sua vinda, as pessoas liam sobre Aquele que haveria de vir; agora, Jesus desenrola o rolo de Isaías e lê sobre si mesmo. E veja que Ele ensina com autoridade, não como os escribas, e as pessoas ficam maravilhadas.
Por que Jesus falou com tanta autoridade?
Agora, por que Jesus falou com tanta autoridade?
Naqueles dias, o homem que falava numa sinagoga tinha duas opções. Uma era dar um sermão, algo que chamavam de darsha, que não era um sermão direto. Na darsha, um rabino soprava alguma verdade teológica profunda no ouvido do homem chamado amora, o qual colocava essa verdade numa linguagem mais simples, fácil de o povão entender. Como você imagina, o povo não gostava muito desse método.
A outra opção era o tipo de sermão preferido entre os judeus, era o chamado maamar—uma exposição das Escrituras. Quando os escribas ou algum leigo pregava um maamar, ele começava com as palavras: “Ouvistes o que foi dito,” e continuava citando outros escribas. Eles sempre recorriam a outras tradições a fim de validar seus ensinos.
Por que Jesus falou com autoridade? Por que as pessoas se maravilharam? Porque, quando se levantou e pregou, Ele não citou sequer um escriba, mas citou a Si mesmo; Ele não fez referências às tradições, mas à Sua própria Pessoa.
Conforme Lucas nos conta, após ler Isaías 61.1, o Senhor se sentou, como de costume, e pregou uma mensagem rápida. Lucas 4.21 nos diz que a mensagem foi a seguinte: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir. Ou seja, “Esse texto que li fala de Mim; Eu sou o cumprimento.” Jesus não citou um escriba nem foi para as tradições; Ele citou Si mesmo.
Você provavelmente percebeu que o Senhor diz constantemente nos Evangelhos: “Ouvistes o que foi dito, eu, porém, vos digo,” ou “em verdade, em verdade vos digo.” Ele é a autoridade final; Ele não precisa citar homem algum porque Ele é o Deus-Homem.
Por isso, as pessoas se maravilhavam; Ele não assumia a autoridade de outros, mas citava somente Si mesmo.
A autoridade de Jesus foi delegada
A autoridade de Jesus, porém, foi delegada, foi um poder ou direito concedido a Ele. Conforme o Senhor mesmo falou, Ele veio a terra para fazer a vontade do Pai. Ao fazer essa vontade, Ele recebeu toda autoridade que Seu Pai Lhe delegou.
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou (João 6.38).
Jesus tinha autoridade, mas era uma autoridade delegada.
Semelhantemente, conforme Mateus 28.18–20, Jesus nos deu uma autoridade delegada para cumprir a grande comissão. Quando nos submetemos à vontade de Deus, Cristo nos delega a autoridade necessária para vivermos nossas vidas com eficácia para Sua causa.
Que direito temos de servir como embaixadores de Deus? Temos toda autoridade porque nos foi delegada por Deus e O representamos. Apesar de em nossa carne sermos fracos, míseros e infantes, temos poder e autoridade porque Deus está conosco. E trata-se da mesma autoridade que maravilhou as pessoas quando Cristo apareceu e a evidenciou.
A Autoridade de Jesus sobre o Inferno
Agora, nossa autoridade e poder, no fundo, batalham contra o mundo do inferno—nossa batalha não é contra carne e sangue, mas contra principados e potestades (Efésios 6.12). Lutamos uma causa espiritual.
É interessante que a próxima coisa que acontece com Jesus em Marcos 1 é o exercício de Sua autoridade sobre os demônios. Lemos em Marcos 1.23–25:
Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus! Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem.
Crença em demônios era comum naquela época. Na verdade, alguns arqueólogos escavaram esqueletos da antiguidade e descobriram um buraco em vários crânios, um buraco feito na cabeça quando a pessoa ainda estava viva. A crença era a de que esse buraco permitiria que o demônio saísse, escapasse de dentro da pessoa; por isso, indivíduos se submetiam a essa cirurgia séria. Outros usavam colares com fragmentos de ossos para dar boa-sorte, uma espécie de amuleto. Crença no submundo é antiga. Por que? Porque os demônios voltam à época da queda de Satanás. Por isso, ao exercer Sua autoridade, Jesus a exerceu sobre o mundo demoníaco sobre o qual Satanás tem autoridade.
Em torno do século terceiro, a igreja desenvolveu o que chamou de “a ordem dos exorcistas.” Homens que participavam dessa ordem expulsavam demônios por meio de encantamentos, rituais ou fórmulas.
Perceba, contudo, que Jesus não usa encantamentos, fórmulas, rituais ou amuletos. Ele diz apenas uma palavra grega traduzida com a frase: Cala-te e sai desse homem. O termo composto significa “seja amordaçado e saia.” Nada de rituais.
De fato, nos dias de Cristo, os religiosos se baseavam no Talmude para expulsar demônios. A tradição determinava que o religioso pegasse uma faca de metal e a amarrasse num arbusto espinhoso usando cabelos do endemoninhado; ele deveria fazer isso três dias consecutivos pronunciando uma fórmula especial. Ao terceiro dia, ele voltaria e diria outra fórmula que exorcizaria o demônio da pessoa.
Tudo isso já existia nos tempos de Jesus. Mas Ele não diz: “Ei, alguém tem uma faca aí?” Não. Simplesmente: “Seja amordaçado e saia.”
Veja o que acontece em Marcos 1.26–27:
Então, o espírito imundo, agitando-o violentamente e bradando em alta voz, saiu dele. Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
Não é surpresa alguma que lemos no verso 28:
Então, correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizinhança da Galiléia.
Antes de prosseguirmos para o próximo incidente, deixe-me destacar algo no verso 23: Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo.
É interessante que havia, dentro da sinagoga, um homem endemoninhado. Ele permaneceu quieto, até que Jesus entrou em cena. Ele provavelmente adorava, lia e ouvia as Escrituras. Não sabemos, mas pode até ter pregado na sinagoga.
Semelhantemente, é possível fazer parte de uma igreja, mas ainda pertencer a Satanás; ser membro numa igreja, mas ainda não ser membro do reino de Deus; é possível ir à igreja e cantar “Quando se fizer chamada, lá estarei,” mas ter sua reserva esperando-o no inferno.
A Autoridade de Jesus sobre Enfermidades
Após exorcizar demônios, Jesus Cristo revela Sua autoridade numa outra área. Usando sua palavra-chave imediatamente, Marcos nos apresenta ao próximo cenário em Marcos 1.29–30:
E, imediatamente saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. A sogra de Simão achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito dela.
A sogra de Pedro está doente. Lucas, o evangelista médico, adiciona a informação de que ela estava com febre alta (Lucas 4.38). Ele sabia que os sintomas poderiam levar à morte.
Agora, Jesus Cristo, após ter revelado poder no ensino e sobre o mundo demoníaco, está prestes a exercer Sua autoridade sobre as enfermidades. Ele está no início de Seu ministério e ilustra duas vezes a verdade de que tem poder para curar. Primeiro, Ele cura a sogra de Pedro; em seguida, Ele cura um leproso. Lemos em Marcos 1.30–31:
A sogra de Simão achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito dela. Então, aproximando-se, tomou-a pela mão; e a febre a deixou, passando ela a servi-los.
Primeiro, a sogra de Pedro é curada de sua febre alta. Com a força de uma pessoa saudável, ela passa a servi-los. Que imagem tremenda do pecador que se encontra nas garras da morte e, uma vez que recebe nova vida em Cristo, passa a servi-lO!
Eu e você estávamos presos às garras do pecado nos braços de Satanás; éramos filhos do diabo (João 8.44), separados de Deus e Cristo nos dá vida! Agora, nos resta apenas servi-lO em gratidão.
Outra coisa que acho interessante nesse milagre é que Jesus não precisou de um público, de uma multidão para exercer Sua autoridade. Ele cumpriu a missão que recebeu do Pai, quer com poucas pessoas ao Seu redor, quer com milhares.
Será que servimos Cristo da mesma forma? Você só gosta de servir a Deus diante dos olhos de muitos ou O serve no anonimato também?
Em seguida, se pularmos para Marcos 1.40–41, vemos a segunda demonstração do poder de Jesus sobre as enfermidades quando Ele cura um leproso:
Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo!
Os leprosos viviam vidas miseráveis. No livro Onde Está Deus Quando Chega a Dor?, Philip Yancey cita o Dr. Paul Brand, o qual passou a vida inteira trabalhando em colônias de leprosos. Pensamos na lepra como uma doença altamente contagiosa, apesar de não ser. Existem vários tipos de lepra—me deparei com pelo menos 3. A lepra desse homem em Marcos 1 provavelmente estava num estágio avançado.
Nas Escrituras, é comum vermos narrativas de pessoas leprosas ficando brancas. Você lembra de Miriam que ficou branca depois que se rebelou contra Moisés? Esse tipo de lepra começava com pequenas escamas na pele, as quais se espalhavam a ponto de a pessoa ficar com o corpo inteiro coberto por essa camada escamosa branca. Como resultado, a pessoa ficava branca como a neve. Esse tipo de lepra se encontrava numa fase tão avançada que a pessoa era logo banida da sociedade.
Na Idade Média, a igreja até realizava o velório para uma pessoa com lepra. O sacerdote entrava na igreja com um crucifixo na mão e vestido em sua estola. Atrás dele, o leproso, vestido de preto, seguia o sacerdote até o altar, onde eram lidos seus direitos. Apesar de ainda estar vivo, o leproso era considerado como morto. A igreja fazia alguns cortes na parede dos santuários para que leprosos pudessem adorar à distância, espiando do lado de fora pelo chamado hagioscópio.
As coisas não eram muito diferentes nos dias do Novo Testamento. Leprosos tinham que usar máscaras, cobrindo pelo menos até a parte superior do nariz. Eles também tinham que dizer: “Impuro, impuro!” alertando as demais pessoas enquanto caminhavam. Tocar um leproso significava ficar impuro. Se o leproso fosse casado, era automaticamente divorciado após o sacerdote haver constatado que, de fato, estava com lepra. Eles não podiam adorar como as demais pessoas, mas eram marginalizados e ficavam solitários. Não havia esperança.
Em Marcos 1, vemos esse leproso vindo a Jesus. Os escribas diziam que o dedo de Deus pesava sobre ele em julgamento. Mas veja o que acontece nos versos 41–42; ele, de fato, tem o dedo de Deus em sua vida:
Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! No mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo.
Ele tinha uma doença incurável, mas ficou são.
Em seguida, algo fascinante acontece. Lemos nos versos 44–45:
Fazendo-lhe, então, veemente advertência, logo o despediu e lhe disse: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo.
Se o leproso ficasse curado, deveria levar dois pássaros ao sacerdote: um dos pássaros era morto e seu sangue derramado numa pequena vasilha; o outro era mergulhado no sangue do sacrificado e depois solto. Esse era um retrato de que o leproso tinha sido purificado e tinha sacrificado.
Jesus diz ao leproso curado: “Vai e faz o que Moisés mandou.” Entenda que o povo ainda está sob a lei de Moisés até o sacrifício de Cristo.
Lemos em Marcos 1.45:
Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas e a divulgar a notícia, a ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com ele.
Jesus mandou o leproso curado não dizer nada; Ele ainda não estava pronto para declarar publicamente que era o Messias. O homem, contudo, saiu anunciando a notícia pelas ruas. Conforme diz Marcos, ele saiu a divulgar a notícia.
Isso serve de grande desafio para nós. Aqui está um homem que recebeu a ordem para ficar quieto, mas espalhou a notícia; nós recebemos a ordem para espalhar a notícia, mas ficamos quietos.
Fico me perguntando se ficaríamos calados se tivéssemos sido milagrosamente curados pelo toque de Jesus de alguma febre alta, lepra ou outra doença. A questão é que nós fomos, sim, tocados pela graça de Deus. Será que conseguimos nos conter? Como fazer outra coisa senão espalhar a notícia de que Jesus Cristo fez a diferença, que Ele nos deu a vida?
A Fonte da Autoridade de Jesus
Agora, uma vez que o restante do capítulo 1 de Marcos fala sobre autoridade, quero voltar aos versos 35–39 e expandir um pouco o assunto. Vou fornecer 3 princípios sobre a fonte da autoridade de Jesus Cristo. E a fonte da autoridade de Cristo para nós é a mesma.
- Primeiro: Jesus Cristo era diligente em Sua devoção.
Veja Marcos 1.35:
Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava.
Vamos voltar o relógio um pouco. Jesus deve ter ido dormir em torno das 10 da noite, talvez 9. O dia anterior foi um dos mais movimentados em Seu ministério.
Ele se levantou cedo no dia anterior, a cidade inteira deve ter ido à porta de Pedro e Jesus curou, curou e curou. Essa passagem nos informa de apenas duas dessas curas. Ele tinha pregado na sinagoga e talvez em várias outras naquele sábado. Daí, assim que as estrelinhas começaram a aparecer no céu—a maneira como a Lei determinava o final do sábado—todas as pessoas da cidade trouxeram seus moribundos para Jesus curar.
Ele estava exausto, desgastado. Mesmo assim, Ele se levanta cedo na manhã seguinte para orar. Jesus era diligente em Sua devoção; essa era a fonte de Sua autoridade.
- Segundo: Jesus era consistente em Sua prioridade.
Veja Marcos 1.36:
Procuravam-no diligentemente Simão e os que com ele estavam.
“Jesus, por onde você andou? Tem um monte de gente procurando você!”
Jesus estava orando, mas Simão e os demais O encontram. Lemos no verso 37: Tendo-o encontrado, lhe disseram: Todos te buscam. Eles deviam estar cansados, sem fôlego e chegam dizendo: “O que você está fazendo aqui sozinho? A cidade inteira o procura.”
Continue no verso 38: Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim.
Podemos pensar: “Espere aí, isso é maldade! Jesus age aqui com insensibilidade. Ele tem o poder para curar, mas deixa as pessoas da cidade doentes. Não está errado sair da cidade onde as pessoas o procuram e desejam vê-lo?”
Por que Ele fez isso? Simplesmente porque Cristo não veio para curar a terra; Ele curou para provar que era o Filho de Deus. Conforme disse o apóstolo Pedro: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais (Atos 2.22).
A prioridade de Jesus era proclamar o reino ao mundo, pregar o Evangelho do reino; Sua prioridade não era curar.
Ele poderia ter aberto uma clínica, pendurado uma placa e cobrado alguns denários para curar os doentes; a única coisa que precisaria fazer era tocar nas pessoas. As farmácias de Cafarnaum iriam falir. Por que Ele não fez isso?
Jesus não veio a terra para curar; Ele tinha prioridades. Por isso, diz praticamente em Marcos 1.38: “Vim para pregar. Sim, todos podem me procurar, mas nem todos me ouvem. Existem pessoas aqui nesta cidade, naquela outra e naquela outra que ainda não ouviram. Sim, curarei alguns para provar que minha origem é sobrenatural, mas pregarei para eles também, dizendo: ‘Venham a mim e recebam o meu reino.”
Essa era a missão de Jesus.
Você sabe qual é um dos principais problemas na minha vida e na sua? É a incapacidade de estabelecer prioridades. Esse é um dos nossos campos de batalha. Em meio a todas as responsabilidades que temos, qual é a nossa prioridade?
Numa pesquisa recente, perguntaram a profissionais de várias áreas: “Qual é a coisa mais importante para você?” Todos basicamente disseram: “Meu emprego, minha esposa e meus filhos.”
Agora, os entrevistados não conheciam o Senhor, então Deus nem esteve em questão. Mas para você que conhece a Deus através de Jesus Cristo, Ele deve ser o primeiro; em seguida, sua esposa (se é casado), seus filhos (caso tenha) e, por fim, seu emprego, que não passa de um meio para um fim. Seu emprego serve apenas para colocar pão sobre a mesa e roupa sobre o corpo para que consiga, assim como Jesus, pregar o Evangelho.
Então, quais são suas prioridades hoje?
- E terceiro: Jesus era urgente em Sua missão.
Ele era diligente em Sua devoção—mantinha uma vida de oração; era consistente em Suas prioridades—mantinha-se focado em sua prioridade; e era urgente em Sua missão—essa era Sua vida pública.
Jesus Cristo vivia com um senso de urgência; não consigo imaginar o que passou pela Sua cabeça ao ver todas as pessoas que vinham até Ele.
Contudo, enquanto estudava, descobri algo interessante. As sinagogas deveriam ser construídas em direção ao ocidente para que os que estavam sentados e os que falavam olhassem em direção ao oriente—à cidade de Jerusalém. Então, todas as vezes em que Jesus pregou, Ele olhou em direção a Jerusalém. Nessa cidade Ele seria crucificado e morreria; toda vez em que se levantava, Jesus olhava pela porta e via a cidade onde morreria pelos pecadores. Todavia, Ele nunca se distraiu, mas sempre manteve os olhos fixos em Sua missão.
Conclusão: A Autoridade de Jesus para Nós
Vimos a autoridade de Jesus no ensino, sobre o mundo demoníaco e sobre as enfermidades. Essa mesma autoridade pode ser sua se você se submeter à vontade do Pai. Essa autoridade pode ser sua se você, assim como Jesus, for diligente em sua devoção, consistente em suas prioridades conforme as Escrituras, cujas palavras produzirão um senso de urgência, indicando que você está aqui para mais do que simplesmente um salário—você está aqui para proclamar o reino de Jesus Cristo. Você vive com esse senso de urgência? Jesus é a autoridade final em sua vida? Jesus Cristo é e exige ser a autoridade final.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 18/10/1987
© Copyright 1987 Stephen Davey
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