
Às Vésperas do Calvário
Às Vésperas do Calvário
Marcos 14.43–72
Introdução
Chegamos a uma passagem hoje no Evangelho de Marcos que me admira toda a vez em que tenho o privilégio de ler. Esse texto também me deixa um tanto irado ao ver as pessoas expressando sua ira contra o Cordeiro de Deus. Por outro lado, sinto gratidão em adoração porque sei que, se estivesse ali, teria me unido à multidão. Como veremos hoje, Jesus carrega sobre si a ira daquelas pessoas, como também a nossa.
A Traição de Judas
Abra sua Bíblia em Marcos 14; começaremos vendo o verso 43.
Precisamos lembrar que antes, em Marcos 14.10, Judas tinha saído à procura dos líderes religiosos já determinado a trair Jesus Cristo. Não sabemos ao certo, mas podemos especular por que ele decidiu trair o Mestre. É possível que Judas seguiu Cristo somente porque pensou que o Senhor, sendo o Messias, dominaria o Império Romano. Mais adiante no discipulado, contudo, ele percebeu que Jesus não tinha planos de subverter Roma, que ele, dessa vez, não estabeleceria seu trono, mas morreria. Judas, sendo do partido dos zelotes, não conseguia entender por que o homem a quem tinha seguido nos últimos 3 anos desistiria como Jesus parece desistir.
Como resultado, Judas vende sua lealdade ao Senhor por 30 moedas de prata. Alguns sugerem que esse pagamento serviu de compensação pelos 3 anos e meio que passou em pobreza. Não acredito nisso, já que em nossa economia de hoje, esse valor corresponderia a pouco mais de 80 reais. 30 moedas de prata, na verdade, era o preço pago pelos escravos mais fracos e menos habilidosos da época. Por exemplo, esse era o valor que se pagava por um escravo ferido por um boi ou maneta.
Creio que Judas traiu o Senhor simplesmente por sentir amargura, como que dizendo: “Jesus não serve de nada para mim. Na verdade, seu valor é o mesmo que um escravo maneta, deficiente. Deem-me 30 moedas de prata e ele será seu.” Essa atitude de Judas preparou o palco exatamente para aquilo que os líderes religiosos desejavam.
Conforme vimos anteriormente, Jesus foi ao Jardim do Getsêmani para orar. Quando terminou, ele disse em Marcos 14.42: Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.
Conforme formos lendo a passagem de hoje, perceba que nada pega Jesus de surpresa; ele sabe perfeitamente o que acontecerá em seguida.
Judas chega com uma turba
Veja Marcos 14.43:
E logo, falava ele ainda, quando chegou Judas, um dos doze, e com ele, vinda da parte dos principais sacerdotes, escribas e anciãos, uma turba com espadas e porretes.
Veja a expressão um dos doze. É como se Marcos estivesse chocado com o que vê. Ele diz: “O traidor está vindo; e ele é um dos doze, você acredita nisso?”
O termo traduzido aqui como turba é o grego speira, que se refere a um décimo de uma legião. Sabemos que uma legião era composta de 6 mil soldados. Então, uma speira tinha 600 homens. Isso significa que 600 homens entraram naquele pequeno jardim a fim de capturar um homem apenas.
E esses homens estavam armados também. Lemos que traziam espadas ou machaira, aquela espada pequena de mão, além de cassetetes. Essa turba de homens vinda dos principais sacerdotes, escribas e anciãos esperava alguma luta.
Entenda que, pouco tempo antes de Jesus, soldados romanos tinham capturado um insurgente. Conforme o relato dos Evangelhos, vemos a grande possibilidade de Judas e outros terem ido aos sacerdotes acusando Jesus de insurreição; ele precisava morrer porque alegava ser rei. Isso provavelmente gerou certo temor na cabeça de Pilatos, já que eles tinham perseguido um assassino por todo o país, até que finalmente conseguiram captura-lo e prendê-lo. Nós o conhecemos como Barrabás. Então, esses homens esperavam alguma resistência.
Em João 18.3, lemos que os homens também trouxeram consigo lanternas. Nessa região, a luz da lua seria suficiente para se enxergar durante a noite. Mas eles levaram consigo tochas para encontrar o Senhor, caso Jesus decidisse se esconder atrás de alguma moita.
Continue em Marcos 14.44:
Ora, o traidor tinha-lhes dado esta senha: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o e levai-o com segurança.
Não sabemos, mas talvez Judas imaginou que um dos discípulos diria: “Não, eu sou Jesus.” Talvez Pedro fosse fazer isso. Então, Judas disse à turba de soldados: “No caso de tentarem enganá-los, Jesus é aquele a quem eu beijar. Esse será o sinal. Quando eu beijá-lo, prendam-no.”
João fornece um detalhe fascinante. Veja o que acontece em seguida, conforme João 18.3–5:
Tendo, pois, Judas recebido a escolta e, dos principais sacerdotes e dos fariseus, alguns guardas, chegou a este lugar com lanternas, tochas e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Então, Jesus lhes disse: Sou eu. Ora, Judas, o traidor, estava também com eles. Quando, pois, Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra.
Agora, imagine estar nesse jardim com 600 homens armados em busca de Jesus. Eles entram no jardim e lá está Jesus em pé, calmo. Em seguida, ele pergunta: “Estão procurando quem?” Furiosos e segurando suas espadas e lanternas, os soldados respondem: “Procuramos a Jesus o Nazareno.” Jesus responde: “Sou eu.” Daí, boom! Todos eles caem como dominós.
O que aconteceu? Creio que Jesus, por um rápido instante, abriu as cortinas de seus olhos para que vissem que ele era Deus. Por isso, fizeram a mesma coisa que eu e você faríamos: caíram.
Entenda que não se trata aqui de um homem radical cujos planos foram descobertos. Não estamos olhando aqui para um impostor, cujos planos vieram à tona. Este é o plano de Jesus; ele é o Cristo soberano que, por um segundo, permite que os soldados enxerguem que estão, na verdade, prendendo o Deus em carne.
Judas se aproxima com falsos sentimentos
De volta a Marcos 14, vemos o que Judas faz em seguida. Ele provavelmente está se levantando do chão após Jesus ter revelado quem era. Ele cambaleia ao Senhor com seus sentimentos falsos e diz em Marcos 14.45: Mestre. Até o fim, Judas cumpre um mero papel; ele engana, como se Jesus não soubesse.
Não há nada mais desprezível do que um traidor. Acredito que você concorda comigo. Esse traidor vai a Jesus e diz: Mestre. E o beijou.
Naquela cultura, as pessoas beijavam bastante. Se um escravo desejasse mostrar afeição ao seu mestre, ele beijava seus pés. Uma pessoa de posição inferior beijava a mão de um superior; se o inferior e o superior fossem pessoas chegadas, como no caso de um mestre e seu pupilo, o beijo seria dado na palma da mão do superior. Contudo, somente amigos íntimos beijavam no rosto, como Judas faz aqui com Jesus.
Fico arrepiado ao pensar que Judas, um homem possuído por Satanás, e Jesus, um homem possuído por Deus—Satanás em carne e Deus em carne—se abraçam ali no Jardim. Imagino que as faíscas desse beijo foram ouvidas por todo o universo. Mesmo assim, Judas finge ter bons sentimentos por Jesus.
Depois que Judas o beija, conforme vemos em Lucas 22.48, Jesus reage em profunda compaixão, perguntando: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem? Mateus ainda inclui outras palavras de Jesus: Amigo, para que vieste? (Mateus 26.50). É como se Jesus dissesse: “Faça logo o que veio fazer.”
Se fosse eu no lugar de Jesus, teria derrubado Judas de uma vez por todas. Mas aqui está Um que sabe perfeitamente o que está acontecendo; ele vê o engano; na verdade, Cristo sabe que Judas está sendo controlado pelo próprio Satanás. Mesmo assim, ele chama Judas de amigo.
Pedro ataca com uma espada
Em Marcos 14.46–47, lemos o que acontece depois de Judas beijar Jesus:
Então, lhe deitaram as mãos e o prenderam. Nisto, um dos circunstantes, sacando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha.
Em João 18.10, lemos que esse circunstante é Pedro. Pedro tem mais uma chance de mostrar seu verdadeiro caráter. Ele saca de sua pequena espada e arranca fora a orelha do servo do sumo sacerdote.
Enquanto ponderava nisso, percebi que isso é bastante típico de Pedro. Ele sempre agia sem pensar e, nesse verso, ele atira sem mirar; quem sabe, talvez esteja mirando, de fato, no sumo sacerdote. Não sabemos. O que sabemos apenas é que ele acertou a orelha desse servo—um alvo difícil de se acertar.
É aqui que o Senhor faz algo que ainda não fez antes: curar uma ferida ainda fresca. Em Lucas 22.51, lemos que Jesus, tocando-lhe a orelha, o curou.
Imagino que Jesus pegou do chão o pedaço da orelha ferida e a colocou de volta no lugar. Aposto que essa orelha passou a ouvir melhor do que nunca antes! Em seguida, Jesus é levado preso.
Jesus anuncia sua soberania
Em seguida, quando começam a sair do Jardim, Jesus anuncia sua soberania. Veja Marcos 14.48–49:
Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? Todos os dias eu estava convosco no templo, ensinando, e não me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras.
Em tudo isso, Jesus está cumprindo as Escrituras. Veja, por exemplo, o que Pedro diz em Atos 4.27–28:
porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram;
Note que tudo isso aconteceu para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram. Um pouco antes em sua pregação, Pedro disse em Atos 2.22–23:
Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;
Isso nos fornece um exemplo maravilhoso da soberania de Cristo—antes mesmo de tudo acontecer, Jesus sabia perfeitamente o que iria acontecer. Nada disso o pegou de surpresa; Jesus não foi enganado; Jesus não ficou chocado com aqueles acontecimentos. Na verdade, ele poderia ter estalado seus dedos e todos aqueles 600 homens teriam virado pó.
Veja bem: Jesus se entregou voluntariamente para morrer. Cristo é soberano.
A Injustiça dos Líderes Judeus
Volte para Marcos 14. Veremos os próximos versos. Apesar de não observar detalhadamente os acontecimentos em torno dos julgamentos de Jesus Cristo, quero destacar três pontos a respeito da injustiça dos líderes judeus.
- Primeiro, os líderes judeus já haviam decidido previamente a sentença de Jesus.
Veja Marcos 14.55:
E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não achavam.
Esse verso deixa claro que os líderes judeus já haviam determinado que Jesus seria sentenciado à morte; a única coisa que precisavam era encontrar, de alguma forma, evidência que o incriminaria. Eles já tinham pronunciado o veredito de culpado.
- Segundo, os líderes judeus produziram falso testemunho contra Jesus.
Continue lendo Marcos 14.56–59:
Pois muitos testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os depoimentos não eram coerentes. E, levantando-se alguns, testificavam falsamente, dizendo: Nós o ouvimos declarar: Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e, em três dias, construirei outro, não por mãos humanas. Nem assim o testemunho deles era coerente.
Conforme determinava a lei do Antigo Testamento, essas falsas testemunhas deveriam ter sido levadas para fora do tribunal e apedrejadas à morte, já que eram culpadas de perjúrio—mentira. Contudo, nada disso foi feito, apesar de mentirem aos sacerdotes, aqueles que deveriam estar defendendo a Lei de Moisés.
Você se recorda dos fariseus? Eles seguiam cada mínimo detalhe da Lei. Nesse julgamento, porém, apenas observaram a Lei sendo deixada de lado.
- Terceiro, os líderes religiosos negaram a Jesus o direito de uma defesa.
Os líderes religiosos já tinham determinado a sentença, produziram falso testemunho e impediram Jesus de se defender.
Note algo interessante na primeira parte de Marcos 14.60: Levantando-se o sumo sacerdote, no meio, perguntou a Jesus. Conforme a Lei, o sumo sacerdote, que atuava como juiz, não deveria interrogar o réu como fazia um promotor; isso era contra os procedimentos legais. Mas os líderes judeus estavam tão furiosos na busca para incriminar Jesus que, por fim, o sumo sacerdote se levanta de seu lugar, desce e fala diretamente a Jesus. E veja o que ele diz nos versos 60–61:
...Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Ele, porém, guardou silêncio e nada respondeu. Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?
Daí, Jesus fala.
A declaração de Jesus
É interessante que Jesus só defende sua causa quando pedem que ele afirme sua divindade. Agora, ele fala.
No original grego, o sumo sacerdote coloca Jesus sob juramento, como que dizendo: “Diante de Deus, se você ficar calado, será tido por culpado. Fale! Você é o Cristo?”
Em seguida, lemos no verso 62:
...Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu.
Jesus afirma sua divindade e pronuncia um julgamento: “Vocês me verão vindo do céu com poder e majestade.”
Mas por que essa resposta deixou o sumo sacerdote tão furioso? Porque essa resposta alude à profecia de Daniel 7.13. Jesus alude a esse profeta reverenciado e diz: “Foi sobre mim que Daniel profetizou; eu sou o conteúdo de sua visão. Eu sou o Filho do Homem. E vocês me verão um dia vindo céu, assentado à direita da majestade.”
Isso me lembra de Filipenses 2.10–11:
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
Mas aí já será tarde demais. Quando o reconhecerem, suas chances terão terminado.
Portanto, com essa resposta, Jesus afirma ser o Messias e pronuncia um julgamento.
A Negação de Pedro
Enquanto ocorre o julgamento de Jesus, um enredo secundário se desenrola. Veja Marcos 14.66:
Estando Pedro embaixo no pátio, veio uma das criadas do sumo sacerdote
É aqui que nos deparamos com as três negações de Pedro. Vamos observar cada uma rapidamente.
- A primeira negação é feita a uma serva. Pedro está muito frustrado.
A moça fala com Pedro e ele responde em Marcos 14.67–68:
e, vendo a Pedro, que se aquentava, fixou-o e disse: Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. Mas ele o negou, dizendo: Não o conheço, nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre.
A resposta de Pedro é típica de alguém que mente; você diz simplesmente: “Não sei do que você está falando.”
Pedro estava um tanto frustrado aqui. Creio que se Jesus tivesse perguntado se ele estava disposto a ser crucificado com seu Senhor, Pedro teria dito que “sim”—ele permaneceria com Jesus até o fim.
Mas aqui ele é pego de surpresa por uma menina, a qual diz: “Ei, você também não estava com ele?” Pedro fica paralisado de tanto medo.
Esse é um teste pequeno; Pedro esperava um teste maior. O teste menor o desequilibrou e ele disse: “Não sei do que você está falando.”
Essa foi a primeira negação.
- A segunda negação acontece quando a serva vê Pedro novamente.
Veja Marcos 14.69:
E a criada, vendo-o, tornou a dizer aos circunstantes: Este é um deles.
Dessa vez, a criada diz às pessoas ao redor; ela espalha para todo mundo aquilo que ela pensa; ela não para de falar. Enquanto Pedro pensa: “Cala a boca, menina!” ela diz às pessoas por perto: “Ei, esse cara aqui é um deles também!”
Novamente, Pedro nega a acusação no verso 70: Mas ele outra vez o negou.
- Finalmente, talvez depois de uma hora enquanto o julgamento de Jesus acontece, as pessoas por perto dentro do pátio reconhecem Pedro.
Veja o que dizem as pessoas no verso 70:
...E, pouco depois, os que ali estavam disseram a Pedro: Verdadeiramente, és um deles, porque também tu és galileu.
E Pedro responde no verso 71:
Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais!
Dessa vez, Pedro pragueja.
É incrível que Pedro, poucas horas antes, quis enfrentar 600 homens com uma espada e, agora, ele nega Cristo diante de poucas pessoas.
Da terceira vez, ele nega e pragueja. O verbo grego para praguejar é katanathematizo, que significa “invocar julgamento de Deus sobre si, caso esteja mentindo.” Em outras palavras, “Se não estou dizendo a verdade, que Deus me condene ao inferno.”
Imagino que, depois disso, ele saiu dali. Pedro invoca um “anátema” sobre sua própria cabeça na esperança de conseguir convencer aquelas pessoas. Não sei se as convenceu ou não, mas sabemos, com base em Marcos 14.72, que o galo cantou.
Lucas congela a cena, como que tirando uma foto, e lemos em Lucas 22.61 que, quando o galo cantou, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro. Então, o galo canta, Jesus se vira e, de onde estava, consegue olhar nos olhos de Pedro. Quero pausar aqui rapidamente e pensar um pouco sobre isso.
Jesus sabia o que estava acontecendo lá fora no pátio porque ele é onisciente. Ele está sendo julgado e surrado pelos sacerdotes, então não sabemos se já tinha visto Pedro ou não por ali. Daí, Pedro o nega, invoca uma maldição de Deus sobre si e acontece de olhar sobre o muro; Jesus olha para ele e seu olhar encontra o olhar do Senhor. Lemos em Lucas 22.62 que Pedro, saindo dali, chorou amargamente.
A diferença entre Pedro e Judas é vista em seu arrependimento. Na verdade, o verdadeiro Pedro é visto, não em sua negação, mas em seu arrependimento. Eu e você negamos Cristo vez após vez; a coisa mais importante é que Pedro saiu e chorou amargamente em arrependimento. Judas, por outro lado, saiu e tirou sua vida.
Aplicação
Vamos aplicar essa passagem às nossas vidas com alguns pensamentos.
- Primeiro, essa passagem exige de nós uma auto-avaliação.
Deus não desfila essas pessoas à nossa frente para que digamos, simplesmente: “Ah, Judas, eu sabia que você era o traidor! E Pedro, você deveria ter agido diferente.” Deus não os coloca diante de nós para que nos orgulhemos e digamos: “Olha, se eu estivesse ali, jamais teria feito o que fizeram!”
Deus expõe suas vidas diante de nós para que examinemos nossas vidas ao observar as deles e, neles, enxergarmos nós mesmos.
Em quais situações você julga ser muito difícil afirmar ser um seguidor de Cristo? Será que é na roda de amigos na escola, universidade, na aula de filosofia, junto ao seu vizinho, no seu trabalho? Quando você nega Jesus ao ficar em silêncio?
- Essa passagem também exige de nós adoração.
No caso dos crentes, podemos dizer: “Que Deus poderoso servimos!” Devemos adorar o Cordeiro de Deus que, voluntariamente, apesar de soberano, morreu por nós.
Pense no que Jesus poderia ter feito; ele poderia ter absolvido a si mesmo, saído dali sem dificuldades. Mas, por mim e por você, Jesus foi à cruz. No caso do crente, isso deve desenvolver um coração de amor.
Se você ainda não conhece a Cristo como o seu Salvador, quero que você perceba nessa passagem que Jesus foi abandonado por todos. Mas, se crer nele, você jamais será abandonado. Ele enfrentou sozinho seus perseguidores; ele morreu sozinho; ele passou por toda essa agonia sozinho para que você, crendo nele, jamais fique sozinho. Aleluia, que grande Salvador!
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 20/03/1988
© Copyright 1988 Stephen Davey
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