
Hipocrisia na Igreja
Hipocrisia na Igreja
Marcos 7.1–13
Introdução
Abra sua Bíblia no capítulo 7 do Evangelho de Marcos, o “evangelho das ações.” Falaremos, hoje, sobre um assunto difícil: os hipócritas e a hipocrisia dentro da igreja. Se existe um pecado do qual todos nós somos culpados, esse pecado é o da hipocrisia. Por isso, é com grande temor que abordamos esse assunto. No texto de hoje, veremos Jesus censurando abertamente os hipócritas de Seus dias. A pergunta que precisamos fazer é: será que exibimos as mesmas características que Jesus Cristo acusa os fariseus de possuírem?
Ênfase em Observações Exteriores ao invés de em Pureza Interior
Veja Marcos 7.1–4:
Ora, reuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém. E, vendo que alguns dos discípulos dele comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar (pois os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça, não comem sem se aspergirem; e há muitas outras coisas que receberam para observar, como a lavagem de copos, jarros e vasos de metal [e camas]),
Jesus começa a desmascarar os fariseus destacando a atitude que tinham de enfatizar observações exteriores ao invés de pureza interior. Neste caso em particular, o problema gira em torno de comer sem lavar as mãos.
Conforme já vimos anteriormente, Jesus teve vários confrontos com os fariseus. Geralmente, esses confrontos dizem respeito ao fato de Jesus Cristo não seguir as tradições dos judeus; Jesus não se adequa ao estilo de adoração imposto pelos líderes judeus. E o confronto que veremos hoje em Marcos e Lucas é um dos mais sérios que Jesus terá com os fariseus.
Lembre-se que os judeus se contaminavam pelo simples fato de tocar algo cerimonialmente impuro. Por isso, os fariseus realizavam o ritual de lavar as mãos antes das refeições. O ritual não estava ligado a higiene, mas a observação das tradições. Muitas vezes, os fariseus tomavam banho após voltarem dos mercados porque, ali, às vezes tocavam em gentios, animais mortos ou outra das centenas de coisas consideradas impuras.
Esses homens se preocupavam tanto com coisas exteriores que acabaram se esquecendo da purificação interior; essa é a acusação de Jesus contra suas práticas. Ao fazer a acusação, Jesus mostra que é algo perigoso associar um símbolo a uma religião e atribuir a esse símbolo um valor superior ao valor da própria religião em si. Quando se faz isso, a tradição se torna tão importante quanto as Escrituras. Veremos que Jesus fala de forma bastante específica aqui.
Lealdade à Tradição ao invés de às Escrituras
Mas perceba, também, que a lealdade dos fariseus e escribas estava nas tradições, não em princípio das Escrituras. Veja Marcos 7.5–6:
interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar? Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
Como você já deve saber, o termo grego traduzido como hipócritas é hypocrites, o qual se refere àquele que, numa peça teatral, usa uma máscara; ele é um ator. Nessa época, o termo não tinha uma conotação negativa. Mas Jesus o emprega nesse contexto negativo e diz: “Vocês, fariseus, usam uma máscara sorridente, mas existe desespero por trás dessa máscara. Vocês usam uma máscara de pureza para as pessoas que os observam, mas atrás da máscara existe um caráter perverso.” Em outras palavras, “Vocês são atores que fingem ser algo que não são; como Isaías disse, adoram a Deus com os lábios, mas o coração está longe dEle.”
Continue nos versos 7–8:
E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.
Jesus não mede palavras; Ele arranca suas máscaras de falsa espiritualidade sem qualquer constrangimento.
Li a história de um muçulmano outro dia. Como você sabe, os muçulmanos têm que orar em certas horas do dia ao som da sirene. Esse muçulmano devoto carregava em uma mão o seu tapete de oração e, na outra, uma faca, já que perseguia outro homem para mata-lo. Quando alcançou o homem e ergueu o braço para assassiná-lo, a sirene soou. Ele largou a faca, desenrolou seu tapete, ajoelhou-se e fez suas orações. Em seguida, recolheu o tapete, pegou sua faca e continuou perseguindo o outro indivíduo.
Isso é exagero? Sim. Mas Jesus diz aqui que os fariseus fazem exatamente isso—sua preocupação é que as outras pessoas os vejam como homens puros, mas carregam maldade e homicídio em seus corações.
A digressão espiritual começa quando igualam as tradições às Escrituras:
- No verso 8, eles colocam de lado a Palavra de Deus: Negligenciando o mandamento de Deus;
- No verso 9, eles rejeitam a Palavra de Deus: Jeitosamente, rejeitais os preceitos de Deus.
- No verso 13, eles detêm a Palavra de Deus: Invalidando a palavra de Deus.
O primeiro passo é colocar a Palavra de Deus de lado; depois, a rejeitam; por fim, impedem que a Palavra de Deus entre nos corações das pessoas e transforme suas vidas.
Ser um hipócrita religioso é algo perigoso; é perigoso colocar as tradições de homens, igrejas ou denominações no mesmo nível da Palavra de Deus e ensiná-las como se fossem igualmente importantes.
Deixe-me dizer as diferenças entre a verdade de Deus e as tradições de homens:
- A verdade de Deus produz fé interior, isto é, Deus trabalha de dentro para fora. Tradições produzem formas externas, isto é, trabalham de fora para dentro.
- A verdade de Deus fornece princípios e liberdade; o currículo de Deus visa nos desenvolver espiritualmente. As tradições humanas, contudo, são regras e legalismos; o homem estabelece padrões e moldes e exige que sejam seguidos à risca.
- A verdade de Deus produz santidade interior; tradições de homens produzem religiosidade exterior.
Os fariseus eram exemplos clássicos de religiosidade externa. Eles oravam nas esquinas das ruas; quando jejuavam, usavam uma roupa especial, aplicavam pó branco no rosto, jogavam cinzas na cabeça e ficavam com um semblante cabisbaixo para que os outros os vissem e dissessem: “Veja, ele está jejuando; que gigante espiritual!” Mas Jesus os acusa de viver uma religiosidade exterior.
- Por fim, a verdade de Deus exalta a Palavra acima das tradições; tradições humanas negligenciam a Palavra de Deus.
Tradições Motivadas por Teimosia e Avareza
Nos versos seguintes, Jesus deixa claro que as tradições dos fariseus e escribas são motivadas por teimosia e avareza. Agora, Jesus entra nos bastidores de seus corações e expõe suas motivações, algo que somente o Filho de Deus pode fazer. Veja Marcos 7.10:
Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte.
Esse era o quinto mandamento; o infrator seria apedrejado fora da cidade. Continue nos versos 11–13:
Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe, invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes.
Jesus se refere, aqui, a algo que havia começado séculos antes como positivo, mas que, com o passar do tempo, perdeu sentido e, por fim, tornou-se mero ritual.
Quando os filhos ficavam adultos, eles cuidavam de seus pais idosos, o que é um princípio bíblico. Esses fariseus, porém, eram tão avarentos e materialistas que pensavam: “Se tivermos que sustentar nossos pais, teremos que tirar uma porção de nossos cofres pessoais. Precisamos dar um jeito nisso.”
Então, esses líderes religiosos inventaram o tal do Corbã e diziam: “Pai e mãe, estão vendo este dinheiro que sobrou do meu salário? Pois é, não posso usá-lo para sustenta-los. Vocês não tocariam em dinheiro que pertence a Deus, tocariam?” Evidentemente, os pais diziam: “Claro que não, meu filho espiritual.” Basicamente, os fariseus começaram uma prática que roubava de seus pais, esquivando-se de um dever bíblico. O quinto mandamento falava que deveriam honrar pai e mãe; já que não faziam isso, eles dedicavam a Deus o que seus pais precisariam para sobreviver. As motivações dos fariseus eram egocêntricas; não passava de pura avareza.
Os Resultados da Hipocrisia
Vamos ver, agora, os resultados da hipocrisia. Abra sua Bíblia em Lucas 11. Marcos não registra uma passagem importante que Lucas nos conta. Nesse confronto, Jesus profere uma série de “ais” contra os fariseus e demais líderes religiosos.
Esses “ais” aparecem em Lucas 11 versos 42, 43, 44, 46, 47 e 52. A palavra ai significa “grande dor.” É interessante notar que, ao expor a hipocrisia desses homens, Jesus Cristo não os escoria, nem pega um açoite. Jesus revela compaixão em Seu coração, como que dizendo: “Como é triste viver dessa maneira!”
- O primeiro ai aparece em Lucas 11.42 e diz respeito a prioridades erradas.
Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas.
Não sabemos por que a arruda é mencionada nesse verso; comentaristas dificilmente tratam do assunto. Sabemos, contudo, que a arruda era uma erva usada para fins medicinais e para a culinária. Também sabemos que, na Mishnah, a arruda está isenta de imposto do dízimo. Não ignore isto: não havia necessidade de se pagar dízimo na arruda.
Você entende o que Jesus está dizendo aqui? Ele diz: “Vocês estão tão preocupados em observar suas tradições exteriores que dão dízimo de tudo, tanto do que devem como também do que nem precisam. Só para garantir, vocês dão um passo além do que são obrigados. Mas, apesar disso, negligenciam a justiça e o amor de Deus; se preocupam em dar um pedacinho de uma planta a Deus, mas não têm amor em seus corações. Assim, realizam as coisas mínimas e ignoram as mais importantes.”
- O segundo ai aparece em Lucas 11.43 e diz respeito a desejos egoístas.
Ai de vós, fariseus! Porque gostais da primeira cadeira nas sinagogas e das saudações nas praças.
Nas sinagogas, essas primeiras cadeiras ficavam de frente para a assembleia, de forma que os fariseus eram observados por todos os que vinham para adorar. Para um fariseu, escriba ou doutor da lei, sentar-se numa dessas cadeiras era um enorme prestígio e honra; podiam até chegar atrasado, mas seu assento estava reservado. Na verdade, era até bom chegar atrasados porque entrariam na sinagoga com toda pompa e seus mantos compridos e as pessoas diriam: “Nossa! Queria poder ser como ele. Que homem espiritual!”
Os fariseus não somente gostavam da primeira cadeira, mas também das saudações nas praças ou nos “mercados.” Não se trata aqui de um “oi” ou aperto de mão; as saudações eram prestadas ao se curvar diante deles, beijar suas mãos e revelar profunda reverência.
Os fariseus eram os heróis de seus dias. Os discípulos estavam se tornando heróis também e Jesus deixa implícito para eles a mensagem: “Fiquem longe dos holofotes e pedestais. Não cheguem ao ponto de as pessoas olharem para vocês e dizerem: “Olha, apertei a mão daquele apóstolo! Eu o vi hoje. Ele me deu um ‘oi’.” Os fariseus adoravam as saudações de pessoas que se curvavam diante deles. Seus desejos eram egoístas.
- O terceiro ai aparece em Lucas 11.44 e diz respeito a uma aparência boa, mas influência corrupta.
Ai de vós que sois como as sepulturas invisíveis, sobre as quais os homens passam sem o saber!
Esse verso aponta para os dias da Páscoa quando os judeus pintavam as sepulturas de branco com cal; esse era um ato de purificação de Jerusalém para embelezar as coisas. O problema, contudo, era que os peregrinos, às vezes, pensavam que aquela pedra belamente pintada de branco era outra coisa, não um túmulo. Como resultado, ao andarem por cima dela, ficavam cerimonialmente impuros para celebrar a Festa da Páscoa.
Jesus diz então: “Vocês, fariseus, são como túmulos pintados de branco, como aquele ato de purificação e embelezamento. A aparência exterior é boa, mas as pessoas não estão cientes de que, pela sua influência, ao andarem sobre sua vida, ao caminharem ao lado de vocês, elas tocam a morte e ficam impuras. Os homens andam sobre vocês sem saber que caminham sobre ossos de mortos.”
Veja Lucas 11.45, que nos conduz ao próximo ai:
Então, respondendo um dos intérpretes da Lei, disse a Jesus: Mestre, dizendo estas coisas, também nos ofendes a nós outros!
O intérprete da lei era o mesmo que um escriba. O fariseu interpretava a lei e o escriba transmitia essa interpretação ao povo. Nos dias de Jesus, as interpretações e regras impostas sobre o povo eram tão numerosas que o povo não conseguia suportar o fardo. Esse intérprete inteligente interrompe Jesus e diz: “Mestre, você está falando da gente, não é?”
- O quarto ai aparece em Lucas 11.46 e diz respeito a indiferença.
Mas ele respondeu: Ai de vós também, intérpretes da Lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais.
Em outras palavras: “Vocês carregam o povo de tradições e regras legalistas e depois dizem: ‘Se continuarem vivendo assim, não iremos ajuda-los’.”
Meu querido, é impossível ser preso a observâncias externas e nutrir no coração compaixão pelas pessoas. É impossível impor regras sobre indivíduos e, ao mesmo tempo, se preocupar amorosamente com esses indivíduos.
O problema com a lei, até mesmo hoje, é que ela é incapaz de arrancar de dentro da pessoa o desejo de infringi-la. Você diz: “Não quero que você faça isso. Então, aqui está a lei. Agora, obedeça-a!” O problema é que a lei não arrancou de suas emoções o desejo de infringi-la.
Isso significa que os escribas transmitiam dezenas de regulamentações ao povo, mas não ofereciam ajuda nenhuma. Mas Deus trabalha de forma totalmente diferente—Ele nos dá o Seu Espírito Santo para controlar nossas emoções e nos dar a força para dizer “não.”
Então, Jesus diz: “Ai de vocês, advogados da lei, porque colocam um fardo imenso sobre as pessoas e depois dizem: ‘Certo, agora, vivam conforme esta lei e não esperem nada de nós’.”
Um dos exemplos clássicos de indiferença pelo povo é visto em Lucas 13.11–14:
E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se. Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade; e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus. O chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, nesses dias para serdes curados e não no sábado.
Isso é, simplesmente, inacreditável. Em outras palavras, “Existem seis dias na semana para você ser curado; não venha na sexta-feira. Espere até o domingo!”
O chefe da sinagoga demonstrou total indiferença e falta de preocupação. Havia uma lei, então: “Você está doente e vai morrer no sábado. Que duro! É a vida! Não iremos ajuda-lo.”
Daí, lemos em Lucas 13.15–16:
Disse-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, cada um de vós não desprende da manjedoura, no sábado, o seu boi ou o seu jumento, para levá-lo a beber? Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos?
Com essa resposta, Jesus expôs a hipocrisia dos religiosos.
- O quinto ai aparece em Lucas 11.47 e diz respeito a uma reverência enganosa.
Ai de vós! Porque edificais os túmulos dos profetas que vossos pais assassinaram.
Eles sabiam que seus antepassados tinham assassinado os profetas e eles sabiam que estavam envolvidos em atividades homicidas. Mas, a fim de mostrar ao povo que eram homens bons, edificavam túmulos, ou pequenos santuários bem ornamentados, e falavam dos profetas com reverência.
Contudo, Jesus Cristo diz: “Vocês jamais admitem que não somente seus pais, mas vocês também, com seus ensinos, são culpados de matar os profetas. Sua reverência é enganosa.”
Continue em Lucas 11.49–51:
Por isso, também disse a sabedoria de Deus: Enviar-lhes-ei profetas e apóstolos, e a alguns deles matarão e a outros perseguirão, para que desta geração se peçam contas do sangue dos profetas, derramado desde a fundação do mundo; desde o sangue de Abel até ao de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e a casa de Deus...
Isso é interessante porque, na Bíblia hebraica, Zacarias é o último profeta em ordem. Então, Jesus diz: “Desde o primeiro até o último assassinato, o Antigo Testamento inteiro testifica que vocês são homicidas e enganadores, apesar de sua aparência bondosa. No exterior, tudo está bem, mas no interior existe morte e pecado.”
E Jesus conclui no verso 51: Sim, eu vos afirmo, contas serão pedidas a esta geração. No ano 70 d.C., Jerusalém foi destruída. É possível que Jesus tenha se referido a esse julgamento nesta passagem.
- O sexto e último ai aparece em Lucas 11.52 e diz respeito a ensino sem discernimento.
Ai de vós, intérpretes da Lei! Porque tomastes a chave da ciência; contudo, vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando.
Esse é, provavelmente, o mais trágico de todos os ais. Imagino Jesus dizendo essas palavras com lágrimas nos olhos.
Os religiosos tomaram para si a chave do conhecimento. Em Seu programa do reino messiânico e Sua oferta ao povo, Jesus era a chave, Ele mesmo sendo a chave para a profecias sobre Aquele que havia de vir. Mas eles ignoraram e rejeitaram. Agora, escondem a chave do conhecimento do povo para que eles também não entendam. Seus ensinos cegavam o povo para que jamais enxergassem.
Vamos revisar os seis “ais.” Os hipócritas tinham:
- Prioridades erradas;
- Desejos egoístas;
- Influência corrupta;
- Indiferença;
- Reverência enganosa;
- Falta de discernimento em seus ensinos.
Quando olho para essa lista, me vejo nela. E você, se vê nela também? Você se vê, talvez, fazendo o papel de um ator, usando uma máscara de religiosidade? Até onde todo mundo sabe, tudo está bem com você, mas sua vida não passa de uma farsa, uma hipocrisia.
Será que podemos, como igreja local, ficar tão presos a tradições a ponto de perder de vista os objetivos que Deus nos deu? Sem dúvidas. Apesar de Deus parecer estar abençoando as coisas no exterior, interiormente não existe compaixão e preocupação.
A Necessidade de Um Novo Avivamento
Meu querido, precisamos, mesmo, é de um novo avivamento. Encontramos a palavra hipocrisia novamente em 1 Pedro 2. Veja os versos 1–3:
Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso.
Como posso me livrar da hipocrisia? Esta passagem responde: deseje a Bíblia como um bebê deseja o leite materno, ou seja, intensamente. Se você já experimentou que o Senhor é bondoso, isto é, se você já experimentou o perdão dos pecados, a regeneração e a bondade de Deus, por que voltaria à lei? Justamente porque você já abandonou o legalismo e a justiça própria, porque Deus é gracioso, comece a crescer, primeiramente desejando a Palavra de Deus.
Aplicação: Sou Hipócrita Quando...
Deixe-me resumir nosso estudo de hoje com algumas considerações finais que nos ajudarão a identificar quando agimos com hipocrisia a fim de evitar esse erro grave.
- Primeiro, sou hipócrita quando me interesso mais em tradições religiosas do que em ensinos bíblicos.
Sou culpado de hipocrisia quando me preocupo em encaixar minha vida ou igreja num determinado molde. A frase predileta de uma igreja ou denominação hipócrita é: “Continuaremos fazendo assim porque sempre fizemos desse jeito.”
- Segundo, sou hipócrita quando me preocupo mais com o funcionamento da igreja do que com os objetivos da igreja.
Temo que, com bastante frequência, as igrejas locais ignoram os dois objetivos primários da igreja:
- O primeiro objetivo é evangelizar o mundo com a salvação de Jesus Cristo.
Você sabia que Deus plantou sua igreja onde ela está com o objetivo de evangelizar perdidos não somente na sua vizinhança, mas também ao redor do mundo? Muitas vezes, esse objetivo se perde por brigas envolvendo tradições humanas.
- O segundo objetivo da igreja é equipar os santos.
Esses dois—evangelizar os perdidos e equipar os santos—são dois imperativos explícitos para a igreja. Além desses dois, a Bíblia menciona mais quatro ordens para a igreja obedecer como um corpo: orar, observar a ceia, manter comunhão e ensinar. As demais práticas são secundárias e não devem ser realizadas em detrimento de evangelizar os perdidos e equipar os santos.
- Terceiro, sou hipócrita quando exijo cerimônia exterior sem compromisso do coração.
- E quarto, sou hipócrita quando sou mais diligente com minha aparência diante dos homens do que com minha aprovação diante de Deus.
A solução não é hipocrisia, mas santidade—santidade produzida pelo Espírito de Deus. Esse trabalho é iniciado no momento da conversão. Você é santo não por causa do que faz ou deixa de fazer, mas por causa daquilo que é em Jesus Cristo.
A santidade será evidenciada a outros quando virem em você o fruto do Espírito Santo, não tradições, mas amor, alegria, paz, etc. Nossa santidade será aperfeiçoada por completo finalmente naquele dia quando virmos a Jesus Cristo face-a-face.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 07/02/1988
© Copyright 1988 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
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