
Introduzindo O Evangelho das Ações
Introduzindo O Evangelho das Ações
Marcos—Textos Selecionados
Introdução
Começamos, hoje, uma nova série; será um panorama pelo Evangelho de Marcos, também conhecido como “O Evangelho das Ações.” Como você verá, esse título é bastante apropriado ao Evangelho de Marcos.
Uma pergunta comum sobre aplicação das Escrituras: Como a Bíblia se aplica à minha vida?
Agora, antes de começar a leitura deste Evangelho, precisamos responder uma pergunta bastante comum; ela está ligada a aplicação das Escrituras à vida do crente. Talvez você já tenha se perguntado a esse respeito.
Você lê uma passagem bíblica e perguntas começam a surgir em sua mente: “O que Deus está tentando me dizer aqui? O que Ele está tentando fazer na minha vida através dessas páginas da Bíblia? Posso aprender o que aconteceu naquela época, mas o que isso significa para mim hoje?”
Essas são perguntas bem comuns e giram em torno da questão da aplicação. Quero esclarecer algumas dúvidas para que você esteja pronto a aprender com o Evangelho de Marcos. Falaremos rapidamente sobre o que aplicação não é e em seguida o que aplicação é.
O Que Aplicação Não É
- Primeiro: aplicação não é conhecimento acumulado.
Fatos são coisas inúteis se deixados sozinhos. Conforme vemos na história, alguns dos filósofos mais inteligentes eram ignorantes quanto ao verdadeiro significado da vida. Se desejo aplicar as Escrituras à minha vida, preciso fazer mais do que simplesmente acumular fatos.
- Segundo: aplicação não é apenas ilustração.
Eu posso estudar a Bíblia ou ouvir e aprender pela forma como outra pessoa lidou com um determinado problema por meio da ilustração. Isso, contudo, não me ajuda a resolver o problema. Aplicação não é apenas ilustração.
- E terceiro: aplicação não é fazer comparações entre o passado e o presente.
Eu posso pregar e provar que os problemas que você enfrenta hoje não são problemas novos. As pessoas dos tempos bíblicos também enfrentavam os mesmos problemas em Corinto, Éfeso, etc. Isso, contudo, não ajudaria o crente de hoje com seus problemas.
Conhecimento, ilustração e comparação não são coisas negativas em si, mas, se não levadas mais adiante, a aplicação deixa a desejar. Então, aplicação não é apenas acumular conhecimento, ilustrar ou comparar.
Creio que uma das necessidades mais urgentes na vida do crente é a disposição, capacidade e desejo de fazer da Bíblia a verdade para suas vidas. Então, permita-me mencionar o que aplicação é.
O Que Aplicação É
- Primeiro: aplicação é focar na verdade da Palavra de Deus.
É aqui que começamos—com a verdade proposicional de Jesus Cristo e Sua Palavra.
- Segundo: aplicação é transformar verdade bíblica em verdade pessoal.
Esse é o segundo passo—o desejo de aprender as mesmas coisas que as pessoas de Corinto e Éfeso aprenderam nos tempos bíblicos. Aplicação é transformar essas verdades bíblicas em verdades pessoais.
- E terceiro: aplicação é transformar verdade pessoal em verdade prática.
Esse é o último passo. Precisamos não somente mostrar ao estudante o que fazer, ou seja, transformar verdade bíblica em pessoal, mas precisamos mostrar também como fazer, ou seja, transformar verdade pessoal em verdade prática. Portanto, eu começo estudando a Palavra de Deus e transformando-a em algo pessoal. Em seguida, a transformo em algo prático, ou seja, eu a coloco em prática. Isso é aplicação.
Não podemos dizer que aplicamos as Escrituras ou aprendemos a Bíblia se não a colocamos em prática. Aplicação verdadeira acontece quando você aprende a verdade, algo que pode fazer sozinho por ser um sacerdote individual diante de Deus, pede o auxílio do Senhor para coloca-la em prática e toma a decisão de praticá-la, dizendo: “Senhor, amanhã, começando às 8 da manhã, colocarei essas coisas em prática na minha vida.”
Obstáculos à Aplicação Bíblica Verdadeira
Deixe-me, agora, mencionar alguns obstáculos que surgem à aplicação verdadeira. Se você diz: “Senhor, quero aplicar Tua Palavra,” perceberá que algumas coisas irão acontecer. Dentre elas, você entrará numa batalha que nunca travou antes. O motivo para a batalha é que esse tipo de aplicação gera pequenas mudanças em sua vida e uma pequena mudança após outra gera transformação de vida. Por isso, obstáculos aparecerão.
- O primeiro obstáculo que você enfrentará é o que podemos chamar de “diferença de opinião.”
As pessoas correm atrás do manual, isto é, respostas claras para todos os problemas. A Bíblia parece me dizer que devo colocar algo em prática de determinada maneira, mas alguém diz que devo colocar isso em prática de outra forma, e depois uma segunda pessoa me diz que é melhor fazer isso de outro jeito. Esse obstáculo pode me levar ao desespero, de forma que acabo dizendo: “Deixa esse negócio de aplicação para lá. Nem mesmos os estudiosos da Bíblia concordam quanto a isso.”
Jamais encontraremos um acordo total em todos os assuntos; jamais duas pessoas concordarão em tudo. Em Romanos 14, Paulo fala que precisamos tomar uma decisão quando ao que cremos. Decida se está certo comer carne ao estudar a Bíblia, saber o que Deus está ensinando e ao se dispor a viver conforme esse ensino. Então, decida.
Um dos problemas mais sérios na igreja de nossos dias é que as pessoas sentadas nos bancos entregaram o poder de pensar e decidir àquele que se encontra atrás do púlpito. Cada crente, contudo, tem essa responsabilidade pessoal de tomar decisões biblicamente esclarecidas segundo a direção do Espírito Santo.
Encontraremos o obstáculo da aplicação nas variadas opiniões entre crentes. Por exemplo, no assunto da criação de filhos, pergunte-se: “Devo disciplina meu filho com surra ou não?” Se você vai a uma livraria, se depara com livros que defendem a surra como um método de disciplina, enquanto outros condenam essa abordagem. Como resultado, o crente fica confuso.
Entretanto, essa confusão não nos exime da responsabilidade de aplicar a verdade às nossas vidas. Ainda somos responsáveis por aplicar a verdade que Deus nos ensina.
- O segundo obstáculo à aplicação é a pressão da cultura.
O mundo tem um molde. Então, quando você encontra na Bíblia algo revolucionário, um pouco radical, a primeira coisa que pensa é: “Espere aí! Não posso fazer isso! Imagine o que as pessoas dirão!” A pressão da cultura na qual vivemos dá forma às nossas vidas.
Num artigo que li, o autor afirmou que a Bíblia não nos foi dada a fim de ser influenciada pela cultura, mas para produzir a cultura. Muito bem colocado.
Quanto mais nos distanciamos de Deus, mais distante ficamos dos crentes do século primeiro. Nossas vidas seriam mais revolucionárias e radicais se se enquadrassem mais nos moldes bíblicos.
- Um terceiro obstáculo à aplicação é o conflito entre nossos preconceitos e a verdade bíblica.
Esse é o indivíduo que diz: “Bom, eu sei que Deus disse isso, mas sempre fiz de outro jeito. Já faz 35 anos que tenho feito assim. Não venha me incomodar agora.”
Meu querido, a Bíblia não é uma questão de escolher o que gosta e deixar de lado o que não gosta; ela não é um restaurante espiritual estilo self-service—você pega apenas aquilo que apela ao seu paladar e deixa o que não acha interessante.
Não fazemos isso com a Bíblia:
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Introduzindo O Evangelho de Marcos
Agora, tendo falado da importância da aplicação, desejo introduzir o “Evangelho da Ação.” É impossível não ser transformados ao estudarmos a vida de Jesus Cristo. Seria trágico concluir um estudo como este na vida de Cristo e não ser impactado e transformado.
Para quem e quando foi escrito o Evangelho de Marcos?
As primeiras perguntas que responderemos nessa introdução ao Evangelho são para quem e quando foi escrito esse Evangelho.
É interessante que as décadas de 60 e 70 do século primeiro foram provavelmente os anos mais difíceis na história da igreja. Nessa época, Nero era o imperador romano; além de maluco, ele se mostrou um ferrenho perseguidor da igreja. E foi nesse período que Marcos escreveu sua narrativa evangelística.
Numa bela noite, enquanto bêbado, Nero ateou fogo num prédio de Roma. O incêndio se alastrou e, dentro de poucas horas, praticamente a cidade inteira foi queimada. Ao invés de assumir a culpa, Nero decidiu usar os crentes como bode expiatório e os culpou pelo desastre. Assim, Nero deu início à grande perseguição contra os crentes que, por fim, acabou levando a vida do apóstolo Paulo. Milhares de cristãos morreram no Coliseu pelas bocas de leões e nas mãos de gladiadores. Portanto, Marcos escreve para um grupo de crentes que, talvez, se reúne nas catacumbas. Muitas são as perguntas que surgem em suas mentes.
Você perceberá que Marcos não registra muitas palavras de Jesus. Se estivesse numa catacumba, você não iria querer ouvir o que Jesus disse, mas “O que Jesus faria nessa situação? Como Ele reagiria?”
Então, em seu Evangelho, Marcos registrou mais o que Jesus fez do que os demais Evangelhos, apesar de esse ser o mais curto. Marcos deixa de lado muitas das parábolas e discursos e vai direto aos milagres, às ações que Jesus Cristo realizou.
Esse foi, provavelmente, o primeiro Evangelho a ser escrito. Muitos comentaristas do passado consideravam esse Evangelho como o evangelho anão. Por ser o mais curto, geralmente recebe menos atenção do que os demais. Contudo, Marcos é bastante dinâmico em sua narrativa.
Qual é a estrutura do Evangelho de Marcos?
Deixe-me fazer alguns comentários sobre a estrutura do Evangelho de Marcos. Doze dos dezesseis capítulos começam com a palavra “e,” como se Marcos estivesse dizendo: “E isso também aconteceu.”
A palavra favorita de Marcos é o grego euthos, que significa “imediatamente, logo em seguida.” Seu maior interesse é o que acontece agora! Por isso, empregou a palavra “imediatamente” repetidas vezes.
Mateus, por exemplo, empregou a palavra “imediatamente” apenas sete vezes, e Lucas apenas duas. Marcos, por outro lado, a utilizou 42 vezes! Assim que começamos a ler o Evangelho, ficamos com a impressão de as cosias estarem acelerando enquanto escreve para esses crentes.
Um Retrato de João Marcos
Permita-me, agora, fornecer para você um retrato do autor, João Marcos. Observaremos várias passagens e juntaremos as peças desse quebra-cabeças a fim de chegar a um entendimento apropriado de quem era João Marcos.
- Primeiramente, as primeiras passagens que nos fornecem informações sobre Marcos são Atos 12 e 13.5.
Começamos com Atos 12.12 com aquele acontecimento em que Pedro é milagrosamente solto da prisão. Talvez você se lembra que o anjo soltou as cadeias de Pedro, abriu a porta e o tirou dali.
Considerando ele a sua situação, resolveu ir à casa de Maria, mãe de João, cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam.
Isso sugere que João Marcos tinha um pai romano; ele também era conhecido como “Marcos,” que era seu nome latino ou romano. O nome “João” era hebraico; o nome de sua mãe, “Maria,” também era judaico. É possível que João Marcos tenha tido um pai romano convertido.
Conforme vemos nessa passagem, a casa de João Marcos era um refúgio para os apóstolos e discípulos. Eles estavam reunidos em oração, pedindo que Deus soltasse o líder Pedro. Eles não faziam ideia de como Deus soltaria Pedro. Em seguida, lemos nos versos 13–14:
Quando ele bateu ao postigo do portão, veio uma criada, chamada Rode, ver quem era; reconhecendo a voz de Pedro, tão alegre ficou, que nem o fez entrar, mas voltou correndo para anunciar que Pedro estava junto do portão.
O fato de ter uma serva sugere que a família de João Marcos era rica.
Imaginamos que os crentes naquela reunião de oração diriam: “Louvado seja o Senhor! Ele respondeu nossas orações!” Mas, ao invés disso, veja a reação deles no verso 15: Eles lhe disseram: Estás louca. Por fim, Pedro entra na casa.
Essa passagem fornece algumas indicações quanto ao lar de João Marcos. Alguns conjecturam que seus pais, sendo ricos, eram donos do lugar onde Jesus realizou a última ceia. Outros imaginam que os pais de João Marcos eram donos do jardim conhecido como “Getsêmani.”
Atos 12.25 fornece ainda mais informações sobre João Marcos:
Barnabé e Saulo, cumprida a sua missão, voltaram de Jerusalém, levando também consigo a João, apelidado Marcos.
Essa foi uma oportunidade de ouro para o jovem crente. Imagine fazer parte da equipe missionária com Barnabé e Saulo! Continue em Atos 13.2–5:
E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram. Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas; tinham também João como auxiliar.
Evidentemente, João Marcos tinha sido convidado para ser um auxiliar. Talvez ele tenha ficado encarregado da comida ou de carregar livros e bagagens. Contudo, concordo com aqueles que postulam que Barnabé e Saulo trouxeram o jovem consigo para ajudar no ensino.
João Marcos era convertido há alguns anos; seu lar servia de refúgio aos discípulos e ele provavelmente tinha ouvido os relatos da vida de Jesus Cristo. Quem sabe João Marcos não cuidava dos mais jovens enquanto Barnabé e Saulo faziam reuniões. Não sabemos, mas ele recebeu uma oportunidade preciosa—viajar com Barnabé e Saulo! Você imagina isso?
- Outra passagem que fornece informação sobre João Marcos é Atos 13.13.
Algo estranho, porém, acontece durante a viagem. Veja Atos 13.13:
E, navegando de Pafos, Paulo e seus companheiros dirigiram-se a Perge da Panfília. João, porém, apartando-se deles, voltou para Jerusalém.
Não sabemos ao certo o que se passou; talvez sua deserção esteja ligada à mudança de liderança na equipe missionária. Veja que, com a mudança de nome de “Saulo” para “Paulo,” a equipe não é mais Barnabé e Saulo, mas “Paulo e seus companheiros.”
É possível que João Marcos tenha ficado intimidado diante da perseguição e pensado: “Rapaz, essa viagem missionária não está sendo do jeito que eu tinha imaginado. Pensei que iria passear, ver algumas paisagens e tirar belas fotografias.” Era muito mais do que mero turismo e ele logo descobriu essa realidade.
Enfim, não sabemos ao certo o motivo por que ele abandonou a viagem, mas ele volta para sua casa.
- Lucas fornece informações adicionais sobre o jovem em Atos 15.36–40.
Vejas os versos 36–38:
Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Voltemos, agora, para visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor, para ver como passam. E Barnabé queria levar também a João, chamado Marcos. Mas Paulo não achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília, não os acompanhando no trabalho.
Evidentemente, Paulo ficara ressentido com a deserção de João Marcos. Continue nos versos 39–40:
Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor.
Enquanto estão ali na igreja de Antioquia, Paulo e Barnabé se dividem. Paulo diz: “De jeito nenhum,” e exclui o jovem João Marcos da equipe.
Barnabé, por outro lado, sentiu compaixão, como era sua fama. Foi Barnabé quem, anos antes, apresentara Paulo aos novos convertidos. Ninguém mais queria saber desse perseguidor chamado Saulo. Eles diziam: “Ei, esse é o homem que andava por aí apedrejando e decapitando cristãos.”
Barnabé sentiu compaixão de Saulo e o levou para a comunhão dos irmãos. Ele era o “filho da exortação” ou “compaixão” e sentiu compaixão de João Marcos também. Então, ele disse a Paulo: “Não. Quero dar ao jovem uma segunda chance.” Paulo respondeu: “Comigo ele não vem. Vou levar Silas.”
Assim, formaram-se duas equipes missionárias.
- Pelos próximos 18 anos, não ouvimos falar mais de João Marcos. Até que chegamos a Colossenses 4.10, onde encontramos mais informações sobre o jovem.
Dezoito anos se passaram sem notícia de João Marcos. Mas veja o que o apóstolo Paulo diz sobre ele em Colossenses 4.10:
Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o),
Aqui, Paulo faz uma recomendação pessoal a João Marcos. Algo tem que ter acontecido. Fico apenas pensando no que aconteceu durante aqueles 18 anos.
- Encontramos outra pista sobre João Marcos em 2 Timóteo 4.11, onde ele é mencionado de novo.
Veja o que Paulo diz nesse verso já no final de seu ministério:
Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério.
Evidentemente, somente 3 pessoas haviam permanecido leais a Paulo enquanto ele esteve preso em Roma. E adivinha quem está no meio delas? João Marcos.
- Creio que o próximo verso nos ajuda a entender o que aconteceu naqueles 18 anos de silêncio sobre João Marcos. É uma pista sutil, mas vá para 1 Pedro 5.13.
De alguma maneira, Marcos havia provado sua fidelidade no decorrer daqueles 18 anos. O jovem amadureceu e, de alguma maneira, o desertor havia se transformado num companheiro fiel nas perseguições. O que aconteceu? Veja 1 Pedro 5.13, onde o apóstolo Pedro escreve:
Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda, como igualmente meu filho Marcos.
Talvez você se recorda que Timóteo era o filho de Paulo, ou seja, Paulo havia discipulado o jovem Timóteo. Paulo investiu sua vida na vida de Timóteo, escreveu duas cartas para ele e assumiu para si a responsabilidade de ver o jovem amadurecer.
Aparentemente, Pedro fez a mesma coisa com o jovem discípulo João Marcos. Como resultado, ele cresceu no decorrer dos anos e se tornou o pastor da igreja em Alexandria. João Marcos, que antes jogara a toalha e desertara, entregou-se completamente a Jesus Cristo, pela graça de Deus e através do trabalho de um homem.
Quem entenderia melhor o sabor amargo da negação do que o próprio apóstolo Pedro? Quem teria sentido compaixão de um jovem rapaz que havia desistido, corrido, desertado além de Pedro que também havia desistido?
Isso é algo precioso. Pedro trouxe João Marcos para si e o chamou de “meu filho.”
Aplicação
Deixe-me concluir com três princípios como aplicação. Podemos chama-los de “marcas de maturidade.” Nas vidas de Pedro, Paulo e João Marcos, descobrimos algumas coisas que o Senhor realizou. Resumirei a maturidade na vida de cada um com uma palavra. Espero que você as tome para si de forma bastante pessoal, sabendo que, enquanto vive para Jesus Cristo, Ele trabalha constantemente e você aprende constantemente.
- Eu creio que Pedro aprendeu a compaixão.
Pedro era o tipo de homem que tinha sua espada sempre pronta; se alguém saía de linha, perdia uma orelha; se alguém dissesse algo sobre Jesus Cristo ou O abandonasse, estaria em apuros com Pedro.
Ele era o impetuoso. Mas, de alguma forma, mais adiante em sua vida, Pedro desenvolveu a compaixão, tomando alguém que tinha desistido a fim de discipulá-lo.
Vinte anos antes Pedro talvez teria rejeitado João Marcos também. A essa altura em sua vida, contudo, ele não o rejeitou, e creio ter sido porque aprendeu a desenvolver a compaixão.
- Paulo aprendeu o perdão.
Paulo tinha rejeitado João Marcos para o ministério. Ele disse: “Não quero João Marcos na minha equipe. Ele nos abandonou em Perge, voltou para casa. Ele não contribui para a causa. Levarei outro comigo.”
Mais adiante em sua vida, porém, vemos que Paulo perdoou João Marcos e o recomendou; ele teve que engolir seu orgulho, engolir as palavras que proferira antes e dizer agora: “João Marcos é útil para o meu ministério.”
Creio que Deus ensinou a Paulo o significado do perdão.
- E o que dizer de Marcos? Creio que a marca da maturidade que podemos ver nele é a perseverança.
Diante do primeiro sinal de dificuldade, João Marcos foi embora, pediu licença, jogou a toalha, desistiu. Entretanto, pela graça de Deus, vemos o Senhor forjando seu caráter, a característica da maturidade em sua vida que eu e você tanto precisamos—a perseverança. Não importa o que aconteça, não importa a dificuldade que surja, qual seja a provação, devemos dizer: “Continuarei firme vivendo para Jesus Cristo.”
Concluo com uma sentença que gostaria que você levasse consigo. Ao estudar a vida e o retrato bíblico de João Marcos, a sentença que me vem à mente é a seguinte: Deus dá segundas chances.
E fico muito feliz com isso. Se você está ouvindo esta mensagem e não conhece a Jesus Cristo como Salvador, Deus está dando a você mais uma chance de receber a salvação em Seu Filho Jesus. Se você é crente, mas está passando por alguma dificuldade, provação e as lutas o têm levado a recuar na fé, lembre-se que Deus jamais nos rejeita. Deus é cheio de compaixão e de perdão. Deus sempre dá segundas chances.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 20/09/1987
© Copyright 1987 Stephen Davey
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